O que é ser guei

Se você se sente muito atraído por membros do mesmo sexo – ou de ambos os sexos – mas sente necessidade de aceitar tal realidade, eis um guia para ajudá-lo. Você descobriu sua orientação sexual e isso é perfeitamente normal. Aceitar quem você é – e ter orgulho de si – é o próximo passo na sua jornada rumo à saída do armário e a uma eventual relação gay ou lésbica. Algumas pessoas têm dificuldades em aceitar as próprias orientações sexuais, seja por causa de problemas pessoais ou por conta de desconforto ou pressão social. A maioria das pessoas na comunidade LGBT sabe que aceitar a própria sexualidade é fundamental para a felicidade. Neste guia, o termo gay é utilizado para tratar de todas as formas de homossexualidade e bissexualidade, tratando de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais ou pansexuais.

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    Descubra se você é gay. Algumas vezes, pessoas questionam suas próprias sexualidades. Há muitos tipos de orientação sexual. Não escolha uma categoria caso sinta que não se encaixa facilmente em uma! Não seja rotulado antes de estar preparado e disposto a sê-lo.

    • Se você sente que não se encaixa, ou caso não consiga compreender por que seu ser não é igual às outras pessoas em sua vida, lembre-se de que você é você, e mais ninguém. Ser você mesmo e aceitar a própria personalidade é algo que lhe deve causar orgulho.

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    Lembre-se de que você não escolheu ser atraído por membros do mesmo sexo. Tentativas de mudar sua orientação normalmente são dolorosas e inúteis no final das contas. Quando conversar com amigos ou familiares heterossexuais, é difícil ajudá-los a compreender isso, pois eles não têm referenciais relativos às suas experiências. Tente encorajar os outros a enxergarem sua orientação sexual como se ela fosse a cor de seus olhos – é algo que lhe acompanha desde o nascimento e que não foi escolhido. É algo que simplesmente faz parte de seu ser, sendo impossível de ser mudado. Você nem deveria querer mudar isso!

    • Não há necessidade de mudar – ser gay significa, simplesmente, existir de outra maneira, e não há nada de errado com isso. Também não há nada de errado em você ser gay.
      • Algumas pessoas no mundo acreditam que sua orientação sexual é uma escolha. Você deve se sentir confortável com sua escolha caso realmente a tenha feito. Todos escolhem suas próprias batalhas e opções, e as normas da sociedade podem não ser, necessariamente, “normais” para você.

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    Diga a si mesmo que, para que as pessoas o aceitem, você precisa se aceitar em primeiro lugar. As outras pessoas acharão difícil aceitá-lo completamente se você não conseguir conviver com sua orientação sexual e não se sentir confortável, nem confiante, com seu próprio caráter. Amar é um direito SEU; NINGUÉM tem o direito de informar o contrário.

    • Diga a si mesmo: “Sou uma pessoa com sentimentos, com intelecto e com vida, como todos os outros. Sou único e individual, e ninguém tem o direito de escolher como minha vida deve ser. O fato de eu ser gay revela apenas outra faceta de meu ser – assim como ser criativo, ou otimista ou ter olhos castanhos são facetas. Posso não ser como muitos de meus amigos, mas sou eu que decido como viver minha vida de maneira autêntica e feliz. É minha vida, e eu escolho ser feliz”.

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    Lembre-se de que ser gay não exige que você represente o típico estereótipo gay. A maioria dos gays não é diferente dos heterossexuais. Eles compartilham os mesmos interesses, objetivos e sonhos. Ser um homossexual não significa que você deva ser mais masculino ou feminino, e não é necessário se encaixar em estereótipos que não lhe pareçam certos – afinal, seu desejo é ser quem você é.

    • Você não precisa se encaixar na comunidade gay, assim como não precisa se encaixar na comunidade heterossexual. Esses são apenas construtos sociais arbitrários. Garotos inerentemente se interessam por futebol e arrotos? Não. A sociedade que diz que isso é aceitável. Em 100 anos, “gay” será um conceito inteiramente diferente. Não busque se encaixar em uma ou outra categoria.

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    Não se sinta – ou busque não se sentir – pressionado a acreditar que você deveria ”mudar seu jeito de ser”. Se alguém tentar forçá-lo a ter uma opinião da qual você descorda – se alguém afirmar que seus desejos são pecaminosos, desnaturais ou sintomas de uma desordem mental, por exemplo – procure apoio em outro lugar. Não há evidências que demonstrem que “ajudar homossexuais a se tornarem heterossexuais” seja possível. Se alguém disser que é possível, vá embora.

