Reavivamento comercial da Baixa Idade Média, formação dos Estados Nacionais e ascensão da burguesia

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  1. 3) Sobre as características das Grandes Navegações do século XV, indique a alternativa incorreta:

    • a) Em 1434, o navegador Gil Eanes ultrapassou o Cabo do Borjador, abrindo portas para a conquista lusitana sobre o litoral africano.
    • b) Desde o século XII, a entrada dos produtos orientais se dava pelo monopólio exercido pelos comerciantes italianos e árabes no Mar Mediterrâneo. Com o objetivo de superar a dependência para com esses atravessadores, Portugal promoveu esforços para criar uma rota que ligasse diretamente os comerciantes portugueses aos povos do Oriente.
    • c) Como consequência das várias expedições realizadas pelos portugueses na costa ocidental do continente africano, o navegador Vasco da Gama conseguiu chegar à cidade indiana de Calicute em 1498, e voltou a Portugal com uma embarcação cheia de especiarias.
    • d) Ao mesmo tempo em que Portugal despontou em sua expansão marítima, a Espanha, mesmo envolvida no processo de expulsão dos mouros da Península Ibérica, acompanhou os portugueses nas expedições marítimas. O fim da chamada Guerra de Reconquista foi apenas mais um passo para o fortalecimento dos espanhóis na corrida de expansão marítima.
    • e) A rivalidade entre Portugal e Espanha pela exploração das novas terras descobertas levou ambos os reinos a assinarem tratados definidores das regiões a serem dominadas por cada um deles. Em 1493, a Bula Intercoetera estabeleceu as terras a 100 léguas de Cabo Verde como região de posse portuguesa. No ano seguinte, Portugal solicitou o alargamento das fronteiras para 370 léguas de Cabo Verde, instituindo o Tratado de Tordesilhas.

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As Grandes Navegações foram navegações oceânicas realizadas ao longo do século XV que permitiram a exploração do Oceano Atlântico. Foram possíveis graças à acumulação de conhecimento náutico e à chegada de novas tecnologias que facilitaram a navegação. O país que possuiu as condições necessárias para iniciar as Grandes Navegações foi Portugal.

Ao longo do século XV, Portugal organizou inúmeras expedições no Oceano Atlântico, tendo como ponto de partida a conquista de Ceuta, em 1415. Os portugueses chegaram a uma série de ilhas no Atlântico, encontraram uma rota alternativa para a Índia, e chegaram ao Brasil no final do século XV. Os espanhóis, por sua vez, chegaram à América primeiro, em 1492.

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Pioneirismo português

Reavivamento comercial da Baixa Idade Média, formação dos Estados Nacionais e ascensão da burguesia
Lisboa era um grande centro comercial no século XV. De lá partiram centenas de embarcações durante as Grandes Navegações.

A exploração do Oceano Atlântico sempre foi algo que intrigou os europeus, e, desde o período medieval, alguns avanços permitiram que ela fosse possível. Um dos primeiros povos europeus a lançarem-se numa exploração oceânica foram os nórdicos, que, no final do século VIII, alcançaram a Inglaterra, e, a partir daí, chegaram à Islândia, no século IX, e à América do Norte, no final do século X.

O acúmulo de conhecimento náutico e o desenvolvimento de novas tecnologias possibilitaram que as Grandes Navegações iniciassem-se no século XV, e os portugueses são considerados os pioneiros nesse processo. Isso aconteceu porque Portugal reunia uma série de condições que permitiram que o país lançasse-se na navegação e exploração do Oceano Atlântico.

Portugal reunia condições políticas, econômicas, geográficas, e até mesmo a sociedade portuguesa abraçou a exploração marítima. No longo prazo, sabemos que isso fez com que Portugal chegasse a locais até então desconhecidos para os europeus em geral. Novos caminhos foram descobertos e novos comércios foram abertos para eles.

