A classe média da india quase nada da população

A classe média da india quase nada da população

A Índia tem uma das leis trabalhistas mais rígidas do mundo, que torna difícil a demissão de trabalhadores. A contrapartida é que os empregadores evitam a formalização das contratações.

Nenhuma cena simboliza mais a informalidade do trabalho na Índia do que a imensa quantidade de trabalhadores que dorme nas ruas das grandes cidades. Alguns até parecem mendigos, mas não são. Como ganham pouco, eles evitam gastos diários com transportes em ida-e-volta até suas residências.

A classe média tem à sua disposição um imenso exército de reserva de serviçais (staff), despreparados, mas muito baratos. É justamente essa mão de obra servil que sustenta a vida confortável e rica da elite. Até a classe média tem condições de contratar motoristas.

Há um para cada função, uma divisão que muitas vezes tem ligação com as suas castas. Assim, um dalit limpa o banheiro, outro limpa o chão da casa, outro limpa o pó dos móveis e outro cozinha. Esta não aceita limpar, que é coisa para as castas muito baixas. Todos trabalham diariamente, inclusive fim-de-semana e feriados, para ganhar no final do mês salários de subsistência (US$ 10 a US$ 20), sem nenhum contrato ou direitos trabalhistas. Eventualmente, uma empregada que dorme na casa, cozinha e faz faxina diária pode ganhar entre US$ 50 e US$ 80 por mês.

A Índia tem 4,75 milhões de empregados domésticos: 72% deles são mulheres, incluindo meninas adolescentes que trabalham 12 horas por dia sem folga. É comum as famílias explorarem os “agregados”, supostamente tratados como “parentes”, mas na realidade explorados como escravos domésticos.

Uma massa de trabalhadores mal pagos constrói os projetos de infraestrutura da Nova Índia. Um batalhão de quase 50 milhões, boa parte migrantes da empobrecida Índia rural e refugiados de países vizinhos, como Bangladesh, que entram ilegalmente no país.

Os operários, pinçados por intermediários em bazares matinais de trabalho, parecem ter sido congelados na Era Medieval. As técnicas de construção, no geral, são atrasadíssimas. Por exemplo, poucos têm o privilégio de contar com a ajuda de carrinhos de mão!

Desde a conquista de sua Independência, o país escolheu dar ênfase ao ensino superior e assim produziu uma elite especializada. A massa de desqualificados só era capaz de ser empregada na agricultura. Hoje, a Índia paga a conta e tenta reverter o problema.

A taxa de alfabetização subiu de 18% em 1951 para 52% em 1991, quando outros países da Ásia, como Coréia do Sul e Tailândia, já atingiam mais de 90%. Para implementar a Lei do Direito da Educação, que garante ensino gratuito de maneira compulsória para todas as criança de 6 a 14 anos, não há professores suficientes. Há escassez de 1,2 milhão de professores. Por isso, o nível de ensino é baixíssimo.

Em curso superior, a Índia forma três milhões de graduados por anos, além de mais de 350 mil pós-graduados. Hoje, quase 14 milhões de indianos estão matriculados em Universidades, quase três vezes mais do que em 1990. Esses números absolutos são o dobro dos referentes ao Brasil, porém a população brasileira é menos que 1/6 da indiana.

A meta oficial é aumentar os matriculados em Ensino Superior para 45 milhões até 2020. Por isso, há muitas “fábricas” de diplomas entre as quase 8 mil instituições de ensino. Sente-se, agora, a necessidade de controlar sua qualidade, pois 75% dos formandos em Engenharia não estão aptos para trabalhar. Se considerar os graduados de todas as áreas, 85% deles não têm preparo para conseguir empregos nas indústrias globais. O grande desafio dos indianos será ampliar o seu sistema de ensino para qualificar a sua imensa mão de obra.

O país ainda atravessa o “bônus demográfico”, um círculo virtuoso para a jovem Índia: 600 milhões, metade da população, tem menos de 25 anos. O crescimento da população vai diminuindo a proporção de dependentes (crianças e idosos), que vem caindo desde meados dos anos 1960.

O indiano médio terá apenas 29 anos em 2020. Na China, a idade média será de 37 anos, na Europa Ocidental, 45 anos, e no Japão, 48 anos. A população trabalhadora da Índia vai ganhar 136 milhões de pessoas até 2020, enquanto a China vai crescer menos de 23 milhões. A população chinesa só vai começar a declinar no fim dos anos 40 deste século XXI.

Embora a demografia esteja a favor da Índia, para aproveitar essa vantagem, o país terá que oferecer saúde e educação a essa massa potencial de trabalhadores. Como a cada ano 10 milhões de jovens se tornam aptos a entrar no mercado de trabalho, o desafio é criar no mínimo um milhão de empregos por mês!

