Como se denomina o efeito inibidor exercido pela gema do ápice caulinar Sobre as gemas laterais

O crescimento e o desenvolvimento dos vegetais são controlados por fatores ambientais externos (por exemplo, luz, água e temperatura) e internos. Os principais fatores internos são os hormônios que, através de sinais químicos, controlam o metabolismo do vegetal. Eles são produzidos em diferentes partes do corpo do vegetal e não em glândulas específicas, como ocorre nos animais.

Os hormônios vegetais são também chamados de fitormônios. Em geral, atuam em conjunto na regulação do metabolismo vegetal. A seguir veremos os cinco tipos principais: auxinas, citocininas, etileno, ácido abscísico e giberilinas.

1. Auxinas (AIA)

a) Local de síntese: meristema apical, meristema caulinar, primórdios foliares, folhas jovens e sementes em desenvolvimento.

b) Efeitos:

• Dominância apical: o ápice caulinar produz uma quantidade de auxina que inibe o crescimento das gemas laterais. Quando este é podado, as gema laterais se desenvolvem formando novos ramos.• Desenvolvimento de raízes: a auxina estimula o desenvolvimento de raízes adventícias em caules.• Desenvolvimento de frutos: a auxina permite, em algumas espécies, a formação de frutos partenocárpicos (produzidos sem fecundação). Atua também na transformação do ovário em fruto após a fecundação.• Desenvolvimento do sistema vascular: a auxina estimula a formação de tecidos vasculares (xilema e floema).

c) Transporte: polar, ou seja, do local de produção (ápice da plantas) para o local de ação (base da planta).

2. Citocininas

a) Local de síntese: principalmente no ápice da raiz.

b) Efeitos: promovem a divisão celular (o nome vem de citocinese, fase final da divisão celular na qual o citoplasma se divide). Atrasam o envelhecimento das folhas e podem causar a quebra da dominância apical.

c) Transporte: ocorre da raiz para o caule, através dos vasos de xilema.

3. Etileno

a) Local de síntese: produzido praticamente em todos os tecidos, principalmente naqueles que sofrem algum estresse ou naqueles que estão amadurecendo.

b) Efeitos: promove o amadurecimento dos frutos e atua na queda das folhas e flores velhas.

c) Transporte: é um hormônio gasoso transportado por difusão do local de síntese para o local de ação.

4. Ácido abscísico (ABA)

a) Local de síntese: principalmente em folhas maduras submetidas ao estresse hídrico e nas sementes.

b) Efeitos: fechamento dos estômatos em resposta à falta de água e manutenção da dormência das sementes.

c) Transporte: apolar, ocorre das folhas para o resto da planta, através do floema, e da raiz para os demais órgãos através do xilema.

5. Giberilinas (GA)

a) Local de síntese: tecido caulinar e sementes em desenvolvimento.

b) Efeitos: estimula o crescimento de variedades de plantas anãs através do alongamento do caule. Quebra da dormência e germinação das sementes. Estimulação da produção de flores e frutos.

c) Transporte: transporte apolar, ou seja, ocorre do ápice para a base e também ao contrário, principalmente através do floema.

  • Botânica - Reprodução vegetal
  • As auxinas são os fitormônios, ou hormônios vegetais, mais importantes das plantas. Além das plantas, esses hormônios podem ser encontrados também em fungos, bactérias e algas. Dentre as atividades fisiológicas das auxinas, podemos destacar como a principal a regulação do crescimento dos vegetais. Elas são produzidas nos locais onde há crescimento, por exemplo, células meristemáticas, folhas jovens, flores, frutos, nas pontas dos caules e das raízes, sendo que, posteriormente, são transportadas às outras regiões das plantas que necessitam.

    Dependendo de sua concentração, as auxinas podem ter diversos efeitos sobre a planta. Ela pode provocar o crescimento do caule, das folhas, das flores, das raízes e dos frutos, como também a abscisão foliar, a dominância apical, a formação de flores femininas, a partenocarpia, entre outras atividades.

    A aplicação de auxina em plantas frutíferas é utilizada para a produção em larga escala, pois quando aplicadas no ovário das flores, a auxina estimula o crescimento do fruto, mesmo que não haja fecundação. Isso resulta em frutos partenocárpicos, ou seja, frutos que se desenvolveram de ovários não fecundados e, portanto, não possuem sementes.

    A auxina, quando em altas concentrações no ápice das plantas, inibe o crescimento das gemas laterais, em um fenômeno chamado de dominância apical. Ao retirarmos as gemas apicais, observamos que as gemas laterais saem do estado de dormência, dando origem a novos ramos, flores e frutos. É a partir disso que surgiu a poda das plantas, que consiste no ato de se retirar as gemas apicais para o desenvolvimento das gemas laterais.

