Cite um importante fluxo entre estados da região onde você mora no período de 2000 e 2010 explique

Migração

O Censo 2010 mostrou que 35,4% da população não residia no município onde nasceu, sendo que 14,5% (26,3 milhões de pessoas) moravam em outro estado. São Paulo (8 milhões de pessoas), Rio de Janeiro (2,1 milhões), Paraná (1,7 milhão) e Goiás (1,6 milhão) acumularam a maior quantidade de pessoas residentes que não nasceram lá. Enquanto isso, Minas Gerais (3,6 milhões de pessoas), Bahia (3,1 milhões), São Paulo (2,4 milhões) e Paraná (2,2 milhões) foram os estados com os maiores volumes de população natural que foi morar em outras unidades da federação.

Em relação à migração entre países, em 2010, o país recebeu 268,5 mil imigrantes internacionais, 86,7% a mais do que em 2000 (143,6 mil). Os principais países de origem dos imigrantes foram os Estados Unidos (51,9 mil) e Japão (41,4 mil). Verificou-se que o Brasil está recebendo de volta muitos brasileiros que estavam no exterior. Do total de imigrantes internacionais, 174,6 mil (65,0%) eram brasileiros e estavam retornando; já em 2000, foram 87,9 mil imigrantes internacionais de retorno, 61,2% do total dos imigrantes.

Deslocamento

Algumas pessoas se deslocam do município onde moram para trabalhar ou estudar. O Censo também contou esses casos e em 2010 foi possível pesquisar em separado quem se deslocava para o trabalho e para o estudo. Em 2000, essas duas informações foram pesquisadas junto.

Deslocamento para estudo

Hoje sabemos que do total de 59,6 milhões de pessoas que frequentavam escola ou creche, 55,2 milhões (92,7%) estudavam no próprio município onde moravam.

O Sudeste foi a região com maior número de pessoas que se deslocavam para outro município para estudar: 2,0 milhões (8,5%) de estudantes, a maioria em São Paulo: 1,1 milhão de pessoas (57,0% do total do Sudeste).Veja na tabela a seguir a quantidade de pessoas que estuda num município diferente daquele onde mora e que precisam se deslocar para estudar:

Pessoas que frequentavam escola ou creche, por local da escola ou creche que frequentavam, segundo as Grandes Regiões e as Unidades da Federação - 2010

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

Deslocamento para o trabalho

No Brasil, do total de 86 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas em 2010, 87,1% trabalhavam no mesmo município onde moravam, sendo que 20 milhões (26,6%) trabalhavam no próprio domicílio e 55 milhões, fora dele. Já os que trabalhavam em outro município atingiram 11,8% da população ocupada (10,1 milhões). Outra informação pesquisada pelo Censo 2010 foi o tempo de deslocamento entre a residência e o trabalho. O resultado foi que, no Brasil, 32,2 milhões de pessoas (52,2% do total de trabalhadores que trabalhavam fora do domicílio) levavam de seis a 30 minutos para chegar ao trabalho em 2010 e 7,0 milhões (11,4%) levavam mais de uma hora.

Cite um importante fluxo entre estados da região onde você mora no período de 2000 e 2010 explique

O movimento migratório entre as regiões do Brasil é um tema bastante cobrado nos vestibulares (foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Quando falamos em movimentos migratórios, logo nos vem à mente o enorme fluxo de refugiados que estão se deslocando da Síria, do Iraque e de outras regiões em conflito em direção à Europa, certo? Nada mais natural, já que se trata de um fato que está em evidência no noticiário há mais de um ano.

Mas, tratando-se de vestibular, é preciso ficar atento a um fenômeno que não é abordado cotidianamente na imprensa, mas que é muito importante para entender a atual dinâmica dos movimentos populacionais no Brasil: as migrações internas. Basicamente, diz respeito à migração de indivíduos que se deslocam de seu local de origem para outros estados ou regiões do país.

Neste ano, as provas do Enem, da Unesp e da Unicamp cobraram o entendimento de conceitos relacionados a este tema. Portanto, para você que ainda vai prestar a Fuvest, a segunda aplicação do Enem ou outros vestibulares até o final do ano, é fundamental revisar alguns pontos importantes sobre a matéria.

HISTÓRICO DAS MIGRAÇÕES INTERNAS NO BRASIL

No Brasil, a migração interna atingiu seu ápice entre os anos 1960 e 1980, quando enormes contingentes se deslocaram do campo para as cidades, com destaque para o movimento de nordestinos rumo à Região Sudeste, sobretudo nos anos 1960 a 1980. Nas últimas décadas, contudo, a migração interna tem diminuído bastante. O Nordeste ainda perde habitantes para outras regiões, e o Sudeste é o que mais recebe imigrantes, mas com intensidade cada vez menor.

OS FATORES QUE INFLUENCIAM AS MUDANÇAS NOS FLUXOS MIGRATÓRIOS

Entre os principais fatores que explicam a mudança nos fluxos migratórios internos estão:

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– o desenvolvimento econômico em outras regiões: a partir dos anos 1960, começou a ocupação maciça das regiões Centro-Oeste e Norte. A primeira teve como fator de atração a inauguração de Brasília e, posteriormente, o avanço do agronegócio. Já a região Norte passou a atrair migrantes a partir da abertura de estradas como a Belém-Brasília e da criação da Zona Franca de Manaus.

– a desconcentração industrial: a partir dos anos 1990, as políticas de isenção de impostos e doação de terrenos feitas por estados e municípios acabaram atraindo as empresas para diferentes regiões. Consequentemente, a ampliação da oferta de emprego nesses locais impulsinou o recebimento de migrantes.

– o avanço da urbanização: nas últimas décadas, a urbanização avançou pelo Brasil, o que proporcionou a melhoria na infraestrutura de transportes, de telecomunicações e de energia elétrica, favorecendo a geração de empregos em locais até então menos desenvolvidos. Como a principal motivação para a migração é a busca por melhores condições de vida e de trabalho, à medida que ocorre uma distribuição mais equilibrada das ofertas de trabalho, a busca por outros lugares para morar tende a cair.

OS NOVOS FLUXOS MIGRATÓRIOS

Entre 1995 e 2000, 3,4 milhões de pessoas trocaram a região onde nasceram por outra. Já entre 2005 e 2010, esse número baixou para 3 milhões. Assim, a migração entre regiões perde força frente a outros fluxos, como:

– migração intrarregional: ocorre entre municípios de um mesmo estado ou ainda entre estados de uma mesma região, sobretudo em direção a cidades de médio porte. Esse processo é impulsionado, muitas vezes, por Indústrias que migram para cidades menores. A migração entre os estados movimentou 4,6 milhões de pessoas entre 2005 e 2010.

– migração pendular: neste caso, trata-se de um arranjo populacional entre dois ou mais municípios onde há grande integração demográfica. A migração pendular ocorre quando as pessoas estudam ou trabalham em um município diferente de onde mora, sendo obrigado a se deslocar diariamente para cumprir essas obrigações.

– migração de retorno: é o deslocamento de pessoas para sua região de origem, após ter migrado. É o que ocorreu na região Nordeste a partir dos anos 1980, com a melhora da economia local. Na Região Metropolitana de São Paulo, 60% dos que deixaram a região entre 2000 e 2010, eram migrantes de retorno.

As migrações internas – também chamadas de migrações inter-regionais – representam as dinâmicas dos fluxos migratórios existentes no interior de um dado território. No caso do Brasil, é possível identificar alguns vetores migratórios que se manifestam desde o período colonial, mas que se intensificaram a partir do início do século XX.

O que se pode notar é que esse processo esteve sempre ligado à dinâmica econômica do país, mas que a composição estrutural também exerceu uma importante influência. Inicialmente, os sistemas de transportes não eram muito avançados, assim como a estrutura das rodovias e ferrovias no país não possibilitava o deslocamento em massa de grande parte da população. Além disso, as baixas condições de vida em boa parte do território e a predominância do trabalho escravo em alguns períodos da história do país também funcionaram como um dificultador para a ocorrência de grandes fluxos migratórios.

O principal vetor das migrações do Brasil nos últimos tempos foi do Nordeste do país e do Norte de Minas Gerais para as regiões Sudeste e Sul, notadamente as grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas. Esse fluxo iniciou-se no final do século XIX, mas se consolidou de forma mais acentuada ao longo do século XX, quando o Nordeste conheceu o seu declínio econômico e o Sudeste brasileiro industrializou-se a partir das infraestruturas herdadas da economia cafeeira da região.

Esse vetor migratório ainda existe, mas podemos dizer que ele começou a diminuir a partir da década de 1980. Em 2001, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de pessoas saindo do Nordeste rumo ao Sudeste foi, pela primeira vez, menor do que o do sentido contrário. Essa tendência repetiu-se anualmente até 2008.

Essa transformação explica-se pelo fato de o Nordeste vir apresentando novos índices de recuperação econômica e de industrialização. Além disso, a oferta de empregos no setor industrial do Sudeste vem diminuindo graças à migração de indústrias para o interior do território brasileiro (desconcentração industrial) e pelo fato de o setor secundário oferecer menos empregos em razão do crescente processo de implementação de novas tecnologias no campo produtivo.

Uma dinâmica mais recente da demografia do Brasil vem destacando o papel crescente das regiões Norte e Centro-Oeste a partir da década de 1970. Essa nova composição é, em partes, resultado da política de Marcha para o Oeste iniciada na década de 1940 e dos atrativos de empregos oferecidos por essas regiões e suas metrópoles. Hoje em dia, o maior fluxo migratório no Brasil segue em direção à zona do Brasil Central e ao Amazonas.

Contudo, é importante lembrar que as zonas menos habitadas do país não recebem novos migrantes com a mesma velocidade que o Sudeste recebeu outrora. Dados do IBGE confirmam que o número de migrações internas no Brasil caiu 37% nos últimos 15 anos. Isso significa que, à medida que a distribuição industrial e econômica do país acontece, maior a tendência de estabilidade no campo das migrações internas.