Segundo Florência Costa, “as multidões são uma característica inescapável da vida indiana”. Em outubro de 2011, foi anunciado que o mundo tinha 7 bilhões de habitantes: 17,5% deles vivem na Índia, em apenas 2,4% do território global. A cada dez anos, enquanto a China ganha 74 milhões de pessoas, a Índia ganha 181 milhões: “quase um Brasil”.

[O Brasil tem, atualmente, uma população de mais de 202,7 milhões de habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi divulgado no dia 30/12/2014 no Diário Oficial da União. Em números absolutos, são 202.768.562 de pessoas, cerca de 12 milhões a mais do que o registrado pelo instituto no censo de 2010, representando um acréscimo de 5,9%. A Região Sudeste é a mais populosa, com 85,1 milhões de habitantes. A região menos populosa é a Centro-Oeste, com 15,2 milhões de pessoas. A Região Norte tem 17,3 milhões de pessoas, enquanto o Nordeste tem 56,1 milhões. Já a Região Sul conta com 29 milhões de habitantes. São Paulo é o estado mais populoso entre os 26 da federação e o Distrito Federal, com 44 milhões de habitantes.]

A Índia está no meio de uma transição demográfica. A diferença entre a Índia e a China em termos de população diminuiu de 238 milhões de habitantes em 2001 para 131 milhões em 2011. A China continua o país mais populoso do mundo, com 1,35 bilhão, mas vai perder a liderança para a Índia em 2025, quando o país estará com 1,46 bilhões.

No entanto, a Índia está na rota da estabilização de sua população. Ela deve começar a declinar a partir de 2060, quando haverá 1,7 bilhão de indianos.

Embora tenha sido levantada a hipótese de que “os apagões sistemáticos são os responsáveis pelo aumento da população, pois quando não há luz não há nada para fazer a não ser produzir bebês”, a taxa de fertilidade indiana caiu de 3 filhos por mulher em 2000 para 2,5 em 2010. A meta oficial é baixar a 2 filhos por mulher até 2015, através de campanhas de conscientização.

Desde os anos 1970, o governo indiano tenta desacelerar o ritmo de crescimento de sua população. Houve desde tentativas de convencimento até agressivas campanhas de esterilização forçada e incentivos para vasectomia. Como os resultados eleitorais foram desastrosos, a maior democracia do mundo nunca adotou um política de proibição de filhos como na China, pois seria um suicídio político.

A saída não é a coerção, mas o consenso sábio. No Estado indiano com mais alto índice de alfabetização, conseguiu-se alcançar uma taxa de nascimentos menor até do que o da própria China, sem precisar recorrer a qualquer imposição autoritária.

Experiências bem-sucedidas que possam servir de inspiração para a educação brasileira. Em busca desses exemplos, a repórter da Agência Brasil Mariana Tokarnia fará parte, durante 12 dias, de uma missão técnica internacional composta de reitores e representantes de instituições de ensino superior brasileiras.

A classe média da india quase nada da população
A classe média da india quase nada da população

A repórter conhecerá iniciativas em Singapura - uma cidade-Estado que ocupa o primeiro lugar em avaliações educacionais internacionais – e na Índia - um dos países mais populosos do mundo e com alta expectativa de crescimento econômico. 

A programação inclui cursos, visitas guiadas e palestras em instituições de ensino e entidades de educação dos dois países. A jornalista viaja a convite do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil (clique aqui e leia o diário de bordo da viagem). 

Destinos 

Agência Brasil chega à Índia para conhecer sistema educacional

O primeiro destino será Singapura, pequeno país asiático com território de 721,5 km² – 30 vezes menor que Sergipe, o menor estado brasileiro. O país conta com uma população de 5,6 milhões de habitantes. Singapura ocupa o primeiro lugar no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), principal referência internacional de qualidade da educação, aplicado a estudantes de 15 anos de 70 países.  

No ensino superior, Singapura conta com 34 universidades – duas delas se destacam em rankings internacionais entre as melhores do mundo, a National University of Singapore (NUS) e a Nanyang Technological University, segundo o QS Top University Ranking e o Times Higher Education.

Na Índia, gigante com uma população de 1,3 bilhão de habitantes, a missão passará por Bangalore, cidade considerada o Vale do Silício indiano, e pela capital do país, Nova Déli.

Em educação, o país apresenta grandes disparidades, ao mesmo tempo que tem um dos maiores sistemas de educação superior do mundo registra altos índices de analfabetismo - cerca de 25% da população.

Segundo a OCDE, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas pelo país, de 7,4% até 2020, coloca a Índia em primeiro lugar no ranking divulgado pela organização em março deste ano.  

O Taj Mahal, um dos mais conhecidos monumentos do país e que inspirou Jorge Ben Jor em música de mesmo nome, também fará parte da viagem.

