De que forma as máquinas agrícolas contribuíram para o desenvolvimento da agricultura

A agricultura foi uma das primeiras atividades desenvolvidas ao longo da história da humanidade. O seu período de elaboração ocorreu durante o período histórico chamado de Neolítico (por volta de 8000 a.C.), naquilo que ficou conhecido como a Revolução Neolítica. Afinal, foi graças à agricultura que os povos anteriormente nômades sedentarizaram-se, ou seja, passaram a viver em moradias fixas, pois poderiam utilizar e cultivar o solo para o sustento próprio.

É claro que esse processo não ocorreu de forma repentina, mas sim gradativa, uma vez que inicialmente a agricultura era apenas uma atividade complementar à coleta vegetal e caça. No entanto, com o tempo, a sedentarização supracitada permitiu o desenvolvimento das primeiras grandes civilizações, todas elas essencialmente agrícolas.

Podemos dizer, nesse sentido, que a agricultura é um exemplo de como a evolução das técnicas exerce uma direta influência sobre o processo de produção do espaço geográfico. Inicialmente, mesmo nas civilizações mais desenvolvidas da atividade, a agricultura concentrava a maior parte da mão de obra e era o cerne de desenvolvimento social, representando uma subordinação das cidades ao campo. Como o tempo, como veremos a seguir, essa relação inverteu-se.

A partir do século XVIII, a emergência da Revolução Industrial – que nada mais é do que uma transformação das técnicas de produção – gerou profundos impactos nas estruturas socioespaciais e na organização do ser humano em sociedade. Um desses efeitos refletiu-se na evolução das técnicas agrícolas, pois os países que se industrializaram iniciaram um processo de mecanização gradativa das práticas rurais e de uso do solo.

Desse modo, o número de pessoas vivendo no espaço rural passou a ser menor nesses países, pois a urbanização acelerou-se graças ao êxodo rural (migração em massa do campo para a cidade). Por outro lado, a produtividade do campo intensificou-se graças à implementação de maquinários, o que representou uma evolução que se estendeu durante todo o século XIX e meados do século XX, em um período conhecido como Revolução Agrícola. Nesse momento, os centros urbanos passaram a coordenar as práticas agrícolas e a centralizar a economia, o que tornou o campo subordinado às cidades.

Durante o século XX, a evolução da agricultura permitiu a consolidação de uma nova transformação no meio técnico do campo, fomentando aquilo que ficou conhecido como a Revolução Verde, esta atrelada, sobretudo, aos avanços proporcionados pela Terceira Revolução Industrial.

A Revolução Verde consistiu em uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos e demais países de ampliar o desenvolvimento da agricultura para combater a fome em países subdesenvolvidos. Sua aplicação consistiu na introdução de técnicas mais modernas, como a biotecnologia, a mecanização intensiva, o emprego de fertilizantes e de sementes VAR (Variedades de Alto Rendimento, mais resistentes aos produtos químicos do campo), maior uso de agrotóxicos, técnicas de correção do solo, entre outros.

Embora a revolução verde não tenha conseguido reduzir como pretendia a fome no mundo, ela foi inegavelmente a responsável pelo elevado aumento da produtividade agrícola, gerando mais alimentos e produtos primários em geral. Alguns de seus críticos, no entanto, colocam que o seu desenvolvimento gerou uma maior dependência dos países pobres em relação à tecnologia dos países desenvolvidos, além de ter ampliado o avanço da agricultura sobre as áreas de preservação ambiental.

Atualmente, diz-se que estamos passando por uma mais profunda transformação nas técnicas agrícolas, que teria sido iniciada a partir da década de 1990: a revolução transgênica. Os produtos agrícolas transgênicos são aqueles geneticamente modificados para serem mais resistentes a pragas e a produtos químicos, além de permitirem o seu cultivo em tipos de solo e clima originalmente pouco apropriados.

O cultivo dos produtos agrícolas transgênicos está no centro de um dos debates mais polêmicos da atualidade. Os seus defensores argumentam que o desenvolvimento desse tipo de técnica e seus resultados ajudam no aumento da produção e, portanto, no combate à fome, além de garantir o sustento e a lucratividade dos produtores. Aqueles que se opõem aos transgênicos consideram ruins os seus efeitos sobre a saúde humana e também sobre a natureza, considerando que a melhor opção é o cultivo em agricultura orgânica.

De todo modo, percebemos que a evolução da agricultura e suas técnicas é de fundamental importância para que se compreenda o desenvolvimento da própria humanidade e seu espaço geográfico. Afinal, essas diferentes técnicas geraram efeitos sobre a produtividade e, por extensão, sobre toda a dinâmica econômica e, principalmente, social.

GPS, piloto automático, controladores eletrônicos, sensores e câmeras. Anos atrás, esses termos não faziam parte do vocabulário do produtor rural. Mas, hoje, o cenário é outro. Com a mecanização da agricultura, o trabalho rural ganhou tecnologias que otimizam os resultados no campo para atender uma demanda cada vez maior.

Como essas novas ferramentas podem trazer um retorno real para o agronegócio? Vamos destacar, neste post, algumas vantagens de implementá-las na sua propriedade. Acompanhe!

A evolução dos implementos agrícolas

A introdução das máquinas no campo ocorreu no século 18 com a Revolução Industrial, que levou a mecanização não somente para as indústrias das cidades, mas também para o trabalho rural, com semeadeiras, tratores e colheitadeiras.

