Em estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar e não repetir o que os outros dizem

Em estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar e não repetir o que os outros dizem

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO Professora Micaele Rodrigues Feitosa Melo • Técnicas de estudo; • Leitura de textos científicos. • A Importância do Ato de Ler. • Aprendendo a ser Pesquisador. AULA 02 PARA INÍCIO DE CONVERSA...  Apresente o tema (assunto) que pretende investigar.  Fale um pouco sobre como pretende fazer a sua pesquisa.  Compartilhe seus receios em relação à pesquisa científica.  “Os poucos professores que me impressionaram não foram os que sabiam mais, mas aqueles que deram o máximo de si, que me olharam de frente, tal como eu era, com um humanismo que despertou e atraiu meu espírito inseguro e me chamou a assumir minha existência com minhas próprias mãos.”  Charles Chaplin “Você pode fazer duas coisas ao mesmo tempo, mas você não pode se concentrar efetivamente em duas coisas de uma só vez”. Gary Kelle APRENDIZAGEM AUTÔNOMA  Todo aquele que pretende enamorar-se da Ciência precisa desenvolver uma ação individual de descoberta para os estudos e busca, constante, saciar a vontade de conhecer que é inerente ao ser humano. E o que é autonomia? “faculdade que tem o indivíduo de governar, de se decidir.” RELATO DE EXPERIÊNCIA  VOCÊ JÁ APRENDEU ALGO SOZINHO(A)? COMO FOI O PROCESSO?  E AO FINAL, COMO SE SENTIU?  HAIDT (1994,p.61) afirma que: “Aprendizagem autônoma é quando o professor concebe o aluno como um ser ativo, que formula ideias, desenvolve conceitos e resolve problemas de vida prática através de sua atividade mental, construindo, assim, seu próprio conhecimento, sua relação unilateral, onde um professor transmite verbalmente conteúdos já prontos a um aluno passivo que o memorize.” Como desenvolver a aprendizagem autônoma  - estabelecer contatos, por si mesmo, com fatos e ideias, analisando-as;  - ter capacidade de compreender fenômenos e textos e de usá-los espontaneamente;  - planejar, por iniciativa própria, ações e buscar soluções para o problema;  - desenvolver atividades que possibilitem manejar as informações mentalmente, de forma independente. Componentes para a Aprendizagem Autônoma  É tarefa primordial do pesquisador das ciências sociais buscar a unidade entre o saber, o saber fazer e o querer, ou seja, entre o pedagógico, o técnico, o psicossocial e o político. Essa unidade, tão necessária, ao novo “fazer pedagógico” contextualizado, contribuirá para que os estudos em ciências sociais sejam realizados com maior afinco por todos os pesquisadores. Como bem arma Spencer e Constance Jonhson: “Todos nós somos simultaneamente Estudante e Professor. Atingimos o nosso máximo quando ensinamos a nós mesmos aquilo que precisamos aprender.” Na aprendizagem autônoma, os erros são contribuições preciosas para agregarem novos conhecimentos e, através de descobertas, os alunos identificarão os seus erros, conduzirá-los-á de forma prazerosa aos acertos e ao crescimento de novas aprendizagens. E se eu errar? A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER  Quantos livros você leu este ano?  Quantos artigos você leu?  Você tem o hábito da leitura? Você costuma entender o que lê?  Quando lemos sem o devido comprometimento com o texto, não nos apropriamos do conhecimento; apenas memorizamos a palavra escrita, e essa postura precisa ser superada do meio acadêmico. O leitor só compreenderá que leu, se conseguiu decodicar a mensagem, interpretar e, posteriormente, aplicar. Eis algumas dicas para que se realize uma leitura eficaz:  1. fazer leitura, tenha sempre um objetivo definido. Para que você está lendo? Qual o propósito da sua leitura?  2. respeite o seu ritmo de leitura. Saiba que, com o tempo, você vai ganhando velocidade a medida que vai aumentando o seu hábito de ler.  3. ao realizar a leitura, caso possua palavras desconhecidas recorra ao dicionário para orientá-lo, pois é o pai dos inteligentes.  4. procure saber um pouco da biografia do autor que esteja lendo , pois pode ser um indicativo para perceber a visão dele.  5. analise as partes dos textos e faça sempre a junção do todo. Eis algumas dicas para que se realize uma leitura eficaz:  6. saiba fazer uma triagem do que esteja lendo e perceber a sua aplicabilidade no momento.  7. procure compartilhar as suas leituras para reforçar o seu processo de aprendizagem.  8. se os conhecimentos adquiridos com a leitura forem possíveis serem aplicados, muito contribuirá para reforçar todo processo de aprendizagem do assunto lido.  9. evite sublinhar um texto na primeira leitura. Faça uma leitura de reconhecimento e depois realize uma leitura reflexiva. Técnicas para análise de texto Análise Textual Análise Temática Análise Interpretativa Análise Textual Primeiro contato Visão global Entender as partes para depois o todo Análise Temática  Não há interferências  busca saber do que fala o texto  Identica a problematização do tema  tipo de abordagem que o autor faz do tema  qual raciocínio e argumentações utilizados pelo autor  Levanta a ideia central do texto lido Análise Interpretativa Compreensão objetiva x entrelinhas  Reflexão do leitor  Juízo crítico  tomada de posição a respeito do texto SELECIONANDO MATERIAL PARA LEITURA  Delineamento do que deseja pesquisar Organize o seu material e local de estudos Freire (2000, p.59) afirma que “Estudar exige disciplina. Estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar é não repetir o que os outros dizem. Estudar é um dever revolucionário!”. Com o intuito de organizar os seus estudos Carmo-Neto (1996,p.54) apresenta uma tabela para planejamento de aprendizagem por ordem de prioridade, dificuldade, interesse e tempo. Faça um cronograma da sua rotina FICA A DICA!