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Diário de bordo

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A classe média da india quase nada da população

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Diversidade religiosa é marca da população na Índia

Não é preciso procurar muito para encontrar religião na Índia. Ela chega até você. Está nas paredes, nos pequenos altares distribuídos pelas calçadas, nas imagens de divindades nas lojas comerciais e restaurantes, nas roupas, nos incensos e até nos alimentos. Está marcada na testa das pessoas, com os pontos vermelhos e listras cinzas e nos tecidos que cobrem as cabeças de homens e mulheres.

“As pessoas vêm à Índia em busca de Deus e encontram. No meio de tanto caos, as coisas aqui funcionam. Se Deus não está na Índia, não está em lugar nenhum”, resumiu a professora Kalyani Unkule da Universidade Global O.P. Jindal, durante a visita que fizemos à instituição de ensino.

No país, nasceram quatro religiões: o hinduísmo, o budismo, o jainismo e o sikhismo. Estão ainda representadas diversas outras, como o islamismo, o judaismo, o cristianismo e o zoroastrismo. “A religião é para as pessoas muito ricas ou muito pobres, porque elas têm medo, ou de perder o dinheiro que têm ou de nunca ter dinheiro”, disse o guia turístico Dharmender Yadav, durante a visita ao Taj Mahal. Aliás, o próprio Taj Mahal abriga uma mesquita.

Se ele estiver certo, a religião é mesmo um sucesso na Índia, que tem uma classe média ainda em ascensão, representando cerca de metade da população. O restante, que na Índia seria cerca de 600 milhões de pessoas, o equivalente a quase três vezes a população do Brasil, recorreria à religião por excesso de riqueza ou pobreza.

Por diversas razões que não se restringem apenas à religião, ela acaba sendo motivo para discriminação em alguns casos, mas é também motivo de cuidado. Basta colocar uma divindade em uma parede para que ela não seja depredada. “Em alguns lugares, as pessoas acabam urinando nas ruas. Para que isso não aconteça, os estabelecimentos colocam azulejos de divindades nas paredes. Pronto, forma-se uma fila de pessoas para saudar aquele lugar”, brinca Yadav, mas com um certo tom de verdade. Durante esses dias na Índia, eu mesma vi várias paredes com esses azulejos.

É impossível não reconhecer essa energia, seja qual for a crença, dispensada por milhões de pessoas juntas. Termino então a viagem agradecendo a todas as divindades que me acompanharam até aqui.

* A repórter viajou a convite do Semesp

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Visita a uma das sete maravilhas do mundo moderno

O Taj Mahal é um mausoléu. No interior, estão as tumbas de Mumtaz Mahal, para quem o palácio foi construído e de Shah Jahan, seu marido e imperador Mogol. Além de Mumtaz, ele tinha outras duas esposas, mas foi ela quem deu a luz a todos os 14 filhos e herdeiros. A princesa persa morreu no parto. O marido prometeu que iria construir algo grandioso. Nasceu o Taj Mahal. O local foi escolhido próximo a um rio, no trecho em que ele faz a curva, assemelhando-se a uma meia lua, um dos símbolos do islamismo. Ao lado do Taj Mahal, está uma mesquita. Para manter a simetria, no outro lado, um edifício semelhante à mesquita, mas vazio. O complexo abriga ainda portais e jardins.

A visita ao Taj Mahal, em Agra, marcou o fim das atividades da 11a Missão Técnica Internacional do Semesp. Emerson Nogueira, estudante brasileiro que conclui este mês um programa de intercâmbio acadêmico na Índia e a namorada, Krish Rajma, participaram da visita. Foi a primeira vez dos dois no local.

* A repórter viajou a convite do Semesp

Educação pelo Mundo: Repórter da Agência Brasil visita o Taj Mahal

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Indianos vão às urnas na penúltima fase das eleições gerais

Hoje (12) foi dia de mais uma etapa das eleições gerais da Índia, a sexta de sete fases. O horário de votação começou às 7h e terminou às 18h. Devido à diferença de fuso horário, oito horas e meia a mais em relação ao Brasil, as eleições já foram finalizadas. Quase 40% dos eleitores que participam desta fase votaram até as 13h30, de acordo com dados da Comissão Eleitoral da Índia.

As eleições indianas são as maiores do mundo, com um total de 900 milhões de eleitores. Tamanha a logística necessária para garantir a segurança do pleito, as eleições são divididas em fases de acordo com as regiões do país. Votatam hoje Bihar, Haryana, Jharkhand, Madhya Pradesh, Uttar Pradesh, West Bengal e Deli.

Os indianos irão decidir quais serão os membros do Parlamento que, por sua vez, escolherão o novo primeiro-ministro. Esses estados que votaram hoje elegerão 59 dos 543 parlamentares. A contagem final de votos será feita no dia 23 de maio. Dois nomes estão entre os mais cotados para essa posição, o primeiro-ministro Narendra Modi, que concorre à reeleição, e o presidente do partido do Congresso Nacional indiano, Rahul Gandhi.

