A ação deste conquistador espanhol ocorreu sobre qual povo e em qual região do continente americano

A ação deste conquistador espanhol ocorreu sobre qual povo e em qual região do continente americano
Retrato de Hernán Cortés, líder da expedição espanhola que conquistou o Império Asteca em 1521

A conquista dos astecas aconteceu entre 1519 e 1521 e foi um dos episódios da invasão e colonização da América pelos espanhóis. O grande Império Asteca havia sido construído por povos mesoamericanos a partir do século XIV. Com a conquista deles, os espanhóis iniciaram a colonização da região que hoje corresponde ao México.

Expedição de Hernán Cortés

A conquista do Império Asteca foi liderada pelo espanhol Hernán Cortés. A partir de um empréstimo, Cortés organizou uma expedição com 500 homens, que partiram em onze embarcações na direção da Península do Iucatã (atual México). Ao chegar a essa localidade, o explorador espanhol e seus homens instalaram-se nas proximidades de Cempoala, uma cidade habitada pelos totonacas.

Ao estabelecerem-se nessa região, os espanhóis passaram a receber uma série de emissários dos indígenas interessados e curiosos em conhecer os forasteiros. Entre eles, estavam os emissários astecas enviados pelo imperador Montezuma. O contato entre indígenas e espanhóis era intermediado por Malinche, uma indígena do povo nahua que, além do espanhol, falava também o idioma dos astecas, chamado nahuatl.

Os contatos iniciais entre Cortés e os emissários astecas foram pacíficos, e houve muita troca de presentes entre as partes. Durante as conversas, Cortés havia transparecido suas intenções de conhecer pessoalmente Montezuma em sua cidade, mas os emissários astecas informaram que o imperador não tinha interesse em deixá-los entrar em Tenochtitlán.

Marcha rumo a Tenochtitlán

O primeiro grande passo dado por Cortés foi perceber a balança da estrutura de poder existente na região e usar a diplomacia para desequilibrá-la a seu favor. Ele percebeu que o poder dos astecas era baseado no controle militar e que inúmeros povos subjugados eram obrigados a pagar pesados impostos. Cortés, então, passou a usar esses povos como seus aliados contra os astecas.

O primeiro povo que se aliou aos espanhóis foi o totonaca. Cortés convenceu-o de que a aliança com os espanhóis oferecia a vantagem de não haver mais obrigação de pagar os impostos que eram pagos aos astecas. Após garantir o apoio dos totonacas, Cortés fundou uma cidade na região (Veracruz) e, juntamente de guerreiros totonacas, iniciou uma marcha pelo vale do México.

Durante essa marcha, as forças de Cortés entraram em guerra com os tlaxcaltecas. Esse povo não havia sido conquistado pelos astecas, porém, era constantemente atacado por eles, que aprisionam seus guerreiros para sacrifícios aos deuses nos rituais religiosos. Os tlaxcaltecas foram derrotados pelos espanhóis auxiliados pelos totonacas e, após isso, tornaram-se grandes aliados dos espanhóis na luta contra os astecas.

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Em seguida, Cortés e seus homens dirigiram-se para a cidade asteca de Cholula. A presença dos espanhóis gerou um tumulto que acabou resultando em um grande massacre de indígenas. Os relatos contam que os espanhóis mataram grande quantidade de astecas no templo religioso de Cholula. Isso ficou conhecido como Massacre de Cholula.

Por fim, os espanhóis foram autorizados por Montezuma a entrar na cidade de Tenochtitlán, o que se concretizou em 3 de novembro de 1519. Os relatos dos espanhóis retrataram o seu encantamento diante da grandiosidade da capital asteca, a qual possuía ao menos 200 mil habitantes e muito provavelmente era maior que qualquer cidade europeia da época.

La Noche Triste e a conquista de Tenochtitlán

Quando entraram em Tenochtitlán, os espanhóis foram recebidos pelo imperador Montezuma de maneira amistosa. No entanto, em um golpe de ousadia, Cortés sequestrou o imperador, fazendo dele seu refém. Em seguida, o conquistador espanhol precisou abandonar Tenochtitlán para resolver questões urgentes em Veracruz e deixou Montezuma na posse de seus homens.

Ao retornar a Tenochtitlán, Cortés encontrou a cidade rebelada e as forças astecas organizadas e prontas para atacar os espanhóis que lá estavam. A rebelião asteca forçou os espanhóis a fugirem de Tenochtitlán. Durante a confusão, o imperador Montezuma supostamente foi morto após ser apedrejado acidentalmente no crânio.

A fuga dos espanhóis terminou em desastre, pois foram atacados por guerreiros astecas, o que resultou em muitos mortos. Pelo menos metade dos homens de Cortés morreu nessa retirada, que ficou conhecida como La Noche Triste (“A Noite Triste” em português), acontecida na virada de 30 de junho para 1º de julho de 1520. Então, Cortés retornou a Veracruz para reorganizar suas forças para retomr a cidade.

Contudo, Cortés só conseguiu reorganizar totalmente suas forças em 1521, quando formou um exército gigantesco que contava com milhares de guerreiros tlaxcaltecas. Além disso, ele construiu inúmeras embarcações para cercar Tenochtitlán (a capital asteca ficava em uma ilha no meio de um grande lago que atualmente não existe mais). Os relatos contavam de combates violentos acontecendo nas ruas de Tenochtitlán.

