Como comparar cesta basica online

Veja preço da cesta básica e as regiões mais afetadas e com as maiores altas no Brasil. Alimentos mais caros reduzem a variedade no cardápio da população

Ricardo de Oliveira -   Publicado em 04/01/2022, às 09h33 - Atualizado às 09h52

Pode-se dizer que o brasileiro está mais pobre. Isso porque o novo salário mínimo 2022 não acompanha a inflação em todos os setores da economia e o bolso do contribuinte está mais raso. Um dos setores mais impactados é a alimentação, que sofreu com a inflação e apresenta reajustes muito acima de 10%, como é o caso do preço da cesta básica, que subiu mais de 30% em valor de mercado, conforme último levantamento realizado em 7 de dezembro de 2021.

O presidente Bolsonaro confirmou que o novo salário mínimo 2022 passa a vigorar a partir do mês de janeiro de 2022. Com isso, o valor aprovado passa a ser R$ 1.210, um reajuste de 10,04% comparado ao mínimo determinado por lei até o ano passado. Quando comparado ao IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15) calculado até novembro de 2021, o reajuste fica abaixo da inflação oficial, que fechou em 10,42% com base nos últimos 12 meses.

Preço da cesta básica está mais caro

O preço da cesta básica de alimentos aumentou em todas os Estados brasileiros que fazem parte do levantamento comparando outubro de 2020 a outubro de 2021. Veja as cidades com as cestas básicas mais caras do Brasil, segundo pesquisa:

  • Florianópolis (R$ 700,69)
  • São Paulo (R$ 693,79)
  • Porto Alegre (R$ 691,08)
  • Rio de Janeiro (R$ 673,85)

As maiores altas da cesta básica foram registradas em Vitória - ES (6%), Florianópolis - SC (5,71%), Rio de Janeiro - RJ (4,79%), Curitiba - PR (4,75%) e Brasília - DF (4,28%). Os maiores percentuais de reajustes inflacionário foram observados em Brasília - DF (31,65%), Campo Grande - MS (25,62%), Curitiba - PR (22,79%) e Vitória - ES (21,37%).

Os dados são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 17 capitais.

A única cidade que apresentou queda em relação a outubro de 2020 foi Recife, de 0,85%, custando atualmente R$ 485,26.

A PNCBA (Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos) é um levantamento contínuo dos preços de um conjunto de produtos alimentícios considerados essenciais, implantada em São Paulo em 1959, que utilizam como base de cálculo do Índice de Custo de Vida (ICV) e, ao longo dos anos, foi ampliada para outras capitais. Hoje, é realizada em 17 Unidades da Federação e permite a comparação de custos dos principais alimentos básicos consumidos pelos brasileiros.

O banco de dados da PNCBA apresenta informações úteis sobre o que o trabalhador precisa cumprir, em todas as capitais, para adquirir a cesta. Os dados permitem que a sociedade conheça mais detalhes sobre os itens que compõem a cesta básica.

Os itens básicos analisados são definidos pelo Decreto Lei nº 399, de 30 de abril de 1938, que regulamentou o salário mínimo no Brasil e está vigente até os dias atuais. A lei determina que a cesta de alimentos seja composta por 13 alimentos básicos, em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador adulto (acima de 18 anos). Itens e quantidades são diferenciados por região, de acordo com os hábitos alimentares locais. Ou seja, a composição da cesta básica muda de acordo com cada região do Brasil.

No norte e nordeste, as cestas de alimentos mais caras são de Fortaleza (563,96), Belém (538,44), Natal (504,66) e João Pessoa (491,12). As mais baratas são de Aracaju (R$ 464,17), Recife (R$ 485,26) e Salvador (R$ 487,59).

Estimativas de preços por região 

O Dieese também aproveita o estudo realizado para estimar quanto o trabalhador precisaria ganhar para justificar o preço da ceta básica nas principais capitais brasileiras. No caso da região sul do país, o salário mínimo necessário seria de R$ 5.886,50, que é 4,86 vezes o novo piso nacional, de R$ 1.210,04. O cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.

Pela pesquisa, o trabalhador remunerado compromete cerca de 58,35% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta.

Mais detalhes podem ser conferidos na última pesquisa Dieese realizada, em dezembro de 2021.