    • Tratamentos para “trocar” a orientação sexual comuns na década de 60 e 70 apenas prejudicavam pacientes que passavam por eles. Tais tratamentos jamais conseguiram mudar a orientação sexual de tais pacientes. [1] X Fonte de pesquisa Ir à fonte [2] X Fonte de pesquisa Ir à fonte
    • De fato, a terapia conversacional para tratar a homossexualidade é proibida no Brasil. A homossexualidade não é vista como doença, e jamais deveria ser tratada como tal. [3] X Fonte de pesquisa Ir à fonte

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    Lembre-se de que você não está só. Há muitos, muitos gays em todos os tipos de comunidade e há muitas pessoas que podem ajudá-lo quando você precisar de apoio. Há muitas agências, grupos, conselheiros, familiares e amigos que podem ajudá-lo, mesmo se a função dessa pessoa for apenas escutar seus sentimentos. Conversar com alguém durante esse tempo difícil será incrivelmente útil e ajudará a compreender que milhões de pessoas passam pelas mesmas dificuldades.

    • Encontre um grupo que faça você se sentir confortável e que possua outros gays com quem você possa conversar. Faça alguns amigos e estabeleça uma nova rede de pessoas apoiadoras e encorajadoras ao seu redor. Sua energia as ajudará também.

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    Considere conversar com sua família. Esperançosamente, sua família ama você do jeito que você é. Converse com qualquer membro da família com quem você tenha mais proximidade. Indique a essa pessoa as dificuldades pelas quais você está passando. Esses familiares ajudarão a formar um plano para informar sua condição a todos, colaborando em prol de uma transição mais suave.

    • Se sua família não aceitaria sua homossexualidade, seria melhor encontrar um mentor que pudesse ajudar. Você conhece alguém que passou pela mesma situação? Essa pessoa pudesse oferecer conselhos e apoio durante esse tempo difícil. Conversar sobre o assunto e conseguir confiar em alguém serão ações vitais para sua felicidade e para suas forças.

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    Seja seletivo. Nem todo mundo precisa saber sobre sua orientação sexual, até por que quase ninguém se importa (ainda bem!). Não é necessário divulgar quem você é, e ninguém deveria fazê-lo falar sobre sua homossexualidade para todos. Evite falar muito sobre o assunto caso ele cause desconforto. Saiba que, ainda que você queira e mereça viver uma vida autêntica, pode não ser uma boa ideia se expor a pessoas de mente-fechada que podem ofender.

    • Não se revele homossexual perante uma pessoa caso isso não pareça certo para você. Essa é uma boa regra a ser seguida – pode haver muitos motivos para se declarar gay, porém, se isso não parecer correto, então provavelmente este não é um bom momento para sair do armário. Assim que você estiver tranquilo com sua própria orientação sexual e pensar em si mesmo de maneira saudável, o “quando” e o “como” se declarar acabarão aparecendo naturalmente.

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    Perdoe aqueles que ainda não estão prontos para aceitá-lo. Infelizmente, humanos podem ser cruéis e irascíveis. Inevitavelmente, haverá pessoas que não aprovarão “seu estilo de vida” e que lhe jogarão na cara essa desaprovação. Em vez de desperdiçar sua energia com pessoas que não valem um grão de sal, perdoe-as. Veja como elas são menores que você. Na dúvida, sinta pena.

    • Sua raiva apenas serviria de lenha para a fogueira deles. Para derrotá-los, você precisa permanecer calmo, lógico e razoável. Demonstrar que as ações deles o afetam apenas fará com que eles fiquem mais felizes. Se você pode fingir piedade, finja indiferença. Eles mal fazem parte de sua vida. Você se sentirá muito melhor no longo prazo!

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    Pense em suas crenças religiosas. Haverá pessoas que dirão que sua sexualidade não condiz com certas crenças religiosas. Alguns afirmarão que você jamais será amado por Deus. Tudo isso não passa de baboseiras. Você é livre para acreditar naquilo que quiser, mesmo que membros de sua mesma religião não concordem. A fé é algo pessoal. Você a tem ou não a tem – ela não tem coisa alguma a ver com os outros.