O resultado do cerco a Tenochtitlán foi a vitória espanhola. O novo imperador, que se chamava Cuahtemoc, foi feito prisioneiro e, a partir disso, os espanhóis passaram para a conquista das outras cidades menores controlada pelos astecas. Com a conquista desse povo, os espanhóis estabeleceram na região o Vice-Reino da Nova Espanha, que foi inicialmente administrado pelo próprio Cortés.

A conquista da América foi um dos maiores empreendimentos realizados pela Espanha em sua história. A chegada da expedição de Cristóvão Colombo na América, em 1492, iniciou um processo que levou ao domínio dos povos indígenas e foi o auge de um longo processo de exploração do Atlântico durante todo o século XV.

O objetivo inicial de Colombro era alcançar a Ásia – chamada de “Índias” –, entretanto, a expedição de Colombo resultou na chegada dos europeus ao continente americano e iniciou o processo de ocupação e colonização.

A conquista da América espanhola ocorreu, principalmente, por meio da violência, o que foi bastante ressaltado em relatos da época. Os contatos iniciais amigáveis logo foram superados pela ambição do espanhol de conquistar e explorar, principalmente à procura de metais preciosos.

Com a chegada dos espanhóis em 1492, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, conhecidos também como os reis católicos, fizeram uso da sua influência – conquistada após anos de lutas contra os muçulmanos da Península Ibérica – com a Igreja Católica e, assim, surgiu o Tratado de Tordesilhas, de 1494. O aval da Igreja Católica durante o século XV era extremamente importante porque as decisões decretadas pelo Papa estavam acima das decisões dos reis. O Tratado estipulou uma linha imaginária sobre a América. Assim, as terras descobertas a oeste da linha foram nomeadas como posse da Espanha e as terras descobertas a leste foram nomeadas como posse de Portugal.

Nas terras que foram consideradas espanholas pela Igreja, estavam duas grandes civilizações: astecas e incas. Essas civilizações eram conhecidas pelo avançado estilo de vida, possuindo um largo conhecimento sobre inúmeros assuntos, além de possuírem grandes construções e formarem sociedades extremamente complexas e organizadas.

Os espanhóis haviam passado séculos lutando contra os muçulmanos na Península Ibérica em um processo chamado de Reconquista. Assim, viram nas expedições à América uma nova reconquista, uma vez que os povos nativos não eram cristãos.

Sobre a conquista da América, é importante considerar que quase não havia financiamentos da Coroa para as expedições, que, em geral, eram financiadas por banqueiros interessados no retorno financeiro dessas expedições caso fossem encontrados metais preciosos. Entretanto, era necessária uma autorização da Coroa para que uma expedição fosse realizada. Hoje, sabe-se que inúmeras expedições foram realizadas de maneira clandestina. Toda expedição autorizada pela Coroa tinha como obrigação o pagamento do quinto de imposto (a cobrança de 1/5 ou 20%) de todas as riquezas obtidas.

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Causas da Conquista

A história nos conta a vitória dos espanhóis sobre os nativos à custa do extermínio destes. Na maioria dos casos, os espanhóis lutavam em cenários extremamente adversos, pois estavam em número consideravelmente inferior ao dos nativos. Apesar disso, existem motivos que ajudam a entender a vitória dos espanhóis:

  1. Doenças: o contato dos nativos com doenças trazidas pelos europeus foi mortal. A varíola, principalmente, dizimou vilas e tribos inteiras de maneira epidêmica e fulminante;

  2. Superioridade de armas: as armas utilizadas pelos espanhóis eram notadamente superiores, pois as armaduras de metal dos espanhóis garantiam importante proteção, além do uso de espadas, bestas, arcabuzes etc.

  3. Alianças: a conquista dos incas e astecas só foi possível porque inúmeros outros povos conquistados por incas e astecas aliaram-se aos espanhóis na esperança de se libertarem dos seus algozes.

Violência

Nos primeiros anos, a colonização espanhola aconteceu apenas nas ilhas do Caribe, com a implantação de cidades e da mineração de aluvião. Rapidamente as populações nativas do Caribe foram quase completamente dizimadas, como nos diz o relato:

“Sobre esses cordeiros tão dóceis [os nativos], tão qualificados e dotados pelo seu Criador como se disse, os espanhóis se arremessaram no mesmo instante como leões e tigres cruéis, há muito tempo esfaimados, de quarenta anos para cá, e ainda hoje em dia, outra cousa não fazem ali senão despedaçar, matar, afligir, atormentar e destruir esse povo por estranhas crueldades (como vos farei ver depois); de tal sorte que de três milhões de almas que havia na ilha Espanhola e que nós vimos, não há hoje de seus naturais habitantes nem duzentas pessoas. A ilha de Cuba, […], está hoje como deserta. A ilha de São João e a de Jamaica, ambas muito grandes e muito férteis, estão desoladas”|1|.

Em várias partes da América, entretanto, houve resistências dos nativos, que lutaram para sobreviver. Outros, em contrapartida, optaram por fugir. Além disso, muitos espanhóis tentaram defender os nativos, denunciando as violências cometidas. O bispo Frei Bartolomé de Las Casas foi o maior nome na defesa dos índios contra a violência espanhola. Mesmo assim, a mortalidade foi gigantesca e estima-se que cerca de 80% da população nativa original tenha morrido durante o século da conquista.

|1|LAS CASAS, Bartolomé de. O paraíso destruído: A sangrenta história da conquista da América Espanhola. Porto Alegre: L&PM, 2011, p. 27-28.

Por Daniel Neves

Graduado em História