Para onde Jesus estava indo com os discípulos

Ouça este artigo:

“Mestre, o vento balançou meu barco. Mestre, estou a beira de um naufrágio. Mestre, será que não vê? Será que eu vou perecer? Sinto na pele o frio desse vento, chego a crer que não está me vendo, lembro que está logo ali na proa do meu barco a dormir. Eu sei que não estou só e já posso crer que amanhã vai ser bem melhor só porque está comigo. Posso clamar! Eu acredito que não vou naufragar, nenhuma tempestade vai me derrotar”.

O texto acima é a letra de uma música chamada “Posso clamar” gravada pela cantora Eyshila, inspirada na passagem bíblica que relata Jesus acalmando uma tempestade em alto mar. Esta passagem pode ser encontrada nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.

Consta que Jesus estava dormindo num barco junto com seus discípulos, e de repente, uma violenta tempestade abateu-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Jesus continuavam dormindo. Nesta hora, os discípulos foram acordá-lo, pedindo ajuda para que não morressem. De acordo com as escrituras Jesus perguntou por que eles estavam com tanto medo, e disse a eles que eram homens de pequena fé. Em seguida, Jesus se levantou e repreendeu os ventos e o mar, e fez-se completa bonança. Logo depois de ter repreendido a tempestade, os homens ficaram perplexos e perguntaram quem era este homem que até os ventos e o mar lhe obedeciam.

“Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma que este ia se enchendo de água. Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e clamaram: ‘Mestre, não te importas que morramos?’ Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: ‘Aquiete-se! Acalme-se!’ O vento se aquietou, e fez-se completa bonança. Então perguntou aos seus discípulos: ‘Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?’ Eles estavam apavorados e perguntavam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4:37:39).

No contexto cristão, muitas poderão ser as tempestades: materiais, espirituais, mentais, sentimentais. E há o entendimento de que seja qual for a proporção delas, Jesus tem poder e autoridade para acalmá-las. O ato de “chamar Jesus” em oração ou por meio de um clamor, não significa um ato de pequena fé, pelo contrário, significa a confiança e certeza de quem em Cristo podemos todas as coisas.

Afinal de contas, nesta passagem percebemos que os discípulos viram o fato de Jesus estar dormindo como uma falta de preocupação com eles, com a possibilidade de acontecer algo grave: “Mestre, não importa que pereçamos?”. Jesus, muito pelo contrário os diz “Homens de pequena fé”. Na certeza de que se preocupava sim com eles, e não teme as tempestades, e os quer bem, os ama.

Bibliografia:
A Bíblia da Mulher: leitura, devocional, e estudo. 2 ed, Barueri SP: sociedade Bíblica do Brasil 2009.
Bíblia sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil 2 ed Barueri SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 1988, 1993.

No Evangelho de Marcos, a história da tempestade no mar aparece logo após Jesus ter pregado uma série de sermões. Ele havia pregado para uma multidão tão grande que teve que falar de um barco ancorado a uma curta distância da margem.

Marcos 4.35-41 relata a história de Jesus acalmando a tempestade — mas, curiosamente, o Senhor estava adormecido quando o caos irrompeu ao seu redor:

“Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já estava a encher-se de água. E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro; eles o despertaram e lhe disseram: Mestre, não te importa que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança;” (Mc 4.37-39).

Por que estava Jesus a dormir no barco?

Há algumas explicações possíveis. Marcos, assim como a maioria dos outros autores bíblicos, não nos dá muitos detalhes — incluindo apenas os elementos necessários à agenda do autor — portanto podemos supor que é um elemento importante para a história. Há três possibilidades:

1. Uma Conexão com Jonas

Talvez Marcos nos tenha dito que Jesus estava dormindo para conectar a história a Jonas. A história de Jonas (em sua tradução grega), compartilha elementos e linguagem semelhantes à de Marcos 4, o que sugere que Marcos estivesse tentando evocar aquela história. Um destes elementos é a ideia do personagem principal estar dormindo no fundo do barco durante a tempestade, embora a linguagem usada para descrever Jonas seja mais vívida e possivelmente pejorativa.

2. Uma Indicação Sobre a Humanidade de Jesus

Jesus é totalmente humano: trabalhava duro, fazia muitas preleções em público e lidava com muitas pessoas diferentes, todas elas querendo algo dele. Dadas as tensões que os ministros comuns vivenciam em seus trabalhos diários, o Jesus plenamente humano deve ter sofrido de exaustão durante seu ministério terreno.

