O que foi o Modernismo brasileiro

O Modernismo no Brasil foi um movimento ligado à arte e à cultura que ocorreu no Brasil na primeira metade do século XX. É um tema bastante importante a ser estudado porque costuma aparecer em questões do Enem e do vestibular. Siga a leitura para entender o contexto histórico no qual o movimento surgiu, suas características e principais representantes.

Modernismo no Brasil – Entenda o contexto histórico

Existe um evento em especial que é considerado como o início do Modernismo no Brasil, trata-se da Semana de Arte Moderna, que aconteceu na cidade de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro de 1922. O objetivo desse evento era promover a quebra das regras de como fazer arte que eram seguidas na época, uma espécie de rompimento com o tradicional.

O movimento modernista prezava principalmente pela liberdade e valorização da cultura popular brasileira, como uma resposta à forma elitizada com a qual a arte era representada na época. Acredita-se que as Vanguardas Europeias e a insatisfação política tenham sido as grandes molas propulsoras desse desejo de romper com o tradicional.

Características do Modernismo

Por se tratar de um movimento ligado à arte e a cultura, o modernismo pode ser percebido através da literatura, das artes plásticas, do teatro, enfim, a tudo relacionado a esse universo. Veja quais são as principais características que foram percebidas nas artes durante esse período.

  • Nacionalismo;
  • Relatos do cotidiano;
  • Valorização da cultura nacional;
  • Uso do humor;
  • Busca por uma linguagem nacional.

As 3 fases do Modernismo no Brasil

O Modernismo no Brasil é dividido em três fases, considerando as características percebidas na arte nacional no período que foi de 1922 a 1978. Não há consenso entre os historiadores sobre as datas exatas, especialmente em relação ao fim, mas dá para ter uma noção da época em que aconteceu através das características obras publicadas na época.

Vale dizer que, embora cada fase tenha seus próprios traços, as três estão relacionadas com as ideias centrais do movimento, que envolvia, principalmente, romper com o tradicionalismo.

Primeira fase do Modernismo

A primeira geração modernista corresponde ao período de 1922 a 1930 e teve como marco inicial a Semana de Arte Moderna, evento que contou com apresentações de dança, palestras, recitais de poesia, música, exposições, entre outras manifestações artísticas.

A grande marca dessa primeira fase do Modernismo é o rompimento com o passado e com as escolas literárias tradicionais, como o parnasianismo e simbolismo, que eram formas de arte com viés erudito que surgiram na França no século XIX.

Nessa fase, foram publicados manifestos e revistas que mostravam esse desejo de abandonar o passado e passar a valorizar o cotidiano. Como era tudo muito novo para a época, várias dessas obras foram consideradas polêmicas e era esse o objetivo dos modernistas.

Em se tratando dos artistas de maior destaque, podemos citar aqueles que ficaram conhecidos como integrantes do Grupo dos Cinco, que eram: Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.

Segunda fase do Modernismo

Também chamada de Fase da Consolidação, a segunda fase do Modernismo compreendeu o período entre 1930 e 1945 e foi realmente uma consolidação dos ideais que foram apresentados na Semana de Arte Moderna e ao longo da primeira fase do movimento.

O livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade, Alguma Poesia, que foi publicado em 1930, representa o início de uma fase de destaque para a poesia na literatura. Os principais temas abordados nas obras dessa segunda geração eram ligados à cultura brasileira, questões sociais e fatos históricos.

As características mais marcantes desse período são a influência do romantismo e do realismo, da psicanálise de Freud, temas do cotidiano, linguagem informal, regionalismo, além da realidade cultural e social do Brasil na época.

Entre os principais autores podemos citar: José Américo de Almeida, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Mario Quintana, Vinícius de Moraes, Murilo Mendes e Jorge de Lima.

Terceira fase do Modernismo

A terceira e última fase do Modernismo, também conhecida como Geração de 45, começou em 1948 e foi até pouco antes do início dos anos 80. Mas, vale dizer que existem historiadores que defendem que ela continua presente nas obras publicadas atualmente.

Em comparação com as outras duas gerações do movimento, essa é a que ocorreu em um período menos conturbado da história. Em 1945, o Brasil estava vivendo o fim da Era Vargas e o mundo o fim do Nazismo e da Segunda Guerra Mundial.