Contudo, por que Portugal foi o país pioneiro nas Grandes Navegações? Os fatores são variados e podemos começar pela estabilização política. Desde o final do século XIV, quando aconteceu a Revolução de Avis, Portugal gozava de uma monarquia consolidada e um poder político estável nas mãos da dinastia de Avis. Outras regiões da Europa, como a Espanha, passavam por grandes conflitos de poder.

Além disso, Portugal gozava de unificação territorial, uma vez que a última parcela do território português foi anexada ao reino na metade do século XIII, quando a região de Algarve foi reconquistada e os mouros foram expulsos dela. Novamente em comparação com a Espanha, o reino de Castela travou conflitos contra os mouros durante o século XV, e o reino de Aragão travou conflitos com a França por territórios no mesmo século.

Na questão econômica, Portugal era um importante centro de comércio, e sua principal cidade, Lisboa, desde o século XIII, já mantinha contatos comerciais de longa distância, segundo o historiador Boris Fausto|1|. Lisboa mantinha contato com mercados árabes, e o comércio local tinha prosperado bastante por meio de financiamentos realizados pelos genoveses.

O mercado árabe, por sua vez, possuía dois importantes itens para os portugueses: ouro e especiarias. O consumo das especiarias foi introduzido na Europa depois das Cruzadas, e elas eram muito utilizadas na conservação de alimentos e na produção de perfumes e medicamentos. Eram mercadorias valiosas e rendiam um lucro muito alto. O fechamento da rota que passava por Constantinopla, em 1453, tornou mais complicado o acesso a essa mercadoria.

Outro fator que não podemos esquecer é a localização geográfica de Portugal. Esse país tem todo o seu litoral voltado para o Oceano Atlântico. Além disso, Portugal fica muito próximo das correntes marítimas do Atlântico, o que facilitava e incentivava a navegação desse oceano.

Por fim, como coloca Boris Fausto, toda a sociedade portuguesa incentivava a navegação atlântica, o que fez dela um grande projeto nacional|2|. O historiador resume que a navegação atlântica agradava aos comerciantes porque lhes trazia perspectivas de bons negócios; para a Coroa, representava a chance de reforçar os cofres; para nobreza e Igreja, trazia possibilidade de cristianizar pagãos e conquistar influência e riqueza; e para o povo em geral, trazia chance de uma vida melhor|3|.

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Em 1441, os portugueses inventaram a caravela, embarcação que facilitou a exploração do oceano.

Os historiadores consideram que o ponto de partida da expansão marítima dos portugueses foi a conquista de Ceuta, no norte da África, em 1415. Isso aconteceu porque os portugueses queriam ter acesso ao ouro árabe e queriam encontrar o mítico reino de João Preste, para juntarem-se a ele na luta contra os muçulmanos.

A exploração oceânica feita pelos portugueses concentrou-se em explorar a costa do continente africano, e, aos poucos, chegou-se a locais até então desconhecidos por eles. Na ordem cronológica, os portugueses chegaram a Madeira em 1420, a Açores em 1427, às ilhas de Cabo Verde em 1460 e a São Tomé em 1471.

Um dos grandes feitos da exploração da costa africana foi o contorno do Cabo do Bojador, em 1434. Esse cabo localiza-se no território da atual Saara Ocidental e, no século XV, era um local alvo de muitas lendas e mitos por conta da grande quantidade de embarcações portuguesas que tinham desaparecido nele.

Isso acontecia porque o Cabo Bojador possui uma série de recifes, muitos pontiagudos, e em determinadas partes do cabo a profundidade da água é muito pequena. Esses dois fatores faziam com que as navegações naquele local fossem muito perigosas. O responsável por contornar esse cabo foi o navegante Gil Eanes.

Em 1441, uma nova embarcação foi desenvolvida pelos portugueses: a caravela. Ela facilitou a navegação marítima, sobretudo nas situações em que o vento estava contra a embarcação. Essa embarcação utilizava-se de velas para navegar e mesclava velas quadradas com velas latinas (triangulares). Foi o principal meio de transporte marítimo dos portugueses até o século XVII.

