Prof. Eduardo mostra as definições de verdade de acordo com Sartre, Foucault, Nietzsche e Husserl Show Você sabe o que é o conceito de verdade? Sabe qual é a interpretação que a Filosofia faz sobre esse tema? Primeiramente, note que não estamos usando o artigo definido “a” (a verdade é simplesmente verdade). Hoje, vamos contar com a ajuda do prof. Eduardo para entender o que é (ou pode ser) verdade. Para descobrir o que é “verdade” para a Filosofia, precisamos primeiro encontrar o que entendemos como verdade. O prof. Eduardo explica que esse conceito passa por um processo utilitário. Estabelecemos verdade através de um sistema de valores. Esse sistema de valores passa necessariamente pelo conjunto ético e moral de uma sociedade. Por sua vez, esse conjunto ético e moral de uma civilização, de uma família ou de um indivíduo se constitui na verdade que eles encontraram. Por isso que existe um choque muito forte entre o relativismo moral e o dogmatismo. O relativismo moral faz com que verdade seja algo vinculado à moral daquele grupo. Por exemplo, uma sociedade indígena possui princípios éticos que permitem a prática do infanticídio. Se nascer o terceiro filho e não existir alguém que possa se responsabilizar pela criança, ela será morta. Isso acontece porque, se houver alguma invasão na tribo e todos precisarem fugir, o pai conseguirá carregar apenas um filho e a mãe, outro. Essa é a verdade para aquele grupo. Outras pessoas com princípios e valores diferentes não vão aceitar essa verdade. Alguns dirão que é preciso intervir, outros dirão que faz parte da cultura e não há o que fazer. Nota-se claramente o relativismo moral. Verdade absolutaJá o dogmatismo é a verdade em caráter absoluto. Ele apresenta uma série de princípios e valores que são indiscutíveis. Podemos destacar como exemplo as religiões. – Mas professor, você está falando que existe verdade absoluta e não existe uma “verdade absoluta”. “Então você acabou de criar uma verdade absoluta: a que não existe uma verdade absoluta. Viu só como é um assunto complexo?”, provoca ele. No contraponto a esse relativismo e dogmatismo, a Filosofia – e o pensamento ocidental contemporâneo – começou a questionar essas tradições. Foi então que começaram a surgir ideias e pensamentos diferentes. Conheça o que é a verdade para Husserl, Sartre, Nietzsche e FoucaultEdmund Husserl (1859 – 1938) O filósofo alemão Husserl vai dizer que a verdade se dá através dos fenômenos que são observáveis, perceptíveis e sensíveis. “Chamamos isso de fenomenologia”, afirma o professor Eduardo. Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) O filósofo francês Sartre, no contexto do final da 2ª Guerra Mundial, vai levar em conta o existencialismo. Para ele, a verdade está na essência do indivíduo, ela é resultado dos valores de uma sociedade. O prof. Eduardo explica que uma frase atribuída a ele diz muito sobre sua visão de mundo. Para Sartre, não importa o que você é, importa você saber o que fazer com aquilo que fizeram de você. Friedrich Nietzsche (1844 – 1900)Nietzsche, nascido na Alemanha, faz uma crítica forte ao pensamento clássico – ao mundo das ideias, de Platão e Sócrates. Ele vai defender que a verdade não existe. Michel Foucault (1926 – 1984)O contemporâneo francês Foucault vai dizer que para ser verdade, ela precisa ser livre (totalmente). Ela não pode estar vinculada a uma institucionalização porque, desta forma, a verdade será manipulada, gerando constrangimentos e formas de comportamento.
Para analisar um argumento e verificar se ele é bom ou não, é útil compreender algumas distinções feitas pela lógica. Uma delas é a diferença entre verdade e validade. Para um argumento ser bom, ou seja, para que seja capaz de provar o que pretende provar, são necessárias duas condições: que tenha premissas verdadeiras e que seja válido. Inicialmente, podemos dizer que verdadeiro ou falso são valores que reservamos para qualificar as premissas ou a conclusão de um argumento. Ou seja, são usados para se referir às partes do argumento. Válida ou inválida, por outro lado, é a inferência feita no argumento, ou seja, a passagem das premissas para a conclusão. A melhor maneira de compreender o significado de verdade e validade é através da análise de alguns exemplos de seus usos. Então, vamos considerar alguns argumentos para perceber isso. Primeiro exemplo
Uma rápida análise desse argumento nos permite dizer que é bom, porque satisfaz as duas condições que apresentamos acima. As premissas do argumento (“todo homem é mortal” e “Pelé é homem”) são verdadeiras. Além disso, oferecem razões suficientes para chegarmos à conclusão de que ele é mortal, por isso podemos dizer que o argumento é válido. Sendo assim, a conclusão é verdadeira. Segundo exemplo
Suponha que a premissa é verdadeira. Nesse caso, umas das condições para termos um bom argumento foi satisfeita. No entanto, essa premissa oferece garantia suficiente para dizer que a conclusão também é verdadeira? A resposta é não, pois, mesmo ela sendo verdadeira, é possível que a conclusão seja falsa. Geralmente nossos amigos tendem a possuir características parecidas com as nossas, sendo assim o fato de meus amigos votarem no candidato X não pode significar apenas que minha preferência política tem influenciado bastante minhas escolhas de amizade. Vimos que o primeiro exemplo é um argumento válido, pois as premissas ofereciam razões suficientes para justificar a conclusão de que Pelé é mortal é verdadeira. Porém, nesse segundo exemplo, mesmo as premissas sendo verdadeiras, não temos razões suficientes para afirmar que a conclusão é verdadeira. Portanto, o argumento é inválido. Agora vamos considerar um último exemplo, no qual as premissas são falsas e o argumento é válido. Terceiro exemplo
Esse argumento também não é muito bom, pois certamente você não ficou convencido de que poderia encontrar por aí a Gertrudes voando naturalmente. Ele não foi capaz de provar sua conclusão, mas por uma razão diferente do argumento anterior. Nesse caso, a culpa é das premissas, que são falsas. Isso compromete já de largada toda a argumentação. Ninguém aceitaria uma conclusão baseada em premissas flagrantemente falsas. Se é evidente que as premissas são falsas, o que dizer da validade do argumento? É importante notar que o fato de as premissas serem falsas não torna o argumento automaticamente inválido, pois verdade e validade são coisas diferentes. Para observar isso, suponha por um instante que as premissas são verdadeiras, ou seja, que gatos de fato voam e que existe uma gata chamada Gertrudes. Nesse caso, poderíamos concluir com segurança que nossa Gertrudes voa. Isso mostra que as premissas oferecem razões suficientes para mostrar que a conclusão é verdadeira. Para concluir a análise desses três argumentos podemos dizer o seguinte:
Ao observar a maneira como os conceitos de “verdadeiro” e “válido” foram usados na análise do argumento acima, é possível notar uma diferença fundamental. “Verdadeiro” e “falso” são valores usados na análise de argumentos para qualificar proposições. E nesse sentido têm um significado comum. Uma proposição é verdadeira quando se refere a um fato real e falsa quando não. “Válido” e “inválido” são valores usados para qualificar o processo de inferência. Quando uma conclusão é tirada de uma ou mais premissas, ela pode ser considerada válida ou inválida. Nesse sentido, validade se refere à capacidade que as premissas têm de justificarem ou não a conclusão, independente de serem verdadeiras ou falsas. ConclusãoVerdade e validade são conceitos úteis para organizar o processo de análise de argumentos. Para avaliar se uma premissa é verdadeira, o processo usado é diferente daquele usado para saber se o argumento é válido. No primeiro caso, temos que fazer geralmente algum tipo de observação sobre como o mundo é. Se a premissa em questão é “todo gato voa”, avaliar sua verdade significa observar gatos e testar se são capazes de voar. No segundo caso, avaliar a validade de um argumento envolve analisar a relação lógica entre premissas e conclusão. Mesmo sem nem saber o que é um gato ou se existe uma gata chamada Gertrudes, podemos dizer que o segundo argumento é válido. Use essa distinção entre verdade e validade para analisar argumentos de outras pessoas ou seus, isso fará com que entenda com mais clareza, quando for o caso, onde está o erro e como criticar ou melhorar o argumento em questão. |