No entanto, bem antes disso, o homem sempre buscou novas técnicas e tecnologias para facilitar as tarefas agrícolas e elevar a produtividade. Por exemplo, entre 3.500 e 3.200 a.C., o agricultor implementou a roda. O uso de outras ferramentas mais simples remonta a períodos mais distantes, em torno de 8.000 a.C., quando o homem deixou de ser nômade, fixou residência e passou a produzir seu próprio alimento.

No século 13, arados de lâminas de madeira foram desenvolvidos. Então, por volta de 1.600, na Europa, foram criados instrumentos mais elaborados, como o semeador mecânico e o bando de cereais, movidos por tração animal ou humana.

Assim, a criação das máquinas movidas a vapor e que ocuparam as fábricas no século 18 foi o pontapé que faltava para a implementação de tecnologias de produção em larga escala. Já no século 19, a mecanização marcou presença nas propriedades rurais, dando início à chamada agricultura moderna, em 1850.

A partir daí, o desenvolvimento foi inevitável: máquinas movidas a gasolina, emprego de componentes eletrônicos e, por fim, como vemos hoje, uso de tecnologias digitais que trazem maior inteligência ao processo de decisão do produtor rural.

Conheça, nos próximos tópicos, as principais vantagens de toda essa evolução na mecanização da agricultura.

4 vantagens da mecanização da agricultura

1. Economia de tempo

É inegável a otimização do tempo que a mecanização garante ao processo produtivo. Em todas as etapas, da preparação do solo à colheita, o uso de máquinas torna o trabalho mais ágil. Em produções de alta escala, as atividades seriam praticamente inviáveis sem o uso dessas tecnologias. Tendo em vista a crescente demanda por alimentos, somente a mecanização poderia dar conta da produção dentro da janela de plantio que as lavouras apresentam.

Por exemplo, 50 hectares de café podem ser colhidos de modo automatizado em, no máximo, 2 semanas. Manualmente, a mesma área poderia demandar 2 meses de trabalho. Isso ocorre porque a capacidade de trabalho aumenta.

Como os frutos são retirados em menos tempo, a lavoura tem um tempo maior para uma florada mais uniforme e intensa, o que se traduz em uma produtividade maior na próxima safra.

2. Redução da mão de obra

A escassez de mão de obra qualificada no campo quebra a ideia de que a mecanização da agricultura retira vagas de emprego. Na verdade, a tecnologia também surge para dar uma solução ao produtor rural que não encontra trabalhadores para realizar as diversas tarefas da produção, sobretudo a colheita.

3. Economia de recursos

A mecanização pode reduzir os custos da produção em cerca de 30%. Por exemplo, uma pesquisa divulgada pelo Conselho Nacional do Café revelou que a diferença dos custos por saca entre os métodos de colheita manual e os mecanizados foi de 26% (R$350/saca no manual e R$257/saca no mecanizado).

A maior parte da economia dos recursos estava nas despesas com pessoal — em torno de 58% a menos com o uso de máquinas (R$77/saca no mecanizado contra R$184/saca no manual).

4. Controle de qualidade

As novas tecnologias aplicadas à atividade agrícola são capazes de garantir maior qualidade aos produtos. Por exemplo, os métodos de colheita impactam diretamente a integridade e a higiene de grãos. Ao mecanizar essa etapa de produção, evita-se que o produto entre em contato com a terra, o que poderia comprometer sua qualidade e causar desperdício de alimentos.

Em virtude de todas essas vantagens, é natural que surjam cada vez mais novas tecnologias a fim de otimizar o processo produtivo. Vamos apresentar algumas dessas tendências.

As principais tendências da mecanização

As tendências do agronegócio correm no sentido de garantir maior sustentabilidade e produtividade à atividade rural. Veja alguns desses caminhos que já estão sendo percorridos no intuito de evoluir ainda mais a mecanização agrícola.

Agricultura de precisão

A agricultura de precisão consiste em um conjunto de tecnologias que extrai da lavoura, do solo e do clima informações úteis para a tomada de decisões. Isso é um passo além da mecanização e da automação dos processos.

Por exemplo, há alguns anos — e ainda praticado atualmente —, costumava-se retirar uma amostragem do solo da propriedade e fazer um diagnóstico que seria aplicado a toda a propriedade. Essa análise não era precisa, uma vez que dentro do talhão pode haver grande variação nas características do solo.

Com a agricultura de precisão, é possível fazer um mapa de produtividade orientado via satélite. Esses dados permitem que o produtor aplique fertilizantes e defensivos em quantidade variável, de acordo com a necessidade específica de cada área do talhão.

Além disso, esses instrumentos possibilitam a aplicação na taxa exata que a lavoura precisa, evitando sobreposições e reduzindo a deriva.

Máquinas autônomas

Embarcados com GPS, piloto automático e conexão à internet, os veículos autônomos são capazes de percorrer trajetos predeterminados com o mínimo possível de intervenção humana. Dessa forma, as passadas se tornam mais precisas. Além disso, os veículos autônomos trabalham por mais tempo do que seria possível caso fossem operados por um humano.

Drones

Os drones são veículos não tripulados, capazes de percorrer longas distâncias e captar imagens aéreas da propriedade. Esses arquivos podem ser usados para analisar a lavoura, identificando falhas na linha de plantação, nível de maturação do cultivo, presença de pragas, entre outras informações.

Além disso, com um monitoramento aéreo, é possível descobrir nascentes de água, identificar locais onde seria possível abrir estradas, encontrar focos de incêndio, medir propriedades etc. As possibilidades são diversas.

Indiscutivelmente, a mecanização da agricultura trouxe vantagens antes inimagináveis. Devido a esses avanços, a tendência é que as máquinas e as tecnologias evoluam ainda mais e tornem o agronegócio cada vez mais forte não só no Brasil, mas também em todo o mundo.

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