Por que nao tenho vontade de fazer sexo

Sim. É normal não sentir vontade de ter relação sexual.

A vontade de ter relação sexual está associada com a libido, o desejo de ter relações sexuais ou pensamentos e imagens vinculados ao sexo.

A falta de vontade em ter relações sexuais pode ser explicada por vários motivos desde aspectos físicos, hormonais, psicológicos, cansaço, estresse, uso de medicações, passando pelo relacionamento afetivo amoroso (presença de conflitos, relacionamento abusivo) até aspectos ambientais relacionados com o entorno social como falta de privacidade, etc.

Essa falta de vontade pode ser passageira a depender do contexto de vida e saúde da pessoa como também pode perdurar um tempo maior.

Caso a falta de vontade em ter relação sexual seja um fator de incômodo na sua vida, procure um profissional de saúde, como um médico de família, clínico geral ou psicólogo para uma investigação pormenorizada do seu caso.

Leia também: o que é realmente um orgasmo.

Referências bibliográficas

“Não tenho vontade nenhuma de fazer sexo”, “meu marido me procura, mas eu não tenho o menor tesão”, “não desejo mais a minha mulher”, “fico meses sem pensar em sexo”, “tenho preguiça de transar”, “meu marido não tem iniciativa nenhuma”.

Frases assim têm sido recorrentes nos meus atendimentos clínicos. Homens e mulheres chegam com a queixa de ausência ou baixa de desejo sexual.

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Pode ser sim disfunção sexual, como também pode ser “normal”. Perceba que o normal está entre aspas, pois eu particularmente a vejo como uma palavra perigosa de ser usada já que o seu oposto é anormal.

Então vamos refazer a pergunta: a falta ou ausência de desejo sexual é disfunção sexual ou problemas de relacionamento (amor, sexo e intimidade)?

Como o desejo sexual e a sua perda são diferentes para homens e mulheres, neste texto vou conversar sobre o desejo sexual feminino. O masculino será descrito em outro.

Independentemente de você ser homem ou mulher é bom você ler os dois, assim terá mais conhecimento. E vale lembrar que o conhecimento é um dos ingredientes para uma boa vida sexual.

Como anda o seu desejo pela vida?

Por que nao tenho vontade de fazer sexo

Você faz o que tem de fazer no seu dia a dia? Acorda disposta a trabalhar? Tem disposição para estudar? Tem feito atividade física? E o seu lazer, como anda?

Tem se encontrado com as amigas e os amigos? Ter energia e disposição para a vida é desejo. E isto inclui o sexual, a vontade de transar.

Saiba que se você não estiver bem nas outras áreas da sua vida, a sexual também será abalada. Como? Doenças, lutos, depressões, problemas financeiros e profissionais interferem na saúde sexual.

Assim, somente podemos definir se há um problema no relacionamento que está interferindo no desejo ou se é uma disfunção sexual se tivermos claro como está seu desejo no geral. Pense nisto!

Leia também: 5 erros que destroem o desejo sexual do casal

O que é desejo sexual hipoativo?

Por que nao tenho vontade de fazer sexo

O desejo sexual baixo é uma disfunção sexual sem definição clara, pois existe por diversas razões. De hormonais a emocionais.

Segundo levantamento feito pelo Ambulatório de sexualidade de ginecologia da FMUSP, em 2013, a baixa libido é a queixa principal de 65% das mulheres. Sendo os fatores emocionais os campeões e a monotonia sexual a primeira razão.

Sendo, então, o desejo sexual hipoativo é a falta de interesse pela atividade sexual em si, a ausência de pensamentos e fantasias eróticos ou sexuais, resistir em iniciar qualquer atividade sexual, recusar os convites sexuais.

Continue lendo que mais abaixo vou explicar sobre a Terapia que faz o diagnóstico, trata e soluciona o desejo sexual hipoativo.

