O que é candida sp e como tratar

Candidíase vaginal

Frequentemente, a Candida pode existir na vagina sem causar qualquer infeção nem desconforto na mulher. Nestes casos, a multiplicidade de micro-organismos da flora vaginal, entre os quais os lactobacilos, vai limitar a capacidade de infeção da levedura. No entanto, a mudança desta conjuntura microbiana pode favorecer a aderência da levedura ao epitélio da vagina e a proliferação deste fungo, desencadeando sintomas.  

A partir de estudos científicos, sabe-se que a Candida está presente na flora vaginal de uma forma não sintomática entre 10 e 20% das mulheres saudáveis, em idade reprodutiva, que não estão grávidas. Nestes casos, não há qualquer razão para se fazer um tratamento contra a levedura.

 

No entanto, até 75% das mulheres sofrem de, pelo menos, um episódio de candidíase vaginal em algum momento da vida. Destas, apenas 5 a 10% das mulheres vão ter episódios recorrentes de candidíase. Ou seja, vão apresentar a infeção pelo menos quatro vezes num só ano. Quando a infeção é grave ou quando se torna recorrente, pode ter um grande impacto psicológico: pode baixar a autoestima da mulher, promover a depressão e piorar as relações sexuais e afetivas.

Grupos vulneráveis

Sabe-se que nas mulheres grávidas a taxa de prevalência da Candida é maior, especialmente no terceiro trimestre da gravidez, devido ao aumento dos estrogénios. Uma das possíveis consequências desta situação é a passagem da levedura para o bebé durante o parto, aumentando o risco de candidíase oral ou da fralda.   

Outros grupos mais vulneráveis à doença são as mulheres diabéticas, as mulheres que estão a tomar antibióticos e as mulheres imunodeprimidas (devido à infeção pelo VIH, à toma de corticóides ou à quimioterapia, terapias que debilitam o sistema imunitário).    


 

Sintomas, diagnóstico e tratamento

Os sintomas associados à candidíase apresentam-se normalmente na vulva e incluem prurido e desconforto, corrimento vaginal, dor durante o ato sexual e quando se urina. Nos casos mais severos, pode surgir vermelhidão na região da vulva, inchaço e fissuras.    Na presença de sintomas, a mulher deve ir a uma consulta de ginecologia para ser observada e não tentar fazer o diagnóstico sozinha ou por telefone. É importante que o médico identifique a causa dos sintomas a partir de uma análise microscópica — só assim pode confirmar a presença da levedura, excluindo outras causas de vulvovaginites. Para isso, o médico deve colher uma amostra da parede da vagina que é analisada ao microscópio.   A candidíase deve ser combatida com um antifúngico, que pode ser oral ou tópico. Se o tratamento for tópico, tem que ser aplicado não só na região da vulva, como também no interior da vagina. Quando a infeção é mais severa, o tratamento poderá ter de ser prolongado.

Em pacientes com candidíase invasiva, condições predisponentes, como neutropenia, imunossupressão, uso de antibacterianos de amplo espectro, hiperalimentação e cateteres intravenosos, devem ser revertidas ou, se possível, controladas.

Em pacientes sem neutropenia, os cateteres IV devem ser removidos.

Quando a equinocandina for indicada [se os pacientes estão moderada ou criticamente enfermos [(a maioria dos pacientes neutropênicos) ou se houver suspeita de C. glabrata, C. auris, ou C. krusei], um dos seguintes fármacos pode ser usado:

  • Caspofungina, dose de ataque de 70 mg, IV, então 50 mg, IV, uma vez ao dia

  • Micafungina, 100 mg, IV, uma vez ao dia

  • Anidulafungina, dose de ataque de 200 mg, IV, então 100 mg, IV, uma vez ao dia

Se o fluconazol for indicado (se os pacientes estiverem clinicamente estáveis ou se houver suspeita de C. albicans ou C. parapsilosis), a dose de ataque é 800 mg (12 mg/kg) por via oral ou IV uma vez, a seguir 400 mg (6 mg/kg) uma vez ao dia.

O tratamento da candidíase é mantido por 14 dias após a última hemocultura negativa.

A candidíase é um dos problemas vulvovaginais mais comuns – cerca de 75% das mulheres terão um episódio pelo menos uma vez na vida. Já falamos anteriormente sobre as causas e os sintomas. Em princípio, é um desconforto, que inclui corrimento, coceira incômoda e persistente, fissuras e ardência ao urinar.