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Para quem ganha só um salário mínimo, gasto com alimentação corrói metade do rendimento | Foto: Cristiane Mattos / O Tempo

O preço da cesta básica em Belo Horizonte, durante janeiro de 2022, ultrapassou a metade do valor do salário mínimo dos trabalhadores. Com o alto volume de chuva em todo o Estado, a produção de hortifrutigranjeiros foi comprometida, elevando o custo de legumes e verduras em mais de 10% na cidade e pressionando o gasto com alimentação. Os principais aumentos foram observados na batata inglesa, que cresceu 33%, e do tomate, com alta de 18%. 

Os dados foram apresentados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead) da UFMG. A instituição mediu um custo de vida 2% maior na capital mineira nos primeiros 31 dias de 2022 por meio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além das questões climáticas, os gastos com alimentação também sofrem impacto da inflação acumulada na cidade, que chega a 10,79% nos últimos 12 meses.

A pesquisa mostrou que o valor do custo da cesta básica aumentou 4,66% em janeiro e chegou a R$637,20. Por outro lado, o salário mínimo que entrou em vigor no início do ano é de R$1.212. A proporção do valor do vencimento sobre a média da cesta é de 52,57%. Além da batata e do tomate, outro produto tradicional na mesa dos brasileiros que teve aumento relevante de preço foi o café moído, que subiu 8,65%.

O pacote do grão, inclusive, já é encontrado a mais de R$18 nos supermercados. Também com alterações estão os valores do leite com crescimento 5,95% e do corte da chã de dentro que sofreu elevação de 4%. De acordo com o gerente de pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes, a cesta básica sofreu um impacto em produtos que, geralmente, não passam por alterações de valores. 

“Com a alta concentração de chuvas houve elevação significativa dos alimentos in natura. São produtos com menor peso inflacionário, mas que impactaram na alta de preço”, analisa. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), somente nos dez primeiros dias de janeiro, Belo Horizonte registrou mais de 500 milímetros de precipitação. O intenso volume resultou em perdas nas lavouras, diminuição da oferta e salto no preço de legumes, verduras e hortaliças, como mostrou OTempo.

O cenário, conforme Antunes, pressiona principalmente as famílias com renda mais baixa. “Quanto menor o rendimento, mais as pessoas vão gastar para alimentação. Quando se tem produtos comuns do dia-dia sofrendo variações significativas, o orçamento das famílias vai se corroer”, analisa. Para aliviar o bolso, muitas famílias podem cortar o consumo de alguns produtos, prevê Eduardo. 

“Em muitos casos não é possível fazer uma substituição por outro produto mais em conta. E quando se consegue fazer, acaba aumentando a demanda a outro produto que também vai subir de preço”, comentou Antunes ao lembrar da alta no preço do peixe, em decorrência do aumento da procura pelo pescado. 

Serviços 

O levantamento do Ipead também indica um aumento de 10,18% no custo dos empregados domésticos em Belo Horizonte, durante janeiro. Os gastos com transporte, combustíveis, energia elétrica, água, comunicações e IPTU tiveram um crescimento médio de 2,64% no mês, e de 16,45% se comparado com os últimos 12 meses.  

Para quem tem dívidas com cartão de crédito, a taxa de juros a ser cobrada em débitos em atraso está mais alta até mesmo do que a taxa selic definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O órgão do Banco Central definiu o índice está em 10,75% ao ano, enquanto o percentual que incidirá sobre as faturas dos usuários de cartão de crédito em BH é de 12,63%, 

“Se você tem um boleto de R$1 mil, mas só pagou R$800, os R$200 vão para o outro mês. Na próxima fatura o consumidor terá o valor normal, só que o valor pendente do último mês vai ter um acréscimo de 12,63%”, explicou Antunes. 

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Pontos-chave

  • O piso nacional ideal para sustentar uma família composta por dois adultos e duas crianças deveria ser maior que R$ 5.500;
  • As famílias com renda de um salário mínimo têm entre 44,86% a 65,32% dos ganhos mensais comprometidos;
  • Boa parte dos itens que compõem a cesta básica sofreu grande aumento devido á inflação;

O povo brasileiro vem sofrendo com a alta na inflação, principalmente na compra dos alimentos. A população mais pobre é a mais afetada, já que boa parte de sua renda está sendo destinada para a compra da cesta básica para a sobrevivência.

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Cesta básica: quais alimentos dão para comprar ganhando um salário mínimo?(Imagem: AJN1)

O preço da cesta básica está cada dia mais cara, por causa da alta na inflação dos alimentos. A principal explicação para esta mudança é a queda ou redução na renda das famílias brasileiras por causa dos impactos econômicos gerados pela pandemia da Covid-19.

