Por que a caatinga é seca

Foto: José Nilton Rodrigues dos Santos/Wikimedia Commons

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A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro, localizado na região nordeste do país e possui cerca de 800.000 km² de extensão. Ela se caracteriza por possuir períodos de chuvas que se concentram em poucos meses, seguidos por períodos prolongados de estiagem. Isso faz com que esse bioma apresente um clima tipicamente quente e seco na maior parte do ano, sendo caracterizado como um clima semiárido.

O que agrava mais ainda a situação da água no domínio territorial da Caatinga são os solos rasos e pedregosos que não permitem acúmulo de grandes volumes de água da chuva. Além disso, muitos dos corpos hídricos, como riachos e lagoas, não são perenes. Esse fato reflete diretamente nas espécies de plantas que habitam este bioma, que geralmente apresentam folhas, flores, frutos e sementes durante o período de chuva, e perdem todas as folhas durante o período de estiagem, daí surge o nome do bioma, do tupi: Ka’a tinga, que significa mata branca.

Por que a caatinga é seca
Imagem: Arturalveees/Wikimedia Commons

De acordo com o Instituto Chico Mendes para Conservação, o bioma Caatinga não era considerado uma região prioritária para conservação, o que fez com que ele se tornasse o segundo mais degradado dentre os biomas brasileiros, com uma perda estimada em 42,3% de sua cobertura vegetal. Porém, com a redescoberta da Caatinga, por meio de inventariação ambiental, atentou-se para a importância e riqueza de espécies presentes no bioma, que apresentam grande potencial biotecnológico e farmacológico.

Um dos fatores que torna a Caatinga tão vulnerável é o fato de que o bioma apresenta períodos pontuais de produtividade, que é justamente o período de chuva. Quando o período de seca se inicia, os componentes vegetais entram em um período de dormência, fazendo com que a produtividade do ambiente caia drasticamente.

Por que a caatinga é seca
Açude da Nação. / Foto: Paulo Henrique Miranda/Autossustentável

Essa problemática reflete diretamente na dificuldade em executar projetos de recuperação de áreas degradadas na Caatinga – que já apresenta diversos pontos de desertificação – e, consequentemente, amenizar os problemas cumulativos que pioraram o quadro da seca nos estados do Nordeste.

A seca nessa região é um problema datado desde a colonização do Brasil, desde então, implementou-se diversas técnicas para mitigar essa problemática, como construção de barragens, cisternas para armazenar água da chuva, tecnologias como o bioágua, poços e equipamentos para dessalinização.

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Foto: Otávio Nogueira/ Flickr

Ainda assim, essas estratégias precisam ser repensadas e reinventadas, uma vez que, devido à degradação ambiental, estes problemas vêm aumentando de forma significativa. Um exemplo disto foi a seca intensa que ocorreu no ano de 2012 e se estendeu para os anos seguintes. Na ocasião, diversas famílias que dependem da agricultura familiar, grandes produtores e criadores de gado tiveram suas produções severamente prejudicadas.

Esse acontecimento tão recente serve de lembrete para que ocorram investimentos em educação ambiental, pesquisa e elaboração projetos de recuperação de áreas degradas, principalmente no que diz respeito a matas ciliares de riachos e lagoas, proteção de nascentes, além da implementação de tecnologias para reuso e armazenagem de água.

Por que a caatinga é seca

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MIRANDA, Paulo Henrique. A devastação da Caatinga e a intensificação da seca nos estados do Nordeste. Autossustentável. Disponível em: https://autossustentavel.com/2021/11/a-devastacao-da-caatinga-e-a-intensificacao-da-seca-nos-estados-do-nordeste.html

Caatinga é um bioma brasileiro que apresenta clima semiárido, vegetação com pouca folhas e adaptadas para os períodos de secas, além de grande biodiversidade.

Esse bioma é encontrado em áreas do Nordeste do Brasil, nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais. Toda essa área abrange cerca de 844 mil km2, ou seja, 11% do território brasileiro.

O nome Caatinga significa, em tupi-guarani, "mata branca". Esse nome faz referência a cor predominante da vegetação durante a estação de seca, onde quase todas as plantas perdem as folhas para diminuir a transpiração e evitar a perda de água armazenada. No inverno, devido a ocorrência de chuva, as folhas verdes e as flores voltam a brotar.

Apesar de sua importância ecológica, calcula-se que 40 mil km2 da Caatinga já foram transformados em quase deserto, o que é explicado pelo corte da vegetação para servir como lenha e pelo manejo inadequado do solo.

Vegetação

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Vegetação típica da Caatinga

A vegetação da caatinga constitui um tipo de vegetação adaptada à aridez do solo e a escassez de água da região. Dependendo das condições naturais das áreas em que se encontram, apresentam diferentes características.

Quando as condições de umidade do solo são mais favoráveis, a caatinga se assemelha à mata, onde são encontradas árvores como o juazeiro, também conhecido por joá, ou laranjeira do vaqueiro, a aroeira e a baraúna.

Nas áreas mais secas, de solo raso e pedregoso, a caatinga se reduz a arbustos e plantas tortuosas, mais baixas, deixando o solo parcialmente descoberto.

Nas regiões mais secas aparecem também plantas cactáceas, como o facheiro, o mandacaru, o xique-xique, que servem de alimento para os animais, na época de seca, e as bromeliáceas (macambira).

Algumas palmeiras e o juazeiro, que possuem raízes bem profundas para absorver água do solo, não perdem as folhas.

Outras plantas possuem um mecanismo fisiológico, o xeromorfismo, produção de uma cera que reveste suas folhas que faz que percam menos água na transpiração, um exemplo é a carnaubeira denominada "árvore da vida" ou árvore da providência, pois tudo dela se aproveita.

A maioria das espécies tem espinhos, o que leva o vaqueiro da região usar roupa de couro, para sua proteção.

Leia também sobre Flora da Caatinga.

Fauna

Por que a caatinga é seca
A ararinha-azul é uma ave símbolo da Caatinga

A Caatinga abriga um grande número de espécies da fauna brasileira, como, mamíferos, répteis, aves, anfíbios, entre eles, a cutia, o gambá, o preá, o veado-catingueiro, o tatu-peba, gatos selvagens, a asa branca, e uma variedade de insetos, que exercem grande importância para o bioma.

Entre as espécies que habitam a caatinga e estão ameaçadas de extinção podem ser citadas a ararinha azul, o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra, o cachorro do mato, a águia-cinzenta, o lobo-guará, entre outras.

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Ameaças

Como acontece em muitos outros biomas, a Caatinga também sofre com uma série de ameaças que comprometem a conservação da sua biodiversidade, sendo que um desses riscos acontece por causa do tráfico de animais.

Dentre as principais ações responsáveis pela destruição da Caatinga estão: desmatamento, queimadas, exploração dos recursos naturais e mudanças no uso do solo.

Os órgãos ambientais do setor federal estimam que mais de 46% da área da Caatinga já foi desmatada. Vale ressaltar que muitas espécies são endêmicas desse bioma, ou seja, ocorrem apenas lá. Por isso, uma das formas de evitar o desaparecimento das espécies é criar novas unidades de conservação na área.

Curiosidade

O "Dia da Caatinga" é comemorado desde 2003, no dia 28 de abril. Essa data representa o nascimento do ecólogo João Vasconcelos Sobrinho (1908-1989), pioneiro nos estudos do bioma.

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