O que é matematica comparada

O que é matematica comparada

Esta obra visa descrever os contextos de investigação de dois projetos de pesquisa, bem como, realizar uma metanálise de aspectos epistêmicos da Educação Comparada que consubstanciaram esses projetos, os quais experienciei como investigador no intuito de discutir perspectivas e desafios dessa episteme como subsídio a estudos curriculares em Educação Matemática. Nesse sentido, foram realizadas análises das produções oriundas dos projetos a partir de artigos produzidos no âmbito deles (resultados da pesquisa) e nos quais me configuro como autor ou coautor. Por fim, o texto apresenta algumas considerações, a partir da minha experiência investigativa, para os estudos curriculares em Educação Comparada no âmbito da Educação Matemática, tais como: (i) a exequibilidade financeira do projeto, inclusive para densa imersão nas realidades investigadas, visando apreensão dos aspectos sistêmicos (políticos, econômicos e sociais) e culturais dos países investigados; (ii) a constituição de rede internacional de pesquisadores que atuam em instituições de pesquisa dos países investigados; (iii) a perspectiva de análise de organizações e desenvolvimento curricular para além de arranjos disciplinares de conteúdos de Matemática, visto que tal processo é inerente aos trabalhos desta natureza; (iv) a coerência entre as diversas teorias que permeiam a investigação, não se utilizar de panaceia teórica – por vezes, comum em alguns trabalhos de investigação; (v) o combate à endogenia que privilegia referências nacionais e da área de Educação Matemática em detrimento de literatura produzida, especificamente, pela comunidade de pesquisadores da Educação Comparada.   

ISBN: 978-85-5696-738-1

Nº de pág.: 91

O que é matematica comparada

Detalhes do Curso - EDUCAÇÃO MATEMÁTICA COMPARADA

O curso é destinado a profissionais docentes ou que desejem lecionar Matemática nos níveis do ensino básico e superior, que sejam portadores de diploma superior.

Objetivos do Curso

O curso visa, prioritariamente, otimizar o desempenho docente em sala de aula através de um conjunto de técnicas de ensino e aprofundamento de conhecimentos específicos de matemática.

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Acho que todos os cursos à distância podem melhorar muito, exigir mais do desempenho do aluno(a) para que aumente a credibilidade no meio acadêmico. O material é bem interessante, assim com o conteúdo do curso.

Yara Rabay

Pós-graduação em Matemática Comparada - Agosto 2011

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  • Objectivos Capacitar e ampliar a formação dos docentes que atuam no ensino da matemática na educação básica e superior, ampliando os conhecimentos a respeito das práticas e do ensino dessa ciência. Contribuir para o início de um vivencia acadêmica de investigação e proporcionar um posicionamento critico em relação ao ensino da matemática. Habilitar o profissional para lecionar em cursos superiores e realizar pesquisas nesta área do saber.
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    Curso:    Lato Sensu em Educação Matemática Comparada Áreas:     Educação,  Matemática. Nível:     Pós - Graduação Lato Sensu. Duração (estimada):     12 meses. Carga horária:     480 horas. Pré-requisito:     Curso Superior completo. Estrutura Curricular:     Metodologia da Pesquisa Científica Concepções Educacionais e Currículos Fundamentos da Matemática Elementar Educação Matemática: Conceitos e Tendências Tecnologia de Informação e Comunicação e a Educação Matemática Tópicos de História e Filosofia da Matemática Tópicos de Álgebra e Aritmética e Seu Ensino Tópicos de Geometria e Seu Ensino Didática da Matemática Modelagem Matemática e Resolução de Problemas Tópicos de Estatística e Probabilidades Didática e Metodologia do Ensino Superior Avaliação: Provas presenciais, avaliações online e uma Monografia ao fim do curso.

    Os certificados de Qualificação e os de Pós-Graduação (MBA e lato sensu) serão emitidos e validados pela ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, credenciada pelo MEC de acordo com o Parecer CNE/MEC Nº 305/2004 e da Portaria nº 3693/2004, amparada na resolução Nº 01 de 03 de abril de 2001.

