Dizem por aí que se não tem cicatriz a vacina não funcionou, mas não é verdade O tema de hoje foi sugerido pelo João, amigo e leitor do Brasil de Fato. Valeu, João! Já reparou que das várias vacinas que tomamos ao longo da vida uma deixa uma marquinha no local de aplicação? É a Bacillus Calmette-Guérin (ou BCG), usada para prevenir tipos severos de tuberculose. Essa doença infecciosa é causada por uma bactéria, geralmente da espécie Mycobacterium tuberculosis. Em sua forma mais comum, afeta os pulmões, o que causa sintomas como dores, tosse, febre e perda de peso. Quando não tratada, apresenta alta taxa de mortalidade. É atualmente a doença infecciosa que mais mata no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2018, 1,5 milhão de pessoas morreram devido a ela, em um total de 10 milhões de casos em todo o mundo. A tuberculose é tratada com antibióticos e a principal forma de prevenção é a vacinação. A BCG é produzida a partir das bactérias vivas atenuadas, ou seja, incapazes de causar a doença. Quando o nosso sistema imunológico entra em contato com essas bactérias presentes na vacina, ele produz anticorpos que evitam que novas infecções ocorram e causem prejuízos ao organismo. A BCG é uma das primeiras vacinas administradas no recém-nascido. Esse procedimento deve ser feito de preferência nas primeiras doze horas de vida. A vacina é administrada via injeção intradérmica, ou seja, na camada interna da pele, a derme. Por padrão, sempre no braço direito. No Brasil, é oferecida gratuitamente a toda população graças ao Sistema Único de Saúde. O ferimento e a posterior cicatriz formada no local de aplicação é uma reação normal do sistema imunológico à presença da bactéria. Há até um mito popular que diz que se a cicatriz não se formar quer dizer que a vacina não fez efeito. Isso não é verdade. Mesmo nos raros casos em que não ocorre a feridinha, o efeito preventivo é garantido. No Brasil, até 2005 era indicado que a partir dos dez anos de idade fosse dada uma segunda dose da BCG. Como os testes mostraram que o reforço não era necessário, tal indicação foi abandonada. Por isso, é provável que, caso você tenha mais de 25 anos de idade, tenha duas marquinhas em seu braço, enquanto os mais novos tenham só uma. Caso a vacina seja administrada com uma micro agulha, apelidada de carimbo, não deixa a famosa cicatriz. No Brasil, apenas cerca de 3% das pessoas são vacinadas com a micro agulha. Em outros países, esse número pode ser bem maior. Isso explica o fato de quase todos os brasileiros terem a marquinha da BCG e nenhum japonês a ter! E você, gosta da sua marquinha? Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais. Edição: Elis Almeida
A cicatriz é o resultado da reação imunológica do corpo à bactéria Mycobacterium bovis, causadora da tuberculose em bois e vacas e contida de forma atenuada na vacina. É a forma bovina da doença que ensina nosso corpo a combater a TB humana. Após a aplicação da injeção, um perímetro de cerca de 1 centímetro ao redor do local em que a agulha entrou reage ao patógeno. As células da primeira linha de defesa do nosso corpo comparecem em massa. Entre elas, há os macrófagos (que fagocitam as ameaças e as digerem) e as as células dendríticas, que são espiãs: coletam pedacinhos do patógeno e levam para avaliação de células mais altas na hierarquia, como os linfócitos T CD4, CD8 e B. Elas montam um contra-ataque mais direcionado, com anticorpos feitos especificamente para encaixar em proteínas do patógeno. Visto do lado de fora, o campo de batalha se torna uma casquinha vermelha, que então amolece, pode soltar pus e aí cicatriza ao longo de três semanas. Eis a marquinha no braço. Os bebês são novos demais para lembrar disso, é claro. A ausência da marquinha se deve ao uso de uma microagulha, conhecida como “carimbo”, que suaviza o efeito na pele. No Brasil, a taxa de uso do carimbo é de 3,1%, então, apenas três de cada cem crianças vacinadas ficam sem a marca. Nos EUA, o número gira em torno de 10%. Já no Japão, a microagulha é regra, não exceção. Fontes: Karlla Patrícia Silva, bióloga do Museu Nacional da UFRJ e Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas; artigo “Scar Formation and Tuberculin Conversion Following BCG Vaccination in Infants”, de Sara S. Dhanawpade. Pergunta de @kaaoliveira83, via Instagram. #OráculoSuper
Por que a vacina BCG deixa marca no braço? Sabe aquela marquinha de vacina que muita gente tem no braço direito? Ela é proveniente da aplicação da vacina BCG, que protege o nosso corpo contra a tuberculose! Essa cicatriz acontece devido a reação do corpo a bactéria Mycobacterium bovis, que contém o vírus da doença, só que de forma anulada e inofensiva. Assim que a vacina é aplicada, o corpo humano começa a desenvolver uma série de reações para se proteger desse bactéria. Essa disputa entre os anticorpos, já presentes no organismo, e os componentes da vacina, levam ao surgimento dessa ferida no local da aplicação. Criança sem cicatriz precisa retomar a vacina? A maioria dos bebês desenvolvem a marca após 12 semanas de sua aplicação. Mas como cada organismo é único, nem todas chegam a desenvolver esse sinal. Segundo o Ministério da Saúde, que está alinhado nesta questão com a Organização Mundial de Saúde, crianças que foram vacinadas contra a tuberculose (BCG) e não tiveram cicatriz vacinal não precisam ser imunizadas novamente. A importância da BCG A BCG é uma das primeiras vacinas que recém nascidos devem tomar. O recomendado é que seja aplicada logo nos seus primeiros dias de vida, devido a sua importância. Afinal, a tuberculose é um grave doença infectocontagiosa, que ataca principalmente o pulmão, mas também pode causar infecções nos ossos, rins e meninges. Patrícia Ruiz - COREN- SP 226-788 - Enfermeira Responsável Técnica. Concluiu a graduação de Enfermagem em 2009 na universidade UNIP- Sorocaba. Atua desde 2017 no Dr. Vacina. |