O que pode ser dor de cabeça

O que pode ser dor de cabeça

Especialista consultado Dr. Daniel Gil Neurocirurgia CRM 115704/SP

Graduado pela Universidade do Estado de São Paulo - UNESPResidência Médica em Neurocirurgia pelo Hospital das Clínicas d...

i

O que pode ser dor de cabeça

Escrito por Redação Minha vida

Redação formada por jornalistas especializados em alimentação, beleza, bem-estar, família, fitness e saúde.

A dor de cabeça é um sintoma que pode ocorrer em ambos os lados da cabeça de forma isolada ou irradiar de um ponto ou a outro. A dor pode ser, ainda, latejante ou uma sensação de dor absurda.

Conhecida também como cefaleia, a dor de cabeça pode aparecer gradualmente ou de repente, durar menos de uma hora ou durante vários dias - dependendo do tipo e da causa.

Um dos sintomas da COVID-19, doença do coronavírus (SARS-CoV-2), é a dor de cabeça forte. Porém de forma mais atípica, a dor pode aparecer na nuca, similar ao sintoma característico ao da meningite.

Pelo menos 63 milhões de brasileiros de todas as idades sofrem com dores de cabeça frequentes, sendo a queixa de maior frequência em pronto-socorros do país.

Em pesquisa feita pelo portal Minha Vida foi constatado que a dor de cabeça é a quinta condição de saúde mais frequente entre os leitores, atrás apenas de ansiedade, estresse, dor nas costas e alergia respiratória.

Dentre os nossos leitores, 1 em cada 5 (19,2%) afirma possuir dores de cabeça frequentes (pelo menos uma vez por semana).

Existem diversos gatilhos para a dor de cabeça aparecer. Conheça as causas mais comuns:

Sabe-se que o estresse libera hormônios como adrenalina e cortisol, responsáveis por um aumento da frequência cardíaca. Isso pode causar dor de cabeça por conta de uma vasoconstrição dos vasos que irrigam a cabeça.

Um estudo realizado com sete mil pacientes do Centro Médico Beth Israel Deaconess, nos Estados Unidos, descobriu que a incidência de dores na cabeça causadas por enxaqueca, tensão ou outras causas aumenta cerca de 7,5% para cada 5°C a mais na temperatura. Isso ocorre porque o calor, ao facilitar a desidratação, desequilibra o processo de entrada e saída de sódio e potássio das células, causando um distúrbio metabólico que facilita a cefaleia.

Além da temperatura, outros fatores ambientais como pressão, umidade e poluição do ar influenciam no aparecimento das dores.

A falta de sono faz com que a quantidade do hormônio melatonina diminua. Esse hormônio ajuda a evitar a dor de cabeça ao favorecer a síntese de analgésicos naturais. Além disso, quem dorme mal tende a sofrer mais com estresse.

Determinados alimentos podem ser gatilhos para a dor cabeça e devem ser evitados: chocolate, café e chás pretos, embutidos, queijos amarelos, álcool, frutas cítricas, molho shoyo, cebola, alho e sorvete.

Ficar muito tempo sem comer pode causar hipoglicemia, ou seja, uma baixa nos níveis de açúcar no sangue. Essa baixa pode estimular indiretamente a liberação de adrenalina, que provoca a vasoconstrição, causando dor.

A má postura pode causar uma dor conhecida como cefaleia tensional. Os nervos da coluna acabam ficando comprimidos com a posição incorreta e a dor é irradiada para a cabeça.

Além disso, no caso das dores crônicas, a causa pode ser uma hérnia de disco, hérnia cervical, bico de papagaio e osteoporose.

Depois da academia e até do sexo, pode ocorrer um leve incômodo até uma dor intensa: é a chamada cefaleia pós-esforço. No entanto, essa dor de cabeça também pode ser indício de algo mais sério, como um aneurisma.

O sedentarismo também pode aumentar o risco de dor de cabeça, uma vez que a prática de exercício regular, sem exagero, ajuda na vasodilatação, reduzindo os episódios de dor.

