O que é bom comer quando esta com covid

Antes de mais nada, um alerta: não existe alimento, nutriente ou vitamina milagrosos que previnam ou curem a COVID-19. Mas é possível (e necessário) fortalecer o sistema imunológico para que o corpo consiga se defender da melhor forma caso seja infectado.

Aí sim a alimentação se torna uma poderosa aliada. E, para conseguir isso em tempos de tempos de isolamento social, com menos idas a supermercados ou feiras, é preciso planejar. Aqui, você vai ver:

É recomendável manter o consumo de frutas e legumes variados em pelo menos cinco porções por dia. Eles contêm vitaminas e antioxidantes que ajudam a fortalecer o sistema imunológico.

Vitaminas A e C são as mais lembradas quando se fala em imunidade. A fama é justa, mas elas sozinhas não são capazes de garantir um sistema imunológico forte. 

Vitamina C: a orientação é ingerir diariamente 75 mg, no caso das mulheres, e 90 mg, no caso dos homens. São exemplos de alimentos fonte de vitamina C: laranja, limão, acerola, goiaba, caju, kiwi, morango, melancia, salsinha, pimentão vermelho e batata-doce.

Vitamina A: a recomendação diária dessa vitamina é de 700 microgramas (µg) para mulheres e 900 µg para homens. Suas principais fontes são: bife de fígado, cenoura, batata-doce e frutas de coloração amarelo-alaranjada, como manga, mamão e caqui. 

Para que o conjunto de células, tecidos, órgãos e moléculas que formam o sistema imunológico funcione bem, é preciso uma alimentação equilibrada com proteínas, carboidratos, gorduras e sais minerais. 

E água, muita água. A hidratação é fundamental para o funcionamento do corpo, sendo vital para as células do sistema imunológico. Por isso, não espere a sede chegar: mantenha sua garrafinha sempre por perto e beba água várias vezes ao dia. Sua saúde agradece.

Para garantir o equilíbrio de nutrientes, reforçar a imunidade e reduzir as idas ao supermercado ou à feira (para evitar aglomerações), é preciso planejamento! Reunimos aqui 7 dicas:

1 - Crie o cardápio da semana e liste os ingredientes necessários. Confira o que tem na despensa e na geladeira e faça uma lista do que falta.

Dica extra: se você tem crianças alfabetizadas em casa, pode convidá-las a se envolverem na missão de pesquisar receitas, calcular quantidades necessárias ou escrever a lista de compras para treinar sua ortografia. Tudo é oportunidade de aprendizado!

2 - Escolha horários com menos movimento para ir às compras ou compre on-line.

3 - Não exagere nas compras. Escolha o que é necessário e justo. Além de ser um ato consciente em relação às necessidades das outras pessoas, ajuda a evitar desperdícios.

4 - Evite comprar alimentos ultraprocessados, como bolachas, refrigerantes e sopas solúveis. A maioria deles é rica em sódio, gordura trans e calorias vazias. 

5 - O ideal é organizar a rotina para preparar as próprias refeições em casa. Por exemplo, aproveitar o domingo para higienizar e armazenar legumes ou cozinhar feijão a mais para congelar em porções. Nesse caso, deve-se usar quantidades pequenas de sal, gordura e açúcar nos preparos caseiros. 

6 - Prefira as versões integrais de arroz, massas e pães. Eles são ricos em fibras, vitaminas, sais minerais e antioxidantes e têm menos gorduras saturadas.

Dica extra: para evitar desperdícios, guarde o pão na geladeira ou mesmo no congelador e o aqueça na hora de comer.

7 - Aproveite este momento em casa para descobrir formas de consumir mais frutas e legumes.

Frutas frescas mais resistentes: maçã, laranja, limão, goiaba, melão, abacaxi. 

Legumes frescos e resistentes: aipo, brócolis, cebola, batata, batata-doce, inhame, cenoura, abóbora.

Além de planejar, é preciso caprichar na conservação de frutas e legumes para que durem mais tempo. Uma técnica bastante eficaz é o branqueamento de hortaliças, que permite que alimentos sejam congelados por até três meses. Veja como fazer:

1 - Lave e corte os legumes e as verduras na forma em que deverão ser consumidos 

2 - Mergulhe-os em uma panela de água fervente com fogo alto e feche a tampa (veja o tempo na tabela abaixo) 

3 - Com uma peneira ou escumadeira, retire-os da panela e mergulhe-os em água bem fria com gelo e deixe pelo mesmo tempo. Esse choque térmico interrompe o cozimento

4 - Escorra a água e acondicione os alimentos em potes herméticos ou sacos de plástico próprios, preenchendo-os até a borda

5 - O descongelamento pode ser feito direto no cozimento

A técnica preserva o valor nutricional, a coloração e o sabor, pois reduz a carga microbiana e diminui a ação enzimática natural que acabaria estragando o alimento. Assim, aumenta seu tempo de vida útil, ajudando na conservação.

