Alegoria da caverna é como ela representa a teoria das ideias

Pedro Menezes

Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

O Mito da Caverna, também conhecido como Alegoria da Caverna, foi escrito por Platão, um dos mais importantes pensadores da história da Filosofia.

O Mito da Caverna é uma metáfora que sintetiza o dualismo platônico. Por exemplo, a relação entre os conceitos de escuridão e ignorância; luz e conhecimento e, principalmente, a distinção entre aparência e realidade, fundamental para sua teoria do Mundo das Ideias.

Foi escrito em forma de diálogo e pode ser lido no livro VII da obra A República, o Mito da Caverna é também uma espécie de homenagem de Platão ao seu mestre, Sócrates.

Resumo do Mito da Caverna

Platão descreve que alguns homens, desde a infância, geração após geração, se encontram aprisionados em uma caverna. Nesse lugar, não conseguem se mover em virtude das correntes que os mantém imobilizados.

Virados de costas para a entrada da caverna, veem apenas o seu fundo. Atrás deles há uma parede pequena, onde uma fogueira permanece acesa.

Por ali passam homens transportando coisas, mas como a parede oculta o corpo dos homens, tudo o que os prisioneiros conseguem ver são as sombras desses objetos transportados.

Essas sombras projetadas no fundo da caverna são compreendidas pelos prisioneiros como sendo todo o que existe no mundo.

Alegoria da caverna é como ela representa a teoria das ideias
Imagem representativa do Mito da Caverna por Jan Sanraedam (1604)

Certo dia, um dos prisioneiros consegue se libertar das correntes que o aprisionava. Com muita dificuldade, ele busca a saída da caverna. No entanto, a luz da fogueira, bem como a do exterior da caverna, agridem os seus olhos, já que ele nunca tinha visto a luz.

O ex-prisioneiro pensa em desistir e retornar ao conforto da prisão a qual estava acostumado, mas gradualmente consegue observar e admirar o mundo exterior à caverna.

Entretanto, tomado de compaixão pelos companheiros de aprisionamento, ele decide enfrentar o caminho de volta à caverna com o objetivo de libertar os outros e mostrar-lhes a verdade.

No diálogo, Sócrates propõe que Glauco, seu interlocutor, imagine o que ocorreria com esse homem, em seu regresso.

Glauco responde que os outros, acostumados à escuridão, não acreditariam no seu testemunho e que aquele que se libertou teria dificuldades em comunicar tudo o que tinha visto. Por fim, era possível que o matassem sob a alegação de perda da consciência ou loucura.

Interpretação da Alegoria da Caverna

Na Alegoria da Caverna, Platão faz uma crítica sobre a importância da busca pelo conhecimento e o abandono da posição cômoda gerara pelas aparências e pelos costumes.

Nessa metáfora, as correntes representam o senso comum e a opinião (os pré-conceitos) que aprisionam os indivíduos e os impede de buscar o conhecimento verdadeiro e com que vivam em um mundo de sombras.

As sombras simbolizam as aparências, tudo aquilo que é falso ou que são meras imitações daquilo que é, de fato, real. É o mundo das aparências no qual as pessoas estão acostumadas a viver.

Assim, tal como o prisioneiro, as pessoas devem confrontar os hábitos do cotidiano e libertar-se das correntes em vista da verdade. A saída da caverna representa a difícil missão daquele ou daquela que rompe com os preconceitos e busca esse conhecimento.

A luz representa o conhecimento, que pode ofuscar quem não está habituado, o Sol é a verdade, que ilumina tudo aquilo que existe, que dá origem ao conhecimento.

Platão também faz referência ao papel da filosofia. O filósofo é aquele consegue sair da caverna, mas por odiar a ignorância, sente compaixão e se vê obrigado a tentar libertar os outros, compreendidos como seus companheiros.

O Mito da Caverna é também uma homenagem de Platão a Sócrates, seu mestre. Para Platão, Sócrates foi aquele que contestou, rompeu com os preconceitos de sua época e foi condenado à morte por isso.

Sócrates foi acusado de corromper os jovens de Atenas, atentar contra os deuses e a democracia grega. Recebeu o julgamento e foi condenado à morte pela maioria de votos dos cidadãos. Sua morte gerou uma grande comoção na Grécia e influenciou os rumos da filosofia e de toda a cultura ocidental.

Saiba mais em:

A Alegoria da Caverna ou Mito da Caverna é um texto escrito por Platão,  com o uso do método dialético e se encontra na obra A República. O texto contém uma série de ideias desenvolvidas por Platão ao longo da vida, dentre elas está a divisão entre o mundo sensível e o mundo inteligível, ideias que foram inspiradas nas teorias de Sócrates.

No Mito da Caverna o mundo sensível é aquele no qual os sentidos é que determinam a experimentação das coisas e o entendimento dos fatos enquanto o mundo inteligível é aquele no qual a razão é que determina o entendimento das coisas.

A Alegoria ou Mito da Caverna apresenta, portanto, as bases para explicar o conhecimento do senso comum em oposição ao conhecimento do senso crítico.

