Medicina popular de Minas Gerais

A história das Minas Gerais

O desbravamento na região que hoje compreende o estado de Minas Gerais se iniciou no século XVI, por meio do trabalho dos bandeirantes, em busca de ouro e pedras preciosas. Em 1709, foi criada a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, que, em 1720, foi desmembrada em São Paulo e Minas Gerais.

No início do século XVIII, a região tornou-se um importante centro econômico da colônia, com rápido povoamento. No entanto, a produção de ouro começou a cair por volta de 1750, levando a Metrópole – Portugal – a criar formas cada vez mais rígidas de arrecadação de impostos, o que resultou no mais conhecido movimento político e histórico de Minas Gerais – A Inconfidência Mineira.

A absoluta influência da mineração na economia do estado inibiu, de certa forma, o desenvolvimento de outras atividades econômicas de exportação. Por muitos anos, apesar dos avanços advindos da produção de açúcar, fumo e algodão, Minas Gerais continuou baseando sua economia nas grandes fazendas. O lento avanço da economia de Minas, como o de toda colônia, foi acelerado com o advento da produção e exportação de café.

A introdução da cafeicultura em Minas Gerais ocorreu no início do século XIX e logo se transformou na principal atividade da província e no agente indutor do povoamento e desenvolvimento da infraestrutura de transportes. A prosperidade trazida pelo café ensejou um primeiro surto de industrialização, reforçado, mais tarde, pela política protecionista implementada pelo Governo Federal após a Proclamação da República.

As indústrias daí originárias eram de pequeno e médio portes, concentradas, principalmente, nos ramos de produtos alimentícios (laticínios e açúcar), têxteis e siderúrgicos. No setor agrícola, em menor escala, outras culturas se desenvolveram, como o algodão, a cana-de-açúcar e cereais.

O predomínio da cafeicultura se alterou, gradualmente, a partir da década de 1930, com a afirmação da natural tendência do Estado para a produção siderúrgica e com o crescente aproveitamento dos recursos minerais. Ainda na década de 1950, no processo de substituição de importações, a indústria ampliou consideravelmente sua participação na economia brasileira.

Na década de 1970, a economia mineira passou por mudanças estruturais graças a um grande volume de investimento. Nesse período, o Estado reverteu a perda de posição relativa no contexto nacional. Iniciou-se então um processo de adensamento e diversificação da sua estrutura industrial, de consolidação de novos setores industriais e de ampliação da inserção nacional e internacional da economia mineira.

A Capital

Em Minas Gerais, o sonho de uma nova capital existiu desde a época da Inconfidência – movimento de elites culturais e econômicas contra o domínio português, no século XVIII.

A Proclamação da República, no final do séc. XIX, gerou o momento oportuno para a realização do projeto de construção da cidade. Vila Rica, hoje Ouro Preto, símbolo de um período de exploração e imperialismo, não condizia com os ideais de modernidade que referenciavam os novos tempos.

Assim, apesar da discordância de grupos que defendiam a permanência da capital em Vila Rica (os “não-mudancistas”) e da desaprovação do povo ouropretano (que resistiu à decisão até o último instante), foi dada a largada para a nova “Cidade de Minas”.

Em 17 de dezembro de 1893, o então presidente de Minas Gerais Afonso Pena promulgou a lei que designava o Curral del-Rei para ser a capital do Estado – vencendo a disputa com Barbacena, Paraúna, Juiz de Fora e Várzea do Marçal.

A escolha se deu principalmente pelas qualidades climáticas e topográficas da região, habitada desde os primórdios do séc. XVIII. Apesar de não contar com muitos córregos e minas auríferos, o modesto arraial – que teve como primeiro habitante o bandeirante João Leite Ortiz, fundador da Fazenda do Cercado – era rico em belas paisagens e com terra boa para a agricultura. Apoiado na atividade agrícola e pastoril e no trânsito constante de tropeiros, o Curral del-Rei havia se desenvolvido e se tornado um importante centro de abastecimento e produção.