A votação é eletrônica e, ao participar do pleito, os indianos saem com uma marca de tinta no dedo indicador, o que tornou-se o símbolo das eleições. Após votarem, personalidades posam para a mídia com o dedo levantado. Uma ilustração com a marca virou até doodle do Google neste domingo.

Durante o processo eleitoral e antes do pleito, é proibido vender e consumir bebidas alcoólicas. O chamado Dry Day, Dia Seco, em tradução livre, começou às 18h de sexta-feira (10). Este domingo é também feriado e a maior parte do comércio está fechada.

De acordo com a Comissão Eleitoral, 65 delegados de 20 órgãos de Gestão Eleitoral (EMB) foram convidados para participar do programa de visitantes e testemunhar as eleições em Deli. Os delegados são representantes do Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (Idea) e dos seguintes países: Austrália, Bangladesh, Butão, Bósnia e Herzegovina, Fiji, Geórgia, Quênia, República da Coreia, Quirguistão, Malásia, México, Myanmar, Romênia, Rússia, Sri Lanka, Suriname, Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão e Zimbábue. Além de testemunhar o pleito, eles acompanham o fechamento e vedação das urnas.

* A repórter viajou a convite do Semesp

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Educação pelo Mundo: Conheça as relações entre Brasil e Índia na área de educação

Índia tem eleições neste fim de semana

Independente do resultado das eleições gerais na Índia, a relação do Brasil com o país continuará “sendo muito boa”, de acordo com o embaixador do Brasil na Índia, André Aranha. “Qualquer que seja o governo, vamos poder fortalecer a relação com o país”, diz.

A maior eleição do mundo, com 900 milhões de eleitores, está chegando ao fim. Neste domingo (12), ocorre a sexta de sete fases de votação. Tamanha a logística necessária para garantir a segurança do pleito, as eleições são divididas em fases de acordo com as regiões do país. Entre os locais onde ocorrerá votação neste final de semana, está a capital, Nova Deli.

Os indianos irão escolher os membros do parlamento que, por sua vez, escolherão o novo primeiro-ministro. A contagem de votos será feita no dia 23 de maio. Dois nomes estão entre os mais cotados para essa posição, o atual primeiro-ministro, Narendra Modi, que concorre à reeleição, e o presidente do Congresso Nacional indiano, Rahul Gandhi. 

“Modi é um grande líder no sentido de buscar o progresso, o avanço, a aproximação entre os Brics [formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e também entre os países que compõem o Ibas, Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul", diz Aranha, que complementa, “Raul Gandhi é herdeiro da grande tradição política indiana e também tem laços fortes e positivos com o Brasil”.

Educação

Aranha participou de um evento em um dos escritórios do Banco Mundial, em Nova Deli, para discutir a educação na Índia e no Brasil. A atividade fez parte da 11ª Missão Técnica Internacional do Semesp, que reúne reitores e representantes de instituições particulares de ensino superior do Brasil.

Na educação, de acordo com Aranha, os dois países ainda podem estreitar os laços de cooperação. “Juntos somos 1,5 bilhão de pessoas, isso faz com que haja inúmeras possibilidades que podemos desenvolver. Agora como fazer isso? Temos que nos conhecer melhor”.

De acordo com Aranha, não nos conhecemos. “São poucos os brasileiros que vêm aqui, poucos indianos vão ao Brasil. Temos que intensificar isso, trazer estudantes, trazer acadêmicos, assegurar que possamos encontrar respostas para problemas que nos afetam e que precisamos superar”.

Segundo a Associação de Universidades Indianas, os últimos dados do governo mostram que apenas 18 brasileiros estão matriculados nas instituições da Índia, sendo dez mulheres.

* A repórter viajou a convite do Semesp

Educação pelo Mundo: Embaixador brasileiro analisa cenário eleitoral da Índia

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Estudante brasileiro fala da experiência de fazer intercâmbio na Índia:

Na educação indiana, teoria e prática caminham juntas

Nova Deli (Índia) - Aliar a teoria e a prática é uma das caraterísticas do ensino indiano, segundo o estudante brasileiro de engenharia mecânica, Emerson Nogueira, 20 anos. “O professor ensina a teoria e vamos para o laboratório trabalhá-la na prática”, diz.

Em dez dias, ele completa um programa de cinco meses de intercâmbio na Universidade Sathyabama, em Chennai, capital de Tâmil Nadu, no sul da Índia. Nogueira é estudante do Grupo Unis, em Varginha (MG). Ele foi o primeiro aluno que a instituição enviou para o país.

Todas as atividades práticas, segundo ele, são realizadas em grupo. “O grupo tem que fazer o mesmo trabalho e, se der errado, todo mundo tira nota ruim.” Assim, segundo ele, são trabalhadas também habilidades socioemocionais, como resolução de problemas, empatia e trabalho em conjunto.

Ele conta ainda, que na sala de aula, o professor é a autoridade máxima. Na instituição onde estudou, os estudantes recebiam os docentes de pé. “Uma vez um estudante estava no celular durante a aula. O professor pegou o aparelho e jogou para fora da sala. O aluno ficou parado e não fez nada.”