3. Uma Indicação Sobre a Divindade de Jesus

Embora Jesus seja humano, ele tem plena confiança em sua identidade divina. Como somente a segunda pessoa da Trindade poderia fazer, em meio ao caos, Jesus dormia como um bebê, seguro na percepção de que ele é um com o Criador, e sua hora ainda não havia chegado. Seu dormir indica um insight divino: Jesus sabia que não iria morrer naquela noite.

É claro que todas estas três explicações são possíveis ao mesmo tempo, pois a linguagem humana nas mãos de um autor competente, pode transmitir várias ideias complexas de uma só vez.

Por que Estas Três Opções?

Certamente, Jesus a dormir, tem o intuito de nos fazer pensar sobre a história de Jonas (a primeira opção), na qual uma tempestade suspeita acontece e é silenciada por Deus e todas as testemunhas ficam aterrorizadas. Lembre-se de que os marinheiros lançaram sortes perguntando: “por causa de quem nos sobreveio este mal?” A sorte caiu sobre Jonas. Eles relutantemente lançaram o profeta ao mar e imediatamente cessou o mar de sua fúria. A ênfase está em quem é que acalma a tempestade. O SENHOR, Criador dos céus e da terra acalmou a tempestade e os marinheiros sabem que acabaram de testemunhar a mão de Deus e sua completa autoridade sobre as forças da criação. Em Jonas 1.16, “Temeram, pois, estes homens em extremo ao SENHOR”. A tradução grega deste texto enfatiza o grande medo que os marinheiros sentiram ao verem o poder de Deus ser demonstrado. É até mesmo maior do que o medo da tempestade (1.5). É amedrontador saber que o Deus cósmico, que acalma a tempestade, também se importa com a rebelião de um único homem.

Em Marcos, Jesus também está a dormir. Os discípulos o despertam por medo de perder suas vidas (tal como em Jonas, aquele que dorme é despertado com uma pergunta retórica), e o vento e as ondas se aquietaram. Marcos parece estar chamando nossa atenção para o agente que acalmou a tempestade. Em Jonas o agente foi o SENHOR, mas em Marcos 4 foi Jesus. Jesus está para a tempestade em Marcos 4 como Deus estava para o vento e as ondas em Jonas 1.

E como que para enfatizar este ponto ainda mais, os discípulos que testemunharam tudo isto são descritos praticamente com a mesma fraseologia usada na tradução grega de Jonas. Ficaram “possuídos de grande temor” (Mc 4.41). A tempestade havia sido aterrorizante, mas este profeta no barco com o poder de falar a verdade aos elementos se torna um motivo inteiramente novo de medo. A autoridade de Deus inspira este tipo de medo naqueles que a observam em primeira mão.

Mas a segunda opção também é válida. Jesus a dormir no barco é um lembrete de sua humanidade. É uma idéia fascinante que houve momentos regulares em que o Deus-homem, o Senhor do universo, pode ter se deitado e ponderado alguns pensamentos aleatórios antes que o sono chegasse. Como humano, ele podia ficar cansado, até mesmo ao ponto de exaustão. Portanto, ele entra no barco e se deita, tal como um viajante de negócios em um vôo noturno, tentando dormir enquanto pode. Os leitores de Marcos podem prontamente se identificar com a humanidade de Jesus.

A terceira opção também é convincente. Somente o fato de que Jesus ficou dormindo, é uma indicaçāo de sua divindade. De que maneira? Jesus não tinha medo do vento ou das ondas ou de qualquer coisa que estes lhe pudessem fazer. O Criador não necessita ficar inquieto diante de uma criação perigosa. Quando Jonas secretamente dormiu no porāo, ele fez isto com um espírito de fatalismo e de pavor. Quando Jesus dormiu na popa do barco, ele o fez em confiança. Ele não perdia o sono por causa de padrões climáticos.

Jesus é mais que um mestre; ele é um realizador de milagres. Quando o leitor compreende este ponto, Marcos aumenta a aposta mais ainda.

Jesus é mais que um mestre e mais que um realizador de milagres. Ele tem a autoridade do próprio Criador.