Não se conhece a fundo a relação entre cheiros e a dor de cabeça. O que se sabe é que alguns odores são desencadeantes da cefaleia. Entre eles destacam-se perfumes fortes, gasolina, solventes e cheiro de cigarro.

Existem mais de 200 tipos de dor de cabeça. A maioria não é resultado de uma doença grave, mas algumas podem resultar de uma condição com risco de vida que requer cuidados de emergência.

Assim, os tipos de dor de cabeça (cefaleia) são geralmente classificados por causa.

O que pode ser dor de cabeça
Tipos de dor de cabeça mais comuns e o que representam - Foto: Shutterstock

Uma dor de cabeça primária ou cefaleia primária é causada por problemas com hiperatividade ou a partir de estruturas sensíveis à dor em sua cabeça.A cefaleia primária não é um sintoma de alguma outra doença. Ou seja, a dor de cabeça, neste caso, é o mal por si só.Entre os gatilhos para cefaleia primária estão atividade química cerebral alterada; nervos ou vasos sanguíneos do crânio contraídos; ou músculos da cabeça e pescoço contraídos. Também pode ser causada por uma combinação desses fatores.

Algumas pessoas podem carregar genes que os tornam mais propensos a desenvolver essas dores de cabeça.

As cefaleias primárias mais comuns são:

  • Cefaleia em salvas
  • Enxaqueca e enxaqueca com aura
  • Cefaleia tensional

Há outros padrões de dor de cabeça que são geralmente considerados primários, mas são menos comuns. Afinal, têm características distintas, como uma duração incomum ou dor associada a uma determinada atividade. Embora essas dores de cabeça sejam geralmente consideradas primárias, cada um delas pode ser um sintoma de uma doença subjacente.

Essas dores de cabeça incluem:

  • Cefaleia diária e crônica
  • Dor de cabeça associada à tosse
  • Dor de cabeça associada ao exercício
  • Dor de cabeça associada ao sexo

Uma dor de cabeça secundária é um sintoma de uma doença. Existem diversas condições que podem causar dor de cabeça, a depender da gravidade do problema.

Fontes de cefaleias secundárias incluem:

  • Sinusite aguda
  • Coágulo de sangue (trombose venosa) dentro do cérebro
  • Aneurisma cerebral
  • Cérebro com má formação arteriovenosa ou uma formação anormal de vasos sanguíneos
  • Tumor cerebral
  • Intoxicação por monóxido de carbono
  • Síndrome de Arnold-Chiari (má formação rara do sistema nervoso central)
  • Concussão
  • Desidratação
  • Problemas dentários
  • Otite
  • Encefalite
  • Arterite (inflamação do revestimento das artérias)
  • Glaucoma
  • Ressaca
  • Gripe
  • Rupturas de vasos sanguíneos no cérebro
  • Medicamentos para outras doenças
  • Meningite
  • Uso excessivo de medicação para a dor
  • Ataques de pânico
  • Síndrome pós-concussão
  • Pressão na cabeça por conta de chapéus apertados, capacetes ou óculos de proteção
  • Aumento da pressão no interior do crânio
  • Toxoplasmose
  • Neuralgia do trigêmeo

Tipos específicos de cefaleias secundárias incluem:

  • Dor de cabeça por ingestão de líquidos ou sólidos muito gelados
  • Dor de cabeça causada por baixos níveis de líquido cefalorraquidiano, possivelmente o resultado de trauma, punção lombar ou anestesia

A dor de cabeça pode ser um sintoma de uma condição séria, tal como um AVC, meningite ou encefalite.

