Por que o primeiro wittgenstein entende as palavras como etiquetas

Por que o primeiro wittgenstein entende as palavras como etiquetas

Wittgenstein e a Terapia Filosófica (2001)
Andre Stangl

Introdução: Uma Terapia para o Pensamento

Este trabalho se apresenta como uma tentativa de reunir algumas das idéias presentes na obra de Ludwig Wittgenstein (1889-1951) que nos levariam a formular uma discussão sobre a possibilidade ou não da existência de uma Terapia Filosófica. Estaremos defendendo aqui uma perspectiva da filosofia de Wittgenstein como a busca do equilíbrio entre o poder e o desejo de nosso pensamento, ou seja, entre aquilo que podemos dizer e aquilo que queremos expressar. Como sabemos, ele próprio caracterizou sua filosofia como uma terapia [1] . O termo é empregado freqüentemente também pelos autores que estudaram sua obra quando pretendem defini-la [2] . Wittgenstein acreditava ter desenvolvido o tratamento para um modo de pensamento – o modelo seguido em boa parte da filosofia de sua época – e do qual, curiosamente, foi um dos maiores representantes, na primeira fase da sua obra. Um modo de pensar que, segundo ele, poderia levar ao solipsismo, ao sofrimento e ao isolamento.

Wittgenstein era o caçula de uma rica família de Viena na primeira metade do século XX. Seria um capítulo à parte narrar a história dessa família, que viveu entre suicídios e uma dissimulada origem judaica. Abdicaremos de nos deter em pormenores dessas histórias por acreditar que isto nos levaria a uma imbricada discussão sobre as relações entre vida e obra, que ultrapassaria as pretensões deste trabalho. Entretanto, acreditamos que é impossível silenciar completamente sobre alguns aspectos da vida de Wittgenstein – atribulada e singular – que certamente devem ter influenciado, em alguma medida, a sua obra. Basta-nos, por enquanto, saber que o jovem estudante de engenharia era interessado pelas questões da Filosofia da Matemática e que depois de estudar as obras de Gottlob Frege e Bertrand Russel, inclusive tendo contato com ambos, formulará uma radical crítica às mesmas, publicada em sua primeira obra, o depois criticado Tractatus Logico-Philosophicus [3] (1922). Um detalhe interessante é que parte dessa obra foi escrita no front da Primeira Guerra Mundial, quando Wittgenstein integrou o Exército austríaco como voluntário, sendo inclusive preso na Itália. Obra escrita em aforismos, onde se tentava a solução definitiva dos problemas filosóficos, como ele mesmo dizia em seu prefácio:

“O livro trata dos problemas filosóficos e mostra – creio eu – que a formulação desses problemas repousa sobre o mau entendimento da lógica de nossa linguagem. (…) Portanto, é minha opinião que, no essencial, resolvi de vez os problemas. E se não me engano quanto a isso, o valor deste trabalho consiste, em segundo lugar, em mostrar como importa pouco resolver esses problemas” ( ). [4]

Não foi fácil a publicação desta obra. Mesmo com a ajuda de Russel, poucos editores se interessavam em investir num aparente disparate e nem o próprio Russel compreendeu plenamente o que ele tinha tentado dizer em sua obra. Mas mesmo com tantas controvérsias, após sua publicação em 1921, a obra tornou-se cada vez mais conhecida. Foi grande a sua influência no pensamento neo-positivista, notadamente sobre o chamado Círculo de Viena. Para o Wittgenstein de então, o seu trabalho significava um projeto de elucidação do processo lógico de nossa linguagem. Sendo esta obra uma herdeira da crítica kantiana às formas puras, a priori, como fundamento do conhecimento científico. No Tractatus, as condições transcendentais do sujeito kantiano se transformavam na forma lógica das expressões lingüísticas. [5] Segundo Wittgenstein, “o ponto principal é a teoria do que pode ser expresso (gesagt) por preposições – isto é, pela linguagem – (e, o que vem a ser o mesmo, o que pode ser pensado) e o que não pode ser expresso por proposições mas apenas mostrado (gezeigt); este, a meu ver, é o problema cardinal da filosofia”. [6]

Desde o seu início, a filosofia de Wittgenstein encara os problemas da filosofia como problemas da linguagem. Para o Wittgenstein do Tractatus, o problema da filosofia era uma questão de maior precisão na expressão destes. Segundo Fann, “no Tractatus, o único método de Wittgenstein era a ‘análise lógica’ que herdara de Russell” [7] e esta análise não pressupunha um diálogo, pois nesta fase Wittgenstein “filosofava solitariamente, e seus resultados eram emitidos como monólogos” [8] . Já em sua última fase, nas Investigações Filosóficas (1953), nota-se uma tentativa de diálogo [9] , segundo ele, esta última fase de sua filosofia só poderia ser entendida “pelo confronto com (seus) pensamentos mais antigos e tendo-os como pano de fundo” [10] , pois “o método central das Investigações (última fase) poderia chamar-se o método das diferenças. Em vez de buscar as semelhanças mediante a análise (primeira fase), ele agora concentra-se em desvelar as diferenças por meio da distinção”. [11] O que ele entende por distinção, compreenderemos mais claramente a seguir. Antes, vamos tentar entender o percurso que levou Wittgenstein a conceituar os problemas filosóficos como semelhantes a “enfermidades”.

