Graduada em História (UVA-RJ, 2014) Show Ouça este artigo:
A política do café com leite foi um grande acordo nacional, político e econômico que regulou a lógica de poder durante quase toda a Primeira República, também conhecida como República Velha (1889-1930). O acordo que envolvia as oligarquias estaduais e o governo federal funcionava para manter o controle e o poder nas mãos das elites, grandes proprietários de terras do Brasil. Na política do café com leite os políticos paulistas e mineiros alternavam-se na cadeira de Presidente da República, por isso o nome do acordo. As economias paulista e mineira eram o café e o leite respectivamente, mantinha-se assim a ordem política e econômica favoráveis à esses Estados mas principalmente aos oligarcas locais. Outro acordo garantia o funcionamento eficaz da política do café com leite. Mantendo suas autonomias locais os Governadores de Províncias (Estados) mantinham seu apoio ao presidente da República, em troca o Presidente não interferiria no poder provinciano do Governador. A lógica dos dois acordos eram complementares para a manutenção da ordem política e econômica nacional onde apenas as elites agrárias alcançavam o poder político que continuaria girando a favor da manutenção dessas elites políticas no poder. Oficialmente a política café com leite só tem seu inicio após o período da República da Espada quando dois presidentes militares comandaram as decisões políticas do Brasil. Com o Governo de Campos Sales (1898) considera-se o principio da alternância paulista-mineira na Presidência. Seu antecessor Prudente de Morais (o primeiro presidente civil do Brasil) deixa uma grande crise política e econômica para o paulista Campos Sales que enfrentará a tarefa de estabilizar as relações do Governo Federal com as elites políticas e econômicas das províncias. Depois de 6 mandatos de presidentes paulistas sucedidos por 3 presidentes mineiros, durando mais de 30 anos esse grande acordo é findado em 1930. Porém mesmo durante o período de vigor do acordo o mesmo passou por momentos de grande tensão, com a cisão momentânea e a entrada de presidentes que não eram do eixo central Minas-São Paulo. Aconteceu essa cisão com a eleição de Hermes da Fonseca (Gaúcho) e Epitácio Pessoa (Paraibano). Em 1909 a candidatura de Hermes da Fonseca é lançada por Pinheiro Machado, grande liderança política do Rio Grande do Sul diante de divergências entre as lideranças mineiras. Já em 1919 a entrada de Epitácio Pessoa é resposta ao afastamento de Delfim Moreira devido a crise econômica e política desdobrada no Brasil em circunstancias da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918). As disputas e crises políticas se agravariam demonstrando o interesse de Províncias menores em participar da lógica de poder até então restrita aos paulistas e mineiros. Do agravamento dessas disputas nasce o movimento revolucionário de 1930 que liderado pela oligarquia do Rio Grande do Sul derruba a República Velha. Em uma ação de rompimento com o acordo, Minas Gerais retira seu apoio ao candidato Julio Prestes indicado pelo então Presidente Washington Luís, ambos paulistas. As oligarquias mineiras passam a apoiar o candidato da oposição Getúlio Vargas, um gaúcho. Julio Prestes, no entanto sai vitorioso do pleito, mas não chega a tomar posse. Getúlio Vargas não convencido com os resultados marcha para o Rio de Janeiro e toma posse da presidência dando início a um governo provisório. Bibliografia: FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 1995. LINHARES, Maria Yedda (ORG.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000. ARAÚJO, Bernardo Goytacazes. A Instabilidade Política na Primeira República Brasileira. Juiz de Fora: Ibérica. 2009.
Durante a República Velha, houve no Brasil a chamada “política café com leite”, que teve seu início em 1898. Esse termo determinou o ‘toma lá dá cá’ entre políticos de São Paulo e Minas Gerais, que revezavam o poderio enquanto líderes da República do Brasil. A política café com leite consistia em um acordo firmado entre oligarquias – estados – do país e o governo federal. A ideia era manter sempre no poder um presidente da República que fosse escolhido entre os integrantes políticos dos dois entes. Na prática, ora o presidente seria paulista, outrora mineiro. De certa maneira, essa foi uma forma encontrada para centralizar o poder do Governo Federal na época. Ambos os estados eram populosos e fortes braços das principais legendas republicanas do Brasil. A escolha do termo ‘Política café com leite’Para que você entenda melhor, o termo política café com leite é conhecido até os dias de hoje, devido a sua importância. O termo tratava diretamente de uma alusão aos produtos responsáveis pela economia dos dois estados, e praticamente de todo o país.
O estado de São Paulo era o grande produtor de Café, enquanto Minas Gerais foi o maior produtor de leite do país. Bem como, os reflexos estão na economia presente até os dias de hoje. Atualmente o Brasil se tornou grande exportador desses produtos.
Na época, o que conhecemos por ‘estados’ hoje era chamado de oligarquias. E no contexto político, as prerrogativas entre as duas oligarquias para a escolha do presidente determinava os benefícios ao restante do país. Era uma dependência pura dos paulistas e mineiros, já os demais brasileiros nas mãos dos dois povos. A política café com leite contava com duas forças partidárias:
Política café com leite: da autonomia local ao apoio ao governoUma coisa que os estados sempre buscam é autonomia em suas questões locais. Partindo deste princípio, foi desta maneira que as oligarquias à época conquistaram a sua ‘autonomia’ e não interferência da república. Durante a política café com leite, as elites estaduais de todo país garantiam o apoio das suas bancadas ao presidente da República. É quando se dava a execução de um outro acordo, chamado de a política dos governadores. Vamos entender melhor? A política dos governadores é uma referência a influência das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais que controlavam o processo sucessório nacional. A influência do peso econômico, demográfico e político desses estados faziam que os governadores de todo o país se unissem para apoiar um desses estados como representante nacional.
Veja a alternância de poder durante a política café com leite:Presidentes mineiros (PRM)
Presidentes paulistas (PRP)
No ano de 1930 se deu o fim da política café com leite. Porém, a revolução ou período militar, ditadura ou como queira mencionar ou afirmar – sem debate histórico, foi marcado por uma discordância entre os dois partidos. Júlio Prestes era o presidente para o mandato entre 1930-1934, mas não tomou posse. Do mesmo modo, o Partido Republicano Mineiro (PRM) deseja ter o presidente do período, no entanto o Partido Republicano Paulista (PRP) quis se manter no poder. Insatisfeitos os mineiros apoiaram o ato de 1930, acabando com a república velha e o toma lá dá cá entre os dois estados mais fortes do país. Decerto, Getúlio Vargas assume o poder e encerra em 1930, o período café com leite.
A Constituição de 1891 ampara a Política Café com Leite?Você deve estar se perguntando se, para que dois estados se mantivessem no poder revezando, havia alguma brecha na legislação, não é mesmo? E foi justamente o problema da constituição em relação ao poderio dos mineiros e paulista. A Constituição de 1891 determinava a representação proporcional das oligarquias na Câmara dos Deputados. Assim sendo, cada estado elegia um número de Deputados Federais proporcional ao número de seus habitantes.
Na prática, a população do Brasil, durante a República Velha e os tempos da Política Café com Leite, se centralizava nesses estados, dando a eles número significativo de representantes. Ao todo, a população de ambos representava um terço da população nos colégios eleitorais.
Curiosidades: durante os primórdios do governo republicano, apenas dois presidentes foram exceções da política café com leite:
Fonte: UOL, Toda Matéria, InfoEscola Fontes de Imagem: brainly, Guia do Estudante, História de tudo, Todo Estudo.
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