Apesar do rigor, a maior lição que ele levará da Índia será, segundo ele, o lidar com as pessoas. No segundo país mais populoso do mundo, que com 1,3 bilhão de habitantes perde apenas para a China, com 1,4 bilhões, é quase impossível, nas grandes cidades, isolar-se completamente. “No Brasil, a gente acha que primeiro temos que ser cativados para depois nos abrir para as pessoas. Aqui eles se abrem muito facilmente e tentam agregar. Isso é uma coisa muito forte. Te tratam bem porque é uma pessoa igual a ela.”

Brasileiros na Índia

Nogueira viajou 42 horas de trem de Chennai, capital de Tâmil Nadu, no sul da Índia, a Nova Déli, capital do país, para encontrar representantes de instituições privadas de ensino superior do Brasil na noite dessa quinta-feira (9) e contar um pouco da experiência que teve.

Ele é um dos poucos estudantes brasileiros no ensino superior indiano. Segundo a Associação de Universidades Indianas, os últimos dados do governo mostram que apenas 18 brasileiros estão matriculados nas instituições da Índia, sendo dez mulheres.

O estudante fala do país com muito carinho. Foi aqui também que ele conheceu a namorada, Krish Rajma, 22 anos. Nogueira vai voltar para o Brasil para finalizar os estudos. Krish, que é cineasta, não acha ruim. “Vou me dedicar à minha carreira por um tempo. Mas tenho certeza que nosso vínculo vai permanecer.” O casal planeja ainda casar e morar junto no Canadá.

* A repórter viajou a convite do Semesp

Brasileiro explica a inserção de estudantes no mercado de trabalho indiano:

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Instituto de Tecnologia da Índia prioriza o ensino integral

Visitamos o Instituto de Tecnologia Indiano de Deli. Os IITs, sigla em inglês, são ao todo 24 espalhados pelo território indiano. São instituições referência no país. Para ser aprovado é preciso passar no chamado Joint Entrance Examination (exame unificado de ingresso). Para se ter ideia da dificuldade, dos 1,2 milhão de estudantes que prestam o exame, apenas 3 mil são aprovados. Apesar de serem instituições públicas, os alunos de graduação pagam US$ 1,5 mil por semestre, os de mestrado, US$ 400, e os de doutorado, US$ 200.

A prioridade é a formação integral dos estudantes. Assim, mesmo em cursos da área de exatas, como as engenharias, cerca de 15% do currículo é voltado para matérias de humanidades e ciências sociais. Os dirigentes da instituição consideram fundamental este tipo de ensino para formar profissionais preparados e que possam atuar no mundo como ele é hoje.  

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Instituições privadas de ensino devem buscar qualidade, afirma Semesp

Para atrair e manter estudantes, o ensino superior privado brasileiro deve investir em qualidade. Em busca de experiências que possam ser replicadas no Brasil, reitores e representantes de instituições brasileiras percorrem institutos e escolas na Índia e em Singapura desde o início do mês. Participante da missão brasileira, o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, afirma que é possível perceber as inovações durante as visitas. O Semesp é a entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil.

“Hoje o mundo vive um momento de revolução no modelo de aprendizagem, tanto no ensino básico quanto no superior. Cada instituição, cada centro de pesquisa, está estudando, implementando metodologias novas e a gente consegue ver isso.”

Na avaliação dele, a busca por melhorias na qualidade deve ser um norte para as instituições, além de trazer reflexos práticos para a vida do estudante.

“A qualidade da instituição faz toda a diferença. Porque assim, os estudantes vão conseguir emprego, vão conseguir ascender profissionalmente, vão conseguir, inclusive, se tiverem financiado os estudos, pagar por esse financiamento”, diz.

Confira um trecho da entrevista concedida por Rodrigo Capelato:

Desafios

Em entrevista à Agência Brasil, Capelato destacou que um dos principais desafios do ensino superior brasileiro é encontrar formas de financiamento para os estudantes.

“O grande desafio hoje é que não há quase nenhum tipo de apoio, de financiamento estudantil para o aluno”, diz.

O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que chegou a financiar em 2014 mais de 730 mil contratos, oferece hoje 100 mil vagas na modalidade juro zero, voltado para estudantes de baixa renda.

“Esse é um desafio do setor privado, como continuar atraindo alunos, aumentando a base de alunos no ensino superior brasileiro e, depois, como conseguir manter esse aluno se no meio do caminho ele tem algum problema familiar, se tem um problema de desemprego”.

O estudo Evasão e Migração no Ensino Superior Brasileiro, apresentado pelo Semesp, no final de abril, mostra que, atualmente, as instituições de ensino superior, públicas e privadas, perdem anualmente 25,9% dos jovens que ingressam nos cursos presenciais. Nas instituições privadas, essa taxa é maior, 28,5% - nas públicas é 18,6%. Na modalidade a distância, 34,3% dos ingressantes deixam o curso ainda no primeiro ano.