Vá a um pronto-socorro ou ligue para a emergência se você estiver sentindo a pior dor de cabeça de sua vida, uma dor de cabeça súbita e grave ou uma dor de cabeça acompanhada por:

  • Confusão ou dificuldade para entender a fala
  • Desmaio
  • Febre alta, maior do 39 graus
  • Dormência, fraqueza ou paralisia de um lado do seu corpo
  • Torcicolo
  • Dificuldade para enxergar
  • Problemas na fala
  • Dificuldade para andar
  • Náuseas ou vômitos (se não claramente relacionada com a gripe ou uma ressaca)

Consulte um médico (de preferência neurologista) se sentir uma dor de cabeça que:

  • Ocorre com mais frequência do que o habitual
  • É mais intensa do que o habitual
  • Piora ou não melhora com o uso adequado de analgésicos
  • Impede que você trabalhe, durma ou faça atividades cotidianas
  • É a primeira dor de cabeça que você teve na vida
  • Veio repentinamente
  • Piora ao longo de um período de 24 horas
  • Apareceu após uma lesão na cabeça
  • Começou após seus 50 anos e você tem problemas de visão e dor ao mastigar
  • Surgiu de repente e você tem/teve câncer
  • Não consegue controlar e gostaria de encontrar opções de tratamento

Veja algumas atitudes que podem aliviar a dor de cabeça:

Manter um diário da dor ajuda a encontrar a origem ou o que desencadeia seus sintomas. Dessa forma, você conseguirá encontrar algum hábito ou possível causa para o sintoma e então conseguir evitar.

Quando uma dor de cabeça ocorre, escreva:

  • Dia e horário em que a dor de cabeça começou
  • O que você comeu nas últimas 24 horas
  • Quanto dormiu na noite anterior
  • O que estava fazendo e no que pensava logo antes de a dor de cabeça começar
  • Qualquer estresse em sua vida
  • Quanto tempo a dor de cabeça durou
  • O que você fez para a dor de cabeça parar

Depois de um tempo, você pode notar um padrão, que também deve ser acompanhado por seu médico.

Dores de cabeça podem responder a medicamentos anti-inflamatórios não esteroides ou a remédios que tenham uma combinação de drogas. Se as medicações comuns não controlarem sua dor, converse com seu médico sobre outras opções possíveis.

Pessoas que tomam medicamentos para dor de cabeça regularmente por três ou mais dias por semana podem desenvolver superuso de medicamentos, ou cefaleias de rebote. Assim, o excesso de medicamentos pode levar a complicações sérias e até mesmo à morte.

Todos os tipos de analgésico (incluindo os vendidos sem receita) para dor de cabeça podem causar cefaleias de rebote. A cefaleia de rebote é quando o corpo se acostuma a analgésicos e tendo certa dependência; assim, você pode sentir dor de cabeça por não tomar tais medicamentos.

Se você acha que isso pode ser um problema, converse com seu médico.

Caso os medicamentos tenham sido prescritos por um médico, nunca interrompa ou altere a dosagem sem autorização deste especialista.

Se você tem dor de cabeça frequentemente, seu médico pode receitar medicamentos para preveni-la. É importante tomar esses remédios conforme receitado, mesmo quando a dor de cabeça não aparecer.

Quando o paciente apresenta sintomas visuais ou sensitivos antes da dor, ele tem a chamada "enxaqueca com aura". Essas sensações podem durar de poucos minutos até uma hora, seguidos de dor de cabeça muito forte.

Entre os sinais mais comuns deste tipo de dor de cabeça estão: pontos brilhantes ou manchas escuras em forma de mosaico na visão; e dormências ou formigamentos em apenas um lado do corpo.

Mas mesmo as dores de cabeça sem aura podem ser premeditadas, pois o paciente pode ficar inquieto, sonolento, irritado ou eufórico, com desejo de comer comidas específicas, principalmente doces.

Alguns pacientes apresentam sintomas até um dia antes da crise como bocejos e aumento de apetite.

Nesses casos, você já pode se preparar melhor para a crise, cancelando compromissos, iniciar o uso da medicação e/ou consultar um médico (neurologista ou ir direto ao pronto-socorro mais próximo).

Antes de sair seguindo os conselhos de parentes ou amigos que também sofrem de dor de cabeça, saiba que os gatilhos para uma crise são diferentes em cada pessoa, bem como os fatores que ajudam a amenizar os sintomas.

Os desencadeantes de uma crise podem ser alimentos, estresse, alterações do sono, jejum, estado climático, alterações hormonais e muitos outros. Inclusive, algumas pessoas não possuem qualquer desencadeante específico.