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Segundo Platão, um grupo de homens vivia amarrado em uma caverna. Os homens encontravam-se virados de costas para a entrada da caverna, viam apenas o fundo iluminado indiretamente por uma fogueira. As únicas imagens vistas por esses homens eram as sombras das pessoas, animais e objetos que estavam do lado de fora, e que para eles constituíam a realidade.

Em um determinado dia, um dos homens consegue se libertar das correntes e escapar. Ao sair da caverna, a luz do sol o cega momentaneamente, uma vez que esse homem vivia na escuridão e a única luz que conhecia era a da fogueira, que indiretamente iluminava o fundo da caverna.

O homem não conhecia nada além das sombras que apareciam no fundo da caverna. Tantas novidades o assustaram e o homem desejou voltar imediatamente para a caverna, local em que se sentia confortável, familiarizado e protegido.

O homem, no entanto, venceu o medo e ficou por algum tempo observando as luzes, formas, cores e movimentos que nunca tinha visto, que não conhecia e não sabia o que eram ou pra que serviam.

Ao voltar para a caverna, o homem dividiu com os que ali estavam os conhecimentos e novidades que teve contato no momento que passou fora da caverna. Mas foi ridicularizado pelos companheiros que ainda estavam presos, pois eles só enxergavam as sombras e acreditavam que o que estava ali refletido era única verdade possível.

As falas do homem que saiu da caverna foram consideradas absurdas, malucas e mentirosas. Para evitar que os outros fossem contaminados pela loucura e insanidade, o homem que escapou foi morto pelos prisioneiros.

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O mito faz uma analogia à vida humana e a aquisição do conhecimento. A caverna representa o mundo, todos os indivíduos encontram-se dentro da caverna e acreditam apenas nas imagens que são refletidas pela fogueira. As crenças, culturas e opiniões do senso comum são consideradas verdades, as únicas verdades, assim como as sombras da caverna.

O indivíduo que se liberta das correntes, liberta-se também do senso comum, das ideias propagadas por outros e tidas como verdadeiras. Ao entrar em contato com o conhecimento, representado pelo sol, os indivíduos ficam temporariamente cegos, confusos. A insegurança com a quebra das noções do senso comum, a apresentação de outras realidades e possibilidades, causa incômodo, por isso, a reação mais comum é voltar para a caverna e continuar com uma visão já conhecida e confortável.

O conhecimento pode ser chocante, incômodo e confuso para aqueles que nunca haviam entrado em contato com outras formas de ver o mundo. Ao voltar para a caverna, o fugitivo desagrada os que continuavam presos. Para evitar que outros tenham acesso ao conhecimento e voltem cheios de ideias diferentes e consideradas malucas, o fugitivo é morto e o senso comum reestabelecido, no entanto, o conhecimento é capaz de despertar a curiosidade de alguns dos prisioneiros, não é possível para Platão ficar indiferente ao conhecimento.

A morte do fugitivo é uma analogia à morte de Sócrates, morto pelos atenienses por conta de seus pensamentos filosóficos que desestabilizaram as ideias do senso comum. O homem no mito, sai do mundo sensível e vai para o mundo inteligível.

Atualmente o mito ainda representa muitas sociedades e indivíduos, que preferem seguir o senso comum e as ideias já pré estabelecidas a pensar, formular suas próprias opiniões e questionar suas crenças. É mais cômodo e seguro manter e seguir ideias já estabelecidas.

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Exercício de fixação

UEM – Verão/2008

“Sócrates: Imaginemos que existam pessoas morando numa caverna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda de uma fogueira situada sobre uma pequena elevação que existe na frente dela. Os seus habitantes estão lá dentro desde a infância, algemados por correntes nas pernas e no pescoço, de modo que não conseguem mover-se nem olhar para trás, e só podem ver o que ocorre à sua frente. (...) Naquela situação, você acha que os habitantes da caverna, a respeito de si mesmos e dos outros, consigam ver outra coisa além das sombras que o fogo projeta na parede ao fundo da caverna?”.

(PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002. p. 83).

Em relação ao célebre mito da caverna e às doutrinas que ele representa, assinale V para as questões corretas e F para as Falsas:

(     ) No mito da caverna, Platão pretende descrever os primórdios da existência humana, relatando como eram a vida e a organização social dos homens no princípio de seu processo evolutivo, quando habitavam em cavernas.

(     ) O mito da caverna faz referência ao contraste ser e parecer, isto é, realidade e aparência, que marca o pensamento filosófico desde sua origem e que é assumido por Platão em sua famosa teoria das Idéias.

(     ) O mito da caverna simboliza o processo de emancipação espiritual que o exercício da filosofia é capaz de promover, libertando o indivíduo das sombras da ignorância e dos preconceitos.

(     ) É uma característica essencial da filosofia de Platão a distinção entre mundo inteligível e mundo sensível; o primeiro ocupado pelas Idéias perfeitas, o segundo pelos objetos físicos, que participam daquelas Idéias ou são suas cópias imperfeitas.

(     ) No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla a realidade fora da caverna, devendo voltar à caverna para libertar seus companheiros, representa o filósofo que, na concepção platônica, conhecedor do Bem e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade.