Qual a diferença entre as colônias do Norte e do Sul na colonização inglesa na América

As 13 colônias eram povoações instaladas pelos britânicos, na costa leste da América, no decorrer do século XVII.

Os colonos se fixaram entre o oceano Atlântico e os montes Apalaches, constituindo o embrião dos futuros treze estados americanos.

As Treze Colônias

Situadas no litoral atlântico, as treze colônias se desenvolveram de maneira distinta entre si e marcaram profundamente a formação dos Estados Unidos.

Qual a diferença entre as colônias do Norte e do Sul na colonização inglesa na América
Mapa das 13 colônias em 1775

As treze colônias eram constituídas por:

  1. Carolina do Norte
  2. Carolina do Sul
  3. Connecticut
  4. Delaware
  5. Geórgia
  6. Rhode Island
  7. Massachusetts
  8. Maryland
  9. New Hampshire
  10. Nova York
  11. Nova Jérsei
  12. Pensilvânia
  13. Virgínia

Formação das Treze Colônias

Oficialmente, a colonização inglesa começou em 1607, com a fundação da cidade de Jamestown, na Virgínia.

A ocupação ocorreu no decorrer do século XVII, quando a Grã-Bretanha vivia um período de revoluções e disputas políticas e religiosas.

Por discordar das ideias absolutistas e teológicas discutidas durante a Revolução Puritana, grupos de protestantes, calvinistas e presbiterianos deixaram a Grã-Bretanha e encontraram na América um novo lar para escapar das perseguições.

Este território pertencia, segundo o Tratado de Tordesilhas, à coroa espanhola. No entanto, naquele momento, os espanhóis estavam ocupados em conquistar a região que hoje representa o México e o Peru e acabaram não ocupando esta zona.

Ainda assim, os espanhóis se estabeleceram na Flórida, em 1565, e na costa oeste.

Características das Treze Colônias

Segundo a localização geográfica, as colônias da costa leste da América do Norte podem ser divididas em três: nordeste (Nova Inglaterra), centro e sul.

Cada uma delas desenvolveu um perfil sócio-econômico diferente. Vejamos:

Colônias do Nordeste (Nova Inglaterra)

Qual a diferença entre as colônias do Norte e do Sul na colonização inglesa na América
Os peregrinos que chegaram no barco "Mayflower" formam parte da colonização da Nova Inglaterra

A região norte das 13 colônias foi denominada Nova Inglaterra e compreendia os territórios de Massachusetts, Delaware, Connecticut, Rhode Island e Maine.

Os colonos se dirigiam ali especialmente em busca de liberdade religiosa e política. Assim, desenvolveram uma ligação muito forte entre a religião e a política, pois as decisões eram tomadas em assembleias na igreja.

O clima era hostil e a agricultura não era rentável. Desta maneira, os colonos se dedicaram à pesca e à captura de baleias fazendo o porto de Boston a principal porta de saída e entrada de produtos.

Apesar da mão de obra livre ser predominante, existiam africanos escravizados que faziam os trabalhos domésticos. Alguns eram livres, mas ainda assim tratados de forma inferior a uma pessoa branca.

Colônias do Centro

Qual a diferença entre as colônias do Norte e do Sul na colonização inglesa na América
Exemplo de uma casa típica das colônias do centro da costa leste americana

As colônias do centro estavam formadas por Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia e Delaware.

Nesta zona houve ocupação de holandeses, suecos e alemães, que gradualmente foram expulsos pelos colonos britânicos.

Nessa região, o clima era mais favorável ao cultivo, e foi desenvolvida tanto a agricultura de subsistência como aquela que permita a venda de excedentes.

O trabalho escravo convivia com a mão de obra livre. Igualmente, foram instaladas fábricas têxteis e de siderurgia.

Ocorria trocas comerciais entre colônias espanhola e portuguesa da América do Sul, que incluíam o tráfico humano com a África.

Colônias do Sul

Qual a diferença entre as colônias do Norte e do Sul na colonização inglesa na América
Gravura retratando uma plantação de arroz nas colônias do sul. Observe o uso de pessoas escravizadas nos cultivos.

As colônias do sul estavam constituídas por Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia.

Ao contrário das colônias do norte, as áreas exploradas na região sul da costa leste tiveram uma ocupação distinta. Nessa região, o clima era subtropical, o que favoreceu a implantação da monocultura de produtos como arroz, algodão e tabaco.

No sul era mais comum o trabalho da lavoura ser realizado por negros escravizados. A produção era voltada basicamente para a exportação, e baseada na grande propriedade.

Independência das Treze Colônias

As colônias eram administradas por governadores nomeados pelo rei inglês. Os governadores recebiam assessoria de uma assembleia eleita por colonos que ficava responsável pelo recolhimento de tributos.

Desde o início, as colônias inglesas na América tiveram autonomia política e administrativa, se comparadas ao modelo espanhol e português.