Com diagnóstico correto e tratamento prescrito por um ginecologista, é simples resolver o problema. A questão é quando a candidíase se torna recorrente, com eventos de repetição. Nestes casos, cerca de 5% a 10% das mulheres têm episódios em números superiores a quatro vezes por ano.

Se você faz parte deste grupo, atenção: nem o corrimento nem a coceira podem ser considerados algo “inocente”. Isso porque a situação requer um olhar mais atento: você pode estar fazendo o tratamento errado, pode não ter identificado a causa corretamente, o fungo causador da candidíase pode estar associado a outras bactérias ou … pode nem ser candidíase.

A influência dos hábitos de vida no candidíase de repetição

Se você tem quadros de candidíase de repetição, procure orientação profissional. Se for preciso, busque mais de uma opinião médica. As causas da infecção por cândida podem variar e, portanto, o tratamento também.

Muitos fatores estão associados à candidíase de repetição. É comum que a infecção se some a outros problemas de saúde e ao próprio estilo de vida da paciente e, por isso, se repita em ciclos sem fim.

Tratar corretamente as infecções por cândida inclui uma mudança nos hábitos alimentares, qualidade do sono, atividade física, níveis de estresse, uso indiscriminado de medicamentos como antibióticos e até no tipo de roupas que você usa.

Além disso, nos casos de infecção por repetição, o tratamento costuma ser mais agressivo e será importante ter paciência, persistência e constância. Só assim os resultados serão satisfatórios.

Como curar a candidíase de repetição

Os fungos que causam a candidíase estão presentes naturalmente em nosso organismo. Para evitar que se proliferem desordenadamente e causem a infecção, é necessário manter a imunidade em equilíbrio, a flora vaginal saudável e prestar atenção aos hábitos de vida.

Por isso, não se surpreenda se o seu ginecologista indicar, além de antifúngicos, mudanças na alimentação e a associação de outros procedimentos e medicações, inclusive fitoterápicos, para reequilibrar a flora vaginal.

Causas da candidíase de repetição:

• Alimentação – Uma dieta rica em açúcar, refrigerantes, bebidas alcoólicas e carboidratos aumenta os níveis de glicose no sangue e altera o pH da vagina, deixando o ambiente “perfeito” para a proliferação da cândida.

Produtos industrializados e ultraprocessados também são vilões para quem busca saúde e qualidade de vida. Se o seu prato for cheio desses alimentos, será necessário fazer alterações na sua alimentação.

• Disbiose – Embora seja um desequilíbrio na flora intestinal, a disbiose afeta o sistema imunológico e também o trato urogenital das mulheres, mantendo uma relação direta com os quadros de candidíase de repetição.

Nestes casos, o consumo de probióticos – alimentos funcionais compostos por microrganismos vivos – ajuda a melhorar o quadro.

• Pós-parto, climatério e menopausa – Nessas fases há uma redução do estrogênio e é comum que ocorra a vaginite atrófica, quando os tecidos vaginais ficam mais finos, ressecados, menos elásticos e mais frágeis.

A mucosa menos saudável é ambiente propício para os fungos oportunistas. Seu ginecologista pode indicar as alternativas para solucionar o problema.

• Antibióticos – O uso excessivo de antibióticos pode desequilibrar a flora vaginal e eliminar colônias de bactérias “do bem” que vivem no local.

Sem elas, os fungos da cândida e outros tipos de bactérias ficam à vontade para “dominar o território”. Jamais use medicamentos sem prescrição médica.

• Baixa imunidade – Pessoas com a imunidade comprometida estão sujeitas à candidíase de repetição. Além de manter sob controle doenças crônicas como o diabetes, é importante manter a saúde emocional em dia.

Fatores como estresse desregulam o sistema imunológico. Faça atividade física regularmente, escolha opções saudáveis na hora de se alimentar, zele pela qualidade do seu sono e pratique ioga ou meditação para buscar o equilíbrio necessário.

É candidíase ou não?

Nem todo corrimento esbranquiçado é provocado por cândida. Outras infecções e dermatoses vulvares têm sintomas semelhantes: coceira, irritação, ardência, secreção aumentada e fissuras.

Casos de psoríase vulvar ou líquen vulvar podem ser facilmente confundidos. Por isso, sempre que você suspeitar de candidíase de repetição, busque um diagnóstico mais preciso. Não é normal que a situação se repita de forma crônica.

Procure um ginecologista, relate todos os sintomas, fale sobre seus hábitos de vida e a frequência com que a “candidíase” teima em aparecer. Todos os detalhes são importantes para o diagnóstico correto, além dos exames que o médico fará. Se precisar, estou aqui para ajudá-la.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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