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ISSN: 2675-5149

Seção: Artigos

Submetido: 27/05/2020 | Aprovado: 01/07/2020

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

PERSPECTIVAS SOBRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA COMPARADA:

UMA REVISÃO DA LITERATURA

Flavio Augusto Leite Taveira1

ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-3980-4650

Deise Aparecida Peralta2

ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-5146-058X

RESUMO

Com este artigo, pretendemos lançar um olhar sobre os estudos comparativos em Educação

Matemática realizados no Brasil nos últimos dez anos, expondo elementos históricos, conceitos e

metodologias da Educação Comparada e contextualizando-os na investigação em Educação

Matemática, incluindo as diversas fases de desenvolvimento que podem ser consideradas para

a sua legitimação na área. Para tanto, do ponto de vista metodológico, ainda que não se trate

de um estudo empírico, fora efetuado levantamento, em duas bases de dados, de estudos em

Educação Matemática na perspectiva da Educação Comparada, seguido de análise dos

estudos segundo quatro fases da Educação Comparada.

Palavras-chave: Educação Matemática Comparada; Revisão de literatura; Fases da Educação

Comparada.

PERSPECTIVES ON COMPARATIVE MATHEMATICAL EDUCATION:

A LITERATURE REVIEW

ABSTRACT

This article investigates comparative studies in Mathematics Education carried out in Brazil in the

last ten years, exposing historical elements, concepts and methodologies of Compared

Education, contextualizing them in the investigation in Mathematics Education, including the

different phases of development that can be considered for its legitimation in the area. To this

end, from a methodological point of view, although it is not an empirical study, a survey was

carried out in two databases of studies in Mathematics Education from the perspective of

Compared Education, followed by analysis of studies according to four phases of Education

Compared.

Keywords: Comparative Mathematical Education; Literature Review;

Phases of Comparative Education.

PERSPECTIVAS SOBRE LA EDUCACIÓN MATEMÁTICA

COMPARATIVA: UNA REVISIÓN DE LA LITERATURA

1 Licenciando em Matemática pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de Ilha Solteira.

Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Engenharia, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil. Endereço

para correspondência: Alameda Rio de Janeiro, 266, Centro, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil, CEP: 15.385-000.

E-mail: .

2 Doutora em Educação para a Ciência, Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem

pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de Bauru. Licenciada em Matemática pela

Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de São José do Rio Preto. Professora Assistente Doutora do

Departamento de Matemática na Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira da Universidade Estadual

Paulista (Unesp). Bolsista Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora do CNPq -

Nível 2. Endereço para correspondência: Alameda Rio de Janeiro, 266, Centro, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil,

CEP: 15.385-000. E-mail: deise.peralta@unesp.br.

TAVEIRA, Flavio Augusto Leite; PERALTA, Deise Aparecida

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

RESUMEN

Este artículo pretende echar un vistazo a La investigación estudios Comparativas en Educación

Matemática, realizada en Brasil, en los últimos diez años, exponiendo elementos históricos,

conceptos y metodologías de Educación Comparada, contextualizándolos en la investigación

en Educación Matemática, incluyendo las diferentes fases de desarrollo que pueden

considerarse para su legitimación en el área. Para este fin, desde un punto de vista

metodológico, aunque no es un estudio empírico, se realizó una encuesta en dos bases de

datos, de estudios en Educación Matemática desde la perspectiva de la Educación

Comparada, seguida de un análisis de estudios de acuerdo con cuatro fases de la Educación

Comparada.

Palabras clave: Educación matemática comparada; Revisión de La literatura; Fases de la

educación comparada.

INTRODUÇÃO

Os fenômenos de interdependência cultural

e econômica (globalização), o

enfraquecimento do Estado-nação, a

internacionalização da educação, o

reconhecimento de problemas transculturais

e a consolidação de territórios indenitários

supranacionais e infranacionais vêm

potencializando a ampliação dos estudos

em educação comparada (DEVECHI;

TAUCHEN; TREVISAN; 2018, p. 3).

Em um momento, no qual as políticas educacionais são pautas contínuas de

discussão em função de critérios econômicos globais (ESTEVES; PACHECO, 2012), as

análises comparativas são pertinentes, uma vez que as políticas e que as ações,

introduzidas, têm sido (re)estruturadas a partir de conceitos que, cada vez mais, são

comuns aos diversos países (DOWNES, 2011). Nesse cenário, o interesse pelo estudo de

metodologias, de políticas e de sistemas educativos nacionais, em uma perspectiva

comparada, adquiriu ênfase acentuada ao longo das últimas décadas (ESTEVES;

PACHECO, 2012; MORAES; PACHECO, 2004; ROSADO; HELLAWELL; ZAMORA, 2011;

SANOFF et al., 2007).

O ideário de relacionar comparação à área das ciências da educação já é

apontado em obras do final do século XVIII, acompanhando outras ciências e outras

áreas que passaram a ser identificadas, nominalmente, a partir do acréscimo do

adjetivo ”comparada”, em boa parte pela confluência do racionalismo que inspirava

o ambiente cientifico pós Iluminista (FERREIRA, 2008).

A Educação Comparada (EC), cujos especialistas são os denominados

Comparativistas, tem seu surgimento relacionado a uma obra do francês Marc-

Antoine Jullien, considerado por muitos o pai desse campo de estudos e de

investigação. Este reconhecimento deve-se à descoberta, em meados da década de

1940, do manuscrito “Esquisse et vues préliminaires d’un ouvrage sur l’éducation

comparée (livremente traduzido para o português: Esboço e ideias preliminares de

Perspectivas sobre educação matemática comparada: uma revisão da literatura

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

um trabalho sobre educação comparada), publicado em Paris, no início do século

XIX, mais especificamente, no ano de 1817, como afirma Kazamias (2012).

Buscando um olhar panorâmico acerca das origens e da episteme que

originou este campo de estudos, Kazamias afirma que desde seus primeiros passos até

a atualidade os

[...] estudos comparados de sistemas, problemas, fenômenos ou

processos educacionais têm sido conceituados, abordados e

construídos a partir de várias perspectivas e lentes/prismas

metodológicos, utilizando métodos e técnicas diversos de pesquisa

(KAZAMIAS, 2012, p.173).

Cowen (2012) reconhece a dificuldade em se constituir, legitimamente, uma

História da Educação Comparada”, uma vez que, para tanto, seria necessário o

investimento em grande quantidade de capital financeiro e intelectual, afirmando

que “[...] a busca por material referente a Kandel envolveu grandes viagens e

despesas que só podem ser enfrentadas com grande esforço por um acadêmico em

meio de carreira, mas há pouco apoio estrutural para uma pesquisa histórica como

essa” (COWEN, 2012, p. 20).

Em uma coletânea que reúne diversas considerações acerca da pesquisa em

EC (BRAY; ADAMSON; MASON, 2015), Bray (2015) afirma que entre as categorias de

pessoas que fazem pesquisas em EC estão (i) famílias, (ii) educadores, (iii) formuladores

de políticas, (iv) agências internacionais e (v) acadêmicos. Nesse manuscrito, ainda

está reunida, no segundo capítulo, uma coletânea de Unidades de Comparação”

que, dentre outros, destacam a comparação entre lugares, sistemas, tempos, etnias,

classes e gêneros, culturas, valores, políticas, currículos, inovações pedagógicas,

modos de aprender e desempenhos pedagógicos.

Realizando um estudo de natureza teórica, Devechi, Tauchen e Trevisan (2018)

enfocam o percurso histórico dos estudos comparados, buscando compreender e

contextualizar a evolução dos debates que permeavam e que constituíam a EC. Uma

das contribuições dadas pelos autores é a de que podemos considerar que a EC

passou por duas fases em sua trajetória: a primeira, de pertença a um modelo

positivista de Ciência; a segunda, uma oposição a esse modelo. Os autores afirmam,

também, que a EC sempre voltou atenções às diversas preocupações e abordagens

teóricas nos desenvolvimentos dos trabalhos que estiveram e que estão em seu

interior, sendo uma de suas marcas o delineamento das semelhanças e das diferenças

entre os diferentes sistemas educativos. Nesse sentido, reconhecem que os principais

desafios da EC estão no bojo da “[...] percepção do outro e de suas diferenças

culturais e imaginárias como um outro, e não idêntico a si mesmo” (DEVECHI;

TAUCHEN; TREVISAN, 2018, p. 7).

TAVEIRA, Flavio Augusto Leite; PERALTA, Deise Aparecida

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

Especificamente, no Brasil e na área de Educação Matemática, Gonçalves e

Pires (2017), ao discutirem preceitos de um projeto de pesquisa sobre Educação

Comparada em estudos curriculares da Educação Matemática, afirmam que ocorreu

uma certa extinção da EC na década de 1980, ocorrendo sua revitalização na

década de 1990, devido a fortes influências internacionais. No cenário atual, temos na

Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP), o Departamento de

Metodologia de Ensino e Educação Comparada, que é responsável pelas linhas de

pesquisa em Educação Matemática da FE-USP e, também, o único a carregar, em sua

nomenclatura a especificidade da temática dos estudos comparativos.