Traduzido por Pedro Henrique Aquino

Nota dos editores: Este artigo é um excerto adaptado do novo livro de Scott Redd, “The Wholeness Imperative: How Christ Unifies our Desires, Identity, and Impact in the World” [O Imperativo da Totalidade: Como Cristo Unifica Nossos Desejos, Identidade e Impacto no Mundo] (Christian Focus, 2018).

O milagre em que Jesus acalma a tempestade está registrado nos três Evangelhos Sinóticos (Mateus 8:23-27; Marcos 4:35-41; Lucas 8:22-25). Esse milagre revela de uma forma maravilhosa a completa divindade de Cristo. Ele é o verdadeiro Filho de Deus, cujo poder se estende sobre todas as coisas.

Somente Aquele por meio do qual todo o Universo foi criado, é capaz de submeter ao seu poder as leis da natureza. Jesus pode acalmar a tempestade simplesmente porque Ele é Deus! Neste estudo bíblico iremos refletir sobre esse conhecido milagre de Jesus.

Quando Jesus acalmou a tempestade?

Jesus acalmou a tempestade quando seguia com os discípulos num barco com o objetivo de atravessar o Mar da Galileia. Antes, Jesus havia passado o dia ensinando as multidões que o seguiam, e curando muitos doentes no lado ocidental do mar.

Então no final da tarde Ele entrou num barco de pesca acompanhado de seus discípulos e lhes ordenou que partissem para o outro lado do lago. Naturalmente fadigado pelo dia exaustivo que havia enfrentado, Jesus rapidamente adormeceu na popa da embarcação.

Jesus e seus discípulos partiram para o outro lado do lago também em busca de um período de descanso. Na margem oposta do Mar da Galileia ficava Decápolis, uma área que os judeus evitavam frequentar. A maior parte da população daquela área era formada por gentios. Mas foi também ali, do outro lado do lago, em sua margem oriental, que um homem possesso de demônios precisou ser libertado (Lucas 8:26-39).

O cenário em que Jesus acalmou a tempestade

Enquanto Jesus dormia, seus discípulos conduziam a embarcação que rumava para o outro lado do Mar da Galileia. Como muitos dos discípulos eram pescadores de profissão, eles estavam completamente habituados àquelas águas. Isso indica que provavelmente houve uma mudança climática inesperada.

Na verdade as tempestades repentinas são características naquela região. O Mar da Galileia é um grande lago que mede cerca de 21 quilômetros de comprimento e 14 quilômetros de largura. O lago é cercado por montanhas e está aproximadamente a mais de 200 metros abaixo do nível do mar. Tudo isto favorece o acumulo de ar quente na superfície do lago. Durante o verão, a temperatura no lago passa facilmente dos trinta graus centígrados.

Então facilmente essa estufa de ar quente que paira sobre o lago se encontra com o ar gelado que vem das montanhas. É também ali que correm as águas do degelo do monte Hermom com sues três mil metros de altura.

O resultado desse choque térmico é a formação de tempestades repentinas e violentas. Em condições normais, as águas do Mar da Galileia são bastante calmas. Mas durante uma tempestade, as águas ficam perigosamente agitadas, com ondas que podem superar dois metros de altura. Inclusive, a disposição geográfica do local favorece até a formação de redemoinhos.

Tudo indica que esse era exatamente o cenário no momento em que Jesus acalmou a tempestade. O começo da noite já havia caído sobre eles e a violência da tempestade era tão grande que assustou até mesmo os discípulos de Jesus que eram experientes pescadores. Mesmo nos dias atuais as embarcações motorizadas evitam navegar no Mar da Galileia durante uma tempestade.

Jesus acalma a tempestade e revela sua soberania

Enquanto Jesus Cristo dormia tranquilamente sobre uma almofada na popa da pequena embarcação, os discípulos lutavam com seus remos e o leme na tentativa de fugir da tempestade. Mas o esforço daqueles homens era inútil e o perigo de naufrágio era real. As ondas eram tão grandes que cobriam o barco causando inundação a bordo.

O Mestre só despertou quando foi chamado por seus discípulos. Eles estavam realmente desesperados. Por isto eles perguntaram ao Senhor Jesus: “Mestre, não te importa que pereçamos?” (Marcos 4:38).

Nessa mesma hora Jesus se levantou, repreendeu o vento e ordenou que o mar se acalmasse. Então imediatamente o vento cessou, a tempestade acalmou e as águas do mar ficaram absolutamente tranquilas.