Nesse mesmo ano, registrou-se também que a compra de escravizados africanos pelos portugueses tornou-se muito comum, e a historiadora Marianne Mahn-Lot traz um registro feito por um cronista português do século XV, chamado Gomes Eanes de Zurara, que justificava a escravidão dos negros como consequência da maldição de Deus sobre Cam, um dos filhos de Noé. Nessa lógica, os negros seriam descendentes de Cam e, portanto, amaldiçoados|4|.

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No reinado de d. João II, o Cabo da Boa Esperança foi superado pelo navegante Bartolomeu Dias em 1488.[1]

Em 1481, d. João II foi coroado rei de Portugal e a exploração atlântica ganhou novo incentivo, com o enfoque ainda na exploração da costa africana. O objetivo era encontrar uma passagem que permitisse aos portugueses alcançarem o comércio de especiarias na Índia. À medida que exploravam a costa africana, novas feitorias portuguesas eram estabelecidas. Além dos escravizados, os portugueses compravam marfim e pimenta|5|.

Com a exploração do Atlântico, os portugueses também puderam iniciar a exploração econômica dos locais a que chegavam. Em Madeira, eles realizaram o plantio de trigo e da cana-de-açúcar. Já em São Tomé, por exemplo, estabeleceram o plantio da cana-de-açúcar, e o local tornou-se um entreposto de escravizados que eram comprados para ser enviados ao Brasil.

Outro momento de destaque das navegações portuguesas foi a travessia do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano, realizada pelo navegante Bartolomeu Dias em 1488. Esse cabo também era conhecido como Cabo das Tormentas por conta de suas águas agitadas, e a passagem por ele permitiu a descoberta de uma nova rota para a Índia, feito realizado pelo navegante Vasco da Gama em 1498.

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Vasco da Gama foi o primeiro português a concretizar uma rota marítima de Portugal até a Índia. Esse feito aconteceu em 1498.

Vasco da Gama regressou a Portugal da Índia em julho de 1499, e, meses depois, uma nova expedição foi organizada. Essa foi a expedição de Pedro Álvares Cabral, que tinha como destino final a Índia, mas que também tinha como missão verificar as possibilidades dos portugueses no oeste após a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494.

Como mencionado neste artigo, Portugal tinha condições que outros países da Europa, como a Espanha, não possuíam. Os portugueses foram os grandes pioneiros das Grandes Navegações, mas foram os espanhóis quem enviaram a primeira expedição para a América nesse contexto.

Primeiramente, durante a segunda metade do século XV, a Espanha (que correspondia aos Reinos de Castela e Aragão) enfrentou conflitos dinásticos, conflitos contra os franceses e, principalmente, contra os mouros, estabelecidos ainda no reino de Granada, no sul da Península Ibérica. Só depois que os espanhóis conquistaram Granada, em 1492, é que eles lançaram-se na navegação atlântica.

A primeira grande expedição espanhola foi liderada pelo genovês Cristóvão Colombo, que convenceu os reis espanhóis a financiarem sua viagem para o oeste. Em outubro de 1492, a expedição de Colombo, que consistia em três embarcações, chegou a Guanahani, ilha que faz parte das Bahamas.

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Consequências

As Grandes Navegações foram um acontecimento muito importante na história europeia e contribuiram para mudar o mundo radicalmente. Entre as consequências das Grandes Navegações, estão:

  • O estabelecimento do tráfico negreiro;
  • O início da colonização;
  • O estabelecimento das práticas econômicas do mercantilismo;
  • A transformação de Portugal e Espanha em dois grandes impérios ultramarinos.

Notas

|1| FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2018. p. 9.

|2| Idem, p. 11.

|3| Idem, p. 10-11.

|4| MAHN-LOT, Marianne. A descoberta da América. São Paulo: Perspectiva, 1984. p. 27.

|5| FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2018. p. 13.

Créditos da imagem

[1] Georgios Kollidas e Shutterstock

Por Daniel Neves
Professor de História