Ao refletirem sobre as pesquisas desenvolvidas no âmbito do projeto de

pesquisa realizado em países latino americanos, os autores afirmam a “[...]

necessidade de se pensar a EC em três novas frentes, sendo-as: novos problemas,

novos modelos de análise e novas abordagens” (GONÇALVES; PIRES, 2017, p. 8); além

de reconhecerem alguns desafios para a investigação em Educação Comparada.

O primeiro se refere à natureza intercultural desse tipo de pesquisa. Ao

se realizar o planejamento da pesquisa, o investigador deve prever

desenhos metodológicos (e seus diversos instrumentos) que façam

sentido em países diferentes e que tenham aceitável validade nos

contextos [...] Outro desafio a ser observado metodologicamente em

Educação Comparada é a confiabilidade na coleta de dados, tendo

o cuidado para que sejam conduzidos trabalhos de campo que sigam

normas semelhantes em contextos diversos [...] Outro desafio a ser

observado em Educação Comparada pode ser, a partir do uso de

instrumentos semelhantes, notar que nas diferentes realidades esses

instrumentos estejam carregados de significados distintos, acessando

fenômenos diversificados (GONÇALVES; PIRES, 2017, p. 10-11).

Gonçalves e Pires (2017) apresentam, ainda, diferentes visões sobre

investigações em EC, trazendo possibilidades distintas, ao estruturarem uma pesquisa

no bojo da temática. Uma dessas é oferecida por Ferrer (2002), ao descrever a

investigação em seis fases, quais sejam: (i) fase pré-descritiva, (ii) fase descritiva, (iii)

fase interpretativa, (iv) fase de justaposição, (v) fase comparativa e (vi) fase

prospectiva. Pilz (2012), ao estruturar uma pesquisa comparativa, considera apenas

quatro fases, denominadas, em sequência, de descritiva, de explicativa, de

justaposição e de comparativa. Tal cenário reafirma a diversidade de abordagens e

de concepções de EC e suas possibilidades de investigação, citado em Kazamias

(2012).

A mais recente contribuição dos estudos comparativos em Educação

Matemática, no Brasil, pode ser considerada a obra “Experiência em educação

comparada: contribuições para estudos curriculares em educação matemática

(GONÇALVES, 2020), que buscou apresentar o desenvolvimento de duas pesquisas de

estudos comparativos no âmbito da Educação Matemática por um viés curricular,

Perspectivas sobre educação matemática comparada: uma revisão da literatura

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

lideradas pelo autor. Notamos a preocupação com a investigação em EC em território

latino-americano contribuindo com sua legitimação e vislumbrando a constituição de

sua identidade.

Nesse sentido, este trabalha busca realizar um levantamento da produção

científica, em dois renomados bancos de dados, acerca dos Estudos Comparativos

em Educação Matemática, que nos arriscamos a denominar Educação Matemática

Comparada (GONÇALVES, 2020). Para tanto, as análises dar-se-ão com base nas

quatro fases da Educação Matemática Comparada, dispostas em Dias e Gonçalves

(2017).

OS CAMINHOS DA PESQUISA: ESCOLHAS METODOLÓGICAS, DESCRIÇÃO E

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Metodologicamente, neste trabalho, valemo-nos das contribuições de Dias e

Gonçalves (2017) para a elaboração de categorias de análise. Os autores apresentam

quatro fases de desenvolvimento da EC, tomadas como parâmetro na compreensão

dos trabalhos levantados na revisão. Para tanto, procedemos à revisão em dois

bancos de dado, a saber: a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD)

e a Biblioteca Eletrônica Científica Online (SciELO). Na BDTD, levantamos dissertações

e teses, que tivessem o buscador no título; na SciELO, artigos científicos publicados em

periódicos, utilizando o buscador em todos os índices. Para o levantamento,

consideramos o período de uma década (2009 a 2019).

O Quadro 1 caracteriza os dados da BDTD, para os quais se realizou uma

caracterização, evidenciando os autores, os títulos dos trabalhos, o tipo dos trabalhos

(Dissertação ou Tese), a instituição em que o trabalho foi produzido e o ano de defesa.