Após ter finalizado o Tractatus, em 1919, e a despeito de todo o impacto que o seu trabalho causou nos anos seguintes à sua publicação, em 1922, o nosso autor optou por viver um longo período de afastamento. Boa parte desses 10 anos em que Wittgenstein se distanciou da universidade foram vividos numa pequena aldeia, aonde ele chegou a trabalhar como professor primário. Wittgenstein parecia tentar esquecer-se das questões filosóficas, talvez realmente acreditando na resolução definitiva das mesmas. Também foi jardineiro num monastério nos arredores de Viena, em 1926, até que começou a ser requisitado para esclarecer suas idéias e, em 1929, regressa a Cambridge, onde o Tractatus irá ser validado como tese de doutorado.

Quando finalmente retorna à filosofia, ele já tinha um modo completamente diferente de perceber as relações entre linguagem e mundo. Agora, a questão central está em nossas relações com as palavras, e não nas relações das palavras com o mundo. Assim, ele próprio já não concordava mais com o que tinha definido no Tractatus, o livro que lhe tinha dado notoriedade. Mesmo que, como diz Fann “um fato interessante e raramente mencionado pelos comentaristas, é que algumas sementes da última filosofia de Wittgenstein estavam já contidas em seu pré-Tractatus Notebooks”. [12] As novas concepções de Wittgenstein só serão finalmente reunidas e claramente conhecidas com a publicação póstuma do seu segundo livro – Investigações Filosóficas (1952). Nesse trabalho, Wittgenstein aponta um novo caminho para o pensamento, onde as perguntas sem respostas podem ser evitadas e relativizadas as pretensões universalizantes de um pensamento unilateral. Através de sua concepção de linguagem, Wittgenstein nos re-ensina a pensar nossa relação com a linguagem.

Algumas posições, entretanto, se mantém nas duas fases. Um exemplo é a sua concepção de que os valores da sociedade moderna negligenciam aspectos fundamentais das relações humanas, como a confiança, que estaria sendo substituída pela certeza do método, assim como a beleza e o respeito, substituídos pela eficiência e pelo medo. Wittgenstein, que amava a música, recusava-se a ouvir qualquer compositor moderno, pois segundo ele a partir de Brahms já se começava a ouvir os ‘sons das máquinas’ [13] . Ele narra que, certa vez: “estava dando uma volta por Cambridge quando passei numa livraria; na vitrine havia retratos de Russell, Freud e Einstein. Um pouco mais adiante, numa loja de música, vi retratos de Beethoven, Schubert e Chopin. Comparando esses retratos, senti intensamente a terrível degeneração que se abateu sobre o espírito humano no curso de apenas cem anos”. [14] Não se deve menosprezar também a influência da cultura austríaca sobre Wittgenstein, o famoso espírito vienense que ainda hoje recusa a modernizar-se. Sua juventude foi profundamente marcada pelo vulto de Otto Weininger, um dos maiores ícones dessa visão de mundo e um profundo crítico do cientificismo de sua época. Em seu livro Sexo e Caráter (1904) creditava a este cientificismo um dos motivos da decadência da vida moderna. Mesmo depois de adulto, Wittgenstein ainda recomendava a alguns amigos a leitura desta obra.

Nessa crítica constante ao cientificismo da modernidade, Wittgenstein defende que um dos nossos maiores enganos consiste em considerar possível aplicar os métodos da ciência a outras formas de pensar, como o pensamento religioso ou estético. Para ele, não se poderia exigir dessas outras “formas”, um funcionamento idêntico ao pensamento científico. O alvo não era apenas os problemas causados pelos filósofos que adotavam: “o método da ciência, (sendo então) irresistivelmente tentados a levantar questões e a responderem-nas do mesmo modo que a ciência; era mais amplamente, o efeito desastroso que a veneração à ciência e ao método científico teve sobre nossa cultura”. [15]

Neste sentido, são famosas, por exemplo, as críticas de Wittgenstein ao antropólogo James Frazer, autor do monumental O Ramo Dourado, onde descreve as práticas sociais das culturas ditas “primitivas”. Referindo-se a ele, Wittgenstein diz: “suas explicações das práticas dos selvagens são muito mais grosseiras do que o sentido das práticas em si”. [16] Essa, entre outras confusões, Wittgenstein tenta evitar com uma revisão do sentido que damos aos significados em nossa linguagem. O significado, para ele, está no uso que damos ao signo no interior de uma prática lingüística, ou seja, num jogo de linguagem, onde os participantes compartilham as regras do uso do signo. Por isso, o pensamento poderia ser ‘enfeitiçado’ quando confunde os jogos de linguagem, usando o signo de uma forma que só seria entendida em outro jogo de linguagem. O erro de Frazer, seria então o de insistir em explicar as práticas “primitivas” que descreve em seu livro à luz de sua própria cultura. Ou seja, fazendo analogias com suas próprias práticas, partindo de uma visão etnocêntrica. Para Wittgenstein, podemos evitar visões unilaterais como essa, buscando sempre uma visão panorâmica e terapêutica do funcionamento da linguagem.