Em estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar e não repetir o que os outros dizem
Em estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar e não repetir o que os outros dizem
Em estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar e não repetir o que os outros dizem

Em estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar e não repetir o que os outros dizem

era um problema para eles. Atravessaram os dois metros de lama, defendidos por suas botas de cano longo. Sentiram a espessura do lamaçal. Pensaram. Discutiram como resolve ro problema. Depois, com a ajuda de algumas pedras e de galhos secos de árvores, deram ao terreno a consistência mínima para que as rodas da camioneta passassem sem se atolar. Pedro e Antônio estudaram. Procuraram compreender o problema que tinham a resolver e, em seguida, encontraram uma resposta precisa. Não se estuda apenas na escola. Pedro e Antônio estudaram enquanto trabalhavam. Estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema. O ATO DE ESTUDAR B Esta atitude séria e curiosa na procura de compreender as coisas e os fios caracteriza o ato de estudar. Não importa que o estudo seja feito no momento e no lugar do nosso trabalho, como no caso de Pedro e Antônio, que acabamos de ver. Não importa que o estudo seja feito noutro focal e noutro momento, como o estudo que fazemos no Círculo de Cultura. Em qualquer caso, o estudo exige sempre esta atitude séria e curiosa na procura de compreender as coisas e os fatos que observamos. Um texto para ser lido é um texto para ser estudado. Um texto para ser estudado é um texto para ser interpretado. Não podemos interpretar um texto se o lemos sem atenção, sem curiosidade; se desistimos da leitura quando encontramos a primeira dificuldade. Que seria da produção de cacau naquela roça se Pedro e Antônio tivessem desistido de prosseguir o trabalho por causa do lamaçal? Se um texto às vezes é difícil, insiste em compreendê-lo. Trabalha sobre ele como Antônio e Pedro trabalharam em relação ao problema do lamaçal. Estudar exige disciplina. Estudar não O fácil porque estudar é criar e recriar é não repetir o que os outros dizem. Estudar é um dever revolucionário! Parecem óbvias as preocupações que este texto sobre o ato de estudar revela - a ele combater, por exemplo, a posição ideológica, por isso mesmo nem sempre explicitada, de que só se estuda na escola. Daí que seja ela, a escola, considerada, deste ponto de vista, como a matriz do conhecimento. Fora da escolarização não há saber ou o saber que existe fora dela é tido como inferior sem que tenha nada que ver com o rigoroso saber do intelectual. Na verdade, porém, este saber tão desdenhado, “saber de experiência feito”, tem de ser o ponto de partida em qualquer trabalho de educação popular orientado no sentido da criação de um conhecimento mais rigoroso por parte das massas populares. Enquanto expressão da ideologia dominante, este mito penetra as massas populares provocando nelas, às vezes, autodesvalia por se sentirem gente de nenhuma ou de muito pouca “leitura"19. Se faz preciso, então, enfatizar a atividade prática na realidade concreta (atividade a que nunca falta uma dimensão técnica, por isso, intelectual,20 por mais simples que seja) como geradora de saber. O ato de estudar, de caráter social e não apenas individual, se dá aí também, independentemente de estarem seus sujeitos conscientes disto ou não. No fundo, o ato de estudar, enquanto ato curioso do sujeito diante do mundo, é expressão da forma de estar sendo dos seres humanos, como seres sociais, históricos, seres fazedores, transformadores, que não apenas sabem mas sabem que sabem. É necessário salientar também que esta curiosidade séria em face do objeto ou do fato em observação, ao exigir de nós a compreensão do objeto, que não deve ser só descrito em sua aparência, nos leva à procura da razão de ser do objeto ou do fato. Uma outra preocupação que se encontra neste texto sobre o ato de estudar e acompanha o Caderno inteiro é a que, se refere ao direito que o Povo tem de conhecer melhor o que já conhece em razão de sua prática (compreensão mais rigorosa dos fatos parcialmente apreendidos e explicados) e