Quadro 1 – Descrição dos dados resultantes da busca na BDTD

D1

Dermeval

Santos

Cerqueira

Um Estudo Comparativo entre

Brasil e Chile sobre Educação

Matemática e sua influência nos

Currículos de Matemática desses

Tese

Pontifícia

Universidade

Católica de São

Paulo

2012

D2 Emilio Celso

de Oliveira

Matemática nos Currículos

Prescritos e Praticados: Estudo

Comparativo entre Brasil e

Tese

Pontifícia

Universidade

Católica de São

Paulo

2013

continua

TAVEIRA, Flavio Augusto Leite; PERALTA, Deise Aparecida

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

continuação

D3

Luciane

Santos

Rosenbaum

Educação Matemática

presente em currículos:

Tese

Universidade

Católica de São

2014

D4 Marcelo de

Oliveira Dias

sua influência nos

currículos prescritos e

praticados: um Estudo

Comparativo entre Brasil e

Tese

Pontifícia

Universidade

Católica de São

Paulo

2012

D5

Marcelo

Navarro da

Silva

na América Latina: um

Estudo Comparativo dos

Currículos de Matemática

Tese

Pontifícia

Universidade

Católica de São

Paulo

2017

D6

Rodrigo da

Silva

Carvalho

sobre educação

matemática entre Brasil e

Dissertação Universidade de

São Paulo 2015

Fonte: Elaborado pelos autores

O Quadro 2 caracteriza os dados da SciELO, evidenciando autores, títulos,

palavras-chave, periódicos e ano de publicação.

Quadro 2 – Descrição dos dados resultantes da busca na SciELO

D7

Harryson

Júnio Lessa

Gonçalves

Ana Lúcia

Braz Dias

Deise

Aparecida

Comparativo

sobre o Ensino

de

Matemática

em Currículos

de Educação

Profissional

Técnica: Brasil

e Estados

Educação Vocacional;

Currículo de

Matemática;

EducaçãoComparada;

EducaçãoVocacional e

Treinamento;

Carreira e Educação

Técnica

Boletim de

Educação

Matemática

(BOLEMA)

2018

D8

Marcel

Crahay

Ariane

Baye

escolas justas

e eficazes?

Esboço de

resposta

baseado no

Desigualdades Sociais;

Rendimento Escolar;

PISA;

Educação Comparada

Cadernos

de Pesquisa 2013

continua

Perspectivas sobre educação matemática comparada: uma revisão da literatura

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

continuação

D9

Wagner

Rodrigues

Valente

Por uma História

Comparativa da

Educação

Matemática

Matemática;

Educação

Comparada;

Matemática

Cadernos de

Pesquisa 2012

Fonte: Elaborado pelos autores

A diferença na caracterização dos trabalhos e a necessidade de construção

de dois quadros para tal reside na natureza dos dados. Acrescentamos, ainda, em

cada quadro de descrição dos dados, uma coluna relativa a um código de

identificação (CI) dos dados que será utilizado na descrição e na caracterização dos

resultados da pesquisa.

Dando sequência à descrição metodológica, elencamos quatro categorias

que permitissem extrair informações pertinentes dos trabalhos para realizar as análises,

a saber: (i) referências que tratem especificamente sobre EC; (ii) metodologia utilizada

no desenvolvimento do trabalho; (iii) objetivo do trabalho; e (iv) principal(is)

contribuição(ões), das Dissertações, das Teses e dos Artigos erguidos. Tais categorias

nos dão base na/para descrição e análise dos dados.

Arnove (2012), Bereday (1972) e Dias e Gonçalves (2017) elencam fases e/ou

características da EC, que servirão de base para as análises. A primeira fase trata do

empréstimo educacional, que ocorreu no surgimento da EC e caracteriza-se pela

ênfase na descrição dos dados levantados nas pesquisas comparativas. Nessa fase,

toma-se como pressuposto o interesse no compartilhamento de ‘práticas de sucesso’

que advinham de outros países.

A segunda é predição. Historicamente, localizada na primeira metade do

século XX, essa fase emerge após críticas de especialistas que afirmavam que todo o

fenômeno educacional é fruto de um contexto cultural e social mais amplo. Nela, a

EC passa de simples descrições de projetos e trabalhos educacionais para um

tratamento especulativo de “forças responsáveis pelas práticas educacionais”.

Empreendida na segunda metade do século XX, a terceira fase (analítica)

admite como foco a sistematização do campo com o objetivo de expor um panorama

das práticas em educação. Nessa fase, os estudos comparativos compreenderam a

justaposição dos resultados das fases anteriores para as diversas comparações.