Mas o que seria essa “Terapia Filosófica” proposta por Wittgenstein e quais seriam os sintomas que esta terapia pretende sanar? A deficiência de nossa linguagem seria uma deficiência do pensamento? A “Terapia Filosófica” seria uma terapia para o pensamento? Ou esta terapia se aplicaria somente a problemas filosóficos? A função terapêutica da filosofia de Wittgenstein vem da necessidade de uma revisão do que entendemos como linguagem. Para ele, a forma como conceituamos – seja falando ou pensando – está diretamente relacionada com a forma como usamos os signos. Wittgenstein repensa o aprendizado da linguagem reposicionando o papel de nossa imaginação na construção da significação. Todo uso que damos aos signos pode ser repensado, não existe forma fixa, mas sim temporária e condicional de uso. Assim, identificará a doença que sua Terapia Filosófica pretende tratar: “O filósofo trata uma questão como uma doença”. [17]

Nesta etapa de seu pensamento, após um longo período de maturação que nos ficou legado em seus manuscritos. Wittgenstein define o sentido de seu trabalho como sendo um tratamento do modo como pensamos a linguagem.

01. A Doença da Linguagem

Existem três conceitos fundamentais no pensamento de Wittgenstein, a saber: jogos de linguagem, imagem e regra. Em sua concepção de linguagem, o estudo de uma gramática corresponde ao estudo de nossos usos da linguagem, não sendo então um mero estudo normativo, ou diga-se ideal. Pois o que para Wittgenstein interessa é uso ordinário da linguagem, não somente seu uso erudito.

Para entender como funcionam os jogos de linguagem, devemos descrevê-los, sem tentar explicá-los, sem associá-los a imagens ou definições, propõe Wittgenstein. A imagem que associamos ao conceito é como uma etiqueta colada sobre o objeto em nossa infância e grande parte de sua força está aí. Uma das formas básicas de aprendizagem é a ostensão, o simples apontar de um dedo. “Isto é uma abelha”, “isto é você”, nos mostram num espelho. Uma outra forma é a prova, que é o fruto de uma confirmação. A ostensão nos mostra novas palavras, enquanto a prova nos traz os conceitos: “Embora sendo técnicas distintas, a ostensão e a prova cumprem a mesma função na linguagem, a saber introduzem os paradigmas”. [18] Na ostensão, a imagem é facilmente associada ao objeto mostrado. Na prova, a relação é estabelecida por analogia. Mesmo podendo estabelecer diversas possibilidades para a significação, tendemos a fixar-nos num uso exclusivo do signo.

Para Wittgenstein, o “enfeitiçamento” do entendimento ocorre quando este deixa-se seduzir pela força da imagem, o que é inevitável, sendo mesmo uma etapa de nosso aprendizado. Este enfeitiçamento surge do hábito que adquirimos com a ostensão nos jogos de linguagem de nossa infância. Se aprendemos “isto é uma abelha”, através da ostensão de sua imagem, mais tarde essa imagem se chocará com conceitos mais complexos, como por exemplo “esta é uma abelha brava”. Isso nos mostra a diferença que existe entre o modo como aprendemos o uso das palavras “abelha” e “brava”, pois nada dizemos a respeito de um objeto qualquer quando o apontamos.

O funcionamento da linguagem pode ser definido então como semelhante a um “jogo”, para usar uma expressão do próprio Wittgenstein, sendo a linguagem escrita um “jogo” diferente da linguagem falada, assim como o gestual difere da pintura. Aos diversos “jogos de linguagem” correspondem regras gramaticais que não devem ser confundidas com as regras didáticas de gramática, pois estas serviriam somente para o aprendizado da língua escrita. A essência de uma linguagem é sua regra, sabemos como ela é, mas, se nos perguntam sobre ela, não saberemos como explicá-la. A regra é um conceito que se esconde quando queremos pegá-lo.

“O que chamo de ‘regra segundo a qual ele procede?’ – A hipótese que descreve, satisfatoriamente, o seu uso das palavras, o qual nós observamos; ou a regra que ele consulta ao usar os signos; ou a que ele nos dá como resposta ao lhe perguntarmos pela sua regra? – Mas como, se a observação não permite reconhecer claramente nenhuma regra e a pergunta não traz nenhuma à luz?” [19]

As palavras demonstráveis ou nomes são como etiquetas grudadas às coisas e, através de analogias com os processos de afixação destas, ou seja, com o paradigma que representa estes processos, é possível ao homem formular seus conceitos através de imagens: “é justamente no nível dos conceitos que surgem as imagens, pois não é com palavras (de significado demonstrável) que as imagens entram nos jogos de linguagem”. [20] Os conceitos são como óculos que pomos sobre os olhos, são os modelos com que organizamos a realidade.

