Por que a menstruação acontece

O processo de expulsão do sangue menstrual, o que chamamos menstruação, é uma etapa natural do ciclo reprodutivo da mulher, que ocorre quando não há fecundação e é resultado da descamação do endométrio, camada de revestimento interno da cavidade uterina.

Alterações na menstruação, como ausência de sangue menstrual (amenorreia), cólicas muito intensas (dismenorreia) e a presença de coágulos anormais, podem indicar doenças com potencial para causar infertilidade feminina.

Esse texto aborda detalhes dos processos fisiológicos por trás da menstruação, indicando também quais sinais podem indicar problemas e a necessidade de buscar atendimento médico. Boa leitura!

Conheça detalhes sobre as fases do ciclo menstrual

Embora o ciclo reprodutivo das mulheres aconteça de forma contínua e ininterrupta, convencionou-se considerar a menstruação como marco inicial de todos os ciclos, divididos em fases diversas, tanto do ponto de vista ovariano, como uterino. Nesse texto usaremos a divisão que considera o útero como órgão central da menstruação.

Fase menstrual

No momento em que a menstruação aparece (o primeiro dia do sangramento), as taxas hormonais de progesterona e estrogênio são as mais baixas de todo o ciclo.

Esse rebaixamento funciona também como uma sinalização bioquímica para que o hipotálamo retome a produção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), um hormônio neuronal que estimula principalmente a hipófise a produzir as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante).

Os hormônios hipofisários, assim como o GnRH, são liberados gradualmente nessa primeira fase do ciclo menstrual e dão início ao processo de recrutamento dos folículos que participarão desse novo ciclo, iniciado com a chegada da menstruação.

Fase proliferativa

No momento em que a menstruação chega ao fim, as gonadotrofinas que já foram liberadas na corrente sanguínea passam a agir sobre as células dos folículos ovarianos, recrutando-os para retomar o processo de desenvolvimento iniciado ainda no período pré-natal.

Esse processo de recrutamento é disparado principalmente pela ação do FSH sobre as células da granulosa, um dos tipos celulares que compõem os folículos ovarianos, enquanto o LH atua sobre as células da teca, que também integram o folículo, produzindo testosterona.

Além do recrutamento folicular, o FSH também tem como função converter essa testosterona em estrogênio, principalmente o estradiol, um hormônio que tem como funções o amadurecimento dos folículos e parte do preparo endometrial.

A fase proliferativa recebe esse nome porque, do ponto de vista uterino, o principal evento dessa etapa é a proliferação do tecido endometrial, provocada pela ação do estradiol nas células do endométrio, que induz sua multiplicação e, consequentemente, o espessamento desse tecido.

Ovulação

A dinâmica hormonal da fase proliferativa faz com que as gonadotrofinas e o estradiol alcancem um pico máximo de concentração ao mesmo tempo, evento que marca o rompimento do folículo ovariano para a liberação de um óvulo maduro contido em seu interior, a ovulação.

O óvulo permanece nas tubas uterinas, local em que a fecundação acontece, durante 24h após a ovulação. Caso a fecundação não ocorra, é reabsorvido pelas paredes tubárias.

Fase secretora

Com o rompimento do folículo ovariano para a ovulação, as células dessa estrutura permanecem aderidas aos ovários, formando o corpo lúteo. Nessa fase, o LH atua sobre o corpo lúteo induzindo a produção de progesterona, um hormônio cuja principal função é completar o processo de preparo endometrial iniciado pelo estradiol.

O papel da progesterona no endométrio consiste em diminuir a ação estrogênica, interrompendo a proliferação desse tecido, que também adquire uma maior complexidade vascular nessa fase, estratificando-o.

Se a fecundação acontecer, durante o período fértil a produção de hCG (gonadotrofina coriônica humana), que tem origem nas células embrionárias após a nidação, mantém o corpo lúteo ativo. Assim, a produção de progesterona é mantida até o 3º mês de gestação, quando a placenta assume essa função.

Quando não há fecundação, aproximadamente na metade da fase secretora, o corpo lúteo regride e os níveis de progesterona e de estrogênio vão diminuindo gradualmente.

Essa diminuição chega ao rebaixamento máximo no final do ciclo reprodutivo e sinaliza ao endométrio para que inicie um processo de descamação, cujo auge é a menstruação, que marca o início de um novo ciclo reprodutivo.

Mas afinal, o que é a menstruação?

De forma geral, podemos dizer que a menstruação é resultado precisamente do processo de descamação do endométrio, após a finalização do preparo endometrial, cuja função é adequar esse tecido para receber um possível embrião, caso a fecundação ocorra.

O preparo endometrial permite que o embrião, ao alcançar o útero, encontre um local adequado para realizar a nidação, como chamamos o processo de fixação no endométrio, que dá início à gravidez.

A ação combinada do estradiol (principalmente na fase proliferativa) e da progesterona (na fase secretora) provoca o espessamento da camada basal do endométrio, tornando esse tecido espesso e altamente vascularizado.

A ausência do embrião faz com que o endométrio excedente, que foi produzido para recebê-lo, seja descartado. Esse tecido entra então em processo de descamação e é expelido como sangue, na menstruação.

Menstruação e infertilidade feminina

Alterações na menstruação

Alguns aspectos da menstruação podem ser considerados para avaliar a saúde reprodutiva da mulher. Normalmente, tem duração de 3 a 5 dias e o sangue menstrual apresenta uma coloração que pode variar entre o vermelho vivo e um aspecto semelhante à borra de café, sem coágulos ou com coágulos pequenos.

Alterações no volume do fluxo menstrual, bem como na duração do período menstrual, a presença de coágulos grandes e de secreções diversas junto ao sangramento, normalmente indicam problemas, incluindo a contaminação por ISTs (infecções sexualmente transmissíveis).

Cólicas durante a menstruação

Por que a menstruação acontece

Além do endométrio, o útero também é composto por outras duas camadas, com funções específicas: o perimétrio, que o limita em relação às demais estruturas da cavidade pélvica, e o miométrio, composto basicamente por células musculares.

A musculatura lisa do miométrio tem capacidade para distender-se e, assim, acompanhar o crescimento do bebê durante a gravidez, e também para contrair-se, o que é útil para auxiliar o parto, da mesma forma que ajuda na expulsão da menstruação.

A contração uterina durante a menstruação é o mecanismo por trás do que chamamos popularmente de cólicas menstruais. Há um limite de normalidade nas cólicas menstruais, ou seja, até certo ponto é normal que a mulher apresente dores e desconfortos para expelir a menstruação.

Contudo, quando são muito intensas e chegam a ser incapacitantes, especialmente se a mulher também apresentar outras alterações, como aumento do fluxo menstrual, isso pode indicar problemas.

Doenças como miomas uterinos, pólipos endometriais, adenomiose e especialmente a endometriose, podem provocar dismenorreia severa, prejudicando a qualidade de vida da mulher e também sua fertilidade.

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