Outro fator que influencia no poder de compra da cesta e de outros produtos e serviços é o atual valor do salário mínimo de R$ 1.100. O Dieese declara que o piso nacional ideal para sustentar uma família composta por dois adultos e duas crianças deveria ser maior que R$ 5.500.

Esse aumento é percebido por todos os brasileiros, porém, são os mais pobres os mais afetados. As famílias com renda de um salário mínimo têm entre 44,86% a 65,32% dos ganhos mensais comprometidos com a compra dos alimentos.

A cesta básica é composta por 13 alimentos: carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. Segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de junho os alimentos que mais subiram de preço no acumulado de 12 meses, foram:

  • Óleo de soja – 83,79%;
  • Feijão fradinho – 48,19%;
  • Peito bovino – 47,74%;
  • Arroz – 46,21%;
  • Músculo – 46,06%;
  • Paleta bovina – 45,54%;
  • Costela bovina – 45,22%;
  • Lagarto redondo – 44,14%;
  • Lagarto comum – 40,6%;
  • Acém – 40,11%.

Como é possível perceber boa parte dos itens que compõem a cesta básica sofreu grande aumento devido á inflação. Por esse motivo, os brasileiros estão vendo a diferença na hora de fazer as compras de mercado.

Valor da cesta básica no Brasil

A cesta mais cara foi encontrada em Porto Alegre custando R$ 664,67. Em Florianópolis os moradores estão pagando R$ 659 pelos itens básicos. Seguindo a lista das cestas mais caras está São Paulo com R$ 650,50.

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Cesta básica: quais alimentos dão para comprar ganhando um salário mínimo?(Imagem: Reprodução/RBJ)

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Os moradores de João Pessoa, Salvador e Aracajú são os que estão conseguindo adquirir a cesta básica pelo preço mais barato. Na capital da Paraíba, o preço dos itens ficou em R$ 490,93. A capital da Bahia apresenta um custo de R$ 485,44 e, por fim, a mais barata foi de R$ 456,40 em Aracajú.

A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos foi realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e conta com 17 capitais. A empresa também pesquisou o custo da cesta em comparação a um salário mínimo.

Diante disso, em Porto Alegre o trabalhador compromete 65,32% da renda, Florianópolis 64,77% e São Paulo 63,93%. Mesmo as capitais onde a cesta estava mais barata, o comprometimento da renda familiar supera os 40%.

Em João Pessoa é preciso desembolsar 48,25% de um salário mínimo para comprar os alimentos básicos para sustentar uma família. Em Salvador o comprometimento é de 47,71% e, por fim, Aracajú com 44,86%.

Nos últimos 12 meses até agosto, o preço da cesta subiu mais de 10% em todas as capitais pesquisadas pelo Dieese. A maior alta foi registrada em Brasília de 34,13% em um ano. Em outras sete capitais, a alta acumulada passa dos 20%:

  • Campo Grande (25,78%);
  • Porto Alegre (24,84%);
  • Florianópolis (24,24%);
  • Vitória (21,50%);
  • Natal (21,11%);
  • São Paulo (20,47%);
  • Belém (20,07%).

Entre os meses de julho e agosto, a cesta ficou ainda mais cara em 13 das 17 capitais pesquisadas. As maiores altas foram registradas em Campo Grande (3,48%), Belo Horizonte (2,45%) e Brasília (2,10%).

As únicas capitais onde o custo apresentou queda foram Aracajú (-6,56%), Curitiba (-3,12%), Fortaleza (-1,88%) e João Pessoa (-0,28%). Com exceção de Aracajú, todas as outras capitais tiveram queda abaixo dos aumentos.

Horas de trabalho para comprar a cesta básica

Considerando o salário mínimo de 2021 no valor de R$ 1.100, o Diesse calcula quantas horas é necessário trabalhar para comprar a cesta básica. O cálculo resultou em 73 horas para a cesta mais cara e 50 horas para a mais barata.

Diante disso, um trabalhador que trabalhar 40 horas semanais precisará de quase duas semanas para bancar a compra dos alimentos. Dessa maneira, é quase a metade do mês destinado apenas para a alimentação da família. É importante lembrar que do salário ainda é preciso pagar a luz, água, internet e aluguel.

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Glaucia Alves