A condição básica para se jogar um jogo de linguagem é a aceitação das condições da regra a ser usada. Wittgenstein trata nossa idéia de um fundamento para o conhecimento, uma simples constatação empírica ou mesmo uma casualidade, também constroem redes de significados possíveis, ou seja, conhecimento. Através da descrição da construção do conhecimento na prática lingüística do cotidiano social, Wittgenstein relativiza a imagem de um pensamento ideal. Como diz, Moreno:

“A força das imagens sobre nosso pensamento não vem de sua ligação com as representações mentais às quais elas podem corresponder; não é esta ligação psicológica que visa a terapia, mas à ligação conceitual”. [21]

A concepção agostiniana definia a significação de forma semelhante a uma rotulação, que, uma vez aprendida, criava um vínculo indiscutível entre a coisa e seu signo. Este vínculo pode ser entendido também como a necessidade de se associar uma imagem ao conceito. Segundo Wittgenstein, a imagem do funcionamento da palavra como semelhante a um rótulo não cola, necessariamente, um significado à mesma. O significado está no uso dado à palavra/signo em um contexto. Esta alternativa à concepção agostiniana de nomes aprendidos e prendidos como etiquetas seria como uma relativização da imagem de rótulo pela de uso. Podemos dizer que essa relativização tem características terapêuticas, dentro da filosofia de Wittgenstein.

Ao conceito de nomes podemos associar muitas imagens, nome é um conceito complexo, “a concepção da preposição como imagem é uma imagem que aos poucos se desfaz”. [22] Se o seu uso, no jogo de linguagem da significação descrito por Santo Agostinho, assemelha-se ao uso empregado para definir rótulo, para Wittgenstein esta semelhança não significa que os dois conceitos correspondam a uma mesma imagem. Entender ‘nome’ é uma experiência e, enquanto tal, privada, mas compartilhada enquanto significado. A essa experiência costumamos associar uma imagem. É aí, segundo Wittgenstein, que se instala a confusão. A imagem associada a “nome” pode ser, por exemplo, a de uma caixa onde o significado se encaixa. Mas também pode ser associada ao uso dado ao ‘nome’ em um contexto, a possibilidade é o que importa.

Também existe uma imagem para o conceito de imagem, uma de nossas mais arraigadas, quase um ídolo. A imagem não é apenas uma representação da forma física em nosso entendimento. Segundo Wittgenstein, imagens habitam nossa consciência como regras e o funcionamento destas regras são como formas de vida, paradigmas que esquecemos de alimentar. Imagens são formas de entendimento, linguagens: uma imagem traz consigo algo a mais que não pode ser descrito, se não com outra imagem. O emaranhado da linguagem se traduz pela imagem de uma rede de relações, uma complexidade. Mas que “imagem” traduziria a idéia de imagem na filosofia terapêutica de Wittgenstein?

“Uma fotografia desfocada é, por acaso, o retrato de uma pessoa? Bem, pode-se substituir sempre com vantagem um retrato desfocado por um nítido? Freqüentes vezes não é o retrato desfocado precisamente aquilo de que mais precisamos?”. [23]

A questão não é se ela é ou não precisa, a questão é que, segundo Wittgenstein, essa imagem pode ser descrita, mas não de forma definitiva e nem pode ser comprovada e demonstrada de forma inequívoca por um método específico. Na imagem desfocada ou não, se reconhece as possibilidades de uso da linguagem, sem com isso tentar prendê-la a definições de maior ou menor nitidez: “Quanto mais precisamente considerarmos a linguagem real, tanto mais forte se torna o conflito entre ela e a nossa exigência”. [24] A busca por uma definição mais precisa empobrece a linguagem de suas possibilidades, é uma busca que se dá apenas no passado, como se fosse apenas o fruto da experiência: “nem sempre nos servimos do que a memória nos diz como o mais elevado e inapelável arbitro”. [25]

O que Wittgenstein tenta nos mostrar é que essa busca também se dá por exemplificação da diversidade de usos possíveis. “Entramos por um terreno escorregadio, onde falta o atrito, portanto, onde as condições, em certo sentido, são ideais, mas nós, justamente por isso, também não somos capazes de andar”. [26] A diversidade deve estar a serviço de uma clarificação de nossos processos lingüísticos, ajudando-nos a ter uma visão mais ampla das possibilidades de uso de nossa linguagem.

