Frases sobre não responder mensagens

Frases sobre não responder mensagens
Visualizar uma mensagem de uma pessoa próxima e não responder em, no máximo, 24 horas, caso você não tenha sido sequestrado por uma tribo aborígene, é falta de educação e quer dizer, sim: não me importo com você!

“Tudo que eu gosto é ilegal, imoral, engorda ou visualiza e não responde”. Piadinhas como esta, sobre o desconforto de ter uma mensagem visualizada e não respondida, tem sido cada vez mais comum nas redes sociais.

Engana-se quem acha que o incômodo é referente apenas ao jogo da paquera e relacionamentos amorosos. Já vi situações de trabalho se complicar, absurdamente, por conta desse hábito que algumas pessoas cultivam bem como amizades estremecerem. Até mesmo perder negócios.

Ok, antes de qualquer coisa é preciso reconhecer que o outro não está no mundo para atender nossas expectativas e que não tem a obrigação de responder algo no tempo que esperamos/precisamos. Que nossa ansiedade é problema nosso – e, no máximo, do nosso terapeuta. Qualquer pessoa de bom senso concorda com isso, certo?

Se fôssemos responder de pronto a todas as mensagens que recebemos diariamente não faríamos outra coisa da vida. Ok creio que estamos de acordo com relação a isso, também. Adiante.

A pergunta que me faço quando me vejo nesse tipo de situação é: por que o ser humano visualiza se ele SABE que não terá tempo de responder naquele momento? Se ele SABE que não tem uma resposta satisfatória para dar e que não vai responder nada?

Visualizar uma mensagem de uma pessoa próxima e não respondê-la em 24 horas é, sim, falta de respeito. É tratar o outro como se fosse desimportante. No mínimo é deselegante.

Salvo raras exceções, como de pessoas que perseguem, enchem o saco, perturbam, cobram, solicitam nossa atenção em momentos inapropriados, enviam milhões de mensagens repetitivas, pessoas que sequer conhecemos direito. Essas, convenhamos, já deviam estar bloqueadas.

Às vezes acontece de não termos tempo, mesmo, de responder. De deixarmos para mais tarde e acabarmos esquecendo quando nos damos conta de que o assunto não era urgente. Ou de querermos refletir sobre a mensagem que recebemos para responder com calma e propriedade. Mas algumas pessoas fazem disso uma prática diária, um hábito.

Sobre essas pessoas que fazem disso um hábito, uma prática diária, enfim, um estilo de vida, tenho uma teoria de botequim – ou melhor, várias:

  1. Elas podem ser pessoas curiosas: não conseguem controlar o impulso de saber qual o conteúdo da mensagem que receberam, mesmo quando não têm intenção de responder ou de se relacionar com o remetente;
  2. Elas podem ser pessoas individualistas: acreditam que o seu tempo e a sua necessidade estão acima das necessidades dos outros;
  3. Elas podem ser pessoas autocentradas: acreditam que o outro deve respeitar/aceitar o seu tempo, mas não respeitam o tempo do outro. Ou seja, o outro está no mundo para aceitá-las como elas são, mas a recíproca não é verdadeira;
  4. Elas podem ser pessoas vaidosas: nutrem certo prazer em saber que estão sendo solicitadas, além da ilusão de que estão exercendo um falso poder ao controlar a situação deixando o outro esperar;
  5. Elas podem ser pessoas sadomasoquistas: esse seria o grau máximo de neurose. São os que agem assim por prazer, de caso pensado, porque gostam de torturar.
  6. Elas podem ser pessoas demasiadamente ocupadas que simplesmente não conseguem administrar o próprio tempo;
  7. Elas podem ser pessoas desligadas, do tipo que esquece a chave do carro dentro da geladeira.
  8. Elas podem ser pessoas que acreditam que um silêncio vale mais que mil palavras e que o delas significa: não perturbe.

Eu, particularmente, não visualizo nenhuma mensagem que não tenha a intenção (ou tempo) de responder. Prefiro engolir minha curiosidade a tratar o outro com desimportância ou deselegância. Porque não visualizar é dar ao outro o benefício da dúvida, é não deixá-lo alimentando minhocas na cabeça sobre o motivo do silêncio. Se não visualizou é porque ainda não viu, quando tiver tempo, verá. Simples assim.