Isso acabou gerando uma consciência nos colonos de que eles não precisavam da Inglaterra para se desenvolverem. Dois séculos mais tarde, este pensamento seria o indutor do processo de Independência.

Principais causas da Independência

O processo de independência das Treze Colônias ocorreu ao longo do século XVIII e teve como pano de fundo as disputas territoriais entre os colonos ingleses e franceses.

A Guerra dos Sete Anos, que elevou a crise financeira da Grã-Bretanha, fez com que os britânicos aumentassem os impostos cobrados nas treze colônias a fim de cobrir as despesas de guerra.

Além disso, os colonos também receavam que a metrópole não os socorreria em caso de ataques indígenas, o que acabou provocando um sentimento de que haviam sido "esquecidos" pela metrópole.

Com a difusão das ideias iluministas da Europa e sua mensagem de liberdade política, os colonos entenderam que poderiam dispensar o governo britânico.

O estopim para formalizar a independência foi o Imposto do Selo estabelecido pela Grã-Bretanha e a imposição do monopólio da venda do chá à Companhia das Índias Orientais, sem a aprovação dos colonos.

Consulte mais sobre esse assunto. Leia:

  • Estados Unidos
  • Bandeira dos Estados Unidos
  • América do Norte
  • Calvinismo

A colonização inglesa na América do Norte diferenciou-se, em muitos aspectos, da colonização exercida na América portuguesa.

Por Fabrício Santos

O século XV marcou o desenvolvimento da navegação marítima, que foi utilizada para a expansão econômica dos países europeus. Portugal e Espanha foram os pioneiros a se aventurarem pelos oceanos em busca de terras e metais preciosos, o que culminou com a colonização de várias regiões localizadas na América. Com o sucesso das expedições marítimas, outros países também se aventuraram na busca por colônias que fornecessem relações comerciais lucrativas, como foi o caso da Inglaterra.

No final do século XVI, os ingleses, com a ambição de conquistar novas terras, investiram na construção naval e na política mercantilista de acumular riquezas para o reino. Para isso, eles fundaram companhias de comércio que uniram rei e burguesia para financiar as expedições marítimas e encontrar regiões que pudessem ser colonizadas.

As primeiras tentativas ocorreram entre os anos de 1584 e 1587, quando uma expedição comandada por sir Walter Raleigh tentou conquistar o território da América do Norte, mas essa expedição foi violentamente derrotada pelos nativos que resistiram à conquista inglesa. Entretanto, em 1607, uma companhia de comércio conseguiu dominar os nativos e fundou a colônia da Virgínia, que foi a primeira região dominada pelos ingleses.

Na colônia da Virgínia, os ingleses investiram na produção do tabaco, que era um produto altamente lucrativo no mercado europeu. No decorrer da exploração, outras regiões foram conquistadas para investimentos na produção de produtos agrícolas, como as colônias da Geórgia, Carolina do Norte e do Sul, Maryland e Delaware.

As colônias que surgiram desenvolveram caraterísticas diferentes tanto na economia quanto na povoação. Nas regiões localizadas ao Sul, desenvolveu-se uma colonização de exploração. Os colonos visavam aos lucros na comercialização dos produtos agrícolas que eram vendidos na Europa. Esse tipo de colonização foi semelhante ao das colônias portuguesas, que eram utilizadas com a finalidade de fornecer riquezas para os colonizadores através, por exemplo, da prática do trabalho escravo.

Nas regiões ao Norte, as colônias de Nova Jersey, Nova YorkMassachusetts, por exemplo, desenvolveram um tipo de colonização chamada de povoação. A intenção dos colonos dessa região não era simplesmente de explorar, mas, sim, de fazer dela um novo local para se morar. Por isso, não houve nas colônias do Norte uma participação direta da coroa inglesa, uma vez que essa região, por possuir um clima menos propício para agricultura, não atraiu a atenção dos comerciantes ávidos por lucros.

A povoação das colônias do Norte também foi diferente, pois os colonos dessa região eram em grande maioria refugiados religiosos. A perseguição da Igreja Católica aos protestantes culminou com a vinda de muitas pessoas para essas colônias, pois existia a possibilidade de um novo mundo com tolerância religiosa. Em 1620, um grupo de puritanos fundou a cidade Plymouth, que ajudou na povoação dessa região.

A colonização inglesa diferenciou-se, em muitos aspectos, da colonização exercida na América portuguesa. Enquanto nas colônias britânicas do Sul, por exemplo, desenvolveu-se uma povoação com o objetivo de gerar desenvolvimento econômico voltado para o mercado interno, a colônia portuguesa desenvolveu uma prática mercantilista com a ambição de explorar as riquezas para serem comercializadas no mercado externo. Assim, as colônias britânicas do Sul conquistaram mais autonomia política e econômica de sua metrópole, enquanto a colônia portuguesa na América tornou-se cada vez mais dependente economicamente de seu país conquistador.

Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto:

Por Fabrí­cio Barroso dos Santos