Pode se dizer que a Terapia Filosófica de Wittgenstein recorre, entre outros métodos, ao uso de perguntas. O que não significa que perguntar, por si só, já seja terapêutico, mas que a pergunta, mais que a resposta, parece abrir o nosso campo de visão. Aqui, Wittgenstein se aproxima de Sócrates, pois as perguntas da maiêutica socrática nos levam a questionar sobre o que sabemos de fato, do mesmo modo que as perguntas da terapia filosófica de Wittgenstein. Como ignorar a relação que existe entre uma pergunta e sua resposta? “Não existe uma pressuposição onde há uma dúvida?”. [27] A pergunta pelo sentido do signo traz consigo uma afirmação, como se em seu formato já houvesse o espaço onde se encaixará a resposta mais justa. Mas esta não é a única imagem possível, já que perguntas podem não ter respostas. O perguntar tem efeito terapêutico para Wittgenstein, pois tem o poder de nos alertar quanto a univocidade, demonstrando-nos outras possibilidades, onde convivíamos com certezas.

Um aspecto muito importante, um risco presente em nossa relação com a linguagem, segundo ele, é que o pensamento pode tender a projetar-se sobre o real, “acreditamos que o ideal tem que estar metido na realidade, pois acreditamos já vê-lo nela”. [28] Uma das críticas de Wittgenstein à sua primeira filosofia está na concepção de que a linguagem é o mundo, “os limites de minha linguagem significam os limites de meu mundo”. [29] O caminho da identificação da linguagem com o mundo leva, segundo ele, ao solipsismo, ou seja, à solitária impressão de que o mundo está em nós, mas nós não estamos no mundo. Mas a linguagem não é o mundo, nossa relação com ela não corresponde à existência de fato. O equívoco surge porque, por ser através da linguagem que falamos do mundo, confundimos a própria linguagem com sua imagem do mundo.

Um meio de sair dessa confusão, seria entregar ao pensamento a responsabilidade por sua possibilidade e não por sua existência. Para um cético ou solipsista, a linguagem não bastará para comprovar o pensamento alheio, “falar (com som ou em silêncio) e pensar não são conceitos idênticos; mesmo que na mais estreita conexão”. [30] Um concepção diferente surge se se parte do pressuposto de que a linguagem por si só não ultrapassa seus próprios limites. Assim, faria parte de sua “regra” no “jogo”, o fato de ser limitada, pois somente assim podemos admitir um outro “jogo de linguagem”, que ultrapasse esse mesmo limite. Tratamos aqui de uma imagem que nos é cara, em nossa cultura, a imagem de um mundo privado, “posso saber o que o outro pensa, não o que eu penso” [31] . Impossibilitados de sair de nós mesmos para olhar o pensamento, só sei que penso, porque tenho testemunhas disso. A linguagem apresenta-se então como um jogo coletivo, assim como a identidade, o pensamento e a existência.

A analogia com nosso comportamento indica a possibilidade do pensamento alheio, podemos imaginar que a dor de alguém corresponda ao que sentimos, mas há o risco de personalizar essa imagem e padronizar o pensamento alheio com o nosso modelo. Segundo Wittgenstein, é na forma como representamos a linguagem que reside o erro, pois “representar uma linguagem equivale a representar uma forma de vida”. [32] Ou seja, não podemos esquecer da autonomia que o conjunto de regras de uma linguagem tem, ante o poder de nossa escolha e controle. Não se pode isolar a linguagem e controlar lhe os mecanismos de funcionamento. A linguagem se desenvolve sem que nos possamos lhe determinar o rumo, participamos de sua construção, mas não podemos decidir sobre seu destino. A única coisa que podemos é modificar nossa relação com ela. Não se pode alcançar um uso específico e inequívoco para cada palavra ou signo. Seu significado não pode ser isolado de seu contexto, as palavras não estão erradas, o erro ocorre quando questionamos o significado de palavras que não têm um significado demonstrável ou quando jogamos um jogo com as regras de outro. À palavra ‘regra’ associamos erroneamente uma imagem, o efeito do ato lingüístico independe de uma causa externa ao seu uso, o sentido do signo lingüístico não pode ser previsto racionalmente, vê-se seu efeito e aprende-se seu emprego que, quando bem realizado, adequa-se ao contexto.

“E essa variedade não é algo fixo, dado de uma vez por todas; mas, podemos dizer, novos tipos de linguagem surgem outros envelhecem e são esquecidos. (…) A expressão jogo de linguagem deve salientar aqui que falar uma língua é parte de uma atividade ou de uma forma de vida”. [33]

Segundo Wittgenstein, devemos tratar a imagem que temos da linguagem. A imagem é necessária quando falamos de conceitos, pois para a compreensão de um conceito é necessária uma analogia que somente uma imagem pode dar. Mas isso não quer dizer que esta imagem seja a coisa que queremos dizer, a imagem nos ajuda na compreensão. No entanto o sentido do conceito só se dá através da prática do uso deste conceito, em nosso jogo de linguagem, o que pode ocorrer através do uso de muitas outras imagens.