Caso a curiosidade se instale, existe a opção de dizer: “respondo com calma depois, agora não posso”.

Todavia, visualizar uma mensagem de uma pessoa próxima e não responder em 24 horas, caso você não tenha sido sequestrado por uma tribo aborígene, quer dizer, sim: não me importo com você. E se esse for o caso, “não se importar”, o que diabos a pessoa que escreveu ainda está fazendo em sua lista de contatos? E se esse for o caso, “não se importar”, para quê visualizar?

E para o remetente que recebeu a subliminar “não me importo com você” fica a dica: não se importe com quem não se importa com você.

Sabemos que a advento dos smartphones (e o avanço da tecnologia) mudou nossa relação com o tempo; que estamos todos mais acelerados do que devíamos; que infelizmente perdemos a noção de ritmo que a mãe natureza sempre nos ensinou: plantar, cultivar, adubar, regar, colher. Sabemos que nos tornamos seres estressados e ansiosos; que a sociedade de consumo nos tornou menos aptos a lidar com frustrações, que a cultura da comida instantânea, por exemplo, nos fez desejar que tudo seja como as sopas de saquinho: pronto em três minutos.

É fato, também, que devemos aprender a lidar com nossas ansiedades e paranoias. Se todo e qualquer silêncio referente ao outro mexe demais conosco, ao ponto de nos roubar noites de sono, é hora de investigar de onde vem essa incapacidade de lidar com o silêncio alheio. É hora de investigar nossa capacidade de lidar com a rejeição e tentar resolvê-la (alô terapia!).

Quem nunca se revoltou ao enviar uma mensagem no WhatsApp e não receber resposta por horas ou dias (às vezes até semanas)? Por outro lado, nem todo mundo consegue responder toda mensagem que chega em tempo — especialmente quem trabalha com o app.

Afinal, existe uma regra de etiqueta para usar o WhatsApp? Visualizar uma mensagem e não responder é realmente tão feio assim? Feio não é, mas é preciso bom senso, como tudo na vida. É o que diz uma especialista no assunto ouvida por Tilt.

"Se a sua resposta vai agilizar uma demanda urgente, é importante que você responda logo. E quem enviou também precisa deixar claro a urgência", explica a fonoaudióloga Cida Stier, que elaborou um guia de comunicação e bons modos no WhatsApp.

Em sua cartilha, ela frisa que é preciso saber lidar com a frustração. Por exemplo: se a pessoa não responder, você pode ligar, "mas só em certas situações, como questões profissionais ou de saúde. Do contrário, a pessoa tem direito à privacidade."

Se a pessoa do outro lado não atendeu, ou está ocupada, ou não quis falar, você tem que lidar com isso. E se a pessoa não deu uma resposta, isso já é uma resposta"
Cida Stier

Cida crê que o aplicativo pode ajudar na reflexão do usuário sobre seu própria postura na comunicação.

"É importante rever comportamentos para saber o que é inadequado. Vale sempre perguntar antes de enviar: 'preciso mandar essa mensagem? Vai contribuir para alguma coisa?'."

Recursos polêmicos

A dependência do app só tem aumentado, especialmente nos últimos dois anos, com a ascensão do home office e o distanciamento social provocado pela pandemia de covid-19.

Ao mesmo tempo, também cresceram os motivos de irritação: uma mensagem visualizada e não respondida (o famoso "check azul"); um áudio com mais de um minuto (ou uma sequência de vários áudios); um emoji mal interpretado; ou até uma sucessão de mensagens de "bom dia".

Afinal, dá para usar o WhatsApp sem incomodar ninguém?

A consultora de etiqueta Glória Kalil, por exemplo, já afirmou em entrevistas que é adepta do "check azul". Para ela, o mais adequado é responder às conversas o mais rápido possível.

Se você usa o WhatsApp, melhor que responda logo, ou no máximo em um dia. Se passa disso, é melhor que a pessoa nem tenha WhatsApp" Glória Kalil

"Mandei mensagem para um amigo pedindo informações sobre uma peça e, depois de um dia sem resposta, liguei para ele. Ele falou que ainda ia se informar para me responder, mas podia ter dito isso nas mensagens. Não precisa dar uma resposta pronta logo, mas pelo menos uma satisfação", afirma a consultora.