    As abscisões das folhas, flores e frutos nos vegetais não estão relacionadas apenas ao hormônio etileno. As auxinas também atuam nessa queda, que ocorre quando há uma diminuição na concentração de auxina nas folhas, frutos e flores mais velhos.

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    Dominância apical faz parte do mecanismo que influencia a ação inibitória da gema apical sobre as gemas axilares por meio da ação de dois hormônios em conjunto, a auxina e a estrigolactona, que interagem na regulação da dominância apical.

    Os primeiros estudos sobre substâncias reguladoras do crescimento em plantas foram realizados por Charles Darwin e o seu filho Francis, relatados no livro The Power of Movement in Plants (O poder do movimento nas plantas) e publicado no ano de 1881. Já em 1926, o fisiologista vegetal Frits W. Went, estudou um mecanismo que isolou a “influencia” dos ápices dos coleóptilos (estrutura protetora que recobre o sistema caulinar em plântuas de gramíneas) de plantas de aveia (Avena, Poaceae). Através deste experimento, nomeou a substância química descoberta com o nome de auxina (do grego auxein “aumentar”). A principal auxina de ocorrência natural é o ácido indol 3-acético (AIA). Este ácido é possivelmente sintetizado por vias dependentes e independentes de triptofano. O principal local de biossíntese de auxinas ocorre nos meristemas dos ápices caulinares, nos primórdios foliares, nas folhas jovens e em sementes que estão se desenvolvendo. A auxina é transportada tanto de modo polar ou unidirecional quanto de modo não polar. Os seus principais efeitos estão relacionados com a dominância apical, respostas trópicas, diferenciação de tecidos vasculares, promoção da atividade cambial, indução de raízes adventícias em estacas, inibição da abscisão de folhas e frutos, estimulação da síntese de etileno, inibição ou promoção (no caso do abacaxi) da floração, estimulação do desenvolvimento de frutos.

    A dominância apical ocorre quando a influência inibitória da gema apical se dá sobre a gema axilar. A auxina fornece sinais químicos que comunicam informações por longas distâncias. Em muitas espécies de plantas, a gema apical inibe o crescimento de gemas laterais. Isto ocorre devido ao fluxo basípeto de auxina proveniente da gema apical em crescimento inibir o crescimento das gemas axilares. Se o crescimento do ápice caulinar que está localizado na gema apical, for interrompido, o fluxo de auxina diminuirá. As gemas axilares, presentes nos ramos laterais começarão a se desenvolverem.

    Ao sofrer um ferimento na gema apical, uma planta pode receber um incremento de auxina para inibir que as gemas axilares desenvolvam novos ramos laterias. A regeneração do tecido pode ser induzida por AIA no local do ferimento, imediatamente após o ferimento.

    Originalmente se acreditava que a auxina era sintetizada na gema apical e era transportada de modo basípeto para as gemas axilares inibindo o seu crescimento. A auxina não atua diretamente nas gemas, este hormônio afeta as gemas a partir das células do xilema e esclerênquima entre os feixes vasculares – esclerênquima interfascicular no caule.

    Em lugar da própria auxina, foi proposto outro mensageiro de longa distância, a estrigolactona para se deslocar de modo ascendente pelos ramos através da corrente de transpiração, inibindo o crescimento da gemas. O hormônio estrigolactona faz parte de um grupo de lactonas terpenoides derivadas de carotenoides, recentemente descoberto e identificado, produzida tanto no sistema caulinar quanto nas raízes.

    Este hormônio também foi identificado por sinais exsudados de raízes que promovem a formação de micorrizas arbusculares o que promove o aumento da capacidade da planta em obter água e sais minerais. As estrigolactonas desempenham papel no controle da ramificação. A estrigolactona interage com a auxina na regulação da dominância apical. A auxina promove a atividade do câmbio vascular em plantas lenhosas. Quando as gemas estão em desenvolvimento na retomada do crescimento das plantas na primavera, a auxina se move de modo descendente nos caules e provoca estímulo nas células cambiais sofrendo, em consequência, formação de tecido vascular secundário.

    Leia também:

    Referências bibliográficas:

    Raven, P. H.; Eichhorn, S. E.; Evert, R. F. Biologia Vegetal. 8ª ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 2014

    Ono, W. O., Grana-Júnior, J. F., Rodrigues, J. D. Reguladores vegetais na quebra da dominância apical de mamoeiro (Carica papaya L.). Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal –SP, v. 26, n. 2, p. 348-350, Agosto 2004