“Os conceitos epistemológicos são úteis e sua aplicação não cria confusões filosóficas sob a condição surpreendentemente simples de não perdermos de vista sua natureza convencional”. [34]

Somos levados a uma falsa impressão de certeza quando empregamos um significado em um contexto mais de uma vez e ele funciona. Mas haveria “algo que poderia justificar a certeza mais que o êxito?”. [35] Sendo assim, como comparar e escolher um critério para o êxito, sem levar em conta a própria relatividade contextual do êxito? “O que um matemático, p. ex., está inclinado a dizer sobre objetividade e realidade dos fatos matemáticos não é uma filosofia da matemática, mas é algo que a filosofia teria de tratar”. [36]

02. A Propedêutica Filosófica

A forma como Wittgenstein conceitua filosofia, ajuda nos a compreender sua proposta terapêutica. “A filosofia não me conduz a qualquer renúncia, pois eu não me coíbo de dizer o que quer que seja, desisto sim de uma determinada combinação de palavras por ser sem sentido”. Wittgenstein não propõe a constrição de nossa linguagem, como quis em sua primeira obra, à uma forma mais precisa de expressão. Não, isso não seria possível, não podemos reformular algo que não depende somente de nossa vontade, mas como também de um acordo coletivo. O reconhecimento da pluralidade de possibilidades é um exercício de convivência com o que é outro para nós. “Num outro sentido, porém, a filosofia exige (…) uma resignação, só que do sentimento, não do entendimento”; nosso entendimento sempre tende ao que é coletivo, enquanto que o sentimento nos empurra ao horizonte do que é individual. “E isso é talvez o que torna tão difícil para tantos. Pode ser difícil não usar uma expressão, tal como é difícil conter as lágrimas ou uma expressão de raiva”. [37] A grande luta para a manutenção de uma abertura em nosso entendimento, é com nos mesmos, nada pode se fazer contra a linguagem, só sobre o que dela pensamos.

“O trabalho da filosofia é (…) realmente mais um trabalho sobre nós mesmos. Sobre a nossa própria concepção. Sobre o modo como vemos as coisas. (E o que delas exigimos)”. [38]

Pode parecer que a terapia proposta por Wittgenstein, tenha algo de um código ético, que nos ajudasse a evitar determinados comportamentos. Mas sua concepção de ética nada tem de semelhante a um código, muito menos sua proposta terapêutica. “Ética e estética são uma só”. [39] Como aprendemos o ‘bem’ e o ‘belo’? são palavras que segundo Wittgenstein têm um parentesco, funcionam de forma semelhante. Pois os jogos a que pertencem têm regras semelhantes. Não são palavras que podem ser aprendidas com a simples demonstração ou ostensão. Seu aprendizado envolve uma complexa rede de relações e significados, devemos experimentá-los num jogo de linguagem, seu uso só pode ser compreendido no interior de uma prática social lingüística. Somente quando compartilhamos o uso de conceitos como ‘belo’ e ‘bem’ os compreendemos.

Wittgenstein nos alerta sobre o efeitos da imagem que pensamos ver, quando pre-conceituamos algo. Assim, muitas vezes faz o filósofo que crê ver aquilo que quer ver; ou seja deixa-se levar pela exigência de seu pensamento. Estas pré-conceituações são vícios do hábito que adquirimos com o uso de signos demonstráveis. Uma cadeira será sempre uma cadeira, desde de que não a associemos a outro uso. Não que exista uma essência, esta sim verdadeira e alcançável por um método mais preciso de pensar e falar. Mas devemos sempre rever o uso que fazemos de nossa linguagem, pois os contextos estão sempre variando. A associação do significado a um uso específico, como quis sua primeira filosofia, é mais fruto do querer do que do poder, essa necessidade de uma definição, é justamente o germe da quimera e da confusão quando discutem-se pensamentos. Mas então, será que às vezes pensamos de forma equivocada? Wittgenstein, citando Santo Agostinho, disse:

“(…) para nossa investigação é muito mais essencial que não queiramos apreender nada novo com ela. Queremos compreender algo que já está aberto diante de nossos olhos. Porque, em um certo sentido, é isto que parecemos não compreender. (…) ‘O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; se quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei’(Conf. XI/14). Aquilo que sabemos, se ninguém nos pergunta, mas que já não sabemos mais, se devemos explicá-lo, é algo de que devemos nos lembrar. (e, obviamente, é algo de que, por um motivo qualquer, dificilmente lembramos)”. [40]