A análise de sistema-mundo, quarta fase, iniciada ao longo da década de

1980 por influência de duas correntes das Ciências Sociais e da Histórica entre o fim da

década de 1960 e o início da década de 1970, destaca-se a ampliação da unidade

de análise dos sistemas educacionais, deixando de se considerarem os diferentes

estados-nações como unidade e partindo para o mundo globalizado como um todo

TAVEIRA, Flavio Augusto Leite; PERALTA, Deise Aparecida

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

analítico: “[...]a centralidade do tema da globalização apenas reforçou a importância

da análise de sistemas-mundo, tanto do tipo consensual quanto do tipo conflituoso,

para o campo da Educação Comparada” (DIAS; GONÇALVES, 2017, p. 237).

Apresentamos, ao final, algumas considerações frutos das percepções durante

o desenvolvimento e da análise desses trabalhos, a partir das aproximações com uma

das quatro fases da investigação em EC tomadas por Dias e Gonçalves (2017).

Quadro 3 – Caracterização dos dados levantados pela pesquisa bibliográfica.

D1

Levantar indícios sobre os impactos

dos resultados de pesquisa em

Educação Matemática nos

documentos curriculares oficiais do

Brasil e do Chile a partir dos anos 1990

(Guia-se pela seguinte questão: Quais

são as influências da Educação

Matemática nos currículos de

Matemática do Brasil e do Chile?)

Análise

Comparativa que

inclui Pesquisa

Bibliográfica,

Análise

Documental e

Entrevistas

Carvalho (2008)

Cristofoli (2009)

Ferrer (2002)

Keitel e Kilpatrick

(1999)

Trojan e Sanches

(2009)

D2

Investigar impactos da Educação

Matemática em currículos prescritos e

praticados realizando um estudo

comparativo entre Brasil eArgentina

Estudo

Comparativo que

inclui Análise

Documental,

Entrevistas e

Pesquisa

Bibliográfica

(2010)

Borges (2010)

Castro (2000)

Cristofoli (2009)

Franco (2000)

Goergen (1991)

Keitel e Kilpatrick

(1999)

D3

Desenvolver análises comparativas

sobre organização e desenvolvimento

curricular em Educação Matemática

entre Brasil e Chile

Análise

Comparativa que

inclui Entrevistas,

Pesquisa

Bibliográfica e

Análise

Documental

Ferreira (2009)

Ferrer (2002)

Gregório (2009)

Keitel e Kilpatrick

(1999)

Madeira (2009)

Mathias (2009)

Nóvoa (2009)

Souza e Martínez

D4

Desenvolver estudos comparativos de

currículos de Matemática prescritos e

apresentados no Brasil e no Paraguai

a partir da década de 1990

Análise

Comparativa que

inclui Entrevistas,

Pesquisa

Bibliográfica e

Análise

Documental

Elma (2012)

Ferrer (2002)

Franco (2000)

Keitel e Kilpatrick

(1999)

Lourenço Filho

(2004)

Maldonado e

Solsona (2005)

Marcondes (2005)

Madeira (2009)

continua

Perspectivas sobre educação matemática comparada: uma revisão da literatura

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

continuação

D4

Desenvolver estudos comparativos de

currículos de Matemática prescritos e

apresentados no Brasil e no Paraguai

a partir da década de 1990

Análise

Comparativa que

inclui Entrevistas,

Pesquisa

Bibliográfica e

Análise

Documental

Elma (2012)

Ferrer (2002)

Franco (2000)

Keitel e Kilpatrick

(1999)

Lourenço Filho

(2004)

Maldonado e

Solsona (2005)

Marcondes (2005)

Madeira (2009)

D5

Sinalizar as influências da Educação

Matemática nos Currículos de

Matemática prescritos da Educação

Básica do Brasil e da Educação

Básica e Média Superior do México

Análise

Comparativa que

inclui Pesquisa

Documental e

Entrevistas

Canário (2006)

Ferrer (2002)

Halls (1990)

Hans (1971)

Lamarra, Mollis e

Rubio (2005)

Lourenço Filho

D6

Comparar o desempenho de diversos

países no PISA, em especial Brasil e

Japão

inclui análise de

dados estatísticos e

OECD (2013a;

2013b; 2014)

D7

Analisar semelhanças e singularidades

na organização dos sistemas de

ensino do Brasil e dos Estados Unidos

da América tendo como foco de

análise as necessidades, dificuldades

e estratégias na formação

matemática presente na formação

profissional de cursos técnicos

Estudo

Comparativo a

partir de Análise

Documental e

Entrevistas

Gonçalves, Peralta

e Dias (2017)