O estudo mostra ainda que o valor da mensalidade não é o principal fator para a evasão. Entre os cursos mais caros, o percentual de evasão foi menor que entre os mais baratos. “O aluno, na hora de escolher, pensa na qualidade, busca uma instituição que tenha vocação e que tenha relacionamento com o mercado de trabalho. Uma das características que têm as instituições com baixa evasão é que elas se preocupam com os alunos, se engajam com os alunos”.

O diretor executivo do Semesp fala sobre a evasão no ensino superior no Brasil e na Índia:

* A repórter viajou a convite do Semesp

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 Mariana Tokarnia conheceu a sede da empresa Infosys que chega ao Brasil no segundo semestre:

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Arte e música têm espaço garantido em instituto de tecnologia na Índia

Em meio aos estudos de cálculos, sistemas eletrônicos e inovação, os alunos do Instituto de Tecnologia Dr. Ambedkar, em Bangalore, na Índia, também têm espaço para o aprendizado das artes.

Para complementar o currículo, os estudantes interessados podem fazer aulas de música carnática – um dos subgêneros da música clássica indiana, baseada no canto.

Habilidades como resolução de problemas, criatividade e empatia são estimuladas entre os alunos. Na avaliação da professora Bhagyashree Chandrashekar, responsável pelas aulas de música carnática, os estudos musicais podem contribuir para desenvolver essas aptidões.

“Aprender a música carnática é aprender o poder da paciência, da concentração, de criar, recolher, reconstruir e desenvolver. Todas, boas qualidades humanas”, destaca a professora.

Voltado para a área de tecnologia, o instituto tem 38 patentes reconhecidas, entre registros nacionais e internacionais. A missão da instituição – que oferece cursos de engenharia civil, mecânica, elétrica e eletrônica, ciências da computação e ciência da informação - é formar estudantes que possam se adaptar às mudanças e aos desafios globais e que sejam inovadores.

Fundado em 1989, o Instituto de Tecnologia Dr. Ambedkar,é uma instituição autônoma que conta com financiamento do estado de Karnataka, do qual Bangalore é capital. Com 11 milhões de habitantes, Bangalore é uma das maiores cidades da Índia.

A região é considerada o Vale do Silício indiano e concentra mais de 300 empresas de tecnologia da informação (TI) e escritórios de empresas multinacionais como a Google, além de fábricas de veículos como a Scania e Toyota.

Ênfase nas pessoas

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O nome do instituto é uma homenagem ao jurista Bhimrao Ramji Ambedkar, um dos principais responsáveis pela elaboração da Constituição da Índia, adotada em 1950. Ele é conhecido por lutar contra a opressão social. A instituição carrega também essa missão.

Vários pensamentos do jurista estão espalhados pelas paredes do instituto: "A educação é tão necessária para mulheres quanto é para homens. A educação é uma importante arma para a salvaguarda das mulheres".

Com diversos edifícios e laboratórios que, no conceito ocidental, não seriam considerados luxuosos, o instituto mantém a ênfase no conhecimento e no desenvolvimento humano.

"A engenharia tem que permitir que você tire o que está na sua cabeça e execute”, disse o professor aposentado Peter Martin Jebaraj, que acompanhou a visita da missão técnica internacional do Semesp da qual a Agência Brasil participa. Para isso, é preciso ter boas ideias. E a música, como defende Bhagyashree, pode ser grande aliada nesse processo.

*A repórter viajou a convite do Semesp

Texto alterado para corrigir informação. Bangalore tem 11 milhões de habitantes, e não 11 mil, como havia sido informado​

Confira entrevista com a professora Bhagyashree Chandrashekar:

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Comitival chega à Índia para conhecer o sistema educacional do país

A repórter Mariana Tokarnia que acompanha a missão técnica internacional composta de reitores e representantes de instituições de ensino superior já está na Índia, na cidade de Bangalore, cidade considerada o Vale do Silício indiano.

A primeira visita foi ao Conselho Nacional de Avaliação e Credenciamento Indiano, que é o equivalente ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

Na Índia 12,8 mil instituições são credenciadas neste Conselho de Avaliação, mas a certificação não é obrigatória e outras 40 mil ainda não estão credenciadas. O desafio no país é para que o credenciamento seja uma etapa necessária para que as instituições funcionem.

Assista ao vídeo e saiba mais.