    • Caso tenha crescido num ambiente que odeie a homossexualidade, você não passa a valer mais ou menos como pessoa. As leis na Bíblia serviam tendo em vista a saúde – a pessoa pode odiar a homossexualidade de acordo com o livro sagrado, mas ela também não poderia ter tatuagens, não poderia comer carne de porco e não poderia vestir tecidos diferentes. Saiba que a sua criação é apenas cultural. Você ainda é você e você é bom. Se você gostaria de modificar suas crenças religiosas, sinta-se livre para fazê-lo. Prossiga calmamente e tudo ficará bem.

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    Cerque-se de pessoas que se importam. Seus amigos e familiares amam você. Eles não amam seu lado heterossexual ou homossexual – apenas amam você. Sua felicidade é importante para eles: você não deve se sentir egoísta por dividir seus problemas com eles. Converse sobre o assunto. Use-os de apoio. Eles estão aí para isso!

    • Dito isso, não se sinta obrigado a se declarar gay por causa disso. Se você não estiver pronto, você não está pronto. Não há problema nisso. Seus amigos e familiares não precisam saber de sua condição para permanecerem ao seu lado.

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    Mostre às pessoas quem você é. Sair do armário é o passo mais corajoso que uma pessoa pode dar em direção à aceitação da própria orientação sexual. Porém, a saída do armário não significa que você deva mudar sua personalidade ou seus gostos. Não comece tentar a se mudar ou desejar ser outra pessoa para satisfazer os níveis de conforto dos outros. Há 6.7 bilhões de pessoas no mundo, e você não poderá agradar a todos. Quem se importa com você sempre o amará verdadeiramente.

    • Se alguém não puder aceitar o simples fato de sua sexualidade ser diferente e não puder respeitá-lo por quem você é, essa pessoa não merece sua atenção. A culpa não é sua se outras pessoas não conseguirem aceitar sua sexualidade.

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    Desenvolva e expresse sua individualidade. Se sua maneira preferida de fazer algo foge do comum, independentemente do que for, orgulhe-se disso. Você é único. O mundo precisa de pessoas diferentes – caso contrário, ele seria chato e monótono!

    • Compreenda que uma pessoa gay não é diferente das outras. Como todo mundo, pessoas gays têm sonhos e objetivos e desejam companhia e amor igual a todo mundo. Busque sempre ser a melhor pessoa possível, e lembre-se das qualidades e atributos positivos que a tornam uma pessoa única.

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    Ensine a aceitação e o amor através de suas próprias ações. Você está na posição única de causar uma boa impressão perante os outros. Outras pessoas, normalmente os mais jovens, precisarão ser guiados. Se você puder mostrar a essas pessoas os pontos de luz no horizonte, poderá fazer com que o progresso deles seja muito mais fácil.

    • Se você não aceitar certas raças, religiões ou outras características, por que os outros deveriam aceitá-lo? Suas próprias ações precisam ecoar a forma com a qual você deseja ser tratado. Várias pessoas poderão aprender algo com seu comportamento. Em se tratando de amor, aproveite todas as oportunidades para fazer o bem, seja se amando ou amando a outra pessoa.

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    Encontre apoio. É importante encontrar apoio pela sua saúde mental, de modo que você saiba que não está só quando precisa de alguém com quem conversar. Há grupos de apoio presenciais e online por aí. Se você quiser apoio a nível pessoal, encontre amigos ou pessoas que estejam no espectro LGBT+ ou que sejam simpatizantes. Há muitos grupos pela Internet que marcam encontros presenciais, além de vários sites de apoio que podem ajudar na sua aceitação de si. Há uma lista na Wikipédia com nomes e contatos de organizações LGBTQ do mundo todo.