D8

problemática de quanto às

influências da condição

socioeconômica no desempenho dos

alunos varia conforme o país,

baseado nos resultados do PISA 2009

Quantitativa, que

inclui análise de

dados estatísticos

Baye e Demeuse

(2008)

D9

Mostrar que o tema da

internacionalização remete à

necessidade de uma abordagem

histórico comparativa como forma de

produção de conhecimento em

Educação Matemática

inclui análise de

dois movimentos

de

internacionalização

de propostas para

o ensino de

Nóvoa e Yariv-

Mashal (2005)

Nunes (2001)

Fonte: Elaborado pelos autores

Depois de recorrermos aos objetivos, às metodologias e às referências que dão

base aos dados analisados, voltamos atenções às contribuições dos trabalhos. Nesse

ínterim, percebemos os esforços realizados por pesquisadores na direção de produção

TAVEIRA, Flavio Augusto Leite; PERALTA, Deise Aparecida

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

de um conhecimento acerca dos estudos comparativos no âmbito da Educação

Matemática.

Quanto às referências, destacamos Ferrer (2002), presente em D1, D3, D4 e D5

e Keitel e Kilpatrick (1999). Reafirmamos que essa prevalência pode decorrer do fato

de os trabalhos emergirem de um mesmo projeto de pesquisa, como exposto em

Gonçalves e Pires (2017).

Algo latente na exposição das contribuições e nas conclusões dos trabalhos,

pela forma como foram apresentados os dados, são as descrições de sistemas

educativos. Cenário esse que é muito bem observado em D1, D2, D3, D4 e D5; talvez,

pelo fato de os trabalhos pertencerem a um mesmo projeto de pesquisa. O

movimento de exposição dos resultados se caracteriza como ‘em tal país tal

fenômeno se passa assim, já em outro, este mesmo passa-se assim’, como segue em

exemplos.

No Uruguai, o sistema de avaliação é diferenciado, atualmente está

sendo implementada a avaliação on-line. Tal recurso, além de

minimizar custos, permite o professor e os membros de outros níveis

hierárquicos receberem imediatamente os resultados alcançados

pelos alunos [...] No Brasil, as inúmeras avaliações aplicadas em curto

espaço de tempo e o uso inadequado de alguns resultados dessas

avaliações por vezes os resultados são utilizados para a distribuição

de recursos financeiros beneficiando escolas exitosas nas provas

desviam os objetivos das avaliações (ROSENBAUM, 2014, p. 345-346).

No Ensino Médio brasileiro o Currículo de Matemática, no caso os

PCNs e das OCEM, tem como papel a formação de um cidadão,

sendo ele capaz de ler e interpretar a realidade em sua vida pessoal

ou profissional. Percebemos que a Matemática no Ensino Médio

também tem a função de articular com a realidade do aluno e com

outras áreas do conhecimento. No México, no Ensino Médio Superior,

o Currículo de Matemática tem a função de articular as áreas do

conhecimento, devido sua estruturação como de formação geral ou

voltada para a profissionalização. Um grande diferencial no Currículo

mexicano são as disciplinas Matemáticas propedêuticas,

principalmente as disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral, sendo

disciplinas que atuam nos primeiros anos de alguns cursos do Ensino

Superior brasileiro (SILVA, 2017, p. 279-280).

Outra característica que se apresentou na exposição dos resultados dos

trabalhos, mesmo que em menor ocorrência, foi a busca por similaridades e/ou

singularidades e diferenças entre um mesmo fator nos sistemas de ensinos objetos de

comparação. Assim sendo, entendemos que buscam realizar aproximações e

distanciamentos para pautar reflexões, por exemplo, sobre fatores que

intervieram/intervinham no fenômeno analisado.

No Ensino Fundamental e Médio do Brasil e Educação Básica e Média

do Chile, observamos que a estrutura curricular difere em números de

blocos de conteúdos, no entanto, essa diferença é apenas escolha de

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cada país na forma de organização e distribuição dos conteúdos a

serem desenvolvidos no decorrer dessas etapas educacionais

(CERQUEIRA, 2012, p. 206).