Após acalmar a tempestade, Jesus perguntou aos seus discípulos por que eles tinham ficado com medo. Em seguida, Ele repreendeu a todos eles com o seguinte questionamento: “Onde está a fé de vocês?” (Lucas 8:25). Perplexos, atemorizados, aterrorizados e maravilhados com a soberania do Senhor Jesus, os discípulos só conseguiam perguntar uns aos outros: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos 4:41).

Quem é este que até o vento e mar lhe obedecem?

O milagre em que Jesus acalmou a tempestade revela duas preciosas verdades sobre a pessoa de Cristo.

Em primeiro lugar, o episódio em que Jesus acalma a tempestade nos fala sobre sua completa humanidade. Jesus é plenamente homem! Algumas pessoas se perguntam se Jesus realmente estava dormindo na hora da tempestade.

Em algumas pregações há até quem se aventure dizer que Jesus estava apenas testando seus discípulos. Mas isto está errado! O texto é muito claro em dizer que Jesus estava dormindo. Já era tarde e seu corpo estava abatido com o cansaço de um dia movimentado.

O fato de que Jesus esteve dormindo enquanto a tempestade assolava a embarcação, revela sua humanidade. Sim! Ali estava o Cristo plenamente homem, o Verbo perfeitamente encarnado e sujeito a todas as limitações físicas comuns a qualquer ser humano. A fadiga tinha lhe abatido de tal forma que nem mesmo a tempestade foi capaz de lhe acordar do sono profundo.

Em segundo lugar, ao acalmar a tempestade Jesus revela ser genuinamente Deus. Se por um lado a plena humanidade de Cristo foi revelada no fato de Ele ter se cansado e dormido no barco, por outro lado sua plena divindade foi revelada quando Ele soberanamente acalmou a tempestade.

Podemos até imaginar o Mestre sendo despertado pelos gritos dos discípulos. Então com um semblante de sono comum a quem acabou de acordar, Ele olhou a tempestade ao seu redor e simplesmente disse: “Cala-te! Aquieta-te!” (Marcos 4:39). Ao som de sua voz a tempestade se tornou bonança. Tudo ficou tranquilo novamente.

Que homem é capaz de submeter a sua autoridade as forças da natureza? Daí vem a pergunta dos discípulos: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”. A resposta não pode ser outra a não ser: É o Cristo, o Filho de Deus! Sendo plenamente homem, Ele dormiu no barco; mas sendo plenamente Deus, Ele acalmou a tempestade.

Não devemos temer a tempestade

O milagre em que Jesus acalma a tempestade nos ensina que não devemos temer as tormentas da vida. Jesus não repreendeu os discípulos especificamente por terem sentido medo, mas por não terem demonstrado uma fé madura. O problema é que a falta de fé inevitavelmente nos conduz ao medo. Além disso, é muito comum sentir medo diante de uma tempestade.

Mas quanto olhamos para Jesus, percebemos que esse medo não faz qualquer sentido. Durante aquela tempestade os discípulos falharam em perceber que não havia nada a temer. O mar estava revolto e o vento soprava forte; mas Aquele que estendeu o firmamento e criou o mar e seus limites, estava humildemente repousando na popa da pequena embarcação que era sacudida pelas águas.

Os discípulos deviam saber que com Jesus no barco eles estavam sempre seguros. Ele é o Senhor do Universo. Ele controla todas as coisas de acordo com a sua vontade. Até mesmo as forças da natureza que aos olhos humanos parecem indomáveis são completamente subjulgadas pelo seu poder.

Quando Jesus acalmou a tempestade, Ele cumpriu as Escrituras. O salmista escreve que o Senhor é Aquele que controla o vento e as ondas. Ele faz cessar a tormenta e acalma a violência das águas. Ele livra das dificuldades aqueles que o clamam na angústia, levando-o ao seu porto desejado (Salmo 107:23-30).

Por isto não devemos temer diante das adversidades que sacodem nosso barco. Jesus nos fez uma promessa que estaria conosco até a consumação dos séculos (Mateus 28:20). Nunca podemos deixar que o medo nos faça esquecer que Jesus acalma a tempestade, seja qual for ela. Com ele em nosso barco, podemos repetir as palavras do rei Davi: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (Salmo 23:4).

Que tal fazer Bacharel em Teologia sem mensalidades? Clique aqui!