Sobre grupos e mensagens indesejadas de estranhos, Glória diz que a etiqueta fundamental é perguntar antes à pessoa se ela quer receber e fazer parte disso.

"Até faço parte de um grupo que não me interessa, mas apenas deixo lá, não abro nada. Aliás, todos esses recursos e aplicativos são opcionais e servem para facilitar a comunicação. Se forem amolar, a opção é parar de usá-los", aconselha Glória.

Novos neuróticos?

Para Ana Lúcia King, psicóloga fundadora do Instituto Delete, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o WhatsApp não necessariamente criou novos neuróticos.

"Nós distinguimos o uso abusivo no lazer e no trabalho do uso patológico. A pessoa que sofre no WhatsApp já tinha um transtorno pré-existente, sendo ansiosa, com pânico ou depressão. Claro, há a falta de educação digital também em alguns casos."

Para King, existem diferentes perfis de usuários. "O que a gente percebe mais é o comportamento. Quando a pessoa é carente, insegura, narcisista... A gente consegue ver isso só pelo teor das mensagens."

Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), também levanta outro fenômeno comportamental relativo ao uso não só do WhatsApp, mas da internet como um todo.

É o que chamamos de personalidade eletrônica, no qual os indivíduos tendem a exagerar suas características pessoais e serem mais insubordinados, mais repetitivos, mais agressivos. Isso faz com que muitas pessoas prefiram seu perfil psicológico ao seu perfil real"
Cristiano Nabuco de Abreu

Guia de etiqueta no WhatsApp

  • Se você não gosta do "check azul", veja aqui como desabilitá-lo;
  • Evite enviar áudios com mais de um minuto. Tente ser objetivo e grave no máximo dois áudios. É chato receber diversas notificações. O alerta de mensagens pode irritar;
  • Se você ou a pessoa que receberá a mensagem estiver em um ambiente público ou barulhento, opte por mensagem em texto;
  • Escreva corretamente. Domínio da escrita demonstra cuidado e respeito com quem recebe a mensagem;
  • Ao enviar uma mensagem, não espere que ela seja respondida na hora. Se for urgente, ligue. Se não obtiver resposta, aguarde. Não mande áudio, mensagem ou pontos de interrogação cobrando;
  • Reserve dois ou três horários durante o dia para verificar e responder as mensagens todas de uma vez, para melhorar a produtividade;
  • Se usa o WhatsApp para trabalho, evite fotos de perfil inadequadas, como estar sem camisa ou com decotes sensuais;
  • Nos status do WhatsApp (o antigo, não o novo), troque a frase para uma mensagem que mostre por que você está no aplicativo ou sua situação atual (se está ocupado, por exemplo);
  • Ao mandar uma mensagem a alguém pela primeira vez e vocês não se conhecem pessoalmente, apresente-se e vá direto ao ponto ("Olá, sou fulano de tal. Tenho seu contato por causa disso e preciso falar sobre o assunto X");
  • Evite enviar mensagens muito tarde. Em caso de assuntos profissionais procure, de preferência, tratá-los em horário comercial;
  • Evite mandar várias palavras ou frases, em partes. Novamente, é provável que a sequência de ruídos das notificações não seja muito bem-vinda.

Em conversas em grupo:

  • Evite ao máximo abordar temas diferentes da temática do grupo. Tenha em mente o assunto ou motivo do grupo;
  • Antes de adicionar pessoas a um grupo, consulte-as sobre o interesse em participar;
  • Começar o dia com dezenas de "Bom dia", imagens e pensamentos podem ter efeito contrário. Se você gosta de enviar mensagens assim, observe a reação dos participantes. Evite mandá-las especialmente em grupos de trabalho;
  • Não se exponha desnecessariamente: não mande correntes, teorias conspiratórias e não repasse informações que você não tenha certeza da veracidade;
  • Vídeos grandes ocupam memória desnecessária do smartphone e desperdiçam pacotes de dados. Prefira enviar um link;
  • Atenção ao enviar as respostas, para não enviar em um grupo formal uma mensagem completamente inadequada que estava endereçada ao grupo pessoal;
  • Se você decidir sair de um grupo do WhatsApp, os outros membros receberão uma mensagem dizendo 'fulano de tal deixou o grupo'. Antes de sair, avise brevemente.

*Com matéria de Márcio Padrão, para Tilt