Sobre a avaliação da aprendizagem Matemática em ambos os

países, a análise comparativa revelou que as dimensões consideradas

nos currículos de Brasil e Paraguai, foram a social e pedagógica, com

vistas a uma avaliação de aprendizagem processual e contínua (DIAS,

2012, p. 217).

Ainda na questão curricular, as evidências indicam que os currículos

de Brasil e Japão não possuem diferenças relevantes (CARVALHO,

2015, p. 66).

Ressaltamos que esse mesmo movimento, de buscar semelhanças e

singularidades entre os diferentes sistemas de ensino pode ainda ser observado com

destaque em D7. O trabalho toma tal movimento como um dos fenômenos

promotores da pesquisa descrita, indo ao encontro dos objetivos traçados pelos

pesquisadores.

Algo a ser pontuado, em D9, que, diferentemente, de outros estudos, não

buscou analisar sistemas de ensino, seja pela vertente que o trabalho se insere, seja

pelo objetivo e pela metodologia utilizada. Para atingir o objetivo do trabalho, o autor

buscou realizar análises qualitativas acerca de movimentos de internacionalização, ou

seja, fatos históricos, o que já mostra certa diversidade de abordagens dos estudos

comparativos específicos em Educação Matemática.

Resguardadas algumas considerações, que poderiam ser feitas em sentido

contrário, entendemos, a partir das fases elencadas e das contribuições realizadas

pelos trabalhos, que a busca por forças especulativas dos fenômenos comparados

aproxima D6 e D8 do que pode ser caracterizado pela fase Predição (BEREDAY, 1972).

Os demais conjuntos de dados analisados aproximam-se da nomeada fase Analítica

por realizarem um movimento de justaposição dos resultados obtidos nas pesquisas.

Percorridas as considerações até o presente momento e, abrindo espaços para

o encaminhamento das considerações finais, observamos que D6 e D8,

supervalorizando elementos estatísticos em suas análises, desconsideram questões

políticas, sociais, culturais e econômicas, tão caras nas pesquisas em EC. Isto posto, em

observância a disparidade que isso representou em relação aos demais dados

levantados. Outro fato que chamou atenção nesse mesmo sentido, se deve a D6

utilizar e corroborar dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OCDE), instituição, cujas finalidades, princípios e métodos são alvos

constantes de questionamentos entre acadêmicos que analisam os impactos de

organismos internacionais nos sistemas de ensino (cf. FREITAS, 2014).

TAVEIRA, Flavio Augusto Leite; PERALTA, Deise Aparecida

Pesq. Prát. Educ., v. 1, p. 1-15, 2020. ISSN: 2675-5149

CONSIDERAÇÕES...

Entender o mundo é uma chave para

mudá-lo para melhorRobert Arnove.

Gostaríamos de expor algumas reflexões que surgiram no desenvolvimento

deste trabalho e na estruturação desta pesquisa. A primeira é considerar que a

maioria da produção levantada refere-se a estudos comparativos em Educação

Matemática no âmbito curricular. Na verdade, a única exceção deve-se a Valente

(2012) sobre uma História Comparativa da Educação Matemática. No entanto,

todos os estudos encontrados convergem para o ideal de produção de

conhecimento advindo dos estudos comparativos no bojo da Educação Matemática.

A segunda reflexão advém da observância de falta de pluralidade em termos

de referenciais que fundamentam as pesquisas relatadas nos textos levantados. As

referências são poucas e se repetem nos trabalhos, notadamente, a de Ferrer (2002).

Uma terceira reflexão, a que nos propomos, refere-se à ausência de estudos

comparativos em Educação Matemática que, minimamente, aproximem-se da fase

de Análise de Sistemas-Mundo (WSA), proposta por Arnove (1980; 2012) e defendida

pelo autor como uma vertente da EC que considere principalmente o fator da

globalização, indo além de conceber apenas as nações como unidade analítica.

Quanto a esta vertente, o autor acredita que o “[...] fenômeno difuso da globalização

reforçou a importância da análise de sistemas mundo, tanto do tipo consensual

quanto do tipo conflituoso, para o campo da Educação Comparada” (ARNOVE, 2012,

p. 149). Em vista dos resultados, cremos ser este um dos principais e mais emergente

desafio dos estudos comparativos no âmbito da Educação Matemática.

Com a base de argumentação apresentada neste texto, reforçamos a

necessidade de consolidação de caminhos investigativos em Educação Matemática

Comparada, seja em estreita relação com os ciclos de investigação em educação ou

se lançando a pretensos novos ciclos.

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