Cuidado com a forma de avaliar se está com baixo desejo sexual. Pois, mudanças de intensidade e quantidade de desejo sexual são inevitáveis no percurso da vida.

Relacionamentos, stress, fases do desenvolvimento humano, alterações hormonais, uso de medicamentos, tudo interfere no desejo. E, como nada permanece igual, o mesmo acontece com o desejo sexual.

Então, o que pode diminuir o meu desejo?

Alguns medicamentos e seus efeitos colaterais, doenças crônicas, desequilíbrios hormonais.

Dentre os medicamentos tem alguns antidepressivos que têm como efeito colateral diminuir a libido. Sendo a Bupropiona, segundo a farmacologia, a única a favor da saúde sexual, pois um dos seus efeitos colaterais é o aumento da libido.

Os anticoncepcionais também influenciam na vida sexual da mulher.

Para saber mais leia este post sobre pílulas anticoncepcionais.

Questões culturais e religiosas podem também influenciar no baixo desejo sexual.

Se você aprendeu que sexo é feio e pecaminoso dificilmente você terá interesse sexual. Traumas e coerções sexuais também contribuem de forma negativa na visão sobre a sexualidade.

O contexto interpessoal deve ser sempre levado em conta.

Como anda a vida a dois dentro e fora da cama é um termômetro da vida sexual.

A disfunção sexual do parceiro ou da parceira pode diminuir o seu desejo sexual.

Lembro aqui que o desejo sexual hipoativo não ocorre apenas com os/as heterossexuais, mas também com os/as homossexuais e bissexuais.

Hoje, a preocupação com a imagem corporal também é um fator que interfere na vida sexual.

Cuidado com o culto ao corpo. Cuide do que você tem e desfrute dele e com ele.

Leia também: O que é frigidez? O que pode estar causando isso?

A atual correria da mulher no dia a dia.

Estudar, trabalhar fora e dentro de casa, educar filhos e filhas, dar atenção ao marido (ou companheira), fazer atividade física, cuidar da alimentação da casa, dentre outras – faz com que você não destine alguns minutos do seu dia para pensar em sexo.

Sim, pensar em sexo. Se você não pensa, você não quer fazer. Se você não tem desejo, você não tem prazer.

Importante!

  • Você sentir menos desejo que o seu parceiro ou sua parceira não a torna imediatamente com baixa libido. Essa diferença pode ser ajustada na terapia de casal.
  • Outros transtornos, com ansiedade e depressão devem ser descartados do diagnóstico. São as comorbidades psiquiátricas. Ou seja, a questão sexual sofre interferência sendo consequência destes quadros.
  • Eventos na vida da mulher, como luto, gestação, parto, amamentação e algumas doenças não caracterizam disfunção.
  • A mulher gosta de intimidade, de sentir-se desejada/cobiçada. Os seus olhos atiçarão o desejo dela.
  • Mulher, amor e desejo sexual não são sinônimos!
  • Baixo desejo é diferente da Assexualidade

O diagnóstico de transtorno do desejo sexual hipoativo não se aplica à mulher assexual. Lembrando que a pessoa assexual é aquela que não tem desejo sexual, mas se relaciona afetivamente.

Leia mais em: Assexualidade, a falta de atração sexual

Quer aumentar o desejo sexual?

  • Entenda, aprecie e desfrute a sua própria sexualidade.
  • Permita-se!
  • Escreva sobre seus devaneios eróticos e suas fantasias sexuais
  • Invista no seu relacionamento. Saiba que sexo por obrigação é morte do desejo na certa.
  • Está num relacionamento longo, saia do óbvio. Seja criativa, faça diferente. Crie uma distância para desejar novamente.
  • É necessário cultivar o mistério (Assista o vídeo abaixo da Psicóloga Terapeuta Sexual Esther Perel).

Deixo aqui a sugestão de filme para assistirem juntos: Um divã para dois.