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Singapura homenageia visitantes ilustres com espécies híbridas de orquídeas

Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil*

Singapura - Hoje (5) é o último dia que passaremos em Singapura. Nesta tarde, a 11ª Missão Técnica Internacional do Semesp segue viagem para a Índia. Em cima do criado-mudo no quarto do hotel, encontro uma flor com uma mensagem que deveria estar ali desde o primeiro dia, mas eu não havia reparado: “Desejamos uma estadia excepcional em Singapura, que as suas descobertas sejam tão memoráveis quanto esta singular orquídea”. A orquídea é a flor nacional de Singapura, e a singularidade de cada uma das espécies é tão valorizada que o país desenvolve as próprias espécies híbridas. Isso não apenas para plantar nos jardins, mas para presentear autoridades, políticos e celebridades que visitam a cidade. No Jardim Nacional de Orquídeas, um espaço é reservado às espécies desenvolvidas especialmente para personalidades como a chanceler alemã, Angela Merkel, que visitou o país em 2011; e Margaret Thatcher, que foi primeira-ministra do Reino Unido e visitou Singapura em 1985. Uma orquídea branca, com as pétalas arredondadas, foi desenvolvida em homenagem à princesa Diana, que morreu após um acidente de carro na cidade de Paris, em 1997.

* A repórter viajou a convite do Semesp

A orquídea é o simbolo Nacional de Singapura, país que homenageia personalidades de forma marcante:

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Em Singapura, comida de rua dá lugar a mercados com classificação por higiene

Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil*

Singapura - Quem busca barracas e balcões de comida improvisadas, com panelas e tachos posicionados no meio da rua, a clássica comida de rua, vai se decepcionar ao chegar a Singapura. O país decidiu abolir a street food de raiz e organizar os vendedores ambulantes.

Visitei um dos lugares onde foram posicionados os vendedores, uma espécie de mercado, com mesas, banheiro e a devida infraestrutura para uma refeição confortável.

Cada restaurante recebe uma classificação baseada nos cumprimentos dos critérios de higiene: A, B ou C, sendo os estabelecimentos A considerados os "mais higiênicos".

Eu comi um youmian, uma variedade de macarrão muito comum na China - os chineses e descendentes representam mais de 70% da população de Singapura. Junto com o macarrão, cogumelos, verduras e ovo. Comprei em um estabelecimento B. Aliás, só vi estabelecimentos B no lugar. Minto. Havia um A, mas ele estava fechado.

Bom, se a comida serve como parâmetro de qualidade do país, é importante dizer também que não encontrei nenhum restaurante C no local.

*A repórter viajou a convite do Semesp

Confira como é vendida a comida de rua em Singapura:

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A repórter Mariana Tokarnia conta um pouco como foi a experiência de fazer um curso de formação de líderes na Escola de Políticas Públicas da Universidade Nacional de Singapura:

Singapura: mulheres buscam espaço no mundo acadêmico

Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil*

Singapura - Como é ser mulher na Singapura? Essa pergunta tem tantas respostas quantas são as mulheres que vivem nessa cidade-estado. Para a professora da Universidade Nacional de Singapura (NUS) Anne Pakir é uma questão de esforço e habilidade para se destacar não apenas como mulher, mas como cidadã nesse país altamente competitivo.

Como professora universitária em uma sociedade onde a educação é prioridade, Anne está entre poucas. “Eu fui muito sortuda porque sempre tive apoio da minha família e do meu marido. Eles me ajudaram a fazer o que eu gosto de fazer”.

Ela conta que um estudo mostrou que as mulheres nas universidades da Singapura não chegavam ao topo na proporção que deveriam. De acordo com Anne, as “demandas sociais” ao longo da formação atrapalham a ascensão na vida acadêmica. Entre essas demandas, ela destaca a maternidade, cujas obrigações ainda recaem, principalmente nos primeiros anos de vida, sobre as mulheres. “A maternidade acaba tirando nosso tempo na pesquisa”, diz.

Em Singapura, os estudantes passam por uma avaliação no 10º ano escolar, geralmente aos 15 anos, e a partir dos resultados podem escolher uma trajetória de estudos. Entre elas, uma trajetória voltada para o ensino técnico e uma para o ensino acadêmico. Essa formação ocorre ainda no que seria para o Brasil o ensino médio.

Aqueles que são aprovados para a formação acadêmica, podem ingressar em uma das universidades e cursar uma graduação. Atualmente, 35% da população de 18 a 24 anos cursa uma universidade em Singapura. No Brasil, essa porcentagem é 18,1%.

Após esse processo, ainda é necessário se especializar e fazer um curso específico de formação de professores para lecionar. Anne passou por tudo isso e seguiu os estudos. Possui, entre outros títulos, Ph.D em linguística na Universidade do Havaí, em Manoa, Honolulu, Estados Unidos.

Mulheres no poder

A Singapura tem, desde 2017, a primeira mulher presidente, Halimah Yacob. “Eu acho que mulheres no mundo geralmente pensam que existe um teto de vidro que não podem ultrapassar. Na Singapura é uma questão de habilidade, mais do que de gênero, que vai encorajar você a aspirar uma posição de poder”, defende, Anne.