Escolhida para ser a nova capital das Minas Gerais, em substituição a Ouro Preto (antiga Vila Rica), a centenária Belo Horizonte foi a primeira cidade planejada do país.
Traçada pelo engenheiro paraense Aarão Reis – a partir de uma concepção urbanística altamente positivista – teve, em sua origem, os setores urbano e suburbano separados pela avenida do Contorno. Dentro desse anel, grandes avenidas, ruas largas e quarteirões simétricos – preparados para traduzir e fomentar a “ordem e progresso” que eram o lema da época.

A cidade cresceu muito além dos limites imaginados pelos criadores. Hoje, com cerca de 2,3 milhões de habitantes, Belo Horizonte exibe principalmente diversidade. Pólo de uma Região Metropolitana extremamente dinâmica, atrai um volume cada vez maior de investimentos – destacando-se como centro de excelência médica, biotecnologia e informática e como sede de importantes eventos nacionais e internacionais.

Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, terceira maior cidade do Brasil. 

Localizada na região Sudeste, em ponto geográfico estratégico do país e das Américas, BH é cercada pelas montanhas da Serra do Curral, que lhe servem de moldura natural e referência histórica.
Além das vantagens naturais e da facilidade de acesso aéreo e rodoviário, a capital mineira destaca-se pela beleza de seus conjuntos arquitetônicos, pela forte vocação do comércio e da prestação de serviços e ainda por uma rica produção artística e cultural.

Nossa gente

Se Minas são muitas, como bem definiu o escritor João Guimarães Rosa, muitos também são os mineiros, como rica é sua diversidade. Estado-síntese de nosso país, o fato de ter fronteiras com Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul traz para seu caldeirão cultural uma riqueza ímpar, traduzida no jeito de ser de uma gente que aprendeu, desde sempre, a lutar por sua liberdade. Mas Minas não é apenas a tradição: é também o espaço da modernidade e das expressões contemporâneas no campo das artes, da tecnologia, da arquitetura, da música, da dança, do teatro.

Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do país, com uma população estimada superior a 20 milhões de habitantes. Estado que traz em sua bandeira a inscrição “Libertas quae sera tamem” ou “Liberdade ainda que tardia”, Minas, no período colonial, foi cenário de uma das maiores conspirações brasileiras em busca da liberdade, a Inconfidência Mineira. E a busca pela liberdade, em todas as suas formas e possíveis manifestações, está ainda enraizada nos hábitos e costumes dos mineiros, povo acolhedor e trabalhador, dedicado à arte de receber bem, de cultivar as tradições religiosas e a convivência familiar.

A diversidade cultural tão marcante em Minas encontra semelhanças nas manifestações religiosas. Em muitas cidades, a figura dos ‘festeiros’ – pessoas dedicadas a organizar as festas das igrejas – é muito popular. Os eventos promovidos pelas paróquias sempre movimentam as cidades: são bingos, barraquinhas e outros eventos que preparam a comunidade para as grandes festas dos padroeiros e também do Congado e da Folia de Reis. Além das festas, a fé gera costumes ligados à hospitalidade, como o hábito de receber a Folia de Reis em casa, oferecendo comida para todos os presentes, ou receber em casa a imagem da Santa Visitadora para rezar com os vizinhos.

E como nas cidades mineiras sempre há festas, praças e coretos, Minas também é o estado com o maior número de bandas: cerca de 840, contando apenas as civis cadastradas na Secretaria de Estado de Cultura.

Importante ressaltar que, além de ser o estado com maior número de municípios – 853 -, Minas Gerais reúne o mais importante acervo arquitetônico e artístico do período colonial brasileiro, preservado em cidades de fama internacional como Ouro Preto, Diamantina e Congonhas do Campo, ricas pela profusão de obras-primas do estilo Barroco, nas quais se destacam os trabalhos de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Mestre Athaíde.