E, por fim, não existe uma receita específica nem um manual para se criar o desejo. Sexo é atitude! Não há um tratamento padrão, cada caso é único. E, não há uma medicação específica.

Depois de conhecer melhor sobre o desejo sexual, se ainda pode dizer que o seu está baixo ou se precisar reorganizar sua relação, procure por uma(um) psicólogo(a) especialista em sexualidade, ela(ele) poderá te ajudar. Veja como:

  • Na terapia você vai conhecer e explorar os sentimentos sensuais. Ou seja, a sua sensualidade.
  • A terapia te ajuda a encontrar o seu próprio nível de desejo.
  • A terapia vai ainda te ajudar a descobrir suas fontes de paixão e desejo.

Por que nao tenho vontade de fazer sexo

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Alterações na libido podem ter diferentes causas, da rotina do dia a dia a possíveis problemas hormonaisNew Africa / stock.adobe.com

Uma vida sexual ativa e satisfatória é o desejo de muitas. Mas sabemos que manter a libido em alta nem sempre é fácil. No livro Onde está a minha libido?, a endocrinologista Lorena Lima Amato inspira-se em mulheres extremamente atarefadas para explicar o que pode estar atrapalhando a vontade de transar

"Comentando sobre esse livro com uma querida amiga, ela me disse: 'É fácil ter libido, é só eu passar uns dias em Bali com o meu marido, de biquíni o dia todo e as contas pagas, que vou pensar em sexo o dia inteiro'. É bem verdade, mas, enquanto isso não acontece, vou te ajudar a encontrar a tão cobiçada libido", exemplifica ela, bem-humorada, na introdução da obra. 

A médica afirma que a diminuição da libido é uma queixa frequente entre as mulheres no consultório. 

— Muitas não tocam no assunto com seus médicos, ficam anos sem viver a sexualidade de forma plena. E, às vezes, o que falta é somente um pouco mais de informação, quebrar mitos. Falar sobre o assunto já traz, de certa forma, maior liberdade entre as mulheres — opina. 

Consultamos ainda as ginecologistas e sexólogas Florence Zanchetta Coelho Marques  e Fernanda Grossi para listar fatores que podem interferir no desejo de fazer sexo. Confira:

Alterações hormonais

Há alterações endocrinológicas específicas que interferem na libido, explica Lorena. Por exemplo, a prolactina alta, que acontece em situações fisiológicas, como durante a amamentação pós-parto, e patológicas, em casos de tumores e hipófises. 

Ainda existem outras alterações hormonais, como o hipotireoidismo, e as decorrentes da menopausa, com a queda do estrogênio, que também interferem significativamente neste âmbito. 

Doenças e uso de medicamentos

Muitas doenças, quando não adequadamente tratadas, como hipertensão, diabetes e enxaqueca, podem interferir negativamente na libido, bem como seus tratamentos (por exemplo, quando envolvem o uso crônico de ansiolíticos, antidepressivos, hipnóticos, antialérgicos, anti-hipertensivos e anticoncepcionais, entre outros), apontam as médicas. 

A dica é conversar a respeito com o seu médico. Não é recomendado suspender um tratamento se houver alteração na resposta sexual, uma vez que a própria condição da doença também pode provocar até mais se não estiver sob controle. 

Transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade, além do estresse (ainda mais quando vinculado à privação de sono), também são fatores bastante comuns para a baixa na libido. 

— A pessoa deprimida não tem "energia" para nada e acaba direcionando-a para o que é vital, excluindo o sexo. Estresse e ansiedade causam um impacto semelhante, pois interferem diretamente no humor e na disposição — explica Florence. 

Se esse for o seu caso, não deixe de procurar ajuda e, se necessário, além de terapia, busque tratamento com psiquiatra, para que ele avalie o uso de medicamentos. As médicas ainda lembram que hábitos saudáveis, como boa alimentação, prática de exercícios físicos e sono de qualidade, ajudam na  melhora da depressão e no alívio do estresse e da ansiedade.

