Extinção e redução da biodiversidade, assoreamento do leito dos rios, extinção da fauna local

(PUC-RS) Recentemente, eventos relacionados a precipitações frequentes e ao escoamento das águas superficiais em bacias hidrográficas têm ocasionado os chamados “desastres ambientais”. Pode-se citar, por exemplo, o ocorrido em São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul. Muitos elementos e fatores podem ser elencados na análise desses acontecimentos trágicos.

Como fatores agravantes dos eventos naturais em nosso estado, citam-se:

I. O aumento das precipitações, que podem ocasionar avanços do nível de cursos de água para o leito de vazante.

II. O corte da mata ciliar, que favorece o desmoronamento das encostas, agravando o processo de assoreamento.

III. A utilização antrópica do leito maior dos rios e dos riachos, interferindo no processo natural de escoamento e infiltração das águas superficiais.

IV. O assoreamento da calha dos cursos de água, diminuindo a condição natural de escoamento e aumentando o volume de água nas margens de rios e riachos.

V. A manutenção da cobertura vegetal natural nas planícies de inundação.

São fatores agravantes apenas

a) I e IV.

b) I, II e V.

c) II, III e IV.

d) II, III e V.

e) III, IV e V.

(Unifap) Leia o texto abaixo:

“Os desmatamentos para a criação de grandes latifúndios agropecuários substituiu a floresta por pastagens e empobreceu grandes extensões de solo. Projetos como o Grande Carajás e Jarí, a exploração mineral e hidrelétrica são fontes de grandes impactos ambientais de âmbito regional” (Adaptado de ROSS, 1995)

De acordo com texto e com os seus conhecimentos, associe a coluna superior com a inferior, indicando as consequências para a destruição provocada pelos grandes projetos implantados na Amazônia.

I – Degradação da Biodiversidade

II – Destruição do solo

III – Mudanças Climáticas

IV – Estresse e doenças

( ) A retirada da floresta rompe com o sistema natural de ciclagem dos nutrientes, ficando desprotegido da ação da erosão da chuva e tornando-se improdutivo.

( ) O desmatamento elimina de um só vez grande contingente de espécies ainda desconhecidas pela ciência e homogeneíza o ecossistema quando se implanta a monocultura.

( ) As monoculturas implantadas na Amazônia são mais sensíveis ao ataque de pragas e parasitas, que são combatidas com agrotóxicos, os quais destroem, por sua vez, a diversidade dos ecossistemas.

( ) As florestas são responsáveis pela umidade local. Sua destruição elimina essa fonte injetora de vapor d’água na atmosfera e, ao mesmo tempo, diminui a captura do CO2 atmosférico.

A associação correta, pela ordem, é:

a) I, II III e IV

b) II, IV, I e III

c) IV, II, III e I

d) III, I, II e IV

e) II, I, IV e III

Exercício 1: (UFPB 2008)

A erosão, o desmatamento e as queimadas são fatores recorrentes de transformação da paisagem em função do uso do solo como recurso fundamental para as práticas de atividades humanas. Esses fatores são agentes causadores de impactos ambientais na agricultura de grande escala de produção. Nesse sentido, relacione os agentes citados na coluna da esquerda aos seus respectivos impactos ambientais descritos na coluna da direita:

(1) (2) (3) (4)

(5)

Contaminação por agrotóxico Desmatamento Desertificação Queimadas

Erosão

(  ) Perda da camada super­ficial da litos­fera, atra­vés da ação da água, do vento, do gelo etc.
(  ) Extinção e redução da biodiversidade, asso­reamento do leito dos rios, extinção da fauna local.
(  ) Aumento do nível de CO2 (dióxido de car­bono) na atmosfera e aquecimento global.
(  ) Degradação das ter­ras áridas, semi-ári­das e subúmidas, secas re­sultantes de diversos fatores, como as varia­ções climáticas e as ativi­dades humanas.

A sequência correta é:

A)

1, 5, 2, 4

B)

1, 3, 4, 5

C)

2, 4, 3, 5

D)

3, 5, 4, 2

E)

5, 2, 4, 3

Exercício 2: (Enem 2011)

Um dos principais objetivos de se dar continuidade às pesquisas em erosão dos solos é o de procurar resolver os problemas oriundos desse processo, que, em última análise, geram uma série de impactos ambientais. Além disso, para a adoção de técnicas de conservação dos solos, é preciso conhecer como a água executa seu trabalho de remoção, transporte e deposição de sedimentos. A erosão causa, quase sempre, uma série de problemas ambientais, em nível local ou até mesmo em grandes áreas.

GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007 (adaptado).

A preservação do solo, principalmente em áreas de encostas, pode ser uma solução para evitar catástrofes em função da intensidade de fluxo hídrico. A prática humana que segue no caminho contrário a essa solução é:

Questão 1: E

Questão 2: E

O assoreamento é o acúmulo de sedimentos (areia, terra, rochas), lixo e outros materiais levados até o leito dos cursos d'água pela ação da chuva, do vento ou do ser humano. Trata-se de um processo natural que pode ser intensificado pela ação humana. Em alguns casos, o curso d'água pode até deixar de existir em decorrência desse fenômeno.

Quais são as causas do assoreamento?