A pergunta pelo sentido de um signo deve sempre levar em conta o contexto em que este signo está sendo empregado. Sendo assim, não se pode chegar a um uso exclusivo do signo, como se este fosse a verdade e outros o erro. Não deveríamos mais sofrer, nem ter culpa ou medo como se a significação, independesse de nossa vontade. Por isso, quanto mais vago for o conceito e quanto mais panorâmico for seu alcance, maior será seu poder terapêutico. O uso é, por assim dizer, o motor ou a ‘essência vital’ do signo, através dele nos lembramos do dinamismo da significação. Indeterminável, irredutível e ao mesmo tempo constante, o uso de um conceito é uma regra em nosso ‘jogo de linguagem’. Regra esta, que pode ser re-aprendida, através de uma terapia que lhe devolva a fluidez de uma ‘forma de vida’. A fluidez da regra é gramatical, são os usos e as possibilidades dos signos que nos revelam ‘a saída do vidro’. [41]

A Filosofia para Wittgenstein não é uma disciplina cognitiva na qual novos conhecimentos são descobertos e teorias construídas, seu progresso não se caracteriza pelo acréscimo de novos conhecimentos, nem pela confirmação de suas teorias. [42] Para se filosofar não é necessária a criação de novos termos, pelo contrário busca se “a constatação pacífica de fatos lingüísticos” [43] , o que deve ser dito, deve ser dito de forma simples. Somos levados a acreditar nas imagens que usamos, sem perceber o quê de circunstancial há naquele uso da imagem. Esse enfeitiçamento pode ser tratado, contrapondo-se a imagem que pensamos ter com outras imagens sobre o mesmo; “(…) esta imagem, com suas ramificações, nos impede de ver o emprego da palavra como ele é” [44] , ou seja, em seu uso ordinário, cotidiano.

A filosofia deve ajudar nos a reconhecer aquilo que queríamos dizer, mas não conseguíamos. A importância da distinção, ou seja a descrição detalhada do modo como empregamos de forma equivocada uma expressão, ajuda nos a reconhecer aquilo que de fato tentávamos dizer. Enquanto não conseguimos expressar aquilo de forma satisfatória, levamos o pensamento a dar voltas. Wittgenstein usa uma analogia para dar nos uma idéia desta agonia, “ao longe uma coisa parecer ser uma pessoa, porque nessa altura não percepcionamos determinadas coisas, e ao perto vemos que se trata de um coto de árvore”. [45] Enquanto não nos aproximamos do uso mais adequado de um termo, tememos por seu significado, ele nos escapa.

Para Wittgenstein, a linguagem é uma “forma de vida” e deve ser tratada com tal, não se pode isolar a linguagem. Quando descrevemos um jogo de linguagem, em busca de seu funcionamento, agimos como um etnógrafo, “uma pergunta filosófica é semelhante à pergunta pela constituição de uma determinada sociedade” [46] , anotamos o que vemos e para tal, jogamos o jogo que tentamos descrever:

“Os Selvagens têm jogos para os quais (pelo menos nós assim achamos), não possuem quaisquer regras escritas ou quaisquer instruções. Pensemos agora na atividade de um investigador que consista em viajar pelas terras destes povos e elaborar instruções para os seus jogos. Este é todo o símele daquilo que o filósofo faz”. [47]

Os únicos tipos de explicação em filosofia são explicações descritivas, “estas descrições e as explicações de significado associadas a elas não são uma filosofia, mas uma metodologia. Segundo Wittgenstein, o que elas têm de tipicamente filosófico é o propósito a que servem”. [48] Mas deve-se evitar o uso de um único e específico método [49] , pois “uma vez encontrado um método, as oportunidades para a personalidade expressar-se são correspondentemente restringidas”. [50] Somente a multiplicidade de possibilidades de uso de um conceito pode quebrar o encantamento que a tentativa de fixa-lo a uma imagem acaba gerando. “Nossa investigação, não se dirige aos fenômenos, e sim, (…) às ‘possibilidades’ dos fenômenos”. [51] Uma imagem não substitui o que representa, nem quando associada a um conceito. “Os conceitos são técnicas que criamos para organizar nossa experiência”. [52] Nada é unívoco, nem a análise lógica, pois a lógica funciona como uma projeção de nosso ideal na realidade, “afirma-se da coisa o que já se encontra no modo de sua exposição”, entre imagem e linguagem surge a possibilidade de “comparação que nos impressiona para a percepção de uma conjuntura da máxima universalidade” [53] , esta generalização, no entanto nada constrói de novo. Se há uma primazia da lógica sobre as outras formas de pensar, foi por ser ‘a pureza cristalina da lógica’ não um resultado, mas sim, uma exigência. [54]

Wittgenstein critica a filosofia contemporânea que em seu método incorporou elementos do método científico, a filosofia não pode comprovar o que afirma, mesmo que recheie sua afirmação com a afirmação de outro. Wittgenstein não citava e mesmo quando citava, não o fazia para reforçar seu ponto de vista. Ele buscava o sentido de suas afirmações nas experiências cotidianas, na linguagem ordinária, o que deve ser dito, deve ser dito de forma simples.

03. A Saúde do Pensamento

Na segunda fase do pensamento de Wittgenstein, não importa mais resolver os problemas da filosofia, a filosofia alcança seu objetivo quando consegue dissolver seus problemas. Para ele, devemos evitar a falsa impressão de avanço que a imagem do progresso imprime, devemos buscar na diversidade cultural, lingüística, estética, uma visão panorâmica que nos apazigúe o pensamento.