Por fim, disfunções sexuais do (a) parceiro (a) também podem interferir na libido da mulher. 

— A sensação de que a relação não foi satisfatória faz com que a mulher perca o interesse e deixe de ver o sexo como uma atividade prazerosa — diz Fernanda. 

Dor

É claro que, quando a mulher sente dor durante o sexo, não vai ter vontade de repetir a relação. Falta de lubrificação e doenças ginecológicas podem estar associadas, como dispareunia e vaginismo. A dor deve sempre ser investigada com ajuda médica. 

Uma atenção especial às mulheres na pós-menopausa: por conta da falta do estrogênio, elas podem ter vagina atrófica (ou seja, ressecada, não elástica), chamada de Síndrome Urogenital da Menopausa, que causa dor no sexo. Neste caso, lubrificantes, hidratantes, terapia hormonal e laser genital podem ser prescritos.

Álcool

Sim: consumo excessivo de álcool pode interferir negativamente na atividade sexual, apesar do efeito desinibitório. Moderação é a dica das médicas. 

Rotina

Em 2000, a psiquiatra canadense Rosemary Basson propôs uma mudança no olhar sobre a diminuição da libido feminina ao mostrar que 80% das mulheres em relacionamentos estáveis não apresentam desejo sexual espontaneamente, lembra Florence. A relação sexual, nestes casos, costuma ser iniciada por outras motivações, como desejo de intimidade, vontade de sentir prazer e de se sentir amada. Com a evolução de carícias e do jogo amoroso, aí sim aparece o desejo sexual. 

Ou seja, problemas de rotina, como cansaço, estresse, sobrecarga de trabalho e afazeres, fazem com que a mulher pense menos em sexo e tenha "preguiça" de ter relações sexuais. Logo, não inicia o jogo sexual de forma espontânea. Mas o desejo aparece, sim, de forma responsiva, o que é configurado como uma resposta sexual normal. É diferente da mulher em que o desejo sexual não aparece em nenhum momento, pontua a ginecologista. 

Cortejar a mulher ao longo do dia, estimular o pensamento em sexo, programar o dia do casal, investir em qualidade (e não em quantidade), fazer uso de brinquedos sexuais, praticar fantasias e, no caso de casais com filhos, deixar os pequenos com alguém de confiança de vez em quando para investir no relacionamento estão entre as dicas da sexóloga. 

Fernanda acrescenta ainda que, quando o sexo perde lugar na lista de tarefas, é preciso realocar as prioridades. 

— Ao entender que a atividade sexual pode ser iniciada a partir de uma "neutralidade", ou seja, sem uma motivação intensa, mas com o objetivo de intimidade e bem-estar, pode tornar-se mais produtiva. Quando deixamos a transa por último, pode não haver disposição física e mental para curtir da melhor forma — reforça a sexóloga.

Relacionamento

Por último, mas não menos importante, já que esta é uma das causas mais comuns, casais com dificuldades e conflitos entre si podem apresentar falta de desejo sexual.  Principalmente em relações mais duradouras, também pode existir uma espécie de "acomodação" sexual, quando o investimento em conquista e em sedução é deixado de lado. 

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"Onde está a minha libido?", escrito pela endocrinologista Lorena Lima AmatoReprodução / Reprodução

Nestes casos, as sexólogas recomendam estimular a criatividade e os mistérios, buscar aproximação fora da cena sexual com mensagens, toques e lembranças de bons momentos, além de ter investir (muito!) no diálogo. 

— Isso estimula o pensamento erótico e auxilia a resgatar aquele desejo comum do início — pontua Fernanda. 

Se nada der certo, também é recomendado buscar ajuda profissional. 

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Onde está minha libido? está disponível na versão online e pode ser adquirido no site endocrino.pro e no Instagram @dra.lorenaendocrino 

*Colaborou Luísa Tessuto