Cirurgia bariátrica como e por que suplementar

Com muitos pacientes sofrendo com dificuldade de perda de peso e obesidade, a cirurgia bariátrica tem sido cada vez mais procurada.  Este tipo de procedimento sempre altera o sistema digestivo do paciente, e por isso necessita de muitas adaptações ao longo da vida a partir do pós-operatório.

Embora o paciente consiga levar uma vida normal após a cirurgia, é necessário tomar alguns cuidados. Entenda porque é preciso tomar vitaminas após a cirurgia bariátrica.

Cirurgia bariátrica

Atualmente, há dois tipos principais de técnicas de cirurgia bariátrica usadas por cirurgiões de todo o mundo. Uma das técnicas remove parte do estômago, reduzindo o seu tamanho. A outra técnica consiste no desvio de parte do estômago, ligando-o diretamente ao intestino e desviando a outra parte do estômago, que fica sem digestiva direta. 

Cirurgia bariátrica como e por que suplementar

Independentemente da técnica utilizada, a cirurgia bariátrica resulta em uma grande perda de peso, especialmente nos seis primeiros meses. Conforme os meses vão se passando, a perda de peso se estabiliza.

Vitaminas e nutrientes

Após passar pela cirurgia bariátrica, a ingestão de nutrientes e vitaminas passa a ser menor. Isso ocorre pois as técnicas cirúrgicas da bariátrica modificam o sistema de absorção dos nutrientes.

Devido a isso, é inevitável que os pacientes, momentos depois do pós-operatório, passem a ingerir vitaminas para repor todos os nutrientes que não estão mais sendo absorvidos de forma natural.

Quais vitaminas devo ingerir?

Os polivitamínicos são suplementos que contêm combinações de minerais e vitaminas que devem estar presentes em nosso organismo. Caso o paciente pós-bariátrica não faça uso de polivitamínicos, poderá haver queda de cabelo, problemas oftalmológicos, queda da imunidade, perda de massa muscular e outros  tantos sintomas.

Complexo B

O complexo de vitamina B é fundamental para inúmeras funções do organismo humano. Caso o paciente tenha a carência dessas vitaminas, os sintomas podem englobar dores e fraquezas musculares, câimbras, anemia, perda de memória e até mesmo confusão mental.

A cirurgia bariátrica também pode afetar a absorção de cálcio e vitamina D dos alimentos. Por isso, a dieta do paciente precisa ser rica em leite e seus derivados (com baixo teor de gordura). E claro, o paciente precisa incluir também em sua dieta suplementos de cálcio e vitamina D.

Como incluir suplementos e vitaminas na minha dieta?

É importante que você entenda que quem irá dizer a quantidade dos suplementos e vitaminas na sua rotina é o seu cirurgião bariátrico e sua equipe. O seu médico, por ter realizado a sua cirurgia, já deve conhecer o seu organismo e ter os seus exames em mãos, por isso poderá te orientar quanto à sua dieta e alimentação para manter uma vida saudável.

Está pensando em realizar a cirurgia bariátrica? Entre em contato conosco e tire todas as suas dúvidas sobre o procedimento cirúrgico. Fale conosco.

In small case-control studies, obesity was associated with worse vitamin D status. Our aim was to assess the association of adiposity (anthropometric measures as well as dual energy x-ray absorptiometry) with serum 25-hydroxyvitamin D (25-OH-D) and serum PTH levels in a large population-based study including older men and women. Subjects were participants of the Longitudinal Aging Study Amsterdam and were aged 65 yr and older. In 453 participants, serum 25-OH-D and PTH were determined, and body mass index, waist circumference, waist to hip ratio, sum of skin folds, and total body fat percentage by dual energy x-ray absorptiometry were measured. After adjustment for potential confounders, higher body mass index, waist circumference, and sum of skin folds were statistically significantly associated with lower 25-OH-D (standardized beta values were -0.136, -0.137, and -0.140, respectively; all P < 0.05) and with higher PTH (0.166, 0.113, and 0.114, respectively; all P < 0.05). Total body fat percentage was more strongly associated with 25-OH-D and PTH (-0.261 and 0.287, respectively; both P < 0.001) compared with anthropometric measures. Total body fat percentage remained associated with 25-OH-D after adjustment for PTH, and with PTH after adjustment for 25-OH-D. Precisely measured total body fat is inversely associated with 25-OH-D levels and is positively associated with PTH levels. The associations were weaker if anthropometric measures were used, indicating a specific role of adipose tissue. Regardless of the possible underlying mechanisms, it may be relevant to take adiposity into account when assessing vitamin D requirements.