de conhecer o que ainda não conhece. Neste processo, não se trata propriamente de entregar ou de transferir às massas populares a explicação rigorosa ou mais rigorosa dos fatos como algo acabado, paralisado, pronto, mas contar, estimulando e desafiando, com a capacidade de fazer, de pensar, de saber e de criar das massas populares. "Se está persuadido de que una verdad es fecunda”, diz Gramsci, “sólo cuando se ha hecho un esfuerzo para conquistaria. Que ella no existe en si y por si, sino que ha sido una conquista dei espíritu, que en cada indivíduo es preciso que se reproduzca aquel estado de ansiedad que ha atravesado el estudioso antes de alc anzaria. (...) Este representar en acto a los oyentes la serie de es-fuerzos, los errores y los aciertos a través de los cuales han. pasado los hombres para alcanzar el conocimiento actual, es mucho más educativo que la exposición esquemática de este mismo conocimiento. (...) 19 A autodesvalia tende a ser superada por um sentimento de segurança e confiança na medida em que largos setores populares, mobilizando-se em torno de reinvindicações que lhes são fundamentais, se organizam para concretizá-las. A partir daí se sabem sabendo e exigem saber mais. Mesmo em situações como esta, como em parte, pelo menos, é o caso de São Tomé e Príncipe, propor uma reflexão sobre o tema é indispensável. 20 “(...) em cualquier trabajo físico aunque se trate del más mecánico y degradado, siempre existe un mínimo de actividad intelectual creadora”. Gramsci, Antonio. Cuadernos de la Carcel: los intectuales y la organización de la cultura . México, D. F., Juan Pablos Editor, 1975, p.14. La enseñanza, desarrollada de esa manera, se convierte en un acto de liberación.”21 O próximo tema tratado é a RECONSTRUÇÃO NACIONAL A A reconstrução nacional é o esforço no qual o nosso Povo está empenhado para criar uma sociedade nova. Uma sociedade de trabalhadores. Mas, repara, se dissemos que temos de criar a sociedade nova é porque ela não aparece por acaso. Por isso, a reconstrução nacional é a luta que continua. Produzir mais nas roças e nas fábricas, trabalhar mais nos serviços públicos é lutar pela reconstrução nacional. Ninguém em São Tomé e Príncipe tem o direito de cruzar os braços e esperar que os outros façam as coisas por ele. Sem produção nas roças e nas fábricas, sem trabalho dedicado nos serviços públicos, não criaremos a nova sociedade. RECONSTRUÇÃO NACIONAL B Vimos, no texto anterior, que produzir mais nas roças, nas fábricas e trabalhar mais nos serviços públicos é lutar pela reconstrução nacional. Vimos também que a reconstrução nacional, para nós, significa a criação de uma sociedade nova, sem explorados nem exploradores. Uma sociedade de trabalhadores e de trabalhadoras. Por isso, a reconstrução nacional exige de nós: Unidade, Disciplina, Trabalho e Vigilância. - Unidade de todos, tendo em vista um mesmo objetivo: A CRIAÇÃO DE UMA SOCIEDADE NOVA. - Disciplina na ação, no trabalho, no estudo, na vida diária. Disciplina consciente, sem a qual nada se faz, nada se cria. Disciplina na unidade, sem a qual se perde o trabalho. - Trabalho. Trabalho nas roças. Trabalho nas fábricas. Trabalho nos serviços públicos. Trabalho nas escolas. - Vigilância, muita vigilância, contra os inimigos internos e externos, que farão tudo o que puderem para deter a nossa luta pela criação da nova sociedade. 21 Gramsci, Antonio, citado por Broccoli, Ângelo. In: Antonio Gramsci y la educación como hegemonía. México, Editorial Nueva Imagen S.A., 1979, p.47. Um texto, por mais simples que fosse, colocando o problema da reconstrução nacional e jogando com as palavras unidade, disciplina, trabalho e vigilância, pareceu absolutamente necessário. Obviamente, o tema da reconstrução nacional ou da reinvenção da sociedade são-tomense se impõe pela sua atualidade. O jogo feito com as palavras unidade, disciplina, trabalho e vigilância foi introduzido para, aproveitando estas palavras que aparecem em grande número de slogans, apresentá-las num texto dinâmico preservando ou recuperando a sua significação mais profunda, ameaçada pelo caráter acrítico dos clichês. Ficou claro, desde o começo da Segunda Parte deste artigo,