Como reflexo da realidade da época, os autores da terceira fase do modernismo demonstraram uma postura contrária a aquelas que marcaram as outras duas fases, com mais formalidade e um retorno às influências do Parnasianismo e do Simbolismo.

Os autores de maior destaque da terceira fase do Modernismo são: João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, Ariano Suassuna e Lygia Fagundes Telles.

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O modernismo brasileiro foi um movimento cultural e artístico que teve um grande impacto na cultura nacional, sobretudo nas áreas da literatura e das artes plásticas.

Alguns dos seus traços principais reformularam profundamente o modo de pensar a criação e de encarar a sociedade, influenciando as gerações futuras.

Modernismo brasileiro: resumo

O modernismo brasileiro surgiu na primeira metade do século XX e foi uma corrente artística e cultural que revolucionou o panorama nacional.

O movimento chegou ao território brasileiro através do eco das vanguardas europeias, como o futurismo, o cubismo e o Surrealismo. Desafiando e contrariando as tradições e os modelos das gerações anteriores, o movimento procurava a liberdade e a inovação.

Assim como em outras partes do mundo, o modernismo brasileiro estava buscando novas ideias e formas de criar. Aqui, no entanto, o movimento foi mais além, já que coincidiu com uma fase em que o país procurava a sua identidade.

Depois de séculos em que os artistas e escritores apenas reproduziam e importavam referências europeias, o modernismo trouxe a atenção para o solo nacional. Começa a existir uma maior valorização da cultura e do povo brasileiro: seu modo de falar, sua realidade, seus problemas.

A princípio, a crítica foi feroz contra os modernistas, chegando a insinuar que eram loucos, devido às suas propostas e concepções artísticas. Mesmo assim, influenciaram amplamente nossa literatura, arte e cultura.

Conheça mais sobre o Modernismo: características e contexto histórico.

Características do modernismo brasileiro

Ruptura com a tradição

Ao contrário das escolas e tradições anteriores, que prescreveram modelos, técnicas e temas restritos para a criação artística, o modernismo queria subverter as regras. Na literatura, por exemplo, os modernistas estavam abandonando as formas fixas e os esquemas rimáticos.

Postura experimentalista

Com influências das correntes vanguardistas, o modernismo buscava outros modos de explorar a mente humana, outras metodologias e práticas para conhecer e criar. Por isso, estava sempre disposto a inovar, a experimentar, a arriscar técnicas novas.

Valorização do cotidiano

As mudanças não vieram apenas ao nível da forma e da estética, mas também nas temáticas que passaram a ser abordadas na literatura e nas artes plásticas. A criação passa a abranger e refletir os pequenos detalhes da vida cotidiana, até então desvalorizados.

O modernismo foi também o motor para a busca e reconstrução de uma identidade nacional, depois de séculos de dominação portuguesa e mera reprodução das influências europeias. A arte e a literatura do modernismo contrariam essas tradições, se focando no sujeito brasileiro.

Assim, procura refletir sua cultura, seus costumes e sua linguagem, entre outras características nacionais. Demonstra também a pluralidade e diversidade que existe no nosso território, os vários "Brasis" possíveis.

Revalorização da cultura e herança indígena

Na busca dessa identidade, o modernismo brasileiro se focou em algo que vinha sendo apagado e menosprezado até então: a vasta cultura indígena. Assim, os modernistas decidiram explorá-la nas suas obras..

Lembremos, por exemplo, os quadros de Tarsila do Amaral, um dos principais nomes da pintura modernista brasileira:

O que foi o Modernismo brasileiro
O que foi o Modernismo brasileiro
Quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral.

Descubra mais sobre o quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral.

Fases do modernismo brasileiro na literatura

Dividido em três fases, o modernismo no Brasil assumiu várias facetas e características, ao longo dos tempos.

Em traços gerais, se distingue a ideia de ruptura com as tradições, se instaurando novas estruturas, como o verso livre. Há também a atenção ao cotidiano, que se reflete numa linguagem mais simples e próxima do registro oral.

1ª Fase: Fase Heroica (1922 — 1930)

Renovação

A primeira fase, conhecida como Heroica, é apontada como a mais radical de todas, já que reclamava o abandono de todas as convenções e a total renovação de paradigmas.