Os estudos na Singapura são diários, inclusive nos finais de semana. O nível de cobrança e de estresse é alto. Já no final da carreira, Anne, quer agora, ter tempo para cuidar de si. “Estou muito feliz porque eu vou me aposentar. Eu trabalhei por 48 anos da minha vida, o que é um longo tempo. Eu estou ansiosa para ter mais tempo para mim.”

* A repórter viajou a convite do Semesp

Assista a entrevista completa com a professora Anne Pakir, da Universidade Nacional de Singapura:

A classe média da india quase nada da população

Saiba mais sobre a Universidade Nacional de Singapura, a primeira universidade de pesquisa autônoma do país asiático:

Líder em educação, Singapura volta-se agora às emoções dos estudantes

Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil*

Singapura - Destaque em avaliações e rankings educacionais internacionais, Singapura agora tem o desafio de ultrapassar as notas altas e voltar-se para o desenvolvimento do indivíduo. Os talentos de cada estudante estão sendo respeitados? Os alunos são capazes de serem gentis e ajudar os outros? Essas são algumas das questões que o país pretende solucionar, de acordo com o professor da Escola de Políticas Públicas da Universidade de Singapura (NUS) Saravanan Gopinathan.

“As notas acadêmicas por si só não refletem que tipo de pessoa as obteve. O mundo do futuro, que vai ser muito mais complicado, muito mais imprevisível e fluido, vai exigir um nível de maturidade socioemocional para que ele possa lidar com imprevisibilidade”, diz.

“A preocupação é: como asseguramos que as crianças sejam indivíduos diferentes, que sejam vistas como tendo certas preferências, talentos e ansiedades? Como os professores entendem isso e como o currículo e como a pedagogia refletem essa mudança que precisamos fazer?”, acrescenta.

Gopinathan é um dos palestrantes do curso oferecido pela NUS para líderes do ensino superior. O professor destaca ainda o papel dos professores nesse processo: “Nenhum sistema educacional pode ser melhor que os seus professores e, por isso, passamos muito tempo pensando em como selecionar os professores, como prepará-los e como fazer com que eles se aperfeiçoem e vejam a carreira docente como uma carreira para a vida”.

Competitividade

Voltar o ensino para capacidades socioemocionais é algo que tem sido feito em várias partes do mundo. A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada pelo Brasil em 2017 para o ensino infantil e fundamental e, em 2018, para o ensino médio, prevê que em todo o período escolar sejam desenvolvidas, além de capacidades acadêmicas, também habilidades socioemocionais.

Singapura, ao tratar dessas questões, mantém-se alinhada ao que está sendo debatido no restante do mundo e talvez, mais uma vez, posicione-se entre os melhores também nesse quesito.

Importância da educação

Estar entre os melhores do mundo é algo estratégico para Singapura. A cidade-Estado não dispõe de fonte de recursos naturais para manter a própria economia. A saída encontrada desde que separou-se da Malásia e passou a ter a configuração atual, em 1965, foi investir em pessoal e mostrar-se boa o suficiente para ser necessária ao mundo. “O custo da liderança é muito alto e nós não podemos custear falhas”, diz Gopinathan.

Uma das escolhas que foram feitas, ainda na década de 1960 já pensando no crescimento econômico da região, foi ter o inglês como língua oficial nas escolas. Ao todo, são quatro: além do inglês, mandarim, malaio e a língua indiana tamil. A maior parte da população, 75%, é chinesa. Mesmo assim, optou-se pelo inglês já pensando na internacionalização, de acordo com Gopinathan.

Hoje, Singapura, que até a década de 1960 era um país em desenvolvimento, é considerada desenvolvida. Atingiu o status de melhor cidade do mundo para se fazer negócios e tem o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os países asiáticos e o 11º melhor do mundo, segundo dados de 2014 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

“Se se tem uma economia forte, você pode ir a exposições, pode ir para concertos, se não tem uma economia forte, nada disso é possível. A educação é para que as pessoas possam criar empregos”, diz o professor adjunto da NUS N. Varaprasad, sócio do Grupo de Consultoria em Educação de Singapura, que também é um dos palestrantes do curso.

O sistema de ensino é baseado em excelência. Na própria universidade, os alunos são encorajados a morar nas residências estudantis. Isso porque a universidade fica distante das áreas residenciais da cidade e, quanto mais tempo no campus, mais tempo estudando.

Nesse contexto, deixar a competitividade de lado e respeitar as emoções não parece algo simples. Ambos professores usaram em suas falas a mesma expressão: “Amanhã, alguém poderá estar comendo o seu almoço”. Gopinathan complementa: “Estamos sempre estressados e sempre correndo. O medo do desemprego é muito alto”.

*A repórter viajou a convite do Semesp

 

Assista a um trecho da entrevista com o professor Saravanan Gopinathan, da Lee Kuan Yew School of Public Policy, da Universidade Nacional de Singapura:

A classe média da india quase nada da população

Confira as primeiras impressões da repórter Mariana Tokarnia na chegada a Singapura, país que está em primeiro lugar no Pisa - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes:

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