  • A retirada da mata ciliar nas margens dos rios é uma das principais causas da intensificação do processo de assoreamento. Quando se retira a cobertura vegetal, o solo e as rochas que estão nas margens são carregados com facilidade para o fundo dos rios. Esse fenômeno de desbarrancamento das margens é contínuo e, na ocorrência de chuvas, intensifica-se;

Extinção e redução da biodiversidade, assoreamento do leito dos rios, extinção da fauna local

A retirada da mata ciliar das margens dos rios intensifica o processo de assoreamento

  • A deposição de lixo, resíduos da construção civil e esgoto aumenta a carga de detritos nos rios, que são acumulados no fundo desses cursos d'água;

  • Nos locais onde o fluxo de água é mais lento, como nas regiões mais planas e nos locais onde ocorreu a construção de barragens (para a instalação de usinas hidrelétricas, por exemplo), o depósito de sedimentos nos leitos dos rios intensifica-se.

Quais são as consequências do assoreamento?

  • O assoreamento reduz o volume de água, torna-a turva e impossibilita a entrada de luz, dificultando a fotossíntese e impedindo a renovação do oxigênio para algas e peixes. Por essa razão, em muitos casos, extingue-se a vida nesse curso d'água;

  • As enchentes dos rios são intensificadas pelo assoreamento. Como o leito do rio está ocupado por detritos, quando ocorrem chuvas intensas, a água transborda e pode causar verdadeiras tragédias, dependendo do local onde está situado o curso d'água;

  • Na zona urbana, pode ocorrer escassez ou ausência de água para o abastecimento de cidades, pois, além da diminuição da capacidade hídrica do rio, muitas vezes, o lixo e o esgoto depositados nesses cursos d'água deixam a água imprópria para o consumo;

Extinção e redução da biodiversidade, assoreamento do leito dos rios, extinção da fauna local

O manejo do solo nas áreas agrícolas, quando realizado de maneira errada, agrava o assoreamento

  • No campo, o assoreamento dos rios pode limitar o fornecimento de água para as atividades de agricultura e pecuária;

  • Dificulta ou impede a navegação. Quando os sedimentos acumulam-se nos leitos dos rios, eles ficam mais rasos, o que dificulta a circulação de embarcações.

Como solucionar o problema do assoreamento?

  • Evitar e controlar erosões no solo, utilizar práticas agrícolas adequadas, além de manter as matas ciliares intactas é a melhor receita para evitar o assoreamento;

  • Uma solução para os locais onde já não existe mata ciliar é o reflorestamento das áreas próximas às margens dos cursos d'água, além da utilização de técnicas como curvas de nível no terreno, planejamento de construções e sistemas de drenagem.

  • Impedir o lançamento do esgoto e o depósito de lixo e detritos nos rios, bem como limitar o represamento dos cursos d'água.

Por Amarolina Ribeiro

Graduada em Geografia

Assoreamento é o processo em que cursos d'água são afetados pelo acúmulo de sedimentos, o que resulta no excesso de material sobre o seu leito e dificulta a navegabilidade e o seu aproveitamento. Originalmente, esse é um processo natural, mas que é intensificado pelas ações humanas, sobretudo a partir da remoção da vegetação das margens dos rios.

O processo de assoreamento costuma ocorrer da seguinte forma: com as chuvas, o solo é lavado, ou seja, a sua camada superficial é removida, e os sedimentos (partículas de solo e rochas) são transportados por escoamento em direção aos rios, onde são depositados. Quando não há obstáculos para esses sedimentos, função geralmente exercida pela vegetação, uma grande quantidade é depositada no fundo das redes de drenagem.

Esse material depositado é levado pelo próprio rio e, quando encontra locais mais planos, onde a velocidade do curso d'água não é muito acelerada, deposita-se no fundo, acumulando e, eventualmente, formando bancos de areia ao longo do curso d'água. Quando a quantidade de sedimentos é muito grande e pesada, eles transportam-se por rolamento (no fundo dos rios) ou se acumulam no leito normal, trazendo prejuízos ao escoamento fluvial.

Quando o ser humano remove a vegetação, principalmente a mata ciliar (a vegetação que se encontra nas margens dos cursos d'água), o processo acima citado intensifica-se, além de gerar o surgimento de erosões nas proximidades do próprio rio, conforme ilustram as imagens a seguir:


Esquema de uma área em condições normais, com pouco ou nenhum assoreamento


Esquema de uma área assoreada, com sedimentos sendo depositados no fundo do rio

As consequências do assoreamento de rios e lagos podem ser sentidas diretamente pela sociedade. Os rios perdem a capacidade de navegação, haja vista que os bancos de areia que se formam atrapalham a passagem das embarcações, além de diminuírem a velocidade da vazão. Além disso, a água desses rios, ao encontrar tantos obstáculos, desvia-se, podendo atingir espaços onde antes não existiam cursos d'água, incluindo ruas e casas, causando, portanto, as enchentes urbanas.

Outro fator é que, quando os sedimentos misturam-se à água escoada, o curso dos rios fica mais pesado e volumoso, o que causa problemas como a quebra da base de pontes ou cheias excessivas com inundações de locais próximos. Soma-se a isso a perda da vegetação subaquática e das condições de habitat para peixes e outros animais, dificultando até mesmo a reprodução das espécies.

O assoreamento torna-se ainda pior quando, além dos sedimentos, lixo e esgoto são depositados sobre o rio, acumulando ainda mais dejetos em seu leito.


Exemplo de rio com estágio avançado de assoreamento, com a redefinição de suas margens

Para combater o assoreamento, a melhor medida é trabalhar na sua prevenção, contendo os processos erosivos em áreas situadas próximas às drenagens, além de impor barreiras para que os sedimentos não se acumulem rapidamente sobre elas. O cultivo e a preservação de matas ciliares são as medidas mais recomendadas, pois barram a entrada de objetos sedimentares nos rios e conservam o solo das margens, evitando erosões fluviais.

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* Créditos da Imagem: Ramon FVelasquez / Wikimedia Commons

Por Rodolfo Alves Pena

Mestre em Geografia