Cirurgia bariátrica: como e por que suplementar / Bariatric surgery: how and why to supplement

Rev. Assoc. Med. Bras. (1992) ; 57(1): 113-120, jan.-fev. 2011. ilus, tab

Artigo em Português | LILACS | ID: lil-576160

Biblioteca responsável: BR1.1

Assuntos


Texto completo: Disponível Coleções: Bases de dados internacionais Base de dados: LILACS Assunto principal: Vitaminas / Suplementos Nutricionais / Desnutrição / Cirurgia Bariátrica Tipo de estudo: Guia de prática clínica Limite: Humanos Idioma: Português Revista: Rev. Assoc. Med. Bras. (1992) Assunto da revista: Educa‡Æo em Sa£de / GestÆo do Conhecimento para a Pesquisa em Sa£de / Medicina Ano de publicação: 2011 Tipo de documento: Artigo País de afiliação: Brasil Instituição/País de afiliação: UFV/BR / Universidade Federal de Viçosa/BR


Texto completo: Disponível Coleções: Bases de dados internacionais Base de dados: LILACS Assunto principal: Vitaminas / Suplementos Nutricionais / Desnutrição / Cirurgia Bariátrica Tipo de estudo: Guia de prática clínica Limite: Humanos Idioma: Português Revista: Rev. Assoc. Med. Bras. (1992) Assunto da revista: Educa‡Æo em Sa£de / GestÆo do Conhecimento para a Pesquisa em Sa£de / Medicina Ano de publicação: 2011 Tipo de documento: Artigo País de afiliação: Brasil Instituição/País de afiliação: UFV/BR / Universidade Federal de Viçosa/BR

As cirurgias como opção de tratamento para obesidade surgiram ainda na década de 50. Desde então, várias técnicas foram desenvolvidas, algumas modificadas ou aperfeiçoadas, e outras completamente abandonadas, seja por resultados insatisfatórios ou por causarem graves prejuízos à saúde.

No mundo todo, incluindo o Brasil, o grande interesse e crescimento da Cirurgia Bariátrica se deu no final da década de 90 e no inicio dos anos 2000. Também foi a partir deste momento que surgiram as maiores publicações e estudos de acompanhamento de pacientes operados a longo prazo. Estes estudos trouxeram informações sobre perda de peso, melhora das doenças associadas e também informações sobre as complicações e os riscos da desnutrição causada pela cirurgia e como preveni-las com suplementação vitamínica adequada.

Independente da técnica utilizada, todas as cirurgias levam a uma grande perda de peso, que é mais intensa nos primeiros 6 meses de pós-operatório e tende a estabilizar após 12-24 meses. Com a cirurgia, a ingestão de nutrientes passa a ser menor, e a absorção de alguns destes nutrientes também é modificada, seja por desvio da passagem dos alimentos por uma área de absorção do intestino e/ou por menor secreção de enzimas e sucos digestivos que auxiliam na sua absorção. Todo o paciente submetido à Cirurgia Bariátrica terá que repor diversos nutrientes e vitaminas que o organismo passa a não conseguir absorver dos alimentos ou absorve apenas parcialmente. Estas reposições, até prova em contrário, serão por toda a vida (tabela 1).

Polivitamínicos (ou Multivitaminas)

São suplementos que contém combinações de vitaminas e minerais que devem ser utilizados no período pós-operatório e devem ser mantidos pelo resto da vida. Os sintomas destas deficiências de micronutrientes podem ser muito variados, como queda de cabelo, descamação da pele, diminuição de imunidade, dificuldade de cicatrização, borramento visual, cegueira noturna, fraqueza muscular, alteração do paladar, e perda de massa muscular, entre outros.

Tabela 1: Suplementação de vitaminas após diferentes técnicas de cirurgia bariátrica

Bypass gástrico Gastrectomia vertical (Sleeve) Derivações Biliopancreáticas
Polivitamínicos e minerais Sim (2 doses/dia) Sim (1 dose/dia) Sim (2 doses/dia)
Ferro Sim (quando indicado) Sim (quando indicado) Sim
Vitamina B12 Sim Sim Sim
Ácido fólico Sim, como parte do polivitamínico Sim, como parte do polivitamínico Sim, como parte do polivitamínico
Citrato de cálcio e vitamina D Sim Sim Sim
Zinco e cobre Sim, como parte do polivitamínico Sim, como parte do polivitamínico Sim, como parte do polivitamínico
Selênio Sim, como parte do polivitamínico Sim, como parte do polivitamínico Sim, como parte do polivitamínico
Outras vitaminas lipossolúveis Não Não Sim

Adaptado de British Obesity and Metabolic Surgery Society, 2014.

A recomendação da Associação Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica é que cada dose de polivitamínico precisa conter:

  • Zinco 15mg
  • Ácido fólico 400mcg
  • Biotina 30mcg
  • Vitamina K 120mcg
  • Selênio 34mcg
  • Ferro 18mg
  • Cobre 2mg

Não existe apresentação ideal de polivitamínico no Brasil que contenha todas estas recomendações, e muitas vezes é necessário utilizar combinação de 2 polivitamínicos ou dose dobrada. Nem todos polivitamínicos no mercado apresentam o mínimo desta formulação, portanto é fundamental seguir rigorosamente a recomendação da equipe e evitar troca de receitas.

Vitamina B12, B9 (ácido fólico) e Complexo B.