Irreverente e iconoclasta, esta geração decidiu destruir todos os modelos, partindo em busca de algo original e verdadeiramente brasileiro. Esse processo também passou por uma revalorização da cultura indígena, tantas vezes relegada para segundo plano.

O nacionalismo foi um dos traços marcantes dessa fase, assumindo contornos diametralmente opostos. De um lado estava o nacionalismo crítico, que denunciava as violências da realidade brasileira. Do outro, estavam os ufanistas, com o seu patriotismo exacerbado e ideais extremistas.

Revistas e manifestos

Entre as publicações da época, se destacam a Revista Klaxon (1922 — 1923), o Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924 — 1925) e a Revista de Antropofagia (1928 — 1929).

O que foi o Modernismo brasileiro
Capa da Revista de Antropofagia (1929).

Conheça mais sobre o Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.

2ª Fase: Fase da Consolidação ou Geração de 30 (1930 —1945)

Mais ponderada que a anterior, esta é uma geração de continuidade, que mantém alguns princípios fundamentais do modernismo de 22, como o verso livre e a linguagem coloquial.

Olhar sociopolítico

A segunda onda modernista se afasta do desejo de destruição da primeira fase. Dedicada principalmente à poesia e ao romance, a Geração de 30 começou a se debruçar sobre questões sociopolíticas e filosóficas. Adotando uma postura mais solene e consciente, buscava o lugar do homem no mundo e refletia sobre o cidadão brasileiro.

Regionalismo

Prestando atenção às diferentes realidades nacionais, em vários pontos do país, esta fase de consolidação começou a perceber as desigualdades que existiam no Brasil.

Assim, o regionalismo da época (enfatizado principalmente no Nordeste) denunciava práticas como o coronelismo, a exploração da classe trabalhadora, as consequências da escravidão, a precariedade dos retirantes, entre outras.

Além das temáticas, a literatura começou a estar atenta às próprias linguagens locais, reproduzindo expressões regionais e gírias.

O ano de 1928 marcou a ascensão do romance regionalista, com A Bagaceira, de José Américo de Almeida, e Macunaíma, de Mário de Andrade.

3ª Fase: Fase Pós-Modernista ou Geração de 45 (1945 — 1960)

A Geração de 45 também ficou conhecida como Pós-Modernista, já que ela se opunha aos parâmetros estéticos da fase inicial, como a liberdade formal e a sátira, entre outras.

Existem algumas controvérsias acerca do final deste período; embora seja apontado o ano de 1960, alguns críticos acreditam que se estendeu até à década de 80.

Intimismo

A literatura da época deu primazia à poesia, que era amplamente influenciada pelas agitações políticas nacionais e internacionais. O mundo começava a ser assombrando pela Guerra Fria, uma série de conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética (1945 — 1991).

Durante esse período, o Brasil enfrentou o final da Era Vargas, o Populismo e também os movimentos que prepararam a instauração da Ditadura. A poesia produzida nesta fase se caracteriza por ser grave, séria e focada na reflexão e no indivíduo.

Regionalismo focado no Sertão

Na prosa, no entanto, se mantem a tradição do regionalismo, desta vez atento à realidade sertaneja. Um dos maiores exemplos é o clássico da literatura brasileira Grande Sertão: Veredas (1956), de Guimarães Rosa.

O que foi o Modernismo brasileiro
Capa do livro Grande Sertão: Veredas (1956), de Guimarães Rosa.

Modernismo no Brasil: principais autores e obras

Quando falamos do modernismo no Brasil, o nome de Oswald de Andrade (1890 — 1954) é inesquecível. O autor foi o pioneiro do movimento em território nacional, liderando as agitações da Semana de Arte Moderna.

Com O Manifesto da Poesia Pau-Brasil, reclamou um fazer poético centrado no contexto nacional e também na cultura popular, propondo uma "redescoberta do Brasil".

O que foi o Modernismo brasileiro
Retrato do escritor Oswald de Andrade.

Já no Manifesto Antropófago (1928), propõe que o brasileiro "engula" as influências europeias para "digeri-las", ou seja, recriá-las num outro contexto.