Branquamento de hortaliças para congelar

abobrinha ralada 1 a 2 minutos
acelga picada, almeirão picado, brócolis, cenoura picada, cheiro-verde, chicória picada, couve picada, espinafre picado, moranga picada, feijão-vagem, folha de mostarda picada 2 minutos
abobrinha picada, aipo (talos picados), alho-poró (talo), quiabo, ervilha em vagem 2 a 3 minutos
abóbora madura picada, nabo picado 3 minutos
aspargo 2 a 4 minutos (depende do tamanho)
batata 3 a 5 minutos (depende do tamanho)
berinjela picada 4 minutos
tomate picado 20 a 30 minutos
tomate, pimentão, couve picada, repolho picado não precisa branquear, desde que sejam utilizados em preparos cozidos
batata, batata-doce, taro, inhame, cará, abóbora podem ser congelados como purê
morango, melancia, melão, não precisa branquear: use os pedaços congelados em sucos e vitaminas

Fonte: Embrapa

O branqueamento não é recomendado para hortaliças consumidas cruas, como alface, agrião e rúcula. Nesse caso, a dica é higienizar, deixar que sequem bem e guardar em potes na geladeira, alternando camadas de folhas verdes com camadas de papel toalha. Ao longo da semana, troque o papel se notar que ele está úmido. Com esse cuidado, você terá sua salada prontinha para consumo por muito mais tempo. 

Com planejamento e evitando desperdícios, o desafio de manter uma alimentação saudável sem sair de casa (ou saindo apenas o mínimo possível) se torna um pouco mais fácil. Para reforçar ainda mais sua imunidade, não esqueça: o corpo precisa de movimento e de descanso. Por isso, pratique atividades físicas em casa e respeite as horas de sono.

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Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil

Fonte: Asbran, Ministério da Saúde, Nações Unimed Brasil

Revisão técnica: equipe médica da Unimed do Brasil




Após mais de um ano do início da pandemia da Covid-19, todos nós imaginávamos que, a esta altura, já estaríamos livres da doença. Infelizmente isso não aconteceu e, com o aumento de casos nos últimos meses, é importante conhecermos os melhores cuidados na fase de recuperação do problema, que pode abranger, inclusive, adaptações na alimentação.

A infecção pelo coronavírus já atingiu mais de 140 milhões de pessoas pelo mundo e seus principais sintomas incluem febre, tosse e fadiga, frequentemente associados ao comprometimento pulmonar. Em casos graves, com o aumento da inflamação sistêmica e a falta de ar, o paciente pode precisar ser internado e receber ventilação artificial numa UTI.

Já sabemos que ter idade avançada, doenças crônicas (como hipertensão e diabetes) e excesso de peso aumenta o risco de complicações pela Covid-19. E despontam evidências de que alimentação desequilibrada, sedentarismo, excesso de bebida alcoólica e tabagismo apresentem uma relação indireta com a maior gravidade da doença.

Durante a fase de internação hospitalar e, principalmente, na reabilitação em casa, os cuidados com a alimentação influenciam a recuperação e a qualidade de vida de quem encarou de perto o coronavírus. O longo período de restrição ao leito, combinado com baixo consumo alimentar e o quadro inflamatório, promovem desnutrição. Sim, muitos dos pacientes chegam em casa desnutridos e com perda de massa muscular, o que pode agravar as sequelas e elevar o tempo de recuperação.

Nessas circunstâncias, a dieta deve ser ajustada para ser hipercalórica e, tantas vezes, enriquecida de suplementos proteicos. Para os doentes com dificuldade de deglutição após uma intubação prolongada, é necessário modificar a consistência dos alimentos, priorizando comida em forma de purês, por exemplo.

Em situações mais graves, orientamos o uso de uma sonda localizada no estômago até que a alimentação pela boca seja normalizada. Esses casos exigem acompanhamento profissional para realizar as devidas indicações e adaptações na dieta.

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Outro ponto de atenção é que se mostra bastante comum o aumento nos níveis de açúcar no sangue durante e após a infecção pelo coronavírus. A hiperglicemia, como chamamos o quadro, está presente em diversas infecções e, no caso da Covid-19, também tem sido associada à ingestão inadequada de proteínas, fibras e micronutrientes como os minerais zinco e selênio e as vitaminas D, C e B12, sobretudo na presença de diabetes.

Vale notar que os efeitos da hiperglicemia podem ser potencializados pela desnutrição. Mas se admite que o consumo de calorias e nutrientes em quantidade adequada ajude a restabelecer o controle glicêmico nesse contexto.

Em publicação recente no periódico Clinical Nutrition, pesquisadores observaram, após análise do consumo alimentar de populações de 170 países, que as maiores taxas de recuperação de Covid-19 ocorreram em territórios que já erradicaram a fome, demostrando o impacto da desnutrição no agravamento da doença.

Além disso, o consumo balanceado de fontes de proteína teve destaque positivo na recuperação dos doentes. Os autores destacam que ovos, carnes, peixes e frutos do mar, bem como frutas, verduras e castanhas, foram os alimentos que, ingeridos rotineiramente, mais favoreceram a melhora.

Tudo isso também tem a ver com o já conhecido impacto de um cardápio saudável e diversificado no fortalecimento do sistema imunológico — leia mais a respeito aqui. Tem ficado cada vez mais claro que uma dieta e um estilo de vida equilibrado contribui não só na prevenção mas também na recuperação da Covid-19.

* Dan Waitzberg é nutrólogo, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Ganep Nutrição Humana

(Este texto foi produzido pelo Nutritotal em uma parceria exclusiva com VEJA SAÚDE)