Por isso, o que melhora a crise para uma pessoa pode não ajudar em outra, cabendo a cada um prestar atenção em seus próprios agentes desencadeantes e o que pode ser feito para evitar ou amenizar a dor quando ela vier.

Alguns dos tratamentos não-medicamentosos mais comuns incluem: compressas quentes ou frias, massagens, terapia de biofeedback, homeopatia e acupuntura.

De todos os tipos de dores de cabeça, a enxaqueca é a mais rica de sintomas. Náuseas, vômitos, diarreia, sensibilidade à luz, cheiros, barulhos e movimentos, irritabilidade, sonolência e depressão são apenas alguns dos incômodos que podem acompanhar uma crise.

Como o analgésico trata apenas a dor, o paciente que tiver esses outros sintomas muito acentuadamente deve tratá-los de forma tópica.

Esse cuidado é redobrado com aqueles que sofrem com vômitos, pois podem perder o efeitos dos analgésicos, precisando ir ao pronto-socorro para receberem medicações injetáveis.

Quando o paciente relata vômitos intensos é conveniente medicá-lo com um antiemético conjuntamente com os medicamentos analgésicos - e alguns antieméticos parecem ter até um efeito sobre a dor.

Durante uma crise de dor de cabeça às vezes o paciente não suporta ambientes barulhentos e com muita luz, podendo esses fatores serem até mesmo desencadeantes do quadro.

A pessoa com dor de cabeça pode ter anomalias neuroquímicas que tornam o seu cérebro mais "irritável" do que os outros, respondendo de forma exagerada a estímulos como luz e barulho.

Assim, durante uma crise, o ideal é se sentar ou deitar - o que for mais confortável - em um local com pouca luz e sem barulhos, evitando ao máximo conversas e atividades que o tirem do repouso.

Aqueles que possuem dores de cabeça mais fracas podem melhorar completamente com o repouso e compressas frias, dispensando o uso de analgésicos.

Ainda que o desencadeante da sua crise não seja a alimentação, uma dieta leve rica em líquidos no momento da crise pode ser muito útil. Nos casos em que não há vômito, o jejum prolongado pode inclusive agravar a dor de cabeça.

Beba muito líquido para se manter hidratado, tanto água quanto soluções hidratantes disponíveis no mercado.

Porém, se o paciente estiver vomitando, o melhor é não ingerir alimentos sólidos e, em casos graves, procurar um pronto atendimento para receber medicações injetáveis mais potentes.

Apesar de existirem vários fatores desencadeantes de uma dor de cabeça, o gatilho mais importante é, sem dúvida, o estresse emocional.

Situações como muitas horas no trânsito, cobranças no trabalho, excesso de horas trabalhadas e discussões familiares contribuem para que o cérebro do paciente produza mais noradrenalina, uma substância vasoconstritora que agravará ainda mais a dor de cabeça.

Como é impossível fugir completamente do estresse e nem sempre é fácil evitá-lo, é importante que o paciente já esteja preparado para uma crise em dias que ele sabe que serão mais difíceis.

Manter as medicações à mão, já fazer uma dieta mais leve e considerar sair mais cedo do trabalho, quando possível, são algumas alternativas.

Os medicamentos mais usados para o tratamento de dor de cabeça são:

Mesmo havendo vários analgésicos disponíveis em farmácias, somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico.

Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

Os seguintes hábitos saudáveis podem diminuir o estresse e reduzir sua chance de ter dor de cabeça:

  • Dormir o suficiente
  • Ter uma alimentação saudável
  • Praticar exercícios regularmente
  • Manter a postura adequada
  • Relaxar utilizando meditação, respiração profunda, yoga ou outras técnicas
  • Parar de fumar
  • Alongar o pescoço e a parte superior do corpo, especialmente se seu trabalho envolve digitar
  • Usar óculos adequados, se necessário
  • Evitar o estresse

Antonio Cezar Galvão, neurologista do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho

Celia Roesler, neurologista da Sociedade Brasileira de Cefaleia

Minha Vida - Life Insights: Health Report 2017