  • É importante notar que a American Phsychological Association declarou que grupos que afirmam curar a homossexualidade são perigosos e pouco saudáveis. É mentalmente e fisicamente desgastante suprimir os sentimentos e o verdadeiro caráter. Você é quem decide o que é melhor para sua vida.
  • Transexuais também podem ser gays. Existem muitos FTMs (mulheres que se tornaram homens) que são gays e que gostam de outros homens, e o mesmo vai para o MTFs (homens que se tornaram mulheres) que gostam de outras mulheres. Sexo e sexualidade não são a mesma coisa. Isto mostra que ser gay não faz alguém ser "menos homem/mulher".
  • Não se preocupe com o que os outros pensam, o importante é que você seja fiel a si mesmo e atencioso com os outros. Isso não significa que você tenha que ficar pisando em ovos em relação a outras pessoas. Se um amigo ou um membro da sua família estiver tendo dificuldades em aceitar a sua orientação, pode ser que você tenha que dar tempo e ser paciente ou terminar a amizade se eles não mudarem de opinião.
  • Se você estiver em um relacionamento, evite usar a palavra "companheiro(a) de apartamento" ou termos de efeito similar para descrever o seu parceiro ou parceira. E também não deixe que a sua família faça o mesmo. Se você permitir que eles finjam, introduzindo o seu parceiro ou parceira como seu amigo(a) ou "companheiro(a) de apartamento", então você estará permitindo-lhes colocar uma máscara em sua relação. Não se irrite com isso, apenas os corrija com cuidado, por exemplo:
    • "Sim, nós moramos juntos, tia Joana, o Carlos é meu parceiro" ou "Tia Joana, notei que você ainda não foi apresentada a minha namorada, Andréa. Nós namoramos durante alguns meses antes de irmos morar juntas e já estamos juntas cerca de um ano. Estou tão feliz que você finalmente irá conhecê-la... Andréa, venha aqui, querida, quero apresentar minha tia Joana".
    • Uma vez que os membros da sua família se conscientizem de que você não tem a intenção de deixá-los acreditar que você e Carlos “apenas dividem o apartamento” ou que você e Andréa são "apenas muito boas amigas", eles vão parar de tentar colocar uma máscara sobre seu relacionamento e serão mais abertos, também.

  • Se você ainda depende financeiramente dos seus pais, e tem certeza de que eles o(a) rejeitariam por ser gay, pode ser prudente esperar ter o seu próprio meio de sustento antes de se assumir. Pode ser vital para a sua sobrevivência adiar esta revelação até que, por exemplo, você tenha se formado na escola ou faculdade ou tenha condições de ir morar sozinho(a).
  • Se for muito provável que assumir a homossexualidade não seja uma boa ideia, busque não sair do armário ainda. Contanto que você esteja ciente de quem você é, o resto pode acontecer mais tarde. Afinal, a sua orientação sexual só diz respeito a você mesmo. Eventualmente, as pessoas podem descobrir, e pode ser que você tenha que decidir se quer permanecer nessa situação ou mudar para um lugar que você será mais aceito(a).
  • Use o bom senso. Infelizmente, nem todas as pessoas no mundo têm uma mente aberta. Não divida esta informação com toda a sua comunidade, se você morar em uma cidade pequena ou em uma área onde LGBT são menos propensos a serem aceitos e onde possam ser ofendidos fisicamente ou emocionalmente.
  • Você pode se arrepender da aceitação de sua orientação sexual no futuro, especialmente se você estiver em uma parte do mundo onde as comunidades de homossexuais, bissexuais e transgêneros são perseguidas por uma cultura específica. Você pode ter que escolher em mudar o seu estilo de vida, isto é, talvez você sinta que você precisa fingir ser heterossexual para sua própria segurança, e talvez, até mesmo para a sua própria felicidade pessoal. Nem sempre é fácil aceitar a sua orientação, dependendo de onde você vive, e dos pontos de vista das pessoas que são mais importantes para você. Existem organizações sem fins lucrativos para apoiá-lo(a) em sua aceitação, e também no caso de você escolher por tentar levar um estilo de vida heterossexual, embora nunca possa mudar sua orientação. É importante salientar que grupos que reivindicam curar a homossexualidade são perigosos. Não é mentalmente nem fisicamente saudável suprimir os seus sentimentos e o seu verdadeiro eu. Cabe a você decidir o que é melhor para sua vida.

Coescrito por :

Deb Schneider, LCSW, PPSC

Assistente Social Clínica

Este artigo foi coescrito por Deb Schneider, LCSW, PPSC. Deb Schneider é Assistente Social Clínica em uma clínica particular em Oakland, CA, e Coordenadora do Programa Weiland Health Initiative em Stanford Univeristy. Com mais de 15 anos de experiência, é especialista em criação de espaços seguros, em respeito a identidades marginalizadas e em problemas envolvendo ensino médio e superior. Deb é formada em Sociologia e Estudos Femininos pela Clark University e é Mestra em Assistência Social com Ênfase em Saúde pela University of California, Berkeley School of Social Welfare. Este artigo foi visualizado 85 477 vezes.

Categorias: LGBT

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