No campo das crendices e superstições, os mineiros cultivam hábitos passados de geração a geração. Em muitas famílias mineiras, algumas superstições ainda permanecem vivas e estudos sobre essas crenças mostram que elas têm um motivo histórico, social e até mesmo científico.  Como exemplo, pode-se citar a crença de que o hábito de deixar roupas pelo avesso causa “atrasos à vida”. Como antigamente não havia luz elétrica e a iluminação a óleo de mamona nas candeias era muito precária; animais peçonhentos eram comuns nas regiões tropicais; não existiam inseticidas e nem soros contra as picadas venenosas. Por outro lado, as roupas femininas, sobretudo, eram muito volumosas. Se essas roupas não fossem bem colocadas em seus devidos lugares, atrairiam facilmente insetos e répteis, que se esconderiam em suas dobras. Ao se vestirem, as pessoas corriam o risco de serem picadas e de ficarem inválidas ou de morrer. Daí, a verdadeira razão da crendice de não deixar as roupas pelo avesso ou emboladas e jogadas em qualquer lugar, pois estas atitudes poderiam causar atrasos à vida.

A crença no poder da medicina popular também é marcante em Minas Gerais. Ainda hoje, os raizeiros e as benzedeiras são muito procurados para fazer chás, simpatias, banhos e benzeções com a finalidade de solucionar problemas de saúde. Além do uso das plantas medicinais, essas pessoas sugerem determinadas restrições à alimentação e rituais complementares de cura, como os banhos de sal grosso ou de rosa branca. Atualmente, homeopatas pesquisam e estudam esse receituário, buscando confirmar a eficácia dos remédios caseiros como forma de medicina alternativa, contribuindo com a ciência na busca de soluções mais econômicas e de menores efeitos colaterais para a saúde humana. Como exemplo da medicina caseira em Minas, podemos citar os chás de boldo, losna e carqueja, para males do fígado. Importante salientar que a rica vegetação do cerrado, repleta de espécies com poder curativo, é fundamental para a manutenção desse costume mineiro. Ipê roxo, copaíba, barbatimão, sucupira, arbustos como o assa-peixe, mil-homens e algodão do campo e algumas ervas como a erva-moura, o melão de São Caetano, o cipó de São João e a sassafrás compõem os receituários da medicina popular mineira. Nos mercados municipais das maiores cidades mineiras, as barracas de plantas e raízes medicinais são comuns.

A culinária mineira, além de pratos deliciosos e reconhecidos internacionalmente, também cria hábitos e costumes. Nas cidades do interior é comum o preparo da quitanda – um conjunto de quitutes como bolo, broa, pão de queijo e biscoitos caseiros, preparados de uma só vez para aproveitar o calor do forno à lenha.  Também é fundamental lembrar o bom e velho costume mineiro de receber visitas ao redor da mesa da cozinha – sempre mais acolhedora que a sala de visitas. Um bom anfitrião mineiro quer sempre agradar sua visita que nunca pode sair de barriga vazia. E, para agradar os visitantes, o mineiro oferece pratos típicos, originados de influências que vão dos indígenas aos africanos, passando, obviamente, pelos colonizadores europeus. Alguns dos principais pratos da culinária regional mineira, como o feijão tropeiro, o angu de milho verde ou de fubá com frango, a paçoca de carne seca, farofas, couve, o lombo e o pernil assados, leitão à pururuca, o torresmo, o tutu e toda uma série de pratos em que predominam as carnes de porco e de frango atravessaram os séculos até chegarem às mesas dos mineiros de hoje.

Assim, da influência africana ao barroco, das tradições indígenas à moda de viola, os mineiros foram construindo seus hábitos. No tacho em que se produzem os costumes mineiros, os mais diversos ingredientes parecem misturar-se sem, no entanto, neutralizarem uns aos outros.

De Minas saíram várias formas de ver o mundo, por meio dos escritores consagrados, da culinária reconhecida, dos ideais de liberdade etc. E, se de Minas saíram várias formas de se ver o mundo, também não faltaram formas de fazer o mundo olhar para as Alterosas. De Aleijadinho e suas esculturas a Santos Dumont que deu asas ao sonho mais antigo da humanidade até Pelé que encantou o mundo com seu talento, os mineiros parecem destinados a fazer os olhares se voltarem ao coração do Brasil. Coração que parece destinado a receber em suas veias todas as influências possíveis para produzir uma sociedade única em suas manifestações e expressões.

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Referências: http://www.mg.gov.br / e http://www.descubraminas.com.br/