Explique o que significa as seguintes atitudes filosóficas: a) espanto b) dúvida c) insatisfação

Sócrates revolucionou a Filosofia ao transferir a vocação questionadora da natureza física para a natureza humana, seus valores, verdades e fundamentos. Se existiu alguma revolução na filosofia logo em seus primeiros séculos na Grécia Antiga, ela atende por um nome: Sócrates.

Alterando radicalmente o uso da razão e o objeto de investigação filosófica, ele decidiu que, em vez de continuarem debatendo sobre a origem e transformação do universo e todas as coisas que nele havia, os homens fariam melhor se investigassem a si mesmos: a verdadeira descoberta estava no interior da alma humana, e não fora dela.

Nascido em 469 a.C. nas planícies do monte Licabeto, próximo a Atenas, Sócrates vinha de família humilde e durante a infância ajudou o pai no ofício de escultor. Logo sua vocação falou mais alto e partiu para aprender filosofia, sendo discípulo dos filósofos Anaxágoras e Arquelau.

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Entretanto, insatisfeito com as limitações do pensamento filosófico que era expresso em sua época, decidiu descobrir um novo modo de conhecimento. Em vez de restringir seu debate somente aos eminentes, Sócrates era visto em toda parte — especialmente na Ágora (área central de Atenas onde se desenrolava toda a vida pública da cidade) — dialogando com todo o tipo de gente. Suas andanças o levaram ao Oráculo de Delfos, o qual, para espanto do próprio Sócrates, o declarou “o mais sábio dos homens”.

Discordando do Oráculo, Sócrates decidiu encontrar em Atenas alguém que fosse mais sábio que ele próprio, mas, dialogando com as pessoas da cidade famosas pela inteligência e sabedoria, logo se convenceu de que elas, na verdade, nada sabiam de concreto. A cada sábio que interpelava, em algum momento da conversa, Sócrates logo percebia falseamentos e contradições.

O modo como nosso filósofo procedia era inédito até então e ficou conhecido como dialética. Inicialmente, pedia a seu interlocutor que discorresse sobre um assunto qualquer como a justiça, a coragem, a escolha de uma profissão, etc. Em seguida, a partir dos pensamentos mal formulados e expressos, Sócrates ia demolindo os argumentos um a um, de modo que seu oponente ficava frequentemente sem respostas.

Na verdade, esse método provocador de Sócrates obedecia a um princípio filosófico justificável. Para ele, a grande confusão reinante no mundo humano — e que levava os sofistas a concluir que “não há certezas, apenas convenções” — baseava-se no fato de que as pessoas, mesmo os tidos sábios, não raciocinavam com o devido cuidado sobre si mesmos, suas opiniões, valores e ações, tomando como óbvio coisas que deveriam sempre ser questionadas até o entendimento completo.

Em seus diálogos — alguns dos quais chegaram a nós através do seu discípulo Platão — Sócrates buscava o esclarecimento dos conceitos mais básicos. Após se valer de sua dialética negativa, derrubando racionalmente os argumentos enganosos e confusos, ele partia para uma dialética positiva, buscando ressaltar o valor de verdade das proposições que restavam.

Em razão de sua maneira irresistivelmente provocadora de conversar e ao seu carisma pessoal, Sócrates se tornou figura muito popular em Atenas, atraindo igualmente discípulos adoradores e inimigos invejosos. Era convidado frequente de jantares e festas, sempre rodeado de curiosos. Em breve, porém, pôde demonstrar outra qualidade: a coragem.

Sócrates lutou como soldado na Guerra do Peloponeso (entre Atenas e Esparta) e, segundo consta, demonstrou grande bravura em combate. Em um episódio, carregou um companheiro ferido em meio ao ataque das tropas inimigas.

Politicamente, embora não demonstrasse preferências, Sócrates era tido como perigoso aos poderosos em virtude de sua língua afiada. Ao final da guerra, quando a Atenas derrotada foi dominada pelos Trinta Tiranos, declarou-se a proibição de se ensinar ou discutir filosofia em público.

Com a volta da democracia, anos depois, a situação do filósofo não melhorou. Após uma acusação forjada de blasfêmia contra os deuses, Sócrates foi a julgamento — que se tornaria célebre na descrição feita por Platão. Infelizmente, neste caso, sua prosa elegante e provocadora teve efeito negativo e, após irritar a maioria do juri — dizendo entre outras coisas que em vez de julgado deveria ser declarado herói — Sócrates acabou condenado à morte.

Suas ideias e métodos, porém, viveriam muito além dele, influenciando a filosofia por toda a história e fazendo dele, com justiça, o primeiro magistral pensador filosófico que o mundo conheceria.

