Por que acha que devemos contratá lo

O que está te influenciando na busca por um novo trabalho? Para mim, é essencial que responda a essa pergunta de maneira muito sincera. É compreensível que fatores financeiros (salário maior, mais benefícios e outras gratificações) tenham um peso relevante no seu desejo, porém eles são fatores de motivação de curto prazo. É muito fácil nos adaptarmos a um saldo bancário mais volumoso e mudarmos nosso padrão de vida, porém será que o novo padrão é proporcional ao que preciso fazer para mantê-lo?

Pensar que nada vem de graça é vital para eliminar a empolgação inicial pelas novas cifras financeiras e colocar atenção no que será necessário fazer para que seu novo ciclo se mantenha saudável. Nem sempre ter mais dinheiro na conta é sinônimo de mais qualidade de vida.

Imagine que você recebeu um convite para trabalhar em uma plataforma de petróleo, para aplicar todo o conhecimento que tem e com um salto salarial irrecusável. Isso será empolgante para muitos, afinal poderá fazer o que sabe e receberá mais por isso. Porém imagine que você é uma pessoa que tem medo de aviões ou helicópteros e para chegar na plataforma, terá que fazer alguns voos de ida e volta. Pense que terá que ficar isolado por 10, 15 dias de sua família, pois há uma escala de trabalho rígida. Será que sua saúde emocional e mental suportará tais desafios em troca de um melhor salário?

A mesma lógica pode ser usada para uma proposta de trabalho em outro país, mas neste caso imagine que além dos desafios com a adaptação da língua, você precisará se adaptar com mudanças culturais, alimentares e de costumes. Da mesma forma que é muito comum termos mudanças de empregos, dentro da própria cidade, mas em um ramo de atividade ou mercado que não temos a menor ideia de como funcionam.

Estes são pequenos exemplos que quero compartilhar para que você reflita sobre os seus reais motivos para a mudança e buscar entender se você está preparado para aceitar o primeiro convite que aparecer pela frente. Uma decisão que não considera todos os fatores poderá aumentar o risco de estresse, gera menor comprometimento com a organização, te colocar em situações pessoais complicadas e o que deveria ser motivação, vira um problema.  

Comecei falando apenas sobre a visão financeira, pois ela é uma das que mais chama atenção na troca da empresa, mas sua análise deve ser muito mais ampla que somente isso. Local de trabalho, distância de sua residência, desafio a ser resolvido, forma de atuação, sua maturidade e da nova empresa são alguns pontos importantes para que você avalie.

Hoje em dia é muito comum as pessoas trocarem de trabalho por uma decisão estratégica na carreira, pois enxergam uma oportunidade de adquirir novos conhecimentos que irão ajudá-la a ser melhor em todos os sentidos. Muitas pessoas têm planos de carreira com objetivos de médio e longo prazos, não estando somente abertas as cifras envolvidas.

Para não se arrepender da mudança de emprego, o melhor caminho é analisar os pontos positivos e negativos de prestar serviços para uma outra empresa. Dessa forma, as chances de fazer a escolha certa aumentam bastante.

Avalie como pode agregar valor à outra corporação

Na minha visão, mudar de emprego para melhorar o currículo e ganhar mais dinheiro é uma combinação sensacional e essa troca precisa ser benéfica para os dois lados, ou seja, você e seu empregador. Em virtude disso, é crucial que analise como você realmente pode ajudar a companhia a obter o resultado que ela espera com a sua contratação.

Em outras palavras, você precisa verificar como os seus conhecimentos podem agregar valor para a nova corporação. Se não fizer isso com sabedoria, não vai responder de forma convincente a famosa pergunta: Por que devemos contratá-lo?

Uma boa forma de responder a esse questionamento é analisar como a sua experiência profissional, formação acadêmica e forma de atuação podem ser aplicadas com inteligência para construir a nova jornada.