As vitaminas do complexo B são indispensáveis para uma série de funções no organismo. Sua absorção ocorre principalmente na região do duodeno e do jejuno proximal, que se encontram fora da passagem dos alimentos nos pacientes que tem desvio intestinal. Além disso, a vitamina B12, para ser absorvida, também necessita de ácido clorídrico e fator intrínseco, sendo que ambos têm sua produção reduzida pelo estômago operado, que está significativamente menor.

A carência de vitaminas do complexo B pode causar cansaço, dores e fraqueza muscular, câimbras, formigamento nos pés e mãos, anemia, rachaduras na língua e cantos da boca e pode até evoluir para sintomas graves como perda de memória, perda de força, paralisias, confusão mental, entre outros.

A suplementação deve conter vitaminas B12, B1 e B6, e a absorção é melhor por via intramuscular ou sublingual. A resposta ao uso de complexo B oral é muito variada e pode não ser efetiva. A dose pode variar, devendo ser avaliado por dosagem laboratorial de vitamina B12. A reposição deverá ser mantida por toda a vida, ao menos 1 ampola de vitaminas B12 5000mcg +B1 100mg +B6 100mg a cada dois ou três meses.

Os níveis de ácido fólico geralmente conseguem ser mantidos controlados através do uso de polivitamínicos, porém doses adicionais podem ser necessárias se os níveis de ácido fólico estiverem insuficientes. Nas mulheres que estão tentando engravidar e nas gestantes, doses adicionais de ácido fólico (5mg/dia) são indispensáveis, pois a deficiência de ácido fólico pode causar mal formação na coluna vertebral do embrião, chamada meningomielocele, uma condição grave que pode causar paralisia dos membros inferiores.

Cálcio e Vitamina D

As cirurgias que envolvem desvio intestinal comprometem a absorção de cálcio dos alimentos e também a redução da mistura de sais biliares com a gordura, prejudicando a absorção de vitaminas lipossolúveis, como a vitamina D.

A dieta do paciente operado deve ser rica em leite e derivados do leite, todos com baixo teor de gordura. Além disso, é indispensável o uso de suplemento de cálcio, na forma de citrato de cálcio, pois o carbonato de cálcio não é bem absorvido e de vitamina D. A dose de cálcio diária é de 1000-1500mg e a de vitamina D pode variar de 1000U por dia até doses tão altas como 150.000 unidades por semana, dependendo dos níveis laboratoriais de cálcio, vitamina D e paratormônio (PTH). Essa suplementação é individualizada e deve ser mantida por toda a vida.

Ferro

Diversos mecanismos estão envolvidos na deficiência de ferro no paciente bariátrico e podem levar à anemia ferropriva e suas consequências. Entre estas causas podemos citar:

  • Absorção insuficiente do ferro dos alimentos e dos suplementos orais pelo desvio intestinal (duodeno e primeira porção do jejuno);
  • Aumento da concentração de hepcidina, decorrente do estado inflamatório crônico da obesidade e que leva a um aumento da excreção de ferro pelas fezes;
  • Redução da secreção de ácido clorídrico pelo pequeno estômago, que é fundamental para auxiliar na absorção do ferro dos alimentos e dos suplementos orais;
  • Redução do consumo de carne vermelha, que é a principal fonte de ferro dos alimentos, seja por intolerância ou por saciedade precoce; e
  • Perda por hemorragias, como observado em mulheres com fluxo menstrual aumentado.

A reposição de ferro será feita baseada no hemograma e dosagem de ferritina. Nem todos os pacientes vão necessitar repor ferro, porém é importante salientar que estas deficiências poderão ocorrer mesmo após muitos anos da cirurgia bariátrica, sendo fundamental fazer controles laboratoriais, ao menos anuais.

Existem alguns períodos que a reposição de ferro sempre é necessária:

  • Gestação e período pós-parto (puerpério)
  • Pré e Pós-procedimentos cirúrgicos (atenção especial aos pacientes que são submetidos à cirurgia plástica)
  • Pessoas com intolerância à carne vermelha
  • Mulheres com fluxo menstrual excessivo

A reposição de ferro pode ser por via oral, mas a absorção é bastante variável e muitas vezes são necessárias doses elevadas, que são pouco toleradas. A aplicação de ferro endovenoso é a forma mais eficaz de corrigir a anemia ferropriva e normalizar os níveis de ferritina. Caso não seja possível aplicar por via endovenosa, pode-se aplicar o ferro intramuscular.

Resumindo, a Cirurgia Bariátrica é uma excelente ferramenta para uma perda sustentada de peso, porém exige disciplina, comprometimento, alimentação equilibrada, atividade física, suplementação vitamínica adequada e acompanhamento multidisciplinar para que estes bons resultados sejam permanentes. Portanto, respondendo a pergunta inicial, sim, é mesmo necessário suplementar vitaminas sempre!

Dra Jacqueline Rizzolli

Endocrinologista do Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas da PUCRS.