Luciano Vieira Francisco Colaborador Brasil Escola Graduado em História pela Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL Especialista em Formação de docentes para o ensino superior no Centro Universitário Assunção – UNIFAI

Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo - USP

  1. 1. Centro de Ensino Urbano Rocha Professora: Mary Alvarenga Disciplina: Filosofia Atitudes filosóficas Todos os homens são filósofos. Mesmo quando não têm consciência de terem problemas filosóficos, têm, em todo o caso, preconceitos filosóficos. A maior parte destes preconceitos são as teorias que aceitam como evidentes: receberam-nas do seu meio intelectual ou por via da tradição. Dado que só tomamos consciência de algumas dessas teorias, elas constituem preconceitos no sentido de que são defendidas sem qualquer verificação crítica, ainda que sejam de extrema importância para a ação prática e para a vida do homem. Uma justificação para a existência da filosofia é a necessidade de analisar e de testar criticamente estas teorias muito divulgadas e influentes. Tais teorias constituem o ponto de partida de toda a ciência e de toda a filosofia. São pontos de partida precários. Toda a filosofia deve partir das opiniões incertas e muitas vezes perniciosas do senso comum acrítico. O objetivo é um senso comum esclarecido e critico, a prossecução de uma perspectiva mais próxima da verdade e uma influência menos funesta na vida do homem. K. POPPER, Em Busca & um Mundo Melhor, trad. port.,Lisboa, Ed. Fragmentos, 1989, - 165 A atitude filosófica não é uma atitude natural. Qualquer indivíduo de forma imediata face à realidade não começa a examiná-la de forma especulativa. Pelo contrário, o que é natural é que se centre na resolução problemas práticos, que se guie pelo senso comum tendo em vista resolver certas necessidades imediatas. Ninguém pode viver sem se adaptar constantemente às condições do seu mundo. Estas exigências de sobrevivência tendem, naturalmente a sobrepor-se a todas as outras preocupações. O homem está permanentemente se confrontado com novos problemas que o colocam perante novas situações imprevisíveis, e que o obrigam a alargar os seus horizontes de compreensão da realidade. Cada mudança pode representar, assim, uma nova possibilidade para ampliar o conhecimento. Estas mudanças frequentemente inquietam-nos ou maravilham-nos, despertando a nossa curiosidade sobre o porquê das coisas, levando-nos a questionar o que nos rodeia. Ao fazê-lo, estamos a distanciarmo-nos da realidade, que de repente se tornou estranha. Esta atitude reflexiva, pode nos conduzir a uma atitude mais radical, a atitude filosófica. Alguns aspectos que caracterizam a atitude filosófica  O espanto. Aristóteles afirmava que a filosofia tinha a sua origem no espanto, na estranheza e perplexidade que os homens sentem diante dos enigmas do universo e da vida. É o espanto que os leva a formularem perguntas e os conduz à procura das respectivas soluções.  A dúvida. Ao filósofo exige-se que duvide de tudo aquilo que é assumido como uma verdade única. Ao duvidar, ele se distancia das coisas, quebrando desta forma a sua relação de familiaridade com as coisas. O que era natural torna-se problemático. O que então emerge é uma dimensão inquietante de insatisfação e problematização. A reflexão começa exatamente a partir do exame daquilo que se pensa ser verdadeiro. Se nunca duvidarmos de nada, nunca saberemos o fundamento daquilo em que acreditamos.  A insatisfação. A filosofia revela-se uma desilusão para quem quiser encontrar nela respostas para as suas inquietações. O que o aprendiz de filósofo encontra na filosofia são
  2. 2. perguntas e problemas para que não confie em nenhuma autoridade exterior à sua razão, para que duvide das aparências e do senso comum. A única "receita" que os filósofos lhe dão é que faça da procura do saber um modo de vida. Não se satisfaça com nenhuma conclusão, queira saber sempre mais e mais. Entendimento do texto 1. Por que, segundo o texto, todos os homens são filósofos? 2. O desejo do filósofo, ou o aprendiz de filósofo, é superar o senso comum. segundo o texto, o que seria o senso comum? 3. Qual seria a justificativa para a existência da filosofia? 4. O que seria a atitude filosófica? 5. Em relação ao texto, aponte quatro aspectos que caracterizam a atitude filosófica. 6. Segundo o texto, o homem está frequentemente se confrontado com novos problemas que o colocam frente novas situações. Ou seja, o homem está sempre passando por mudanças. A partir disso, o que estas mudanças podem representar para o homem? 7. A partir da compreensão do texto, cite alguns exemplos de mudanças que estão ocorrendo na atual sociedade. 8. Caracterize em forma de tópicos as seguintes atitudes filosóficas: a) espanto b) dúvida c) insatisfação Senso comum é um tipo de conhecimento não científico, ou seja, adquirido pelo homem apenas pelas experiências, vivências e observação do mundo. É uma forma de conhecimento vulgar ou popular.