Eu acredito que a maioria dos profissionais tem total capacidade de criar valor para as companhias, desde que eles consigam fazer a conexão de suas habilidades com as necessidades da nova empresa. Por mais que algumas características não sejam discutidas em uma entrevista de emprego, é importante que você exercite o obvio e mostre seus traços fortes, mas claro sem exageros!

Durante sua argumentação, é importante que você faça conexões a partir de dados concretos com a forma que usou para resolver problemas. Apresentar os desafios encontrados em seus projetos e quais caminhos passou para cumprir o esperado, mostrará sua capacidade de organização, atenção aos detalhes, criatividades, responsabilidade financeira, honestidade, adaptabilidade e tantas outras características, que poderão te colocar em vantagem na busca do seu objetivo.

Uma vez aprendi que, nem sempre é necessário termos resposta a todas as questões. Conheci uma pessoa que foi eliminado de um processo seletivo, pois durante as entrevistas ela não respondeu nenhum “não sei”. De alguma forma, apesar desta pessoa estar bem-preparada, ela despertou a dúvida no entrevistador se ela estaria aberta a novos conhecimentos.  Essa empresa precisava garantir que ao enviar o profissional para um projeto há 8.000Km de distância, ele levaria fatores culturais e metodológicos importantes para o cumprimento dos objetivos.

Recomendo analisar se realmente tem condições de suprir e de superar as expectativas do novo empregador, sem renunciar à autoconsciência, transparência e humildade. Lembre-se de que uma escolha equivocada pode ser muito ruim para o seu crescimento na carreira, mas uma escolha bem acertada, pode te colocar excelentes surpresas pela frente.

Faça uma autocrítica madura

Será que absorvamos, de fato, as experiências vivenciadas no mundo corporativo e as capacitações voltadas para o nosso aprimoramento profissional? Se você tem uma autocrítica forte, vai responder a essa pergunta de maneira consciente e adequada.

Isso faz toda a diferença ao verificar se está apto para assumir novos desafios em um outro local de trabalho. Com honestidade e bom senso, você vai não apenas convencer os recrutadores do seu potencial, mas também apresentar uma resposta justa e correta ao ser questionado sobre “Por que devemos contratá-lo?”.

A reflexão em analisar os prós e os contras de mudar de emprego pode te colocar em uma rota que as vezes é necessário dar um passo atras, para depois dar dois passos à frente. Ansiedade é um perigo para qualquer carreira de sucesso, pois pode nos cegar. Entender quais habilidades você tem e se elas são suficientes para aceitar novos convites, é fundamental para seu desenvolvimento sólido.

Não estou falando para ser ultraconservador e só aceitar uma proposta se você tiver todas as capacidades desenvolvidas, afinal dependendo do estágio de sua carreira, pode ser que você ainda não teve tempo de conhecer tudo que lhe foi solicitado e isso não precisa inviabilizar sua candidatura.

Aceitar um cargo de Gestão, sem ao menos ter experimentado pequenos postos de lideranças (técnica ou de pessoas), pode criar situações difíceis para você. Por outro lado, ter a humildade de buscar conhecimento, estar atento as pequenas oportunidades no dia a dia, ser proativo e curioso, pode te dar conhecimento sobre temas que você pode se diferenciar positivamente em uma entrevista.

Muitas vezes a capacidade de montar um bom time, pode ser sua maior fortaleza e você não precisar ser especialista em todos os assuntos. A frase associada a Stevie Jobs, “Não faz sentido contratar pessoas inteligentes para dizer-lhes o que fazer. Contratamos pessoas inteligentes para elas nos falarem o que devemos fazer”, nos faz refletir como queremos atuar.

Continuar buscando conhecimento, nos ajuda a entender que o mundo é muito maior do que pudemos enxergar até aquele momento e assim entender melhor no que precisamos colocar foco, para sermos mais completos para alcançarmos os nossos objetivos.

Diversificar a leitura, a conversa e os conteúdos, nos dão capacidade de fazer ligações com nosso cotidiano e assim ampliar nossos sonhos.