Existiria então, uma forma de pensar (jogar), não mais correta, mas mais saudável? Pensamentos saudáveis e não-saudáveis? Como distingui-los? Como evita-los? O pensamento é fruto de uma prática, se o considerarmos como um conjunto de normas, regras e crenças criadas no sentido de compreender como se joga um jogo de linguagem. Mas como se aprende a jogar? Dir-se-ia jogando. Então aprendemos a pensar, pensando.

“Parece-nos, sim, como se o professor neste caso ensinasse ao aluno o significado — sem dizê-lo diretamente; mas que o aluno é levado, enfim, a dar a si mesmo a explicação ostensiva correta (do que é o pensar). E é aqui que reside nossa ilusão”. [55]

Pensar parece diferir da mera resposta a estímulos externos, um computador pode responder a comandos de voz, mas poderá pensar? “Mas uma máquina de fato não sabe pensar!-É esta uma proposição empírica? Não. Somente do homem e do que lhe é semelhante dizemos que pensam”. [56] Se pensar fosse só falar, se o pensar só existisse em palavras, talvez. Mas pensamos sem palavras, “o que determina o pensar aqui não é um processo que tem de acompanhar as palavras”. [57] Como nos jogos de linguagem que usamos sem atrelarmos conceitos, o pensamento muitas vezes opera sem palavras. A linguagem com palavras é apenas uma das linguagens possíveis, os gestos, os sentimentos, a música entre outras linguagens podem operar sem palavras.

Wittgenstein não tem a pretensão de demonstrar o que é um conceito certo; pelo contrário, ele nos ajuda a entender o significado como a diferença de uso nos diferentes contextos. Mas nada de novo surge, nada que não já estivesse aí, mas que por algum motivo não nos apercebíamos. [58] A Terapia Filosófica de Wittgenstein vai de encontro a toda inevitabilidade, ao determinismo e ao fatalismo de sua época. Podemos compreender a filosofia como uma imensa pedra que carregamos sobre as costas, sem saber porque não conseguimos dela nos livrar, nem a ela associar a dor me nossas costas. Mas que se deixamos cair sobre a terra, ou seja parando de nos torturar, nada muda, só nossas costas param de doer. O objetivo da terapia é como a queda desta pedra, a filosofia que resolvendo-se a si mesma, deixa-se simplesmente ficar onde esta.

Wittgenstein tratou sua primeira filosofia e recompôs literalmente seu modo ver. Na busca do que pensamos ser autêntico, negligenciamos a manifestação ordinária e cotidiana do sentido. Não existe, somente, uma forma de pensar, o pensamento não aceita seus próprios limites, enquanto linguagem. As ‘mossas’ demonstram às moscas a saída do vidro. [59]

“A Enfermidade de uma época se cura com a mudança do modo de viver dos seres humanos, e a doença produzida pelos problemas filosóficos também só podem curar-se com uma mudança na forma de pensar e viver, não com uma medicina inventada por um indivíduo”. [60]

A filosofia deve nos mostrar terapeuticamente as possibilidades de uso da linguagem, numa exegese da gramática de funcionamento da linguagem em seu uso cotidiano. A filosofia não busca substituir as velhas idéias por uma nova concepção, mais precisa ou correta. o objetivo da filosofia, quando alcançado, deixa tudo como está. [61] Sua terapia reconduz a palavra para sua utilização comum. Qualquer tentativa a mais de sentido leva à confusão que sua terapia pretende evitar.

“Tudo o que a filosofia pode fazer é destruir ídolos. E isso significa não criar novos”. [62]

O papel da Terapia Filosófica é nos ajudar a dissolver as imagens que oprimem nosso pensamento como se fossem inevitáveis, mas não através de um pensamento critico ou analítico. O pensamento deve abrir se às suas possibilidades, como o ouvido que se abre aos sons do entorno.

Bibliografia

FANN, K. T. El Concepto de Filosofia en Wittgenstein. Madri: Editorial Tecnos, 1975. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Eletrônico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. HACKER, P.M.S. Wittgenstein: sobre a natureza humana. São Paulo: UNESP, 2000. MONK, Ray. Wittgenstein: O dever do gênio. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. MORENO, Arley. Wittgenstein: Através das imagens. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1993 SPANIOL, Werner. Filosofia e Método no segundo Wittgenstein: uma luta contra o enfeitiçamento do nosso entendimento. São Paulo: Edições Loyola, 1989. WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus Logico-Philosophicus (1922). São Paulo: EDUSP, 1993. ________________. Investigações Filosóficas (1953). Petrópolis: Vozes, 1994.

________________. “Filosofia” (Big Typescript). In: Manuscrito. Vol. XVIII, nº2. Campinas: UNICAMP, 1995.