I Instrumento: R. Est. Pesq. Educ., Juiz de Fora, v. 18, n. 1, jan./jun. 2016 132 avaliação de política pública, é preciso salientar que a mesma pode ser realizada em cada um dos estágios pelos quais passa o processo, pois “em cada um deles, os atores, as coalizões, os processos e as ênfases são diferentes” (S , 2006, p. 32), oferecendo, assim, uma resposta peculiar para cada fase do planejamento e desenvolvimento de uma política especíca. A tomada de decisão sobre o direcionamento a ser dado à política, programa ou projeto está diretamente vinculada à fase em que esta foi avaliada. De acordo com Saravia (2006), teoricamente tem-se sete fases: 1) [...] da agenda ou da inclusão de determinado pleito ou necessidade social na agenda, na lista de prioridades, do poder público. [...] 2) [...] a elaboração, que consiste na identicação e delimitação de um problema atual ou potencial da comunidade, a determinação das possíveis alternativas para sua solução ou satisfação, a avaliação dos custos e efeitos de cada uma delas e o estabelecimento de prioridades. [...] 3) A formulação, que inclui a seleção e especicação da alternativa considerada mais conveniente, seguida de declaração que explicita a decisão adotada, denindo seus objetivos e seu marco jurídico, admin istrativo e nanceiro. [...] 4) A implementação, constituída pelo planejamento e organização do aparelho administrativo e dos recursos humanos, nanceiros, materiais e tecnológicos necessários para executar uma política. Trata-se da preparação para pôr em prática a política pública, a elaboração de todos os planos, programas e projetos que permitirão executá-la. [...] 5) A execução, que é o conjunto de ações destinado a atingir os objetivos estabelecidos pela política. É pôr em prática efetiva a política, é a sua realização. Essa etapa inclui o estudo dos obstáculos, que normalmente se opõem à transformação de enunciados em resultados, e especialmente, a análise da burocracia. [...] 6) O acompanhamento, que é o processo sistemático de supervisão da execução de uma atividade (e de seus diversos componentes), que tem como objetivo fornecer a informação necessária para introduzir eventuais correções a m de assegurar a consecução dos objetivos estabelecidos. [...] 7) A avaliação, que consiste na mensuração e análise, a posteriori, dos efeitos produzidos na sociedade pelas políticas públicas, especialmente no que diz respeito às realizações obtidas e às consequências previstas e não previstas (S , 2006, p. 33-35, grifo nosso). Embora de modo não explícito, estão presentes nas fases propostas por Saravia os três tipos de avaliação concebidos, por Scriven, como: avaliação diagnóstica, formativa e somativa. No entanto, o que habitualmente se observa, na prática, é que essas fases nem sempre são observadas, dicultando a avaliação e inuenciando a tomada de decisão referente à prioridade e relevância da proposta de política. Apesar de haver diferentes enfoques ou modelos de avaliação (S; S, 1989), Mugnol e Gisi (2012) descrevem a existência de seis modelos de avaliações de políticas públicas, os quais são brevemente descritos a seguir: 1) O modelo baseado em objetivos, quando estes estão claramente denidos e constituem parâmetros explícitos para o trabalho de avaliação; 2) O modelo direcionado para a tomada de decisão, ou seja, para obter informações que permitam a tomada de decisões em relação ao futuro do programa; 3) O modelo livre de objetivos (“goal free model”) quando o avaliador toma por base os resultados efetivamente alcançados pelo programa avaliado, independente do que estabelecem os objetivos iniciais; 4) O modelo transacional, ou seja, orientado para os participantes, dentro do qual o avaliador se torna um observador participante estabelecendo uma interação entre avaliador e avaliados; 5) O modelo do contraditório (“adversar y oriented” ou “advocacy oriented)”, quando se busca chegar à avaliação contrastando pontos de vistas divergentes ; 6) O modelo de discrepâ ncias, utili zado para avaliar ambientes que por sua complexidade não permitem o estabelecimento de relações de causa e efeito entre variáveis; neste caso a avaliação tem por objetivo exatamente denir essas relações, comparando os resultados obtidos com os padrões temporários e tentativos estabelecidos inicialmente (M; G, 2012, p. 8). Vale lembrar que a avaliação deve ser adequada ao programa ou projeto, bem como à fase em que o mesmo se encontra, pois as tarefas dos avaliadores dependem do estágio de atividade em que se encontra o programa e das necessidades e interesses dos diversos interessados na avaliação, tais como os formuladores de |