Quem também estava no movimento desde o começo e se destacou foi Mário de Andrade (1893 — 1945) que, em 1928, publicou Macunaíma, uma das maiores obras da nossa literatura.

O que foi o Modernismo brasileiro
Capa do livro Macunaíma (1928), de Mário de Andrade.

Narrando a história do índio Macunaíma desde o seu nascimento, o livro surgiu a partir das pesquisas que o autor estava fazendo acerca da cultura brasileira e suas origens.

Em 1969, o romance foi adaptado para o cinema por Joaquim Pedro de Andrade, com Grande Otelo no papel principal.

Carlos Drummond de Andrade (1902 — 1987), um dos maiores poetas nacionais, foi também um grande representante da segunda geração do Modernismo no Brasil.

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Retrato do escritor Carlos Drummond de Andrade.

Os seus versos se focavam nas grandes questões sociopolíticas da época, não deixando de refletir sobre o lugar do indivíduo no mundo.

Com uma linguagem próxima da oralidade e temas do cotidiano, o poeta conquistou várias gerações de leitores e influenciou amplamente o fazer poético brasileiro.

Finalmente, precisamos mencionar um autor que, junto com Guimarães Rosa (1908— 1967), representou o regionalismo e os romances modernistas brasileiros: Graciliano Ramos (1892 — 1953).

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Capa do livro Vidas Secas e retrato do seu autor, Graciliano Ramos.

Vidas Secas (1938) é considerada a sua obra-prima, traçando um retrato comovente das experiências de vida no sertão. O livro mostra a pobreza, a fome e as lutas diárias de uma família nordestina que tenta sobreviver.

Outros autores de destaque

  • Manuel Bandeira (1886 — 1968)
  • Cassiano Ricardo (1894 — 1974)
  • Plínio Salgado (1895 — 1975)
  • Menotti del Picchia (1892 — 1988)
  • Guilherme de Almeida (1890 — 1969)
  • Vinícius de Morais (1913 — 1980)
  • Cecília Meireles (1901 — 1964)
  • Murilo Mendes (1901— 1975)
  • Clarice Lispector (1920 — 1977)
  • Rachel de Queiroz (1910 — 2003)
  • José Lins do Rego (1901—1957
  • Lygia Fagundes Telles (1923)

Contexto histórico: a origem do modernismo no Brasil

Sempre ligado ao contexto social e político da época, o modernismo brasileiro surge na ressaca da Primeira Guerra Mundial, que ocorreu entre os anos de 1914 e 1918.

No território nacional, o período ficou também marcado pelo aumento da inflação, que estava gerando um sentimento de insatisfação popular.

Apesar de já existirem expressões anteriores do modernismo no Brasil, o movimento ficou eternamente associado a um ano em específico: 1922.

O que foi a Semana de Arte Moderna de 1922?

A Semana de Arte Moderna é apontada como o marco inicial do modernismo no Brasil, embora também tenha contado com a participação de criadores de outras correntes.

O que foi o Modernismo brasileiro
Cartaz da última noite da Semana de Arte Moderna (17 de fevereiro de 1922).

O evento aconteceu em São Paulo, no Theatro Municipal, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922.

Na data que celebrava o centenário da Independência do Brasil, os modernistas pretendiam reconstruir o país e seu panorama cultural através da arte, da música e da literatura.

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Comissão organizadora da Semana de Arte Moderna, com Oswald de Andrade em destaque (na frente).

Confira tudo sobre a Semana de Arte Moderna e os Artistas importantes da Semana de Arte Moderna.

Como surgiu o Modernismo?

O modernismo se configurou como movimento cultural e artístico numa época que se caracterizou por grandes conflitos e mudanças: o período temporal que separou a Primeira Guerra Mundial (1914 — 1918) e a Segunda (1939 — 1945).

Esse tempo também foi definido pelo processo rápido de industrialização, que se traduzia na busca do progresso e da inovação.

Em 1890, Siegfried Bing abriu a loja Art Nouveau, em Paris,que reunia peças que estavam sendo produzidas no momento e seguiam uma determinada estética. A partir daí, começou a se estabelecer o rótulo de "modernismo".

Na Europa, o movimento foi se multiplicando em inúmeras correntes vanguardistas como o Surrealismo, o Futurismo, o Expressionismo, entre outras que ecoaram pelo mundo todo.

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